A
partida repentina de Sara, sem aviso prévio, ainda doía no coração de Gil
Grissom, que amava desesperadamente a mulher a quem demorou a se entregar
novamente. E agora ela o deixara, com uma explicação não muito convincente em
uma carta, que fora apenas deixada a ele na recepção do lab, nem ao menos fora
entregue pessoalmente. As noites sem ela eram vazias e terrivelmente
solitárias. Estava acostumado a ser amado e acariciado pelos braços e pernas
suaves da mais bela das mulheres. Estava acostumado a ser feliz todos os dias,
a acordar mais alegre e disposto, a dar o melhor de si para Sara, tanto na cama
quanto fora dela. Sem
Sara para alegrar seus dias, até mesmo no lab, onde os turnos tornavam-se menos
pesados e cansativos, tudo se tornara difícil para o sério, mas apaixonado
supervisor. A vida estava sendo um fardo duro, e a idéia de aposentadoria não
lhe saía da cabeça. Pensava
nisso como uma forma de ir atrás de sua amada. E enquanto trazia Sara para seus
pensamentos, Warrick jazia ensangüentado em seus braços, em um beco escuro das
mediações de Vegas. Grissom tentava reanimá-lo em desespero, tentava ser,
naquele momento, o herói que Warrick via nele. Mas o herói não conseguiu salvar
a vida de seu pupilo e Grissom viu o csi morrer em seus braços, ferido mortalmente
com dois tiros no pescoço. Quando
Catherine chegou ao local, ele estava sendo coberto por um lençol. Então
percebeu que o homem com quem flertava e fantasiava estava morto. Chorou
desesperadamente, a ponto de soluçar. Olhou para o amigo Grissom, que, com a
camisa empapada de sangue, estava desolado.
CW:
Não pode ser, não pode ser... – sussurrou aos prantos.
GG:
Infelizmente foi, Catherine...
A
loira continuou seu choro compulsivo e doloroso. Nick chorava sentado em um
banco de cimento que protegia um relógio de água e Brass tentava esclarecer
alguns pontos com o investigador McKeen, que havia testemunhado os
acontecimentos, segundo seu ponto de vista. A equipe retornou ao lab como se
estivesse indo para um velório, tamanha tristeza os envolvia.
GG:
Vai necropsiá-lo, Robbins?
AR:
Não, pedi ao legista da manhã que o fizesse por mim.
Em
seguida, Grissom foi até a sala onde ficava Hodges entregar a camisa suja de
sangue. Depois, foi para sua sala, onde, deitado no sofá, tentava entender toda
aquela situação. Em meio a tristeza e lágrimas, veio a imagem de Sara.
GG:
Ah honey, como sinto sua falta... como preciso de você!
Se
estivesse aqui comigo, seria tudo menos doloroso.
A
equipe inteira trabalhava com afinco para chegar rápido ao culpado pela trágica
e prematura morte de Warrick, e se dedicariam ao máximo nas análises e buscas
pro provas, nem que passassem muitas horas dentro do lab, mesmo que
comprometessem seu descanso mental e suas vidas fora do lab. Já
passava das dez da noite. Grissom bebia um chá na sala de convivência com
Catherine. Tentava aliviar um pouco o estresse do turbulento dia.
GG:
Hoje foi o meu pior dia como csi. Nunca imaginei vivenciar a experiência de
perder um companheiro de trabalho...
CW:
Estou até agora sem saber o que dizer.
GG:
Nunca teremos o que dizer numa hora dessas...
CW:
Sara foi embora, agora Warrick morreu... tenho medo que em pouco tempo não
tenhamos mais equipe; estamos sendo amputados aos poucos.
Grissom
nada disse; quando Catherine mencionou o nome de Sara, seu coração acelerou. A
saudade era forte e muito presente. As seis semanas sem ela estavam sendo
longas demais, como se fossem seis anos ao invés de seis semanas. Deu um longo
suspiro e Catherine percebeu que ele havia se lembrado de Sara.
CW:
Não teve mais notícias de Sara?
GG:
Não.
CW:
E não pretende ir atrás dela?
GG:
Não é o momento de pensar em amor, Catherine.
CW:
Eu sei. Mas se ela estivesse aqui, as coisas seriam mais fáceis pra você, não
acha?
