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Você não me ensinou a te perder - cap. 9



O funeral ocorreu dois dias depois. Todo o lab estava consternado com a dor da loira, inclusive Sara, que recebera alta e estava ao lado da amiga. Grissom tomou a palavra e discursou por alguns minutos, voltando para a primeira fila tomado pela emoção. Em seguida, um coroinha leu uma mensagem de homenagem ao CSI, mas que também era um recado para Catherine:

“Quando eu não mais existir
E vocês sentir o vento tocar a sua pele,
Serão minhas mãos lhe fazendo carinho...
Quando eu não mais existir
E você sentir uma lágrima rolar de seus olhos,
Serão minhas palavras de amor a tocar seu coração...
Quando eu não mais existir
E você sentir os raios de sol tocarem o seu rosto,
Sentirá, nesse momento, o calor dos meus lábios nos teus...
Quando eu não mais existir
E você sentir uma gota de chuva cair em seu rosto,
Serão minhas lágrimas de saudades...
Quando eu não mais existir
E você olhar para o céu,
Lembre-se que eu estarei lá a te olhar
E a cada noite solitária, irei zelar por seu sono
Vou te encontrar em seus sonhos
E poder dizer mais uma vez o quanto te amei,
O quanto te amo e amarei por toda a eternidade”.

Todos choraram emocionados com a mensagem. Catherine chegou a soluçar e sentiu o bebê mexendo-se sem parar, sentindo a dor da mãe. Da última fila na igreja, alguém acompanhava toda a cerimônia fúnebre: Lindsay Willows. Ela estava escondida para que ninguém a visse, de óculos escuros e chapéu. Viu quando a mãe saiu amparada pelos amigos, numa tristeza sem fim. Depois do enterro...

SS: Vamos para minha casa, Cath. Você não está legal.
CW: Obrigada, Sara, mas prefiro ir pra minha casa. Minha mãe está lá, vai me ajudar a passar por isso. Não vai ser fácil, mas preciso ser forte por causa da minha filha.
GG: Tem certeza de que quer ficar sozinha?
CW: Neste momento é só o que eu quero.
SS: Se precisar, ligue para nós.
CW: Tudo bem.

Catherine preferiu seguir dirigindo para casa, para aliviar o estresse. Sara e Grissom seguiram para o apartamento dela.

SS: Estou com o coração corroído de tristeza.
GG: Foi muito triste, toda essa situação me deixou arrasado.
SS: A pobre Cath terá sua filha sem a presença do pai. Isso é realmente triste, a menina não conhecerá a pessoa maravilhosa que Warrick foi.

O casal seguiu para casa, unidos pelo amor e amparando-se em um momento tão triste para ambos. Catherine chegou em casa e foi direto para a ducha. Limpa, com a alma lavada, foi para o quarto e deitou-se, olhando para uma foto dos dois juntos, e as lágrimas desceram feito cascata. O bebê estava quieto dentro de sua barriga. Parecia dormir para não sentir a tristeza da mãe.
Naquele momento bateram na porta.

CW: Entre.
LW: Mãe?

Catherine virou-se e olhou espantada para a filha, que tinha um olhar triste.

CW: Lindsay?
LW: Eu... eu...
CW: Está satisfeita, Lindsay?
LW: Não. Eu... sinto muito, mãe.

Catherine, nervosa, triste pela perda do amado, levantou-se da cama e começou a soltar o verbo com a filha.

CW: Se você tivesse tido o mínimo de consideração por mim, o mínimo de respeito, talvez eu não estivesse me sentindo assim tão mal! Acabei de enterrar o homem que me fez tão feliz enquanto esteve comigo, mas que você menosprezou. Porque, Lindsay?
Porque ele era negro? Porque não era seu pai? Porque?
LW: Me desculpa, mãe.
CW: Desculpas agora não adiantam, Lindsay. Warrick está morto.
LW: Fiquei com ciúmes de vocês dois. Sempre pensei que você e papai ficariam juntos para sempre.
CW: Nada é para sempre, Lindsay. Nada. Não vê? Nem mesmo meu relacionamento com Warrick durou para sempre. Só me restaram a dor e a solidão. Penso que não fui boa mãe para você. Não a ensinei a ser racista, e você lançou toda a sua ira em cima de alguém que não deveria, de um homem que me amou muito mais do que seu pai nos anos que fomos casados. Olha no que você se transformou!
LW: Para, mãe! Não sou o que você pensa! Trouxe um presente para a minha irmã. Tome!

Catherine pegou a pequena caixa e sentou-se na cama. Abriu e viu um lindo par de sapatinhos vermelhos com florzinha. Deu um sorriso entre as lágrimas e seu coração já se fazia mais aliviado. Olhou para Lindsay e a chamou para um abraço. Havia perdoado a filha.

