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As duas jóias - cap. 28


Grissom desligou e voltou para o quarto. Sara dormia feito uma princesa, e merecia esse repouso, após dar à luz duas crianças que eles conceberam com tanto amor. Vendo a mulher que tanto amava dormir, Grissom tinha a mais absoluta certeza de que Sara era a mulher pra vida toda, que sempre a amaria e sim, eles foram feitos um para o outro. Fazer amor com ela era como se estivesse mergulhando no infinito, um prazer sem fim, um amor profundo, a dois, a sós, presos um nos braços do outro, coisa de pele, de alma, de coração... coisa de amor. E Sara lhe dera duas jóias, duas filhas lindas e abençoadas; esse problema genético com uma delas não seria obstáculo nenhum para que ele se orgulhasse de suas meninas, dançar a valsa dos quinze anos, levá-las no baile de formatura, entregá-la ao noivo na igreja... segurar os netos no colo e ser um avô babão. Perdido em pensamentos, Grissom não percebeu que Sara havia acordado estava lhe observando.

GG: Há quanto tempo você está me observando?
SS: Acordei agora. Adoro ver você perdido em seus pensamentos, parede que está em outro mundo...
GG: Estava no nosso mundo, pensando nas nossas experiências.
SS: Você e suas filosofias...

Grissom aproximou-se de Sara, deu-lhe um selinho e perguntou:

GG: Como se sente depois de dar à luz duas princesas?
SS: Estou bem. A dor já passou. Só a anestesia que ainda não perdeu o efeito, ainda não sinto minhas pernas por completo. Você já viu nossas filhas?
GG: Estão na uti neonatal, por causa do parto prematuro. Estão sendo bem cuidadas.
SS: Você chegou a vê-las no parto?
GG: Só uma, que chorava muito. Se parece com você pelo pouco que vi. É cabeluda, e com os cabelos da cor dos seus.
SS: Não vejo a hora de poder segurá-las em meus braços.
GG: Logo você fará isso, honey.

Um pouco mais tarde, a enfermeira levou Sara, na cama mesmo (porque a cama possuía rodas para se deslocar) para ver as meninas na uti. Grissom a acompanhou. Ao ver as filhas, Sara chorou feito uma criança. Grissom, embora parecesse mais forte, também se emocionou. Dois dias depois, Sara teve alta, mas ia todos os dias com Grissom ver as filhas. Eles resolveram esperar as meninas terem alta para liberar as visitas; queriam fazer uma surpresa a todos. Alguns dias depois uma das gêmeas teve alta, e em meados de dezembro, a outra também teve, alegrando, assim, o lar dos Grissom. Os amigos csi enfim puderam ir conhecer as garotinhas. Warrick, Catherine, Greg, Nick, Al e Brass, todo estavam presentes nesse momento tão especial da vida de Grissom e Sara. Grissom abriu a porta do quarto aos amigos.

GG: Quero lhes apresentar os dois membros mais novos da família Grissom: nossas filhas Jorja e Mary Margaret, ou simplesmente Marg!

A turma ficou encantada ao se deparar com duas princesinhas, dormindo em dois berços, um do lado do outro. Jorja, a cabeluda, de cabelos castanhos, era grande, e dormia feito um anjinho vestida em sua roupinha de lã na cor amarela, com fitinha da mesma cor na cabecinha; Marg, a loirinha de cabelos ralinhos, era menorzinha, e também dormia em sua inocência vestida em tons de rosa, também com fitinha na cabeça.

GG: Que tal? Lindas nossas filhas, não é mesmo? - Grissom enchia a boca ao falar de suas meninas.
CW: Mas são duas princesas, Gil! São lindas mesmo! Ah... - Cath estava emocionada.
GS: Vem cá, dá pra você me dizer quem é quem?
GG: Fale baixo, Greg. As meninas são muito sensíveis a barulhos, especialmente de vozes altas.
GS: Desculpe.
SS: A cabeluda de cabelos castanhos é a Jorja, a loirinha é a Mary Margaret, mas nós a chamamos de Marg.

Catherine deixou as lágrimas descerem ao ver a pequena Marg, tão frágil e valente, que lutou por sua vida e ainda iria passar por muitas coisas em sua vida.

GS: Vocês capricharam, hein?
SS: Greg, o Grissom sempre faz as coisas bem feitas. É por isso que eu o amo - Sara deu uma piscadinha para ele.
NS: Já escolheram os padrinhos?
GG: Nick, eu imagino que você deva estar doido para ser escolhido, mas ainda não tivemos tempo para pensar nisso. Estamos mais preocupados agora é com a saúde delas. Assim que pudermos, vamos sentar e decidir.

Nick sorriu sem graça. Todos ficaram mais um pouco no quarto, admirando as meninas. Depois, foram para a sala, onde Sara serviu a todos café e biscoitos.

