##:
Sou eu. Não consegui pegar, ela estava em casa. Calma, eu volto. Ok – e
desligou.
GG:
Quem é você? O que queria na casa de Sara?
O sujeito tirou do bolso uma foto da perita.
##:
Você até que é gostosa. Se eu te pegar de jeito, te dou um trato...
Furioso,
Grissom gritou com ele, inutilmente:
GG:
Fique longe dela, tá entendendo?! Fique longe dela!
E
saiu dali, disposto a encontrar alguém que pudesse ajudá-lo. Sua
amada corria perigo e não se dava conta disso. Retornou
para o apartamento de Sara, para velar o sono dela. Até
dormindo ela mostrava tristeza, como um anjo que chorava sozinho numa nuvem.
GG:
Ah honey... como eu queria estar com você nessa cama, te amando, te beijando...
te protegendo de quem quer te fazer mal... Não
consigo me conformar com essa separação. Eu daria tudo pra voltar à vida e te
amar mais uma vez nesta cama... Sara...
Pela
manhã cedo, Grissom foi caminhar pelas ruas. Atrás de alguma ajuda. Invisível,
ninguém o percebia. Isto era o que ele pensava. Até
que alguém o abordou. Um senhor de mais idade o parou na calçada, perto de um
beco.
##: Ainda se sente confuso?
GG:
Está falando comigo?
##:
Assim como você me vê.
GG:
Então o senhor...
##:
Morri? Bem, digamos que fiz a passagem. Foi bem tranqüila, sabe? Nada de
traumas. E você, como foi?
Grissom
ficou sem saber o que dizer? Falar de sua própria morte era algo realmente
esquisito.
GG:
Fui baleado.
##:
Oh, entendo. É tão comum hoje em dia. Mas vou te contar um segredo: as coisas
não são tão difíceis quanto parecem. É uma piscada de olhos e... pronto!
GG:
Não entendi.
##:
Você vai ver com o tempo. Por exemplo, conseguirá se fazer notar, e talvez até
conseguir se mostrar a quem lhe interessa.
GG:
Gostaria de tocar, mas minha mão atravessa qualquer coisa.
##:
É claro, você não tem mais o corpo físico. Agora, tudo é aqui, ó! – ele tocou a
cabeça com o dedo – Você precisa se concentrar no que quer fazer e conseguirá!
Grissom
deu um suspiro e olhou ao redor. Quando voltou-se para o venho, ele havia
desaparecido.
GG:
Ué... cadê você?
Sem
entender mais nada desse mundo novo e maluco, o supervisor seguiu em frente.
Enquanto isso, os amigos visitavam Sara. Catherine, Vartann e Brass foram vê-la
antes de irem para o lab. Eles
estavam penalizados com o sofrimento da companheira de equipe, e tentavam, de
alguma forma, fazer com que ela se esquecesse do luto. Mas sabiam que seria
impossível.
CW:
Não sei mais o que faço com você, Sara! Sua dor está me deixando deprimida...
SS:
Não fique. A dor é minha, ninguém está sofrendo mais do que eu.
CW:
Eu sei, mas vê-la assim é como se você estivesse morrendo junto com a memória
do Gil.
SS:
Eu morro um pouco mais a cada dia, a cada instante sem Grissom comigo. Ninguém
sabe a falta que ele me faz – Sara ficou chorosa.
JB:
Sara, me escute... Todos nós amávamos e admirávamos o Gil. Você era o grande
amor da vida dele. Mas ele se foi. E você ficou. A
questão está aí. Ainda não pegamos o sujeito que fez o que fez com Grissom e
ele está a solta. Precisamos protegê-la.
SS:
Obrigada, mas não tenho medo. Depois que perdi o Grissom, nada me dá medo.
Sara
começou a chorar inconsoladamente e Catherine a abraçou, emocionada.
V:
Acho que devíamos respeitar a dor dela. Vamos protegê-la, mas acho que ainda
não é hora de pedir nada.
JB:
Precisamos protegê-la.
SS:
Eu tomei uma decisão.
CW:
Que decisão?
SS:
Não voltarei mais para o lab.
CW:
Não?!
SS:
Não tenho mais condições de encarar aquilo tudo, não tenho mais chão. Quero
sair de Vegas e voltar para São Francisco.
CW:
Bem, então vou apoiá-la. Quero que se sinta bem.
Sara
não estava nada bem emocionalmente. Andando pela casa, olhava os porta-retratos
e os momentos que viveu ao lado de Grissom pareceram mais distantes ainda. Era
como se tivesse fechado a porta para o passado e tivesse deixado-o lá. Segurou
uma das fotos e apertou contra o peito, deixando as lágrimas escorrerem e
empaparem o pescoço. A
saudade doía mais que qualquer coisa neste mundo. Um homem sem coração tirara
de si o que havia de melhor na vida, o maior motivo para sorrir; a razão para
acordar tão feliz todos os dias: Grissom! Ele foi embora, e levou consigo o
coração de Sara.
Grissom
continuou a caminhar até que se deparou com um lugar cujo anúncio lhe chamou a
atenção. “Quer ter contato com os mortos? Está no lugar certo! Madame Brown
traz seus entes queridos até você!” Foi até lá, numa tentativa de falar com
alguém que pudesse ouvi-lo, vê-lo ou que fosse. Ele precisava de ajuda, pois
Sara corria um grande perigo. Entrou
no local, que era meio simplório, mas estava cheio de gente. Deste e do outro
mundo, pois algumas pessoas olhavam bem pra ele. Em
uma sala, havia uma mesa redonda na qual uma mulher negra e gordinha,
emperiquitada com turbante dourado e roupas extravagantes bancava a vidente. Uma
mulher idosa buscava notícias do marido falecido. Curioso, Grissom ficou
observando a cena.
MB
(Madame Brown): Está com sorte, senhora Miller. Seu marido está aqui entre nós,
hoje ele poderá falar com você.
##:
Ah que bom, minha filha!
GG:
Não tem ninguém aqui não!
A
vidente fez uma cara de quem comeu e não gostou. Estaria ouvindo coisas?
MB:
Bem, como ele se chama?
##:
Arnold.
MB:
É ele quem está aqui, senhora Miller. E ele está bonito, num terno azul...
##:
Azul?
MB:
Prefere preto?
GG:
Isso é estelionato!
MB:
Quem disse isso?
##:
O que?
GG:
Consegue me ouvir? Você pode me ouvir?
MB:
Por favor, sai daqui, sai daqui!
GG:
Por favor, você é minha única saída! Apenas me escute!
A
mulher saiu correndo e se escondeu dentro de um armário. A
cliente ficou boquiaberta, assustada com a situação.
MB:
Deus, me ajude. Se esse cara sumir, juro nunca mais fazer trambiques!
GG:
Nem pensar!
MB:
Ahhh!
No
desespero, ela derrubou a porta, fazendo a cliente sair correndo, assustada. Algum
tempo depois, em sua casa, ela tentava se convencer de que não estava ficando
louca por ter ouvido de fato um espírito ao lado dela.
MB:
Algumas pessoas na minha família tinham, minha mãe tinha esse dom, mas eu não
tenho, eu não tenho! Como posso ouvi-lo?
GG:
Isso mostra que você não é totalmente desonesta.
MB:
Tá me chamando de desonesta?!
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