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Segredos inconfessáveis - cap. 6


Sara sentou-se no sofá sentindo-se derrotada. Além de ser estuprada, roubada, jogada pra escanteio, estava sendo chutada feito cachorro morto. Mais humilhada não poderia estar. E Ecklie, sagaz e perverso, continuou:

CE: Bom, podemos pensar em outras alternativas...

Ele se sentou ao lado dela no sofá e acariciou a coxa firme da perita. Sara olhou-o muito brava e se levantou rapidamente:

SS: Tire a mão de mim, canalha!
CE: Não precisa ficar irritada, Sidle! Soube que você, quando bebe, fica fácil fácil!

Sara não agüentou e deu uma bofetada forte no rosto magro do chefe.

SS: Eu não sou uma prostituta! Você não tem o direito de me tratar como tal!

Ecklie passou a mão no local do tapa e olhou com desprezo para Sara:

CE: Você vai se arrepender de ter feito isso, Sara!

O careca saiu furioso, levando consigo o diário onde a perita escrevera seus sentimentos mais profundos e íntimos... Seu amor platônico corria sério risco estando nas mãos de quem ela mais detestava em Vegas. Sara teria de tomar uma decisão. E talvez fosse a mais doída de todas elas... Apesar de ser uma mulher que não caía em chantagens emocionais, aquela situação desestabilizou Sara completamente. Estava sem chão, depois que Ecklie teve a ousadia de surrupiar seu diário e ler seus segredos mais íntimos. Mas onde estava com cabeça para pôr em meras linhas algo tão profundo quanto um sentimento de amor, sendo que sempre havia uma possibilidade de alguém ler suas páginas e descobrir o que guardava com tanto cuidado dentro do coração. 
Sim, Sara Sidle, era onde você deveria manter seus segredos: só no coração! Agora, seu maior inimigo estava de posse dele e poderia muito bem fazer o que quiser com ele... e ela também, já que a perita estava nas mãos dele. Abrir mão de Grissom por causa do Ecklie? Qual a razão para isto? O que o careca pretendia para fazer com ela se afastasse dele? Estava querendo empurrar alguma mulher para cima dele, afim de acabar com a carreira dele? Ou era pura e simplesmente maldade, em ter o prazer de afastar uma mulher apaixonada de seu alvo? Enquanto milhares de questionamentos se passavam pela cabecinha dolorida de Sara, a bela ia caminhando para o quarto. Uma lágrima caiu e então decidiu que, para o bem do lab e, em especial de Grissom, iria se afastar e ir embora. Mesmo que isso custasse lágrimas sem fim, mesmo que seu coração doesse o resto da vida, mas não poderia prejudicar ninguém além dela. Afinal, era uma só e o lab havia muitas pessoas que dependiam desse emprego. 
Sara sempre fora uma mulher muito forte, devido a tudo o que passara na vida. Mas ultimamente estava fragilizada emocionalmente; primeiro, o estupro, agora, a descoberta de seu segredo e a chantagem cretina... talvez fosse coisa demais para uma pessoa só suportar. Mas, antes de ir embora, ela ainda teria mais uma surpresa. Ao abrir a porta para sair de casa e ir ao lab, Sara deparou-se com sua carteira jogada cuidadosamente no tapete de sua porta. Abriu-a e, para sua felicidade, seus documentos estavam todos dentro, faltando apenas o dinheiro, mas, àquela altura do campeonato, já era lucro. Possivelmente a pessoa que lhe surrupiara a carteira fora a mesma que devolvera. Mas outro mistério rondava: quem teria sido? E porque devolvera a carteira? Só que, naquele momento, ela não estava em condições nenhuma de pensar e ligar os fatos, então apenas guardou a carteira e saiu. Chegou ao lab com uma tremenda cara de enterro, e os amigos perceberam. Na sala de convivência...