Grissom
colocou a xícara na pia e saiu sem responder a loira. Era evidente que se Sara
estivesse ali, ele não estaria tão pra baixo como estava; a dor pela perda de
Warrick seria abrandada com o amor e o carinho dela, os braços sedutores da
perita o protegeriam da solidão e afastariam todas as tristezas. Caminhando
desolado pelos corredores, conseguiu chegar até sua sala sem ser importunado
por ninguém. Naquele momento, não queria falar com ninguém. Precisava varrer os
cacos de seu coração, e tinha de fazer isso sozinho. Mas algo o impediu de
fazer o que pretendia. Ao abrir a porta da sala, deu de cara com... Sara, que
estava sentada em sua mesa e olhava com olhos de pura paixão. Enquanto
se beijavam com os olhos, a perita levantou-se e foi de encontro ao amado.
Apaixonados e saudosos um do outro, eles se abraçaram e choraram a perda de
Warrick.
SS:
Vim assim que soube.
Grissom
olhou para ela e deixou as lágrimas rolarem.
GG:
Sinto tanta sua falta... tenho me sentido tão só...
SS:
Eu também, Gil... eu também... – sussurrou Sara.
GG:
Preciso de você agora mais do que nunca. Estou destroçado.
SS:
Eu vim pra isso.
Grissom
levantou a sobrancelha sem entender muito bem.
SS:
Senti seu coração me chamando dentro de mim, e quando soube da morte de
Warrick, vi que era a hora de voltar para ficar ao seu lado. De alguma forma
você me chamou.
Ele
a abraçou novamente e sentiu o coração aquietar-se aliviado. Já estava presente
o anjo que cuidaria de sua alma. Os dois se sentaram e conversaram sobre
Warrick.
GG:
Eu o mandei ir até aquele local. Acho que tenho culpa na morte dele de alguma
forma.
SS:
Sabe que não tinha lugar no mundo onde ele desejasse estar senão no local para
onde você o mandou. Ele foi porque, além de seu subordinado, confiava muito em
você. Não se culpe por nada. Não
estava em suas mãos o que aconteceu a ele.
GG:
Minha vida não tem sido nada fácil, Sara. Nada fácil.
SS:
Não consigo imaginá-lo deprimido.
GG:
Tenho estado triste, pensando em você e agora essa tragédia. Talvez minha hora
de deixar o lab esteja chegando.
SS:
Está pensando em se aposentar?
GG:
Já tem tempo que penso nisso. Estou farto de lidar com crimes, e perder Warrick
foi a gota d’água. Não sei como farei daqui em diante. Se você pelo menos
ficasse...
SS:
A gente fala sobre isso depois.
Catherine
entrou de supetão na sala e deu de cara com os dois sentados frente a frente.
CW:
Gil, eu... Oh, desculpe, não sabia que você estava aí, Sara.
A
perita se levantou e foi em direção da loira. As duas se abraçaram
carinhosamente.
SS:
Sinto muito, Cath.
CW:
Está sendo difícil para todos.
SS:
E onde estão Nick e Greg?
CW:
Estão analisando as evidências. Estamos feito loucos nesse caso!
SS:
Bom, eu sei que não posso entrar no caso, mas posso ajudar de alguma forma.
Precisamos ir até a casa do Warrick.
CW:
Eu tenho uma chave. Precisei ir até lá quando ele esteve na prisão por conta do
caso Gedda.
SS:
Posso ir com Greg.
GG:
Certo. Mas acho que devíamos ir pra casa, estamos todos exaustos. Amanhã será
um dia terrível para todos.
CW:
Certo, Gil.
Antes
de ir embora com Grissom (já que estava sem carro), Sara cumprimentou seus
amigos Nick e Greg. No apartamento de Grissom, a perita estava exausta.
GG:
Como foi de viagem?
SS:
Triste. Preciso tomar um banho, pode ser?
GG:
Claro. Vou deixar sua mala no meu quarto e vou com você até o banheiro.
Sara
foi para o banheiro e ia tirando lentamente as peças de roupa. Grissom chegou
na porta e a viu completamente nua. Ficou extasiado com o que viu.
GG:
Podem passar mil anos que você continuará linda, honey...
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