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Segredos inconfessáveis - cap. 8


GG: Não fale nada, Sara. Venha comigo!
SS: Pra onde?
GG: Já vai saber.

Os dois entraram no carro e foram para o apartamento de Grissom. Ao pisar lá, Sara sentiu um frio no estômago. Em seguida, ele a pegou pela mão e a levou para o quarto. A perita sentiu que o clima ia esquentar e um tremor percorreu todo o seu corpo.

GG: Esperei tanto por isso, Sara... – ele a tocava na face carinhosamente.
SS: Griss...

Ela fechou os olhos e ele a beijou. Um beijo intenso, profundo, repleto de paixão... como em São Francisco. Sim, ambos se recordaram daquele beijo e viram que nada mudaram, nem, o gosto, nem sensação. Beijos molhados, carícias e roupas ao chão: explosão de amor no quarto de um homem que, até um dia atrás estava lutando contra o charme e o poder de sedução que só Sara tinha e sabia como atingi-lo. Diferente de quando fora violentada, a perita sentiu muito prazer e satisfação ao fazer amor com Grissom. E, mesmo depois de tantos anos, ele se mostrou o mesmo homem ardente e intenso na cama – com ela. Depois do prazer, os dois, suados mas felizes pelo momento, se abraçaram e ficaram conversando.

GG: Incrível como certas coisas não mudam com o passar do tempo!
SS: Do que você está falando, Griss?
GG: De nós dois na cama. Ainda me lembro das nossas noites de amor em São Francisco, e olhando por agora, é como se o tempo não tivesse passado, pela nossa maneira de fazer amor...
SS: Você sempre foi assim, intenso, com as outras mulheres que passaram pela sua vida?
GG: Não, Sara. Nem poderia: você é única! A única mulher que deixou marcas em mim foi você. A maneira com que eu fazia amor com você jamais fiz com outra mulher. E não estou te dizendo isto porque agora estamos juntos: é a pura verdade!
SS: E haverá outra depois de mim?
GG: Não, porque agora que descobri que não posso mais ficar sem você, não deixarei espaço para nenhuma outra.

Os dois trocaram beijos ardentes e Sara, deitada com a cabeça próxima ao pescoço, fechou os olhos e sorriu feliz. Enfim, seu sonho de amor, confessado em seu diário, havia se tornado real.

GG: Mas eu quero saber de você, Sara.
SS: O que?
GG: As coisas que você escreveu em seu diário a respeito de mim são verdade?
SS: Sobre eu te amar?
GG: Ahãm.
SS: A mais pura verdade, Griss. Bom, eu não teria mais porque esconder isso de você nem de ninguém. Se nem emprego mais eu tenho, não me importo que as pessoas no lab saibam de nós dois.
GG: Quanto ao emprego, não se preocupe: falarei com Ecklie e ele terá de readmiti-la. Aliás, é outra coisa que não entra na minha cabeça: porque você pediu demissão?
SS: Porque ele me ameaçou.
GG: Como?! – Grissom levantou a cabeça e olhou para Sara assustado.
SS: Eu havia esquecido meu diário no lab e o canalha o encontrou. E me ameaçou, dizendo que se eu não saísse do lab e não te esquecesse, ele iria levar o diário á imprensa e acabaria com minha reputação.
GG: Miserável!
SS: Mas não vai adiantar fazer nada, Griss!
GG: Como não?! Eu vou acertar as contas com esse canalha! Ele não poderia ter feito o que fez com você.
SS: Tudo bem. Quer fazer qualquer coisa com esse imbecil, faça amanhã.
Agora não.

Grissom arqueou a sobrancelha para Sara, que sorria:

GG: O que você está planejando que a deixa com este sorriso malicioso nos lábios?

Sem nada dizer, apenas sorrindo, retirou o lençol que cobria o belo corpo e abriu as pernas, deixando o caminho livre para Grissom tomar posse do que seria dele para sempre. Ele sorriu e ficou por cima de Sara, num encaixe perfeito que só existia entre os corpos deles. Não havia nenhum outro casal que pudesse ser tão completo como Sara e Grissom. E agora que o amor estava em definitivo na vida deles, trazendo felicidade e tudo mais que o amor pode oferecer, eles se tornaram o casal perfeito!