Nos dias que se seguiram, a equipe trabalhava em cima do caso do teatro, em busca dos culpados pela explosão que acarretou na morte do companheiro de trabalho. Acabaram chegando a um suspeito, que durante o interrogatório, confessou ter feito a explosão a mando de alguém.

JB: Nome completo e idade.
IS: Isaac Sheldon, 38 anos.
JB: Foi você mesmo que colocou os explosivos no teatro?
IS: Sim.
JB: O que pretendia com isso?
IS: Fui pago para matar o sujeito que trabalhava lá, mas no fim o csi também morreu.
JB: Como soube que um dos csi’s presentes na investigação havia morrido?
IS: Fiquei sabendo, claro. E a morte desse csi foi uma retaliação.
JB: Que retaliação? Do que você está falando?
IS: Na verdade, era para a perita que estava com o rapaz que morreu por engano ter morrido.
JB: Você se refere a Sara Sidle?
IS: Ela mesmo.
JB: E quem queria a morte dela?
IS: Elisie Schneider, advogada de Harry McPerson. Soube que essa csi esteve no tribunal e ferrou com os planos dela. Vingança, penso.
JB: Ela é a mentora então?
IS: Sem dúvidas.

Brass saiu da sala de interrogatório mandando alerta para seus homens, e avisou Grissom:

JB: Se ela é a mandante, vamos atrás dela!

Brass foi com os policiais até a casa da advogada. Bateram mas ninguém atendeu. Houve invasão mas ela não foi encontrada.
Um vizinho, vendo a movimentação, acabou entregando o paradeiro de Elisie:

##: A madame disse que ia fazer uma viagem às pressas e foi para o aeroporto.
JB: Isso tem muito tempo?
##: Faz uns 10 minutos.
JB: Obrigado pela ajuda. Certo, vamos todos para o aeroporto. Precisamos pegar essa mulher de qualquer forma.

O capitão da polícia avisou ao aeroporto e a segurança foi reforçada. O retrato da advogada foi divulgado e os policiais a procuravam em todos os cantos, vasculhando cada área do local. Brass observava a área do check-inn e notou que uma mulher parecia nervosa. Ao olhar mais de perto, reconheceu-a como sendo Elisie Schneider, que estava disfarçada com peruca negra e boina francesa.

JB: Ei! Você!

A mulher saiu correndo, mas foi alcançada pelos policiais, que a algemaram imediatamente.

JB: Então você pretendia deixar Vegas depois de ter arquitetado um plano tão macabro como a explosão do teatro que vitimou um csi amigo meu?
ES: Meu plano era matar Sidle, mas o idiota do csi foi aonde não devia!
JB: Agora você vai tentar se explicar comigo na delegacia. Podem levá-la.

Depois do ocorrido, Brass avisou a Grissom, que foi a delegacia com Sara e Catherine, que insistiu para ver a mulher que matou seu amado. Através do vidro, o qual ela não podia ver quem a observava, Sara e Catherine sentiram repúdio e indignação. A loira, muito mais, porque Warrick foi uma vítima inocente de uma perversidade sem sentido. Assim que ela saiu algemada da sala de interrogatório, Catherine se aproximou dela e deu-lhe um forte tapa.

SS: Ei Cath, acalme-se! – Sara segurou os braços da amiga.
CW: Me solta, Sara! Me solta!
GG: Acalme-se, Catherine! Não vai adiantar você bater nela!
JB: Ela já confessou que ordenou a explosão ao teatro porque tinha a intenção de atrair Sara para lá. Mas não contava que Warrick fosse junto.
CW: Maldita! Sua maldita! Você deixou minha filha órfã! Maldita!

Até mesmo Elisie, sempre fria, assustou-se com o ódio nos olhos de Catherine, que tinha reais intenções de acabar com a vida dela. Sara deixou as lágrimas rolarem vendo o sofrimento da amiga. As duas se abraçaram e seguiram para o lab. Lá, enquanto conversava com Sara na sala de convivência, Catherine sentiu um forte chute na barriga.

SS: O que foi? – Sara olhou-a com a sobrancelha levantada.
CW: O bebê deu um chute.
SS: Posso sentir também?
CW: Claro! Ponha sua mão aqui.

