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A volta - cap. 6


Grissom estava inquieto na sala. Até que a presença de uma certa mulher o deixou atordoado. Sara! Os dois ficaram se fitando, sem nada dizer. A emoção tomou conta de ambos os corações, e as lágrimas foram empurradas face abaixo.

GG: Sara! – ele estava maravilhado com a beleza da mulher amada, ela estava ainda mais bonita!
SS: Como está, Grissom?
GG: Ãh, eu... vou bem. E você?
SS: Estou indo.
GG: Você voltou para Vegas?
SS: Estou apenas de férias.
GG: Férias?
SS: Sim.
GG: Sara, eu... eu sei que já se passou muito tempo, mas eu queria que você soubesse que eu ainda te amo e minha vida sem você tem sido dolorosa demais, quase insuportável. 

Sara fitava-o sentindo o coração acelerar.

GG: Solidão dói mais que tiro, sabia?
SS: Eu sei, Griss... eu sei...
GG: Você me perdoa por ter duvidado da sua palavra?
SS: Está tudo bem. Já passou.
GG: Olhe firme nos meus olhos e seja sincera comigo.
SS: Já passou, Grissom. Já te perdoei há muito tempo. 

Ele a abraçou, com o coração explodindo de amor. Sara tocou-o com as mãos e uma lágrima rolou. Um beijo aconteceu.

SS: Eu também tenho algo a te dizer. Aliás, tenho que te pedir perdão também.

Grissom levantou a sobrancelha.

GG: Porque, honey?
SS: Um momento.

Sara foi até o quarto e voltou à sala com Lisie nos braços. Grissom olhou surpreso para a menina.
 

GG: Ela...
SS: É sua filha, Griss... Nossa filha!

O supervisor sorriu para Lisie, que sorriu de volta, ainda que envergonhada.
GG: Posso segurá-la?

SS: Claro!

Grissom segurou a filha nos braços e disse:

GG: Oi princesa! Sou o seu pai. Você é muito bonita!
LS: Oi papai!

Ele riu emocionado e Sara sentiu que ele havia perdoado-a. 

GG: Posso te pedir uma coisa, Sara?
SS: Diga.
GG: Volta pra mim.

Sara deu aquele sorriso peculiar dela e disse:

SS: Estou de volta, não estou?


Fim










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A volta - cap. 5


Ela sabia que, quando Grissom se mantinha em silêncio, estava trancado dentro de si, cultivando alguma tristeza. E quando ele se encontrava triste, agia com rispidez algumas vezes. Certo dia, tomou coragem e lhe perguntou:

CW: Sara nunca mais deu notícias?
GG: Não.
CW: Sei que você a ama, mas tire essa tristeza do olhar.
GG: Eu lhe pareço triste?
CW: Sim, e muito. Se você a ama, deve ir atrás dela.
GG: Ela não quis que eu fosse atrás. No fundo, acho que é melhor assim.
CW: Tem certeza de que quer isso?
GG: Vai ser melhor pra todos. Ela não vai mais reclamar que eu não sou o mais romântico dos homens e eu não vou precisar ouvir coisas que não quero dela. E esse assunto morreu.
CW: Ok, se você quer assim...

