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Dolorosa separação - cap. 11


Sara, chorosa, vu Grissom virando-se e entrando numa espécie de nuvem, juntando-se a outros que o esperavam. Era o adeus, que duraria por toda a vida. Depois que ele foi embora, a equipe entrou no apartamento da perita.

CW: Graças a Deus te encontramos! Você está bem?

Ela não conseguia dizer nada, apenas chorava.

WB: Aconteceu alguma coisa?
JB: O sujeito pelo visto esteve aqui. Sara, o que você fez que o assustou a ponto de fazê-lo sair correndo feito doido e se jogar na frente de um carro?
CW: Ela não está em condições de falar nada, Jim.
WB: Isso prova que Madame Brown estava certa.
JB: Vou mandar soltá-la.
SS: Preciso dormir um pouco.
CW: Está tudo bem?
SS: Está.

Warrick, que estava atrás de Sara, notou o ferimento na cabeça dela.

WB: Ei Sara, você está ferida. É melhor ver o médico.
SS: Estou bem. Juro.
CW: Não, não. Vou levá-la a um médico sim! Desde que Grissom morreu você vem definhando, está pálida, fraca e excessivamente magra. Desse jeito vão pensar que está com anorexia ou coisa do tipo!

Sara foi medicada por conta do ferimento e passou por uma bateria de exames. No dia seguinte, o médico comentou os resultados.

DR: De fato você está com baixo nível de fósforo no organismo, o que está acarretando a sua anemia. Você precisa se alimentar direito.
CW: O que te falei?
DR: Ainda mais porque você não é mais uma pessoa apenas.
SS: Como?
DR: Você está grávida; não sabia?

Sara ficou em estado de choque. Como poderia estar grávida?

DR: Não entendi a reação. Não é bom?
CW: O pai do bebê morreu há pouco tempo.
DR: Compreendo. Mas você terá seu filho, não deixa de ser uma alegria em sua vida. Seja feliz acima de tudo!

A perita olhou para Catherine, que estava radiante:

CW: É maravilhoso, Sara, saber que uma parte do Gil está vivendo dentro de você!
SS: De que me adianta se ele não está aqui comigo?
CW: Ele está.
SS: Ele não está! Pare de dizer que sim porque não está! Por favor, Cath!

Sara saiu apressada do hospital. Tinha pressa de sair de Vegas o quanto antes. Não tinha mais o que fazer naquela cidade. Não mais. Iria voltar para São Francisco e ter seu bebê sozinha, já que era assim que estaria para sempre. Pegaria algumas coisas e colocaria no carro. Tinha pouca coisa mesmo, então poderia deixar o resto por aí. Levaria Hank, prometera a si mesma que não o abandonaria; já não tinha mais o dono, ficaria ao léu? Parou com o carro na loja de Madame Brown para agradecê-la.

SS: Você estava certa o tempo todo. Grissom continua vivo. Mas em outro plano.
MB: A morte é só uma passagem. A vida sempre continua.
SS: Estou esperando um filho dele.
MB: Que coisa boa! Não te falei? A vida continua. E Grissom continuará vivo em você, através dessa criança. Ame-a bastante. E quando chegar sua hora de ir ao encontro de Grissom, sua passagem pela vida terá sido mais proveitosa. Reerga-se, garota, você é linda e jovem!

Sara deu um abraço em Madame Brown, entrou no carro e partiu rumo a São Francisco, que ficava a muitas milhas de distância, mas ela precisava disso. Dirigir sempre a relaxava. E seguiu rumo a seu novo destino, tendo por companhia um cão e alguém que a amava, pois estavam ligados pela alma, pelo coração e pela pequena vida que crescia no ventre dela.

Fim

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Dolorosa separação - cap. 10


CW: Eu penso o mesmo. Não quer vir conosco, Sara?
SS: Obrigada, Cath, mas quero ficar; pra onde eu for estarei sempre me sentindo sozinha, então, que sinta isso em minha casa.
CW: Não se esqueça de que pode sempre contar conosco, não é Vartann?
V: Claro!

