GG:
Olhe pra mim Sara!
A
perita fez um bico de menina malcriada e olhou para o amado.
GG:
Quem fez isso com você? Céus, querida, você não merece uma coisa dessas!
SS:
Querida?
GG:
Ãh, eu quis dizer... querida! É o que você é para mim...
SS:
Vamos parar com essa hipocrisia, Grissom! A que você veio até minha casa? Você
deveria estar em casa, seu turno acabou!
Ele
se aproximou da amada e tocou os lábios feridos dela. A bela deu um gemido
baixo e Grissom disse:
GG:
Vou levá-la a um hospital. Não posso deixá-la assim.
SS:
Já disse, estou bem.
GG:
Não, não está. E se você não me disser o que houve, a pessoa que lhe fez mal
poderá fazer novamente. Conseqüentemente , ficará impune. É isto o que você
realmente quer?
Sara
ficou calada. Não, é claro que não queria que o maldito ficasse impune. Ao
mesmo tempo, não saberia como falar que fez sexo com Hank sendo que amava seu
supervisor há tanto tempo. Sentindo as dores latejando, Sara, num impulso,
abraçou Grissom e chorou. Ele, sentindo o coração dela bater tão descompassado
e, ao mesmo tempo, penalizado, aconchegou-a em seu abraço. Alguma
coisa estava acontecendo dentro dele, ele sentia a necessidade de protegê-la,
de estar perto por mais tempo, de querer o sorriso dela... de sentir o
delicioso perfume da alma tão bonita que Sara possuía...
Ela
nem fazia idéia, mas Grissom estava prevendo que a qualquer hora o amor iria
explodir de vez. Mas no momento, ele deveria cuidar dela como se cuida de uma
rosa delicada. E Sara estava frágil. E precisava dele, ainda que não dissesse,
ainda que não quisesse. Depois que ela se vestiu, os dois seguiram para o
hospital. A
perita entrou no consultório com a médica, enquanto Grissom ficou na sala de
espera. Cerca de meia-hora depois, enquanto Sara estava no consultório, a
médica veio falar com o supervisor.
GG:
Aconteceu alguma coisa, doutora? Onde está Sara?
Dra:
Ela está na sala, preferi que continuasse por lá. O senhor é o que da paciente?
GG:
Sou supervisor.
Dra:
É o responsável por ela?
GG:
Ela não tem familiares, então me encarrego disso. Mas, aconteceu alguma coisa?
Dra:
Bom, ela tem hematomas e um corte no canto esquerdo da boca, provavelmente
resultado de uma bofetada. O corte na testa tanto pode ser de algum objeto
lançado contra ela quanto de uma queda.
GG:
Ela não disse nada a respeito?
Dra:
Não, e tem mais.
GG:
Mais?!
Dra:
Eu a examinei nas partes íntimas e encontrei vestígios de abuso sexual.
GG:
Ela foi...
Dra:
Estuprada? Acredito que sim, tem um corte profundo em um dos lábios e está
bastante inchado. Isto não acontece quando se tem relações de maneira
consentida, mas em casos de abuso é muito comum.
Grissom
sentiu a veia jugular pular trêmula. Estava sentindo um ódio percorrer nas
veias. Quem quer que tenha feito aquilo com a mulher que amava, iria pagar
muito caro. Eles entraram no consultório e Grissom e Sara trocaram olhares
significativos; ele a olhava com pena e ternura ao mesmo tempo e ela o olhava
com vergonha e tristeza. Depois que saíram do hospital, foram para o carro. Por
uns instantes permaneceram em silêncio, até que Sara resolveu falar, sempre
olhando para a frente:
SS:
Estou me sentindo um lixo!
GG:
Sara, o que realmente aconteceu?
SS:
Não quero falar disso, Grissom.
GG:
Se não me disser, não poderei ajudá-la. E a coisa é mais séria do que você
pensa!
SS:
Bobagem...
GG:
A médica já me contou o que muito provavelmente aconteceu a você. Mas
não entendo porque você quer proteger a identidade do canalha.
