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Dolorosa separação - cap. 8


A perita, que se dirigia á porta do estabelecimento, parou e virou-se, olhando fixamente para a vidente. Uma lágrima escorreu dos olhos, e ela mordeu os lábios. Grissom sentiu no peito a dor daquela lágrima e desejou, mais que tudo, poder tocá-la naquele momento. No apartamento da perita, as duas trocavam idéias.

MB: Nunca me aconteceu isso antes, ele é o primeiro fantasma que me deixa assim, confusa, atordoada! E nem posso mais ficar sossegada! Ele não me deixa!

A vidente observou um porta-retratos no qual aparecia Grissom e Sara juntos.

MB: É ele?
SS e GG: É.
MB: Bonito. Branco, mas bonito. Você deve tê-lo amado muito, não é?
SS: Dói tanto a ausência dele... não sei como vou continuar minha vida sem ele...  - Sara estava chorosa.
MB: Ele pode não estar presente fisicamente, mas está sempre ao seu lado, como se fosse seu anjo protetor?
SS: Digamos que seja verdade, que ele continua vivo. Então porque ele voltou, não foi para o céu, que é pra onde vamos quando morremos, como as pessoas dizem?
GG: Eu não sei, honey...
MB: Provavelmente ele ainda tenha uma missão a cumprir aqui e esteja preso à Terra.
SS: Como é?
GG: Quer parar de falar bobagens à Sara?
MB: Estou apenas respondendo á pergunta dela.
SS: Está falando com ele?
MB: Estou. Ele é meio nervosinho...
GG: Não sou nervosinho! E pare de dizer bobagens! Diga à Sara que ela corre perigo.
MB: Não precisa me dizer como eu de vou dizer! Vou falar por mim mesma!

Sara não entendia nada do que estava acontecendo. Seria uma “discussão do além?”

MB: Sara, você está correndo perigo.
SS: Perigo?
GG: O homem que me matou esteve aqui e vai voltar. Tem mais alguém envolvido, mas não sei quem é e...
MB: Tá bom, tá bom! O homem que o matou esteve aqui e vai voltar. Ele disse que tem mais alguém, mas não sabe que é.
SS: Olha... eu não tenho medo de ninguém. Talvez por eu ser investigadora e esteja acostumada a lidar com situações de perigo, não fico com medo. E depois que Grissom se foi, meu medo foi junto. Nada mais me abala ou assusta.
MB: Você não tem medo de que este sujeito venha a lhe atacar?
SS: Sei me defender. E se ele quiser me matar... – suspirou – o que terá para arrancar mais de mim? Meu coração ele já tirou!

Sara começou a chorar e Madame Brown ficou penalizada. Jamais tinha presenciado tamanha tristeza de uma pessoa que perdera alguém que amava. E Grissom, ao lado dela sem que ela soubesse, compartilhava dessa mesma dor. Afinal, ele não possuía mais o corpo físico, que lhe permitia tocá-la, beijá-la, fazer amor com ela... Por mais que emitisse vibrações de amor em torno de Sara, não conseguia tirar a dor que apunhalava o coração dela diariamente. Assim, ele só comprovava que Sara era a melhor das mulheres, a mais apaixonada, a mais leal, a mais amorosa... a mais solitária e triste também. Cada lágrima que ela derramava era um “eu te amo” silencioso que ela dizia. E o que restava à perita eram apenas as boas lembranças. Lembranças de um tempo que jamais voltaria. Junto com a solidão, a saudade era uma companheira de Sara, e que estaria eternamente ao seu lado, para lembrar-lhe o tempo todo que agora os dois só estariam juntos nos sonhos e nas lembranças. Depois que Grissom partira, sempre antes de dormir, Sara olhava o retrato dele em seu criado-mudo e dizia alguma coisa.

SS: Boa noite, querido.
GG: Boa noite, honey. Durma bem. Eu estarei aqui, velando seu sono... – suspirou.