Sara pôs a mão delicadamente sobre a barriga da amiga e sentiu as mexidas da menina, órfã antes mesmo de vir ao mundo. Catherine não segurou as lágrimas e chorou por Warrick. Dias depois, Sara descobriu que esperava uma menina, assim como Catherine. Grissom não coube em si de felicidade:

GG: Duas mulheres em minha vida, além de minha mãe, é maravilhoso! Aliás, ela me ligou e disse que vem a Vegas, quer estar aqui quando o bebê nascer.
SS: Será ótimo, honey. Sua mãe é sempre bem-vinda! Só fico triste por que a filha de Cath vai nascer sem ter conhecido o pai.
GG: Infelizmente sim. Mas estaremos ao lado dela pro que der e vier.
SS: Amo sua maneira generosa de ser...
GG: Ser amigo é estar ao lado sempre, mesmo que às vezes não possamos estar presentes de corpo, mas estaremos presentes no coração e no pensamento.

Os meses se passaram e Catherine deu à luz Isabelle Brown. A menina era muito fofa, moreninha de olhos claros, bem cabeludinha. Até Lindsay se apaixonou pela irmã. Quando a mãe teve alta, não saiu do lado dela.

LW: Ela é linda, mãe!
CW: Gostou, Lind?
LW: Isabelle é o bebê mais lindo do mundo!
CW: Queria que Warrick estivesse aqui para vê-la...
LW: Ele é o anjo dela, mãe. Pode ter certeza de que já conhece a Belle.

Catherine sorriu tristemente e segurou a filha para amamentar. Quatro meses mais tarde, Sara deu à luz Julie e a alegria voltou para todos. A tristeza pela morte de Warrick deu lugar à saudade. Quando Isabelle completou 1 ano, Catherine fez uma grande festa para a menina. Sentiu que era a hora de virar a página e trazer a alegria de volta para sua vida. E assim a vida seguiu em frente. Sara e Grissom cuidando de sua princesinha e Catherine, junto com a mãe e a filha Lindsay, criando a pequena Isabelle Brown, que a cada dia se parecia mais com o pai.

“A morte não nos ensina a perder quem mais amamos, mas nos ensina a levantar a cabeça e seguir em frente, porque a vida continua e a morte é uma viagem”.

Fim

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Você não me ensinou a te perder - cap. 8


Greg e Brass não souberam responder e permaneceram calados, consternados. Enquanto Warrick era levado para a autópsia, Grissom e a equipe se concentraram nas buscas por Sara. Perderam um grande amigo e excelente profissional, não poderiam perder a perita. Ele não poderia perder o amor de sua vida. Catherine permanecia deitada na cama, ainda estava chateada com as palavras duras da filha e tentava falar com Warrick, mas o celular dele não atendia. Lilly Flynn, a mãe da perita, estava com ela. Quando o telefone tocou, a senhora estava na parte de baixo da casa. E ao saber do ocorrido, sentiu a voz embargar. Como iria contar à filha que o grande amor dela havia morrido? Como Catherine reagiria? Ela se sentou no sofá pensando em uma maneira de contar a verdade a ela, mesmo que a deixasse arrasada. As buscas e a perícia no local duraram a tarde toda. Quando a noite caiu e a escuridão já predominava, Grissom estava mais angustiado e a equipe estava exausta. Mas ninguém parou de vasculhar os escombros. Cada evidência encontrada foi catalogada e levada para análise no lab. Apesar de ter um probleminha auditivo, Grissom conseguiu ouvir batidas, ainda que com eco fraco, vindo de um ponto do local da explosão.

NS: O que foi?
GG: Não está ouvindo?
GS: O que?
GG: Fique em silêncio e ouça.

Os rapazes conseguiram ouvir as batidas que Grissom havia ouvido há minutos atrás.

GS: Será que é Sara?
GG: Tem que ser ela!
NS: Vamos lá, pessoal!

Todos se reuniram ao redor da área e começaram a escavar. Pouco depois, uma espécie de galpão de madeira foi sentida.

GG: Acho que tem algo aqui. Vamos retirar as pedras!

Em poucos minutos as pedras e entulhos haviam sido retirados, deixando à mostra a porta que dava para o porão. Por sorte, estava intacto. Ao abrir, a surpresa: Sara estava viva!

SS: Dá pra tirar a lanterna do meu rosto? – a perita espremeu os olhos por causa da luz do aparelho.
GG: Como você está, Sara?
SS: Tirem-me daqui, Griss...
GG: É pra já!

A equipe retirou a perita com cuidado, pois ela poderia estar ferida ou com alguma fratura. Por sorte, Sara tinha apenas alguns ferimentos na cabeça, mas nada que a comprometesse. Estava completamente empoeirada. Assim que ela saiu do “esconderijo”, foi aplaudida pelos amigos e pela equipe de policiais. Os paramédicos a colocaram na maca e colocaram soro em sua veia para evitar a desidratação. Em seguida, levaram-na para o hospital. Grissom foi junto. O restante continuou no local para periciar.

