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Segredos inconfessáveis - cap. 5


Os dias se passaram e Sara manteve-se calada a respeito de Hank e o que acontecera. Apenas prestou depoimento, e só. Mas, apesar de ter vivido um pesadelo nas mãos do fortão, seu coração não se esquecia de quem era sua razão de suspirar e sonhar. E, por viver com Grissom na cabeça e ter passado por um momento traumático, Sara andou se esquecendo de algumas coisas das quais não costumava se esquecer. Por exemplo, de não escrever nos momentos de folga dentro do lab. Como ela era uma pessoa muito discreta, suas confissões no diário (apesar de ninguém saber o que ela tanto escrevia) acabavam gerando certa curiosidade. Catherine, Nick e Greg a flagraram escrevendo algumas vezes. Outras pessoas também... Depois de um turno cansativo, no qual trabalhara bastante em um caso longo e complicado, Sara foi para o locker.

NS: Ei, já está indo?
SS: Estou exausta, o dia já amanheceu e eu só quero uma boa ducha e minha cama...
NS: Também estou pregado! Bom, a gente se vê então!

Sara sorriu para o amigo e continuou a pegar suas coisas no armário.  Ao sair, passou pela sala de Grissom e o observou compenetrado em suas anotações. Foi embora antes que ele a visse. Em casa, jogou as coisas no sofá e correu para o banho. Estava tão cansada que não parou para pensar em nada do que fizera na noite anterior, no trabalho, coisas que sempre fazia durante os banhos. Em seguida, já seca e vestida com uma roupa quente e macia, caiu na cama e dormiu por horas. Quando despertou, já era fim de tarde. Ao olhar pela janela, percebeu que o sol estava baixo, o que significava que a noite já iria pedir passagem em pouco tempo.

SS: Puxa, dormi tanto assim?

O rosto meio inchado de tanto dormir e os cabelos rebeldes indicavam que Sara havia se esquecido do mundo. E dormido feito pedra, pois, ao conferir o celular, viu que tinha uma chamada de Catherine, em um horário que ela se encontrava adormecida.

SS: Caramba! Nem escutei o celular tocar! Dormi feito pedra mesmo! E estou com fome, vou preparar algo para comer...

Esse era o momento (aliás, um dos momentos) em que Sara sentia pesar a solidão; cozinhar e comer sozinha era algo extremamente chato. Adoraria ter alguém para, pelo menos, dizer o que achava da comida dela. Mas nem pra conversar tinha alguém... Enquanto ela fazia um lanche, seu diário estava nas mãos de alguém que ela jamais poderia supor que o descobrisse... ou que, pelo menos, tivesse a audácia de lê-lo.

“Eu amo G. Entendo que ele não queira nada comigo, e que, se me amasse, não poderíamos ficar juntos no lab por conta das regras. Mas amo-o com todo o meu coração e alma, desde São Francisco. E sei que jamais haverá outro homem a quem darei meu coração. G. é único!”

CE: Ora ora, mas o que acabo de descobrir! Quer dizer que a recatada e impetuosa Sidle tem um amor platônico por ninguém menos que Gilbert Grissom? Bom, pelo que li até agora nesse diário, ele não corresponde aos sentimentos dela. Menos mal para ele, pois quem seria o maluco de se envolver com uma mulher problemática feito ela? Mas essa informação é muito valiosa, acho que poderei tirar alguma vantagem dela.

Ecklie continuou a ler o diário e chegou à parte onde Sara diz ter sido estuprada, mas não citou o nome do cara. “Então ela se entrega após ser embebedada? Interessante essa informação... Eu sempre soube que Sidle não fosse lá muito normal, mas ficar embriagada com facilidade era algo que eu não fazia a menor idéia. É, essa mulher é cheia de segredos...”, pensou o supervisor-geral do lab. E ficou animado com pensamentos que passaram pela cabeça.