Os dois ainda ficaram mais um pouco e depois foram embora. Na manhã seguinte, Sara foi até o cemitério. Como ia embora de Vegas, queria se despedir do amado. Com uma rosa e um papel nas mãos, ficou um tempo olhando para a lápide, na qual havia um retrato de Grissom. O “Sempre no coração de sua amada Sara Sidle” a fez soluçar. Delicadamente depositou a rosa e abriu o envelope, para ler o trecho de uma música. Sabia que ele não a ouviria, mas Grissom estava ali, ao lado dela.

“Saudade, palavra triste
quando se perde um grande amor
na estrada longa da vida
eu vou chorando a minha dor
igual a uma borboleta
vagando triste por sobre a flor
teu nome sempre em meus lábios
irei chamando por onde for
meu primeiro amor, tão cedo acabou
só a dor deixou  neste peito meu
meu primeiro amor foi como uma flor
que desabrochou  e logo morreu
nesta solidão, sem ter alegria
o que me alivia são meus tristes ais
são prantos de dor que dos olhos caem
é porque bem sei, quem eu tanto amei
não verei jamais”.

Depois de ler uma letra que traduzia sua dor, seus sentimentos, Sara caiu no choro. Sem pai, sem mãe, sem irmão, sem família e sem Grissom. Sozinha no mundo. Ninguém para defendê-la. Ninguém para abraçá-la e dizer “você não está sozinha, vai ficar tudo bem”. Ninguém para formar com ela uma família. Não mais. Todos os seus sonhos foram interrompidos para sempre diante do gatilho de um desalmado, que lhe tirou o que havia de mais precioso: o amor de sua vida! Grissom chorava junto com Sara.

GG: Estou aqui, honey. Estarei sempre ao seu lado. Não posso mais tocá-la, mas vou sempre tê-la em meu coração.

Depois de algum tempo, Sara foi embora. Enquanto isso, Madame Brown foi até o lab, onde encontrou Brass.

JB: O que a madame deseja?
MB: Vim dar um aviso.
JB: Que aviso?
MB: Olha, vocês não vão acreditar em mim a princípio, mas precisam acreditar. O homem que matou o senhor Grissom vai atacar novamente!
WB: Do que você está falando?
MB: Ele vai pegar Sara Sidle! Ela corre perigo, vocês precisam fazer alguma coisa!
JB: Olha aqui, dona vidente: nós temos a sua ficha e ela não é limpa! Portanto, o que está nos dizendo é mais uma obra de sua trambicagem, então vou ter de recolhê-la para uma cela, está bom?
MB: Mas estou dizendo a verdade, ela corre perigo!

Grissom, assistindo a tudo, não se conformava por Brass não acreditar na mulher.

GG: Ela está dizendo a verdade, acreditem!

Não adiantava ele dizer ou berrar; nunca o ouviriam. E ficou decepcionado ao ver policiais a levando para a cela. Enquanto isso, Sara chegava ao prédio. Ao se aproximar da porta, reparou que ela estava entreaberta. Alguém estava em sua casa. Posicionou-se como sempre fazia quando entrava em alguma cena de crime, mas lembrou-se que estava sem sua arma. Tomando todos os cuidados, entrou na casa, mas foi golpeada com uma coronhada na cabeça. Não desmaiou, mas foi ao chão; em seguida, o criminoso a segurou pelo colarinho, para desespero de Grissom.

##: Pensou que ia ficar livre e viva para me entregar?
SS: O que... você... quer? – disse Sara, quase sufocada.
##: Vim terminar o serviço. Vim te matar!

Num ímpeto de fúria, Grissom avançou para cima do sujeito e o empurrou. Ele caiu e bateu a cabeça no chão. Sara não entendeu absolutamente nada. O sujeito ainda se levantou mais uma vez, e novamente foi parar no chão, empurrado com uma força incrível por Grissom, que ele mesmo não tinha quando vivo.

 ##: O que está acontecendo? Vo-você é doida!
SS: Não fui eu!

Grissom ainda o empurrou mais algumas vezes, até que, apavorado, o criminoso saiu correndo do apartamento de Sara.

##: Socorro! Socorro!

O marginal correu pelas ruas sem olhar para os lados. Foi pego em cheio por um carro em alta velocidade. Morreu na hora. Enquanto isso, Sara, sentindo dores na cabeça, ajoelhou-se no chão, como se estivesse derrotada. Chorou lembrando-se de Grissom.