Sara
virou-se para Grissom e uma lágrima escorreu em sua face.
SS:
Porque isso não mudará em nada.
GG:
Como não, Sara?! Prender um estuprador faz toda a diferença! E você, sendo uma
pessoa da lei, não pode acobertar um criminoso. Entenda isso como cumplicidade!
Mais
uma vez, a perita se calou. Grissom tinha uma quase certeza sobre quem fizera
aquilo com Sara e tentava entender o que se passava na cabecinha dela. Não
insistiu porque sabia o que iria fazer, mas não contaria nada a ela.
Naquela
noite ela não iria ao lab, Grissom a liberou, pois Sara ainda não estava em
condições de trabalhar. Sentada em sua cama, a perita escrevia algumas coisas
em seu diário.
“Sabe
quando você está sufocada, precisando gritar para tirar do peito alguns quilos
de sentimentos que apertam e vão tirando a respiração aos poucos? É
assim que me sinto agora, tal como me sinto quando lido com casos de abuso
sexual. Sinto minha alma sufocada neste corpo que um canalha teve a ousadia de
machucar. Corpo este que eu sempre sonhei em entregar novamente a quem um dia
cuidou com tanto carinho dele. Mas minha cabeça gira... sinto que aconteceu
mais alguma coisa, mas não me lembro de nada. Ontem saí para jantar com um
paquera, mas não me lembro do final desse encontro... Tudo o que sei é que
acordei em um banco no parque municipal, sem minha carteira com documentos. Mas...”
A
campainha tocou e Sara parou de escrever. Foi atender a porta e, para sua
surpresa, era Hank.
SS:
O que você faz aqui? Não basta o que me fez?
HP:
Mas eu não lhe fiz nada!
SS:
Você me estuprou, canalha! Peraí... agora estou ligando os fatos. Você me
embebedou no jantar e... para eu ter parado naquele parque, largada e sozinha, você.. você deve ter se
aproveitado da minha fraqueza para me seduzir. Eu te odeio, Hank!
Sara
partiu para cima do loiro, mas ele, bem mais forte do que ela, jogou-a no chão
e ia bater nela quando foi impedido.
GG:
Nem pense em fazer isso senão eu te mato, desgraçado!
Grissom
chegara bem na hora e começou a socá-lo.
GG:
Eu já devia saber que você não vale nada! Aliás, sempre tive esse sentimento
com relação a você!
HP:
Você está louco! – o loiro passava a mão na boca para limpar o sangue que
escorria.
GG:
Você violentou Sara, os exames comprovaram isso!
HP:
Nunca fiz nada com essa aí!
SS:
Nem mesmo me embebedar para abusar de mim?
HP:
Eu? Vocês estão loucos!
Hank
ia saindo, mas Brass, que chegava, o impediu:
JB:
Aonde você pensa que vai, meu jovem?
HP:
Eu?! Não... não ia a lugar nenhum! – o loiro estava assustado.
JB:
Ótimo! Você está preso por estupro. Aliás, foi genial a sua idéia de retornar
ao apartamento de Sara. Bem digo que todo criminoso sempre volta à cena do
crime!
Hank
olhava para Sara enquanto era algemado. Como se dissesse: “diga a eles que não
fiz nada!”. A perita, olhava-o com um misto de medo e desprezo. Assim
que ele foi levado por dois policiais para o carro, Brass saiu, deixando apenas
os dois. Os olhos azuis de Grissom encaravam os castanhos e tristes olhos
daquela mulher que, sim, ele desejava e amava. Só não sabia como dizer nem por
onde começar. Ver Sara a ponto de chorar doeu-lhe o coração. Instintivamente,
tocou o rosto dela e, carinhosamente, retirou uma lágrima prestes a escorrer
com um dos dedos. Talvez para evitar que demonstrasse seu sentimento, Grissom
saiu sem dar qualquer explicação, deixando Sara sozinha... como ela sempre se
sentiu. Mas
os problemas da perita, que já eram grandes o suficiente, ainda não haviam
acabado. E talvez, o pior ainda estivesse por vir.
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