Depois de uma noite perfeita, Grissom acordou para ir ao lab.

SS: Tem certeza de que não quer que eu vá junto?
GG: Tenho, querida. O assunto será entre Ecklie e eu, mas se ele te vir por lá, pode dar zebra. E tem que dar certo!
SS: Vai ficar tudo bem!
GG: Me espere aqui mesmo. Você estará segura e em paz. Não vou demorar muito.
SS: Tudo bem. Pra quem esperou tantos anos, o que são algumas horas?

Grissom virou-se para Sara e a abraçou.

GG: Mas eu não quero ficar nem mais um minuto longe de você, amor! Depois que eu resolver o problema com Ecklie, volto pra ser todo seu!

Os dois se despediram com um beijo de amor e Grissom saiu. Antes de dar a partida no carro, fez algumas ligações e seguiu para o lab. Mal chegou lá, Ecklie o avistou e o chamou em sua sala.

GG: O que você quer, Conrad?
CE: Quero saber se você pegou uma coisa que era minha e que estava nessa gaveta aqui!
GG: Corrigindo: o que era de Sara e você roubou dela!
CE: Você não tinha o direito de pegar esse diário, Gil!
GG: Você é que não tinha o direito de pegar o que não lhe pertence, Conrad!
Sua mãe nunca lhe ensinou que não se pega o que é dos outros?

Ecklie bufava, calado. Estava sem argumentos para rebater Grissom. Os outros csi’s ouviam a conversa do corredor.

GG: Você vai corrigir o erro cometido injustamente com Sara!

Ecklie deu uma risada sarcástica.

CE: Você deve estar maluco!
GG: Não, não estou! Você a fez assinar um pedido de demissão “voluntária”, quando na verdade a obrigou a fazer isto! E porque, Conrad? Porque você a queria tanto fora daqui? E porque usou o diário íntimo dela para fazer chantagens das mais canalhas?
CE: Não vou discutir assunto interno com você, Gil. Aqui quem manda sou eu!
PV (prefeito de Vegas): Tem certeza, Conrad?
CE: Prefeito? O-o senhor por aqui?
CE: Gil me ligou me informando sobre o que estava acontecendo no lab. Você não manda no laboratório de criminalística de Vegas, Conrad! O lab é de todos que trabalham em prol dele. Você é, ou melhor dizendo, era o supervisor-chefe do departamento.
CE: Era?
PV: Sim. Você está demitido por justa causa. Tenho conhecimento de outras atitudes suas que não condizem com este respeitado laboratório. Você não faz mais parte desta equipe. E Gil, diga à Sidle que ela está readmitida.
GG: Pode deixar, prefeito.
CE: Senhor prefeito, você não soube da verdade?
PV: Qual verdade, Conrad? A sua? Não, o que você tem é apenas mentiras!
CE: Você sabia que Gil tem uma relação amorosa com a subordinada Sidle?

A equipe, do corredor, ficou abismada ao ouvir aquilo.

PV: Ora, Conrad, a vida pessoal dos funcionários não me interessa. Gil sempre foi o melhor supervisor, melhor csi, e tenho certeza de que saberá sempre separar as coisas. Aliás, penso até que trabalhar ao lado da mulher amada dará mais disposição ao trabalho. Estou certo, Gil?

Grissom apenas sorriu. Com a demissão e a prisão de Ecklie (por ameaça, chantagem e tentativa de estupro, que Sara disse em seu depoimento) e a volta de Sara, Grissom passou a ser supervisor-geral do lab. Tudo ia bem, estavam todos trabalhando com afinco e prazer. Afinal, Ecklie tinha o dom de estragar o dia de qualquer um. O relacionamento de Sara e Grissom foi muito bem aceito pela equipe, que tinha suas desconfianças de quer havia algo a mais nos olhares que os dois trocavam, nas frases que um dizia e o outro completava... 
Grissom encontrou (reencontrou) em Sara a paz que sempre sonhou em ter, a leveza de uma vida sem solidão, o amor que jamais encontraria em outra mulher... Sara encontrou em seu homem toda a segurança que buscava, a companhia agradável, o apoio emocional e a certeza da aceitação. Os dois se uniram, depois de tantos desencontros. Agora estão juntos, vivendo a doce rotina que o amor oferta todos os dias. Para conhecer essa rotina, só mesmo amando! 
 