GG: Não chore, honey, estou aqui.
SS: Griss?

O supervisor ficou surpreso. Sara o estava escutando?

GG: Sara? Você me ouve?

De repente, uma luz suave e imensa surgiu. Sara, que havia levantado a cabeça, curiosa ao ouvir a voz de Grissom, teve uma grande surpresa: em meio às luzes, a imagem de Grissom surgiu. Os olhos cansados da perita tiveram força para um último choro: estava diante de seu amor. E Grissom sentiu a mesma emoção, a mesma saudade... o mesmo amor!

SS: Oh Gil!
GG: Estou aqui, honey... não saí do seu lado...
SS: Sinto tanto sua falta... estou tão sozinha...
GG: Não se sinta assim... eu sempre estarei com você de alguma forma.
SS: Eu queria você aqui comigo, vivo... tínhamos tantos planos...

A emoção era imensa naquele momento.

SS: Porque isso foi acontecer?
GG: Tinha de ser assim, Sara. Existem coisas que estão fora do nosso alcance.

Os dois se aproximaram e a perita levantou uma das mãos, na tentativa de tocar Grissom. Ele fez o mesmo, e os dois apaixonados, separados pela morte mas unidos pelo amor, simbolizaram sua união de além vida. Por trás do supervisor apareceram outras pessoas iluminadas, o que fez Sara supor que fossem outros espíritos.

GG: Estão me chamando. Preciso ir, honey. Acho que cumpri minha missão, você está salva.

Sara não conseguia dizer nada, apenas olhar para ele aos prantos e trêmula.

GG: Sabe, minha querida, o amor verdadeiro levamos conosco. E você sempre será uma parte de mim. Todos que olharem pra você se lembrarão de mim. E sei que estarei sempre em seu coração. Quando sentir saudades de mim, olhe dentro de você; eu estarei lá. E se ouvir com atenção seu coração, ouvirá minha voz a te dizer o quanto te amo. Adeus, honey. Até um dia...

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Dolorosa separação - cap. 9


CW: Claro, mas... aconteceu alguma coisa?
SS: Quero falar sobre uma coisa com vocês.
CW: Está me assustando.
SS: Não se assuste. Não é nada grave. Bom, preciso ir. Até mais!
CW: Até.

Sara pegou seu carro e dirigiu para casa. Durante o trajeto, olhava a rua e se lembrava de Grissom. De cada coisa. De cada detalhe. De cada doce sorriso que ele lhe dava. De cada toque gostoso em seu corpo. De cada beijo quente... de cada transa maravilhosa. Uma música triste tocava na rádio naquele momento. Era exatamente o que ela, Sara, estava querendo dizer a Grissom naquele momento.

“Olha dentro dos meus olhos
Vê quanta tristeza de chorar por ti, por ti
Olha eu já não podia mais viver sozinha
E por isso eu estou aqui
De saudade eu chorei e até pensei que ia morrer
Juro que eu não sabia
Que viver sem ti eu não poderia                                                                 Olha, quero te dizer todo aquele pranto
Que chorei por ti, por ti
Tinha uma saudade imensa de alguém que pensa
E morre por ti...”

Enquanto Sara suspirava de saudade, alguém tentava invadir seu apartamento. Grissom percebeu o perigo e imediatamente foi pra lá antes que ela chegasse e desse de cara com o bandido. Quando chegou, o sujeito estava tentando abrir a porta do apartamento. Com a força do pensamento (o que lhe restara), Grissom conseguiu empurrar fortemente o marginal, que caiu para trás, sem entender nada.

GG: Deixe Sara em paz, entendeu? Deixe-a em paz! – enfureceu-se.