CE: Sidle vai ver quem é realmente Conrad Ecklie. Se não quiser perder o emprego, é bom que faça o que eu quiser! E irei fazer uma visitinha a ela ainda hoje.

Era início de noite e Sara assistia à TV sentada no sofá em sua pequena sala. A campainha tocou e ela foi atender. Ficou surpresa ao ver quem era.

SS: Podia esperar a visita de qualquer pessoa no mundo, menos a sua.
CE: Pelo visto ficou surpresa com a minha vida, Sidle.
SS: E não é pra ficar?
CE: Posso entrar?
SS: Vai demorar muito?
CE: Creio que não. O assunto que me traz aqui é rápido.
SS: Entre então.

Ecklie observou a pequena sala da perita, que ficava colada à cozinha, também pequena.

CE: É esse o apartamento onde você mora? Não dava pra arrumar um lugar maior?
SS: Se você me pagasse melhor, quem sabe eu comprasse uma mansão, quem sabe? Mas o que o traz aqui, Ecklie?
CE: Estou sabendo umas coisas de você bem interessantes...

Sara arqueou a sobrancelha.

SS: Que coisas?
CE: Diria que pessoais...
SS: Impossível! Não falo da minha vida no lab.
CE: Não teria essa certeza toda, Sidle...
SS: Vá direto ao ponto, Ecklie! O que você pensa que sabe sobre mim?
CE: Pensar não, eu tenho absoluta certeza, depois do que li!
SS: E o que você andou lendo?
CE: Por acaso isto não lhe pertence? – ele tirou o diário do bolso interno do paletó e mostrou-o à perita, que ficou gélida.
SS: Onde você achou esse diário, Ecklie?
CE: Você e Gil têm uma coisa em comum e que me irrita bastante: quando querem, são cabeças de vento. E você, PR algum motivo, o esqueceu no lab. Passei pela sala e o vi. Mas neste caso, fiquei muito satisfeito. Não imaginava que a subordinada mais rebelde e teimosa do lab tivesse uma profunda paixão não-correspondida pelo supervisor cabeça de vento!
SS: Me devolve esse diário, Ecklie! Você não tinha o direito de ler o que eu escrevo nele! Isso é invasão de privacidade!
CE: E se envolver com funcionário de laboratório de criminalística infringe as regras, sabia disso?
SS: Deixa de ser idiota! Eu não estou envolvida com Grissom, nós somos apenas chefe e subordinada...
CE: E quem me garante que ele também não esteja envolvido com você? Afinal, um homem descobrir que tem uma mulher apaixonada por ele é algo extremamente excitante! Ele poderia querer descobrir como é o gosto de se envolver com uma subordinada!

Sara já chorava e o chefe dava risadas com o sofrimento dela, afinal, Ecklie não escondia de ninguém que detestava Sara e queria demiti-la a todo custo, mas não conseguia porque Grissom a defendia fervorosamente, e ele tinha grande influência no lab.

SS: O que você quer de mim, seu canalha? Pretende me chantagear?
CE: Tenho algumas opções para lhe dar, e você precisa ser inteligente para aceitar minhas propostas.
SS: Diga o que você quer de uma vez!
CE: Muito bem. A primeira coisa é: você vai abrir mão do Gil de qualquer maneira, mesmo que ele se declare a você. 
SS: Como é?!
CE: Pelo bem do lab, você terá de se afastar dele, pedindo suas contas e indo para longe de Vegas.
SS: Você... você é louco?! Foi o Grissom quem me chamou para trabalhar no lab, você não pode e não tem o direito de me mandar embora!
CE: Não esqueça de que estou com seu diário em meu poder. Se eu mostrá-lo a qualquer órgão de imprensa, sua carreira vai por terra, Sidle! Até porque soube, nestas linhas, que você é dada numa bebedeira, e isso é péssimo para a reputação do lab. Imagine se o xerife e o prefeito descobrem que temos alcoólatras entre nós? Cabeças iriam rolar, com certeza. Até a do seu amado Gil. E você iria querer isto? Não, né?

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