JB: Devo admitir que você fez um belo trabalho. Suas filhas são lindas, meus parabéns.
GG: Obrigado, Brass.
WB: Qual delas tem Síndrome de Down?
CW: Baby, você não percebeu? A loirinha é a que tem. Não viu os traços?
WB: Sinceramente não. Recém-nascido é tudo igual pra mim.
CW: Aff! - Catherine suspirou - E como vai ser agora, Sara?
SS: Assim como?
CW: Tudo, sua rotina com as crianças, o trabalho no lab, os cuidados com a Marg?
SS: Bem, estou de licença do trabalho por 4 meses, então poderei ficar em casa e curtir as meninas, fora que terei de levar a Marg ao fisioterapeuta, fonoaudiólogo, ao pediatra a cada 15 dias, e também na ESPSD*.
NS: O que é isso?
SS: É a Escola de Socialização dos Portadores de Síndrome de Down. Eu estava navegando na internet, pesquisando sobre o assunto, e aí apareceu o nome deste lugar. É um lugar onde as crianças são integradas e aprendem várias coisas, como pintar, escrever, rabiscar, correr, interagem com outras crianças portadoras de Down.
GS: Mas sua filha ainda é um bebê recém-nascido...
GG: Greg, a socialização da criança com Síndrome de Down começa desde o seu nascimento. É importante que a incluamos na sociedade bem cedo, para que ela saiba que também é uma cidadã. Irei com Sara a este lugar, apresentaremos nossa filha e lá teremos instruções de como cuidar melhor dela, como lidar com ela, perceber os sinais que ela nos dará, integrá-la na família, enfim. É assim que as crianças som Síndrome de Down devem ser tratadas, com amor e interação. Nossa Marg não é um bicho de sete cabeças. Quando Sara e eu a concebemos jamais passou em nossas cabeças que teríamos um filho com Down. Mas se nasceu assim, é nosso dever como pais responsáveis e dignos que somos amá-la da mesma forma que amamos a Jorja, sem fazer nenhuma diferença. As crianças com Down não precisam de pena; o que elas necessitam é de carinho, apoio e interação. São crianças como as outras, só que com desenvolvimento mais lento; limites, de jeito nenhum. Se a estimularmos, Marg será uma pessoa capaz e sem limites. Será uma pessoa que poderá caminhar com suas próprias pernas a partir do momento em que a ensinamos dar os primeiros passos na vida.

Catherine chorou com o "discurso" de Grissom a respeito de Marg.

SS: O que foi, Cath? Por que está chorando?
WB: Não liga não, Sara, a Cath ultimamente tem estado muito emotiva. Chora por qualquer coisa.
CW: Mas é comovente a luta da sua filha pela vida. E pensar que tem pessoas no mundo que desfazem de crianças somente porque são portadoras dessa síndrome.
SS: Não se preocupe com isso. Nós faremos a nossa parte. Cabe a cada pessoa rever seus conceitos e entender que ser diferente é normal. Tudo é uma questão de educação e consciência. Pelo menos Grissom e eu sabemos que vocês amarão nossa pequena Marg tanto quanto nós.
JB: Não duvide disso. Nós já a amamos, igualmente à sua filha Jorja.
SS: Obrigada, Brass.

Grissom tirou uma licença de 15 dias para ficar em casa e ajudar Sara nos cuidados com as meninas. No entanto, depois que a licença terminou, teve de retornar ao trabalho e Sara ficou sozinha no cuidado das filhas, o que lhe acarretou uma crise de estresse. As discussões entre ela e Grissom começaram a ocorrer com freqüência, porque Sara alegava estar cuidando sozinha das meninas e Grissom replicava, dizendo que tinha que trabalhar para sustentar a agora grande família.

CW: Meu Deus, Gil, você anda muito estressado! Não basta nos entupir de broncas, ainda vai descarregar seu estresse na Sara, que está sozinha com duas recém-nascidas para cuidar?
GG: Não me venha com sermões, Cath! Eu trabalho duro neste laboratório, chego em casa exausto e ainda tenho que ouvir as reclamações da Sara na minha cabeça?
CW: Você não está sendo justo com a Sara, Gil! Pense bem, cuidar de dois bebês recém-nascidos sozinha não é fácil. E ainda tem o fato de uma das meninas necessitar de atenção especial. Sugiro que contratem uma babá para auxiliá-la com as meninas.

Grissom bufou.

GG: Vou ver o que posso fazer, Cath. Mas acabou esse assunto. Anda, temos trabalho a fazer.

Os dois iam andando no corredor quando Nick os avistou:

NS: Ei Grissom, tem uma pessoa esperando por você na recepção.
GG: Por mim? Quem é, Nick?
NS: Acho melhor você ver.

Assim que Grissom se afastou, Catherine, "nem um pouco curiosa", perguntou:

CW: Desembucha, quem é a pessoa?
NS: Curiosa você hein Cath?
CW: Quero saber quem é a pessoa. É homem ou mulher?
NS: Ãh, eu diria que... Sara não vai gostar de saber quando souber. Acho que hoje vai ter quebra-pau na casa do Grissom.
CW: É quem eu estou pensando?

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