Tremendamente assustado, o sujeito saiu correndo. Poucos minutos depois, Sara chegou em casa. O mesmo silêncio, a mesma solidão. Quando ela foi se banhar, Grissom foi junto e a dor de não mais poder tocá-la voltou com força. Como amava aquele corpo branquinho, magro – estava bem mais, com os ossos quase à mostra... Lembrava-se de cada noite de amor com Sara, de cada beijo, de cada orgasmo, de cada respiração ofegante... de cada palavra de amor. A perita caminhou nua até o quarto. Hank, o cão, gostava dela, mas sentia falta do dono, e ficava mais quieto em um canto qualquer. Grissom sentia pelo cão, que sempre fora seu companheiro e amigo. Sabia que a amada sempre cuidaria bem dele, mas sabia também que Hank precisava dele. Sara ficou algum tempo olhando-se no espelho. Viu as mudanças no aspecto físico, como olheiras e tristeza evidente.

SS: Estou um bagaço!
GG: Está linda como sempre, honey. Só quero que tire essa tristeza de seu rosto lindo, não combina com você.

Ainda nua, Sara fez um auto-exame. Tocou os seios, que andavam doloridos, e os quadris estreitos, cada vez mais ossudos. As pernas brancas e compridas também tinham aspecto esquelético, de tão magras.

SS: Mais um pouco e eu desapareço! Estou muito magra!

Suspirou e em seguida vestiu-se. A campainha tocou.

SS: Ué, quem pode ser? Catherine ficou de vir mais tarde apenas...

Grissom, sempre perto de Sara, já havia visto quem estava do outro lado da porta e ficou surpreso.

SS: Você?
LH: Posso falar com você, Sara?

A perita ficou boquiaberta ao se ver frente a frente com Lady Heather. O que ela queria em sua casa?

SS: Ãh, sim, entre...
LH: Com licença.

A ruiva entrou no apartamento e ficou observando tudo em silêncio. Avistou Hank e não pôde deixar de comentar:

LH: Você trouxe Hank pra cá?
SS: Não iria deixá-lo sozinho.
LH: É claro.
SS: Bem, ainda não entendi sua presença em minha casa.
LH: Não se preocupe, não vou demorar e não vou incomodá-la.

Grissom, vendo tudo, percebeu a tensão no ar, principalmente a expressão de desconfiança de Sara, que arqueou a sobrancelha.

LH: Como tem sido seus dias sem Grissom?
SS: Por que a pergunta?
LH: Apenas curiosidade.
SS: Curiosidade em me ver do jeito que estou?
LH: A relação de vocês era bonita e intensa, podia ver nos olhos dele o quanto te amava.

Sara não conseguia dizer nada, apenas mostrava com o olhar o quanto estava quebrada. Heather ficou tocada com as lágrimas da “rival” – ela nunca considerou Sara uma ameaça, até porque nunca foi nada além de uma amiga para Grissom.

SS: É, eu o amava muito.
LH: E ele a você. Bom, gostaria de te dizer que, se precisar de um ombro para chorar, estou aqui.
SS: Obrigada, mas já estou indo embora de Vegas.
LH: Quer ficar longe de tudo que te lembre Grissom?
SS: Quero voltar para casa. Aqui só me restou dor e solidão.
LH: Bom, não vou mais tomar seu tempo. Só vim pra você saber que não está sozinha.
SS: Obrigada.

A ruiva foi embora e Sara ficou confusa. E Grissom permaneceu ali, tentando com que a amada pudesse vê-lo, ou ouvi-lo, ou apenas senti-lo. Cerca de meia hora depois, Catherine e Vartann chegaram.

CW: Pensei que já estivesse dormindo!
SS: Na atual circunstância, prefiro dormir para não acordar...
V: Não pense assim! Grissom não iria gostar de vê-la do jeito que você está agindo...

Sara sorriu em lágrimas e tratou de mudar de assunto.

SS: Bom, eu chamei vocês aqui porque me aconteceu uma coisa e estou confusa.
CW: Diga.
SS: Apareceu uma tal de Madame Brown me dizendo que Grissom está vivo, que consegue ouvi-lo e disse que estou em perigo.
V: Que história mais maluca é essa?!
CW: Sem querer entrar no mérito da questão mas já entrando, essa mulher parece ser bem doida. Eu acredito que vamos para algum lugar depois que morremos, mas não acredito que a alma fique aqui, ainda mais quando acabou de morrer. O Grissom está num lugar bem melhor, Sara, e este deve ser o seu consolo.
GG: Estou aqui, Catherine. Por que é tão difícil acreditar nisso? – suspirou Grissom.
SS: Então o que faço?
CW: Se ela voltar a importuná-la, ligue para o Brass.
SS: Queria acreditar no que ela me disse... tenho me sentido mais só do que nunca...
V: Nós entendemos.