Fim

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Segredos inconfessáveis - cap. 7


SS: Para que nunca se esqueça de nada. Eu não posso falar mais nada, preciso ir. Diga aos outros que amo todos eles. Adeus, Grissom!

Sara saiu da sala antes que ele a visse chorar. O supervisor ficou completamente sem saber o que dizer. Mesmo tendo um caso pesado pela frente, ele não conseguiu deixar de pensar em Sara e no que ela disse. E estava torcendo para que voltassem logo para o lab, pois tinha uma peça que não estava se encaixando, e percebeu que Ecklie tinha alguma coisa a ver com o mistério que estava rondando sua mente. Ao voltar ao lab, horas mais tarde, Grissom foi direto à sala de Ecklie.  Catherine e Warrick, que haviam retornado de sua cena de crime, notaram a agitação no supervisor.

WB: É impressão minha ou está acontecendo algo que não estamos sabendo?
CW: Se bem conheço o Gil, está acontecendo sim. Só não sei se ele nos dirá.

Ecklie olhava alguns relatórios quando Grissom adentrou-se.

CW: Não bate mais antes de entrar não é?
GG: Guarde suas ironias para si. Quero que me responda uma coisa.
CE: Diga.
GG: O que você disse à Sara para que ela saísse do lab?
CE: Mas por que você acha que eu sou o culpado por tudo o que acontece àquela teimosa?
GG: Deve ser porque você é a pessoa que a odeia aqui dentro. O que você disse a ela?
CE: Não disse nada! Não tenho nada a ver com as decisões dela.
GG: Sara não pediria demissão do nada!
CE: Ela lhe disse o motivo?
GG: Não, e isso me deixa intrigado.
CE: Já falei, Gil, não tenho nada a ver com as maluquices da Sidle!

Grissom arqueou a sobrancelha e saiu da sala, ainda desconfiado, mas sem qualquer prova. Ecklie bufou e, alguns minutos depois, foi embora. Grissom, que ainda se encontrava no lab propositalmente, esperou o momento certo para entrar na sala do chefe. Tinha uma certa desconfiança de que encontraria alguma coisa por ali. Alguns minutos depois, mexendo em uma das gavetas, encontrou o que Ecklie, assim como Sara o fizera antes, esquecera: o diário! Ao abri-lo, viu que ele pertencia a Sara. Guardou-o dentro do casaco e saiu. Foi para casa e, depois de um banho gelado, deitou-se na cama para ver o que ela havia escrito que provocara sua demissão. Leu a parte onde Sara relatava seu primeiro contato com Grissom, ainda em São Francisco, falava das emoções vividas perto dele, das noites de amor que tiveram, do reencontro...

“Depois de tanto tempo, acabei reencontrando o homem da minha vida. E ele continua bonito como sempre! A diferença é que o tempo passou, claro, os cabelos estão grisalhos, mas os olhos continuam azuis como o alto-mar... Aqueles olhos que me olhavam tão gulosos quando me viram pela primeira vez... E devo dizer que todo o sentimento que estava adormecido reacendeu, despertou para se intensificar ainda mais”.

Grissom olhou mais adiante e encontrou outras confissões escritas em letras tão caprichadas, escritas com paixão.

(...) “Amo Grissom com todo o meu coração, mas penso que este amor será sempre platônico, pois talvez eu não seja mulher para ele. Talvez, tudo o que vivemos em São Francisco não passe de lembranças e permaneça apenas no passado...”