GG: Como minha mulher está, doutor?
DR: Ela está bem. Apenas um ferimento na cabeça, mas levando-se em conta que ela ficou soterrada, está ótima. A propósito, o bebê também está muito bem!
GG: Ainda bem, pensei que...
DR: A paciente está em repouso agora. Você poderá vê-la pela manhã. Sugiro que vá para casa e descanse.
GG: Voltarei amanhã.

Grissom deixou o hospital pensando em ir até a casa de Catherine. Precisava contar sobre Warrick, mas não sabia nem por onde começar. Ainda mais que a amiga estava grávida e sensível pelo que ocorrera entre ela e a filha.

GG: Catherine está, senhora Flynn?
CW: Está descansando. Entre, Grissom.
GG: Ela já sabe?
LF: Não, não tive coragem. É verdade mesmo?
GG: Infelizmente sim. E não podemos esconder isso dela.
CW: Esconder o que de quem, Gil?

Grissom e Lilly levaram um susto com a presença de Catherine na sacada do andar de cima, olhando para os dois.

CW: Ei, não precisam fazer essas caras. Vocês disfarçam muito mal!
LF: Vou deixá-los a sós para que conversem. Qualquer coisa estarei na cozinha.
GG: Obrigado.

Depois que a mãe da loira saiu, Catherine desceu.

CW: O que foi, Gil? Porque está aqui a essa hora? Não deveria estar em campo?

O supervisor e amigo não sabia nem por onde começar. Estava consternado e visivelmente constrangido. Falar de um assunto que seria muito doloroso era muito difícil.

CW: Assim que voltar ao lab Warrick irá me ligar. Combinamos de sair para jantar, já que amanhã é dia de folga. Estou muito feliz, Gil! E pretendo me casar com ele, mesmo que Lindsay não aprove. Eu o amo! – suspirou a loira quem nem imaginava o que estava por vir.

Como falar para ela que o homem com quem teria uma filha e fazia planos de se casar estava morto? Como dizer à amiga que os sonhos do casal foram soterrados juntos com Warrick no desabamento do teatro?

CW: O que você tem?
GG: Catherine, preciso que você seja forte. Sente-se aqui no sofá.
CW: Dá pra ser mais direto?!

Grissom, completamente embaraçado, segurou as mãos da amiga.

GG: Houve uma explosão no teatro em que Sara e Warrick estavam investigando um crime, Catherine.
CW: Meu Deus! – ela arregalou os lindos olhos azuis.
GG: Sara foi encontrada viva, com apenas alguns ferimentos, mas passa bem.
CW: E o War?
GG: Nós o perdemos. Não pudemos fazer nada.

Imediatamente Catherine começou a chorar desesperadamente. E, segurando na camisa de Grissom com as duas mãos, implorou:

CW: Diga pra mim que é uma brincadeira! Diga que isso não aconteceu! Diga!
GG: Eu sinto muito, Catherine.
CW: Não!

A loira levantou-se e ficou dando voltas na sala, desorientada e transtornada.

CW: Ele não podia ter feito isso comigo! Não podia!
GG: Estamos investigando o que aconteceu, Catherine. Existe a possibilidade de ter sido um atentado contra os dois.
CW: Quem faria mal ao Warrick? Ele não tinha inimigos!
GG: Acalme-se.

Desesperada, a loira subiu correndo para o quarto, onde se jogou na cama. As lágrimas vinham feito cachoeira. Em seu ventre trazia o fruto de um doce amor. Uma menininha que traria muita luz para os dois. E Warrick estava tão feliz por ser pai! Primeiro porque estava com uma mulher de fibra, forte e que não tinha nenhum tipo de preconceito. Juntos, eles eram mais forte que tudo. Mas agora era apenas ela. Ele se foi. E como seria a vida agora para Catherine sem o seu grande amor? Como traria ao mundo sua filha sem ter o pai para vê-la? Catherine era muito feliz ao lado de Warrick. Ele lhe dera de tudo amor, carinho, amizade, segurança. Ensinara-lhe muitas coisas. Mas não a ensinou a perdê-lo para a morte. Naquela noite, a loira dormiu à base de calmantes. No dia seguinte, foi ao lab; queria ver o corpo de Warrick pela última vez. Grissom a recepcionou:

GG: Porque veio, Catherine? Você não está em condições nenhuma.
CW: Preciso vê-lo pela última vez...
GG: Tem certeza de que é isto o que quer?
CW: Tenho.

A loira foi até a sala de autópsia onde doc Robbins, em silêncio, abriu a gaveta onde jazia Warrick. Catherine não resistiu e chorou ao olhar para ele, deixando as lágrimas caírem sobre o corpo do amado. Grissom, preocupado com a amiga e com o bebê, tratou de tirá-la de lá.

GG: Vamos, Catherine.

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