Mais uma vez, Sara caiu no choro e foi amparada por Catherine. Vartann ficou penalizado e Grissom sofria junto com a amada. As lágrimas da perita eram tão tristes que doíam quando rolavam em sua face. O coração, quebrado e dolorido, já não tinha mais o que guardar de tanta tristeza.

V: Acho que não seria bom que Sara ficasse sozinha, Catherine.

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Dolorosa separação - cap. 8


A perita, que se dirigia á porta do estabelecimento, parou e virou-se, olhando fixamente para a vidente. Uma lágrima escorreu dos olhos, e ela mordeu os lábios. Grissom sentiu no peito a dor daquela lágrima e desejou, mais que tudo, poder tocá-la naquele momento. No apartamento da perita, as duas trocavam idéias.

MB: Nunca me aconteceu isso antes, ele é o primeiro fantasma que me deixa assim, confusa, atordoada! E nem posso mais ficar sossegada! Ele não me deixa!

A vidente observou um porta-retratos no qual aparecia Grissom e Sara juntos.

MB: É ele?
SS e GG: É.
MB: Bonito. Branco, mas bonito. Você deve tê-lo amado muito, não é?
SS: Dói tanto a ausência dele... não sei como vou continuar minha vida sem ele...  - Sara estava chorosa.
MB: Ele pode não estar presente fisicamente, mas está sempre ao seu lado, como se fosse seu anjo protetor?
SS: Digamos que seja verdade, que ele continua vivo. Então porque ele voltou, não foi para o céu, que é pra onde vamos quando morremos, como as pessoas dizem?
GG: Eu não sei, honey...
MB: Provavelmente ele ainda tenha uma missão a cumprir aqui e esteja preso à Terra.
SS: Como é?
GG: Quer parar de falar bobagens à Sara?
MB: Estou apenas respondendo á pergunta dela.
SS: Está falando com ele?
MB: Estou. Ele é meio nervosinho...
GG: Não sou nervosinho! E pare de dizer bobagens! Diga à Sara que ela corre perigo.
MB: Não precisa me dizer como eu de vou dizer! Vou falar por mim mesma!

Sara não entendia nada do que estava acontecendo. Seria uma “discussão do além?”

MB: Sara, você está correndo perigo.
SS: Perigo?
GG: O homem que me matou esteve aqui e vai voltar. Tem mais alguém envolvido, mas não sei quem é e...
MB: Tá bom, tá bom! O homem que o matou esteve aqui e vai voltar. Ele disse que tem mais alguém, mas não sabe que é.
SS: Olha... eu não tenho medo de ninguém. Talvez por eu ser investigadora e esteja acostumada a lidar com situações de perigo, não fico com medo. E depois que Grissom se foi, meu medo foi junto. Nada mais me abala ou assusta.
MB: Você não tem medo de que este sujeito venha a lhe atacar?
SS: Sei me defender. E se ele quiser me matar... – suspirou – o que terá para arrancar mais de mim? Meu coração ele já tirou!

Sara começou a chorar e Madame Brown ficou penalizada. Jamais tinha presenciado tamanha tristeza de uma pessoa que perdera alguém que amava. E Grissom, ao lado dela sem que ela soubesse, compartilhava dessa mesma dor. Afinal, ele não possuía mais o corpo físico, que lhe permitia tocá-la, beijá-la, fazer amor com ela... Por mais que emitisse vibrações de amor em torno de Sara, não conseguia tirar a dor que apunhalava o coração dela diariamente. Assim, ele só comprovava que Sara era a melhor das mulheres, a mais apaixonada, a mais leal, a mais amorosa... a mais solitária e triste também. Cada lágrima que ela derramava era um “eu te amo” silencioso que ela dizia. E o que restava à perita eram apenas as boas lembranças. Lembranças de um tempo que jamais voltaria. Junto com a solidão, a saudade era uma companheira de Sara, e que estaria eternamente ao seu lado, para lembrar-lhe o tempo todo que agora os dois só estariam juntos nos sonhos e nas lembranças. Depois que Grissom partira, sempre antes de dormir, Sara olhava o retrato dele em seu criado-mudo e dizia alguma coisa.