Depois de ler a confissão, Grissom levantou a cabeça e sentiu o estalo: Sara o amava, em silêncio, em segredo, ha muito tempo! E onde ele esteve esse tempo todo que não percebeu que a mulher mais maravilhosa que já conhecera estava bem à sua frente e o amava com intensidade? Sabendo que também a amava e que ela estava indo embora, percebeu que, se não fizesse nada, a perderia para sempre. Acertaria as contas com Ecklie mais tarde, mas primeiro, iria atrás da mulher amada. Mesmo cansado pelo turno cansativo, Grissom correu com o carro até o apartamento da perita. Tocou na campainha diversas vezes. Nenhuma resposta. Um vizinho de Sara, ouvindo a campainha, abriu sua porta e disse a Grissom:

##: O senhor está procurando a senhorita Sidle?
GG: Estou. Você a viu?
##: Sim, ela saiu há mais ou menos uma hora.
GG: Reparou se ela levava alguma bolsa ou uma mala?
##: Sim, ela levava uma mala bem grande.
GG: Obrigado!
##: De nada.

Grissom imediatamente pensou no aeroporto. Provavelmente Sara voltaria às suas raízes, à cidade que mais amava no mundo, São Francisco. Chegou e ficou aborrecido porque estava lotado de pessoas indo e vindo. Procurou por Sara e não a localizou no balcão de check-in. Perguntou a uma funcionária da empresa aérea que fazia o vôo Vegas-São Francisco, e ela confirmou que uma passageira com o nome de Sara Sidle havia feito o check-in. De repente, uma funcionaria do aeroporto disse, pelo auto-falante: “Atenção, senhores passageiros do vôo 793 da American Airlines com destino a São Francisco, embarque no portão 45. O vôo sairá em cinco minutos”. Sara entrou no avião e acomodou-se em sua poltrona. Olhou pela janela e deu um breve suspiro. Agora era ela quem estava deixando para trás um amor. Agora, quem ficaria para trás seria Grissom. Ficou pensando no que poderia ter sido mas não chegou a acontecer...
Com todos os passageiros acomodados, o avião se preparava para partir. Sara encostou a cabeça na poltrona e ensaiava um cochilo quando ouviu uma voz muito conhecida:

GG: Sara!

Ao abrir os olhos, levou um susto: era Grissom no avião!

SS: Grissom? Você ficou maluco?! O que faz aqui no avião?
GG: Eu não posso deixá-la ir, Sara...
SS: Como te deixaram entrar?
GG: Querida... Esqueceu que somos da polícia?
SS: Tá, mas... O que você veio fazer no meu vôo? Vai para São Francisco?
GG: Não, eu vim te buscar!

Ela olhou arregalada, incrédula para ele. Os passageiros sorriam, encantados com o quase-casal.

SS: Veio me buscar? Porque?
GG: Porque eu te amo!

Sara teve uma crise de tosse, pelo susto daquela declaração inesperada. Os passageiros aplaudiram e Grissom sorriu satisfeito.

GG: Então, Sara, o que me responde?
SS: Eu... eu não sei o que dizer, Grissom!

O comandante da aeronave apareceu no corredor, pedindo que se apressassem porque o avião tinha de levantar vôo.

GG: Está vendo? Não temos muito tempo! Se você se for, vai deixar para trás tudo o que vivemos em São Francisco. Mas se ficar... podemos fazer um novo começo.
SS: Você está falando sério, Grissom?
GG: Tão certo como as estrelas que estão surgindo no céu neste momento.

Uma passageira, emocionada com a declaração do supervisor, sugeriu à perita:

##: Anda, fica com ele. Não perca seu tempo!

Sara abriu o sorriso que deixava à mostra seus dentinhos separados e se levantou da poltrona. Grissom a pegou pela mão e ouviu aplausos e pedidos de “beija, beija!”. Os dois fizeram negativo com a cabeça e saíram do avião, que ainda levou mais um tempo para sair para que retirassem a bagagem de Sara do compartimento. Ao sair do aeroporto, próximos ao carro de Grissom, os dois se olharam e uma atmosfera de paixão estava no ar.

SS: Grissom...