Grissom amava Sara, isso era certo. Pensava nela todos os dias, assim como o sol nascia e se punha diariamente. Mas conforme o tempo ia passando, ele ia sufocando o amor que tinha por ela, a ponto de fazê-lo se esconder debaixo de sua frieza e seriedade. Os risos cessaram-se, e o homem apaixonado deu lugar novamente ao chefe sério e completamente distante das emoções. Buscava nos braços de Heather consolo para a solidão e tentar tirar do coração a imagem de Sara que nunca saía de lá. E assim, entre idas e vindas, sexo sem amor e cama vazia ao despertar em seu apartamento, Grissom foi levando a vida.
Três anos se passaram... Chovia em São Francisco. Sara olhava da janela fechada, na sala de casa, o vai e vem dos carros na rua. Mas seu olhar estava distante. Estava em Vegas, e seu coração acelerava mais rápido quando trazia Grissom a seu pensamento. Estava mais séria, porém, continuava bela, apenas com o visual um pouco diferente. Os compridos cabelos deram lugar a um charmoso repicado, com o corte um pouco abaixo da nuca. Sara sentia muita falta do homem por quem continuava intensamente apaixonada. Mas por dentro ainda tinha uma mágoa por ele ter duvidado de sua palavra; mágoa essa que ficava mais fraca com o passar do tempo, mas que ainda estava lá. Depois que retornara a São Francisco, não se relacionara com mais ninguém.
Até porque, dentro de si, havia o fruto de um grande amor que se perdeu na incerteza da realidade. Sara deu à luz uma linda garotinha, a quem deu o nome de Lisie. A menina estava com seus dois aninhos muito bem vividos. Era uma fofura e muito esperta. Tinha os olhos azuis como os do pai, e ela mostrava toda sua curiosidade e desconfiança através deles. Sim, a pequena Lisie era muito esperta e captava as coisas facilmente. Os cabelos castanhos e lisos foram herdados da mãe. E era, ao mesmo tempo, de personalidade forte e muito doce. Sara a estava educando muito bem. Estava trabalhando em um laboratório, como analista de materiais, que era a sua formação. A menina ficava com uma babá, que a levava para a escola e ficava com ela até a ex-perita chegar em casa. Sara ainda amava Grissom, mas desejava ficar longe dele. Ele, por sua vez, amava Sara e desejava estar perto dela, mas não tinha coragem de ir atrás dela e trazê-la de volta para sua vida. Nesses três anos de ausência, longe um do outro, o amor adormeceu, mas não morreu. E quis o destino que esse amor fosse despertado para nunca mais adormecer. Sara entrou de férias e resolveu ir a Vegas com a filha. Queria reencontrar os amigos de lab. Era certo que Vegas trazia à tona todos os momentos que vivera ao lado de Grissom, isso era inevitável. Mas encontrá-lo não era algo que estava em seus planos. Sara encontrou-se com Catherine, em uma tarde fresca.

CW: Fiquei doida quando você me ligou! Estava com muitas saudades.
SS: Eu também, Cath. Como as coisas estão por aqui?
CW: As coisas ou Gil?
SS: O que tem a ver?
CW: Pensei que perguntaria por ele.
SS: Tento não pensar, mas é inevitável. Como ele tem passado?
CW: No início, logo após sua partida, ele voltou a ser o homem triste de quando você foi embora de Vegas pela primeira vez. 

Recolheu-se dentro de si e não queria muito contato com ninguém. Falava somente o necessário e ponto. Com o tempo, ele foi saindo desse casulo e o Grissom sério e frio fez morrer, ou adormecer por tempo indeterminado, o Grissom apaixonado e alegre que era quando vocês estavam juntos e quando você retornou.

SS: Ele fala de mim?
CW: Falar não fala. Mas sei que pensa. Ou, se pensava muito e deixou de pensar, agora não sei. O Gil está completamente fechado dentro de si, é impossível saber o que se passa com ele.
SS: Viu ele com alguma mulher?
CW: Vi o carro de Heather várias vezes na calçada do prédio dele. 

Sara ficou mexida com aquela informação.

CW: O que você queria, Sara? Já que você resolveu voltar pra São Francisco e pediu que ele não mais a procurasse, Gil entendeu como um rompimento. Ele tentou refazer sua vida, mas depois de várias tentativas de ir atrás de você.
SS: Ele fez isso?
CW: Várias vezes ele tentou ir até São Francisco.
SS: E não chegou a ir?
CW: Não.
SS: Como sempre, ele não teve coragem de ir adiante.
CW: Você impôs essa condição a ele.
SS: Grissom deveria saber que eu estava magoada com a desconfiança de que eu estava de caso com Hank.
CW: A história do estupro é verdade?
SS: Ele te contou isso?
CW: Deduzi aqui e ali, em nossas conversas. Não se preocupe, não direi nada a ninguém.
SS: O que você acha, Cath?
CW: Bom, não sei o que dizer. Você teve um romance com o Hank...
SS: Eu tive um affair com ele, mas foi há muito tempo. Isso não seria motivo para que Grissom desconfiasse de mim.
CW: O que aconteceu de fato entre vocês?

Sara contou a história a Catherine, que ficou horrorizada.

CW: É, você tem razão em ficar magoada. Eu também ficaria.
SS: Mas agora quero que você conheça uma pessoinha.

As duas estavam sentadas em um banquinho na pracinha, e a pequena Lisie Sidle estava brincando com outras meninas na grama. Sara permanecia de olho nela.

CW: Quem você quer me apresentar?
SS: Lisie, vem cá!

A menina foi correndo até a mãe. Catherine, ao vê-la, ficou abismada: não precisava dizer nada, era filha de Sara e Grissom!

SS: Cath, esta é minha filha Lisie. Diga oi para a Cath, filha!
LS: Oi.
CW: Oi linda. Quantos aninhos você tem?
LS: Assim ó: dois! – disse a menina, mostrando com os dedinhos.
CW: Você está de parabéns pela filha linda, Sara!