SS: Boa noite, querido.
GG: Boa noite, honey. Durma bem. Eu estarei aqui, velando seu sono... – suspirou.

Os dois ali no mesmo quarto e separados por um muro invisível que os deixavam em mundos distintos. Dois apaixonados bruscamente separados por um marginal sem coração, sem saber o que é o amor... Por culpa de alguém incapaz de sentir um amor verdadeiro, que sem o menor escrúpulo atirou para matar, na maldade, encerrando, assim, uma vida de sonhos e amor que os dois tinham juntos. A bala que perfurou a barriga de Grissom perfurou também a alma de Sara. Ela deitou a cabeça no travesseiro cujo cheiro de Grissom ainda era presente. Uma lágrimas ainda escorreu antes do sono chegar. No dia seguinte, a perita acordou com essa história na cabeça. Estava intrigada com toda aquela história de vidente, de falar com os mortos... Resolveu ir até o lab falar com Catherine sobre isso. Foi tudo estranho demais para Sara, voltar ao lab sem Grissom por lá. Iria aproveitar e pedir suas contas, não tinha mais como continuar no lugar onde tudo sempre traria a memória dele. Não que não quisesse se lembrar dele, mas a realidade de sua ausência física era por demais dolorosa. Ao chegar no lab, enquanto caminhava até a sala de convivência, Sara era observada pelos funcionários que iam de um lado ao outro. Estavam penalizados pelo sofrimento da perita. Ao chegar à sala de convivência, encontrou Nick e Catherine:

NS: Sara?! Você por aqui?
SS: Oi Nick – respondeu com uma voz fraquinha.

Os dois amigos se abraçaram e quase foram às lágrimas.

NS: Voltou para se juntar a nós?
SS: Sabe que isso é inviável. Vim pedir minhas contas – abraçou Cath.
CW: Não vai mudar mesmo de idéia, não é?
SS: Não. Quero sair de Vegas e voltar para São Francisco, e ver se vou conseguir refazer minha vida sem Grissom...
CW: Ele não ia querer que você se definhasse aos poucos. Você precisa reagir!

Sara suspirou e olhou para a loira com os olhos mais tristes que alguém poderia ver.

SS: É... eu sei. Bom, eu preciso falar com o Ecklie. Ele está?
CW: Bom, ele está sim.
SS: Não quero me demorar, vir até aqui já foi doloroso demais. Até.

A perita seguiu até a sala de Ecklie, firme e forte, tentando segurar e sufocar a dor que insistia em arranhar seu coração como um espinho.

SS: Posso falar com você?
CE: Claro. Entre.
SS: Como sabe, estou em licença.
CE: Sei.
SS: Quero pedir minhas contas.
CE: Como é?
SS: Olha, não quero ficar me estendendo nesse assunto que é tão doloroso pra mim. Mas não tenho mais o que fazer nesse lab, não tenho mais nenhuma motivação para continuar.
CE: Tudo isso por causa de um homem?
SS: Por favor, ao menos uma vez na vida seja homem e respeite a memória do Grissom!
CE: Sidle!

Grissom assistia àquela cena orgulhoso da personalidade forte da amada. Sabia que lá no fundo, ela ainda conservava sua força para se reerguer nos momentos mais difíceis. Era como uma fênix, que renascia das cinzas. Ao mesmo tempo, sentia tristeza por não poder estar ali para defendê-la do debochado Ecklie.

SS: Aqui está minha carta de demissão. Queira assiná-la, por favor. Assim acabamos com essa tortura e você também não terá que me ver aqui todos os dias. Agora que não tem mais o Grissom aqui, você poderá se realizar com a minha saída.
CE: Ótimo! Não se esqueça de passar no departamento, ok?

Sara apenas olhou-o com desprezo e saiu, sem nada dizer. Sem demonstrar fraqueza, deixou as lágrimas escorrerem, mas não abriu a boca para chorar feito uma menina. Antes de sair, falou com Catherine:

SS: Pode passar em minha casa logo mais, você e Vartann?

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