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Segredos inconfessáveis - cap. 6


Sara sentou-se no sofá sentindo-se derrotada. Além de ser estuprada, roubada, jogada pra escanteio, estava sendo chutada feito cachorro morto. Mais humilhada não poderia estar. E Ecklie, sagaz e perverso, continuou:

CE: Bom, podemos pensar em outras alternativas...

Ele se sentou ao lado dela no sofá e acariciou a coxa firme da perita. Sara olhou-o muito brava e se levantou rapidamente:

SS: Tire a mão de mim, canalha!
CE: Não precisa ficar irritada, Sidle! Soube que você, quando bebe, fica fácil fácil!

Sara não agüentou e deu uma bofetada forte no rosto magro do chefe.

SS: Eu não sou uma prostituta! Você não tem o direito de me tratar como tal!

Ecklie passou a mão no local do tapa e olhou com desprezo para Sara:

CE: Você vai se arrepender de ter feito isso, Sara!

O careca saiu furioso, levando consigo o diário onde a perita escrevera seus sentimentos mais profundos e íntimos... Seu amor platônico corria sério risco estando nas mãos de quem ela mais detestava em Vegas. Sara teria de tomar uma decisão. E talvez fosse a mais doída de todas elas... Apesar de ser uma mulher que não caía em chantagens emocionais, aquela situação desestabilizou Sara completamente. Estava sem chão, depois que Ecklie teve a ousadia de surrupiar seu diário e ler seus segredos mais íntimos. Mas onde estava com cabeça para pôr em meras linhas algo tão profundo quanto um sentimento de amor, sendo que sempre havia uma possibilidade de alguém ler suas páginas e descobrir o que guardava com tanto cuidado dentro do coração. 
Sim, Sara Sidle, era onde você deveria manter seus segredos: só no coração! Agora, seu maior inimigo estava de posse dele e poderia muito bem fazer o que quiser com ele... e ela também, já que a perita estava nas mãos dele. Abrir mão de Grissom por causa do Ecklie? Qual a razão para isto? O que o careca pretendia para fazer com ela se afastasse dele? Estava querendo empurrar alguma mulher para cima dele, afim de acabar com a carreira dele? Ou era pura e simplesmente maldade, em ter o prazer de afastar uma mulher apaixonada de seu alvo? Enquanto milhares de questionamentos se passavam pela cabecinha dolorida de Sara, a bela ia caminhando para o quarto. Uma lágrima caiu e então decidiu que, para o bem do lab e, em especial de Grissom, iria se afastar e ir embora. Mesmo que isso custasse lágrimas sem fim, mesmo que seu coração doesse o resto da vida, mas não poderia prejudicar ninguém além dela. Afinal, era uma só e o lab havia muitas pessoas que dependiam desse emprego. 
Sara sempre fora uma mulher muito forte, devido a tudo o que passara na vida. Mas ultimamente estava fragilizada emocionalmente; primeiro, o estupro, agora, a descoberta de seu segredo e a chantagem cretina... talvez fosse coisa demais para uma pessoa só suportar. Mas, antes de ir embora, ela ainda teria mais uma surpresa. Ao abrir a porta para sair de casa e ir ao lab, Sara deparou-se com sua carteira jogada cuidadosamente no tapete de sua porta. Abriu-a e, para sua felicidade, seus documentos estavam todos dentro, faltando apenas o dinheiro, mas, àquela altura do campeonato, já era lucro. Possivelmente a pessoa que lhe surrupiara a carteira fora a mesma que devolvera. Mas outro mistério rondava: quem teria sido? E porque devolvera a carteira? Só que, naquele momento, ela não estava em condições nenhuma de pensar e ligar os fatos, então apenas guardou a carteira e saiu. Chegou ao lab com uma tremenda cara de enterro, e os amigos perceberam. Na sala de convivência...

CW: Ei, o que aconteceu que só chegou agora?
SS: Me atrasei tanto assim?
CW: Pelo menos meia-hora. O Gil está agitado, acho que hoje vai dar bronca em todo mundo!
SS: Não estou com cabeça para ouvir sermões hoje!
NS: Está chateada com alguma coisa?
SS: Eu? Porque estaria?
NS: Sua expressão diz isso.
SS: Bom, nunca fui exatamente uma pessoa sorridente...
GS: Mas com o Greguizinho aqui a Sarinha vai sorrir, não é?