A menina saiu correndo, de volta para as amiguinhas, cujas mães estavam perto, então não haveria perigo.

CW: Mas me conte: como você escondeu essa criança do Gil?
SS: Sei que ele não acreditaria que ela fosse dele.
CW: Como pode saber? Nem eu nem você podemos prever nada, Sara. O Gil tinha o direito de saber que, quando você voltou a Vegas para o funeral do Warrick, já estava grávida. Penso que foi egoísmo de sua parte indo embora novamente levando a filha dele sem que ele soubesse.
SS: Acho que agora é tarde para nós dois.
CW: Eu não penso assim. Você ainda ama o Grissom?
SS: O que acha?
CW: Então deixa comigo!
SS: O que você está planejando?
CW: Diria que vou dar uma mãozinha a vocês. Se depender dos dois, ninguém sai do lugar. Me dê o número do seu celular, eu te ligo.

As duas se despediram e Catherine foi embora cheia de idéias. Na noite seguinte, Grissom foi até a casa dela, sem entender nada.

GG: O que aconteceu de tão urgente para você me chamar aqui, Catherine?
CW: Oras Gil, não posso simplesmente convidar meu amigo para vir até minha casa?
GG: Qual o motivo?
CW: Você só sai de casa se houver um motivo?
GG: Você não?
CW: Acho que vai se surpreender com este motivo. Vou buscá-lo.

Catherine foi até o quarto onde Sara e a menina estavam. Sussurrou para que ele não escutasse:

CW: Vá, eu fico aqui com ela.

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A volta - cap. 4


Com aquela música na cabeça, Sara ficou pensando se não era a hora de voltar para São Francisco. Como olharia para Grissom depois de ter ido parar na cama de Hank, ainda que não soubesse como aquilo tinha acontecido? Algum tempo depois, ela chegou ao apartamento de Grissom, que dormia. Antes que ele pudesse acordar, foi direto para o banheiro, onde ficou um tempo debaixo da água morna, deixando-se molhar inteiramente pela ducha deliciosa. Com a água escorrendo, deixou as lágrimas caírem, num choro incontido. Depois que saiu do banho, enxugou bem o rosto para que Grissom não percebesse que havia chorado. Quando voltou ao quarto, ele estava acordado, de pé.

GG: Chegou faz tempo?
SS: Não, fui direto para o banho.
GG: Acho que dormi muito. Como você está?

Sara aproximou-se de Grissom e o abraçou.

GG: O que houve?
SS: Nunca se esqueça que eu te amo, Griss!
GG: Acalme-se, honey! O que está acontecendo?
SS: Eu... não foi culpa minha, Griss.
GG: Você está me assustando. O que aconteceu?

Sara olhou para o amado assustada. Mas era a hora de contar a verdade, ainda que isso causasse a separação deles.

SS: Hank me estuprou, Griss.
GG: Como é?!
SS: Eu não sei bem o que aconteceu, quando acordei, estava na cama dele.

Grissom estava com o semblante de fúria e a perita estava mais assustada.

GG: Como isso foi acontecer, Sara? Por que chegou a isso?
SS: Eu... ele me dopou, tenho certeza disso.

O supervisor ficou atordoado com o que acabara de ouvir dos lábios da mulher amada. Ela fora pra cama com outro homem! E o pior, com um sujeito que ele não gostava. Aquela história estava mal contada, segundo Grissom, atordoado e ainda sentindo a perda do subordinado Warrick.

SS: Você não acredita em mim, não é?
GG: Olha Sara, não duvido de você. Mas isso está muito esquisito. Preciso dar uma volta para espairecer.

Grissom saiu, deixando Sara abismada. Não é que ele não confiasse nela, Grissom não confiava era em Hank, pois ele, enquanto estava com Sara, manteve um relacionamento com outra mulher. Mesmo extremamente cansado por conta do turno exaustivo e estressante, o supervisor resolveu tirar essa história a limpo, indo falar com Hank.

HP: Você aqui?
GG: Quero falar com você.
HP: Entre.
GG: O que aconteceu entre você e Sara?
HP: Do que está falando?
GG: Ela me disse que você a violentou, a estuprou. O que você fez com Sara, seu canalha?
HP: Nada que ela não quisesse.
GG: Como é? – Grissom ficou chocado.
HP: Não fiz nada que ela não permitiu. Se paramos na cama foi porque ela também quis. 