Os dois ali no mesmo quarto e separados por um muro invisível que os deixavam em mundos distintos. Dois apaixonados bruscamente separados por um marginal sem coração, sem saber o que é o amor... Por culpa de alguém incapaz de sentir um amor verdadeiro, que sem o menor escrúpulo atirou para matar, na maldade, encerrando, assim, uma vida de sonhos e amor que os dois tinham juntos. A bala que perfurou a barriga de Grissom perfurou também a alma de Sara. Ela deitou a cabeça no travesseiro cujo cheiro de Grissom ainda era presente. Uma lágrimas ainda escorreu antes do sono chegar. No dia seguinte, a perita acordou com essa história na cabeça. Estava intrigada com toda aquela história de vidente, de falar com os mortos... Resolveu ir até o lab falar com Catherine sobre isso. Foi tudo estranho demais para Sara, voltar ao lab sem Grissom por lá. Iria aproveitar e pedir suas contas, não tinha mais como continuar no lugar onde tudo sempre traria a memória dele. Não que não quisesse se lembrar dele, mas a realidade de sua ausência física era por demais dolorosa. Ao chegar no lab, enquanto caminhava até a sala de convivência, Sara era observada pelos funcionários que iam de um lado ao outro. Estavam penalizados pelo sofrimento da perita. Ao chegar à sala de convivência, encontrou Nick e Catherine:

NS: Sara?! Você por aqui?
SS: Oi Nick – respondeu com uma voz fraquinha.

Os dois amigos se abraçaram e quase foram às lágrimas.

NS: Voltou para se juntar a nós?
SS: Sabe que isso é inviável. Vim pedir minhas contas – abraçou Cath.
CW: Não vai mudar mesmo de idéia, não é?
SS: Não. Quero sair de Vegas e voltar para São Francisco, e ver se vou conseguir refazer minha vida sem Grissom...
CW: Ele não ia querer que você se definhasse aos poucos. Você precisa reagir!

Sara suspirou e olhou para a loira com os olhos mais tristes que alguém poderia ver.

SS: É... eu sei. Bom, eu preciso falar com o Ecklie. Ele está?
CW: Bom, ele está sim.
SS: Não quero me demorar, vir até aqui já foi doloroso demais. Até.

A perita seguiu até a sala de Ecklie, firme e forte, tentando segurar e sufocar a dor que insistia em arranhar seu coração como um espinho.

SS: Posso falar com você?
CE: Claro. Entre.
SS: Como sabe, estou em licença.
CE: Sei.
SS: Quero pedir minhas contas.
CE: Como é?
SS: Olha, não quero ficar me estendendo nesse assunto que é tão doloroso pra mim. Mas não tenho mais o que fazer nesse lab, não tenho mais nenhuma motivação para continuar.
CE: Tudo isso por causa de um homem?
SS: Por favor, ao menos uma vez na vida seja homem e respeite a memória do Grissom!
CE: Sidle!

Grissom assistia àquela cena orgulhoso da personalidade forte da amada. Sabia que lá no fundo, ela ainda conservava sua força para se reerguer nos momentos mais difíceis. Era como uma fênix, que renascia das cinzas. Ao mesmo tempo, sentia tristeza por não poder estar ali para defendê-la do debochado Ecklie.

SS: Aqui está minha carta de demissão. Queira assiná-la, por favor. Assim acabamos com essa tortura e você também não terá que me ver aqui todos os dias. Agora que não tem mais o Grissom aqui, você poderá se realizar com a minha saída.
CE: Ótimo! Não se esqueça de passar no departamento, ok?

Sara apenas olhou-o com desprezo e saiu, sem nada dizer. Sem demonstrar fraqueza, deixou as lágrimas escorrerem, mas não abriu a boca para chorar feito uma menina. Antes de sair, falou com Catherine:

SS: Pode passar em minha casa logo mais, você e Vartann?

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