CW: Ei, o que aconteceu que só chegou agora?
SS: Me atrasei tanto assim?
CW: Pelo menos meia-hora. O Gil está agitado, acho que hoje vai dar bronca em todo mundo!
SS: Não estou com cabeça para ouvir sermões hoje!
NS: Está chateada com alguma coisa?
SS: Eu? Porque estaria?
NS: Sua expressão diz isso.
SS: Bom, nunca fui exatamente uma pessoa sorridente...
GS: Mas com o Greguizinho aqui a Sarinha vai sorrir, não é?

Sara olhou atravessado para Greg, que entendeu o recado e ficou quieto. Warrick, Nick e Catherine deram risadinhas abafadas. Grissom apareceu na porta e seus olhos estacionaram nos de Sara. Os corações bateram mais forte, e ela sentiu a velha pontada no estômago. A mesma que sentira quando o vira pela primeira vez sem São Francisco, a mesma que sentiu quando eles se beijaram pela primeira vez, a mesma que sentiu quando viu aquele homem nu na sua frente... a mesma que sentiu quando o reencontrou depois de tanto tempo. É, a paixão ainda viva fortemente dentro de si, mas sua alma estava tão ferida que mesmo um sorriso não seria capaz de tirar qualquer dor que estivesse sentindo, física ou moral. Os outros csi’s não perceberam a atmosfera de paixão no ar, que foi interrompido com a chegada de Ecklie na porta:

CE: Sidle, quero você na minha sala agora!
GG: Ecklie, vou distribuir os casos agora.
CE: Pode distribuir, eu quero falar é com Sidle agora!
GG: Não pode esperar até que eu distribua os casos? Sara irá comigo em um caso.
CE: Não, não posso esperar. Venha comigo, Sidle!

Sem nada dizer, a perita o seguiu. Catherine estranhou a amiga não resmungar nem chiar. Grissom apenas arqueou a sobrancelha.

SS: O que você ainda quer de mim, Ecklie?
CE: Venha assinar seu “pedido de demissão”. E boca quieta, ok?
SS: Então me devolva meu diário. Você se apossou de algo que não lhe pertence!
CE: Está maluca né? Ele não retornará para as suas mãos.
SS: O que você pretende com sua mesquinharia?
CE: Ainda vou pensar no que fazer. Por enquanto, quero você fora daqui. Anda, assine logo! Não quero ver sua cara mais por aqui!

Tremendamente amargurada, Sara assinou o papel onde “pedia demissão”.  Estava a ponto de chorar, mas não daria esse gostinho a quem tanto estava lhe pisando; não daria motivos para mais pisões.

SS: Agora está bem pra você?
CE: Perfeito! Pode sair. Antes, aqui está seus vencimentos e tudo o que você tem direito.

Sara pegou o cheque, que pelo menos fora generoso; não faltava um centavo do que tinha direito.

SS: Então... até nunca mais, Conrad Ecklie – Sara disse com voz de enterro.

Ecklie apenas sorriu e abriu seu livro de histórias detetivescas. A perita, arrasada, caminhou pelo corredor, indo para a sala de convivência. Grissom apareceu:

GG: Estou te esperando, temos um caso na Strip.
SS: Sinto muito, Griss, mas eu não vou.
GG: Como é, Sara?!
SS: Foi o que eu disse, Grissom: eu não vou a lugar nenhum. Acabei de pedir demissão.
GG: O que deu em você, Sara?! Ficou maluca?
SS: Não, mas se eu não fizesse isso, ficaria.
GG: Aconteceu alguma coisa que a obrigou a fazer isso? Alguém te ameaçou? Está insatisfeita?
SS: Não, não aconteceu nada! – a voz embargava e ela falava com dificuldade.
GG: Você está a ponto de chorar; não me diga que bem porque eu não vou acreditar.

Uma lágrima teimosa desceu dos olhos de Sara e Grissom, compadecido da tristeza da mulher que, sim, amava, a enxugou com um dos dedos.

SS: Só queria te pedir uma coisa...
GG: Diga.
SS: Quero que fique bem. Você me promete?

Grissom não estava entendendo nada, mas sentia algo mais por trás daquelas palavras; eram palavras de ternura entristecida. Ele estava “reapaixonado” por Sara, e sentiu na tristeza dela algo que estava perto de saber do que se tratava.

GG: Porque está me dizendo isso?

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