Grissom ficou sem reação. Era a palavra de Sara contra a de Hank. Um dos dois estava mentindo. Se era ela, porque não dissera a verdade? Se era ele, porque fizera aquilo? O que pretendia? Segurando a raiva ao máximo, ele continuou:

GG: Houve mesmo sexo entre vocês?
HP: O que acha?

Sem nada mais a dizer, Grissom saiu do apartamento de Hank. Estava atordoado, completamente sem chão. Mesmo prestando atenção ao trânsito, a cabeça estava longe. Estava em Sara. “Porque?”, era tudo o que conseguia pensar. Não sabia nem como iria encará-la depois de ouvir o que Hank dissera, mesmo não querendo acreditar que fosse verdade. Talvez se a visse naquele momento, seria extremamente rude com ela e a magoaria mais do que ele estava se sentindo. Resolveu não ir pra casa. Iria buscar consolo, ajuda. Foi em outra direção, para a casa de outra pessoa. Enquanto Grissom buscava consolo na casa de outra pessoa, Sara fazia o check-in no aeroporto. Estava indo de volta pra casa. De onde, talvez, não tivesse saído.

LH: Ainda não entendi sua vinda aqui. Você não estava bem com Sara?
GG: Precisava de um apoio. Estou me sentindo perdido.
LH: Aconteceu alguma coisa?
GG: Não quero falar sobre isso agora. Posso me deitar em sua cama?
LH: Fique à vontade.

Grissom, conhecedor do caminho, foi para o quarto de Heather e se deitou na cama da dominatrix. Que era enorme, por sinal. Ela foi em seguida.

LH: Deseja mais alguma coisa?
GG: Deixe-me apenas descansar um pouco.
LH: Como queira.

Grissom dormiu por cerca de 30 minutos. Acordou um pouco assustado. No sonho, Sara lhe dizia para procurar Hank, que ele encontraria as respostas para as dúvidas que estavam em sua cabeça. 

GG: Eu preciso ir embora.
LH: O que você tem, Gil? Parece aflito!
GG: De fato, estou. Preciso resolver um problema urgente.
LH: Quando quiser, apareça.
GG: Obrigado. 

O supervisor foi até a casa de Hank. Ele estava trajando apenas cueca samba-canção, os cabelos despenteados e trazia uma garrafa de cerveja na mão.

HP: O que você quer?
GG: Quero que me diga o que fez a Sara.
HP: Não sei do que você está falando.
GG: Não seja cínico, Hank! Sara me contou que você a estuprou. Quero que me diga olhando nos meus olhos se é verdade!
HP: E porque eu diria isso?
GG: Ora seu... – Grissom ameaçou entrar no apartamento.
HP: Ei! Acalme-se!
GG: Como quer que eu me acalme?!
HP: Pergunte a ela o que aconteceu. Talvez ela lhe conte.

Grissom se segurou para não socar a cara de Hank, que tinha uma expressão de deboche. 

GG: Eu voltarei – e saiu a passos apertados.

Ao chegar em casa, chamou por Sara. Nenhuma resposta. Apenas o silêncio do apartamento. Foi direto para o quarto, e não a encontrou. Abriu o guarda-roupa e não encontrou nenhuma peça de roupa dela. Percebeu que Sara havia partido... mais uma vez. E novamente, encontrou um bilhete, com alguma “justificativa”. Ele estava em cima da cama, bem à vista.
 
“Grissom. Estou voltando para casa. Talvez eu não tivesse vindo a Vegas novamente, mas vim por causa de Warrick, e por você também. Mas parece que seu amor por mim não é tão grande como sempre me pareceu. Parece que nada do que vivemos em São Francisco se tornou maior com o passar do tempo para você, como sempre foi para mim. Se alguém diz algo sobre mim a você e você não acredita na minha inocência, é porque você não ama o suficiente para saber que o que digo é verdade. Amar não é somente beijos, abraços, sexo. Amar ultrapassa os limites do físico, é a junção, corpo, alma e coração. Não é só o bem-querer, é o estar junto em todos os momentos, em todas as situações que a vida nos traz e põe o nosso amor à prova. Quando você ler esta carta, já estarei longe. Peço que não venha atrás de mim nem me procure. Talvez algum dia a gente possa deixar tudo em pratos limpos. Mas saiba que eu te amo e sempre te amarei. Sara”

Sério e trêmulo com as palavras da amada, Grissom sentou-se na cama e ficou olhando abismado para a carta. Nos dias que se seguiram, ele era o retrato da tristeza. Todos percebiam que ele andava diferente, mas ninguém se atrevia a perguntar qualquer coisa. Até mesmo Catherine, que era amiga de longa data.

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