Sara olhou atravessado para Greg, que entendeu o recado e ficou quieto. Warrick, Nick e Catherine deram risadinhas abafadas. Grissom apareceu na porta e seus olhos estacionaram nos de Sara. Os corações bateram mais forte, e ela sentiu a velha pontada no estômago. A mesma que sentira quando o vira pela primeira vez sem São Francisco, a mesma que sentiu quando eles se beijaram pela primeira vez, a mesma que sentiu quando viu aquele homem nu na sua frente... a mesma que sentiu quando o reencontrou depois de tanto tempo. É, a paixão ainda viva fortemente dentro de si, mas sua alma estava tão ferida que mesmo um sorriso não seria capaz de tirar qualquer dor que estivesse sentindo, física ou moral. Os outros csi’s não perceberam a atmosfera de paixão no ar, que foi interrompido com a chegada de Ecklie na porta:

CE: Sidle, quero você na minha sala agora!
GG: Ecklie, vou distribuir os casos agora.
CE: Pode distribuir, eu quero falar é com Sidle agora!
GG: Não pode esperar até que eu distribua os casos? Sara irá comigo em um caso.
CE: Não, não posso esperar. Venha comigo, Sidle!

Sem nada dizer, a perita o seguiu. Catherine estranhou a amiga não resmungar nem chiar. Grissom apenas arqueou a sobrancelha.

SS: O que você ainda quer de mim, Ecklie?
CE: Venha assinar seu “pedido de demissão”. E boca quieta, ok?
SS: Então me devolva meu diário. Você se apossou de algo que não lhe pertence!
CE: Está maluca né? Ele não retornará para as suas mãos.
SS: O que você pretende com sua mesquinharia?
CE: Ainda vou pensar no que fazer. Por enquanto, quero você fora daqui. Anda, assine logo! Não quero ver sua cara mais por aqui!

Tremendamente amargurada, Sara assinou o papel onde “pedia demissão”.  Estava a ponto de chorar, mas não daria esse gostinho a quem tanto estava lhe pisando; não daria motivos para mais pisões.

SS: Agora está bem pra você?
CE: Perfeito! Pode sair. Antes, aqui está seus vencimentos e tudo o que você tem direito.

Sara pegou o cheque, que pelo menos fora generoso; não faltava um centavo do que tinha direito.

SS: Então... até nunca mais, Conrad Ecklie – Sara disse com voz de enterro.

Ecklie apenas sorriu e abriu seu livro de histórias detetivescas. A perita, arrasada, caminhou pelo corredor, indo para a sala de convivência. Grissom apareceu:

GG: Estou te esperando, temos um caso na Strip.
SS: Sinto muito, Griss, mas eu não vou.
GG: Como é, Sara?!
SS: Foi o que eu disse, Grissom: eu não vou a lugar nenhum. Acabei de pedir demissão.
GG: O que deu em você, Sara?! Ficou maluca?
SS: Não, mas se eu não fizesse isso, ficaria.
GG: Aconteceu alguma coisa que a obrigou a fazer isso? Alguém te ameaçou? Está insatisfeita?
SS: Não, não aconteceu nada! – a voz embargava e ela falava com dificuldade.
GG: Você está a ponto de chorar; não me diga que bem porque eu não vou acreditar.

Uma lágrima teimosa desceu dos olhos de Sara e Grissom, compadecido da tristeza da mulher que, sim, amava, a enxugou com um dos dedos.

SS: Só queria te pedir uma coisa...
GG: Diga.
SS: Quero que fique bem. Você me promete?

Grissom não estava entendendo nada, mas sentia algo mais por trás daquelas palavras; eram palavras de ternura entristecida. Ele estava “reapaixonado” por Sara, e sentiu na tristeza dela algo que estava perto de saber do que se tratava.

GG: Porque está me dizendo isso?

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