NS:
Aonde você vai, Sara?
SS:
Quero ficar um pouco sozinha.
Ela
se afastou para chorar sem que ninguém a visse; nunca gostou de se expor, e
achava que seu luto devia ser apenas com ela mesma. Mas
havia alguém que sofria junto com Sara toda essa dor; alguém que estava tão
perto e ao mesmo tempo tão longe; alguém que voltara chamado pelo amor de Sara: Grissom! Ele
a via tão abatida, chorando a dor da separação; uma separação que jamais teria
acontecido se um criminoso não tivesse cruzado o caminho deles. O supervisor já
sabia o que havia acontecido, já tinha noção de que havia saído deste mundo, no
qual vivia seu amor com a única mulher que realmente amara na vida. E saber que
a deixara sozinha, desprotegida, fazia-o sofrer ainda mais. Não
sentia qualquer dor, parecia mais leve, flutuante, livre de todas as dores e
sofrimentos físicos. Mas os sofrimentos emocionais era os piores, e estes não
se extinguiriam tão facilmente.
GG:
Oh honey... se soubesse que estou aqui ao seu lado... se soubesse como me sinto
agora...
Grissom
tentava se comunicar com Sara, mas sabia que ela não o ouviria. Estavam em
planos diferentes agora. No entanto, sentia seu coração doer e chorar ao ver
que ela, que sempre fora uma mulher de fibra, corajosa, guerreira, estava tão
destroçada, tão arrasada, tão... abandonada. Isso era algo que ele jamais
faria, mas agora não estava mais em suas mãos. Ele não mais poderia abraçá-la e
dizer-lhe que estariam sempre juntos... Não mais a beijaria e morreria de
prazer ao sentir o gosto dos beijos dela, sempre tão doces e cheios de
paixão... Não mais faria planos de uma vida a dois, quem sabe filhos... Não
mais acordaria ao lado de Sara. Não mais. Agora
seria ela por ela mesma, continuando nas batalhas da vida, embora fosse estar
sempre com ela, de alguma forma. Mas não a deixaria completamente só. Vartann
chegara e estava com Brass, ambos chocados.
V:
Como isso foi acontecer, Brass?
JB:
Uma tragédia, Vartann! Uma tragédia...
V:
Como Sara está?
JB:
Arrasada. Nem tomei depoimento dela, não está em condições nenhuma.
V:
Fez bem. Alguma câmera de segurança filmou tudo?
JB:
Já mandei pegar as fitas das câmeras das casas que estavam bem perto. Quero ver
em todos os ângulos essa desgraça. E
como está Catherine?
V:
Está de observação, mas está bem. Chora o tempo todo, mas o bebê está bem. Ela
está melhor que Sara. Não se pode deixá-la sozinha. Ela vai precisar do apoio
de todos nós agora, mais do que nunca.
JB:
É claro. Vamos cuidar muito bem dela.
Nick,
choroso, tentava confortar a amiga.
NS:
Olha Sara, eu não estou dentro de você pra saber como você está se sentindo.
Mas sei o quanto você está sofrendo. Seu amor por Grissom era algo que nos dava
orgulho, porque você sempre o amou, mesmo quando ele ainda não havia percebido
isso. E ele ficou mais legal com a gente depois que ficou com você – tentou rir
– E a gente pode ver como o amor faz bem a uma pessoa. Olha, não estou querendo
que você deixe de chorar a ausência dele; sei que ninguém vai conseguir fazer
isso. Mas quero que veja o horizonte à sua frente. Pense em tudo de bom que o
Grissom te deu, te ensinou, se lembre de todos os momentos juntos. Assim você
sempre o terá perto de você.
Sara,
até então calada, olhou para o amigo com olhos inchados e vermelhos e disse:
SS:
Ele morreu, Nick. Não vai voltar, não vai me ver mais, como eu não o verei
mais. Acabou. Não existe alma nem vida após a morte.
Grissom,
que estava ali, tentou mudar o pensamento da amada:
GG:
Eu estou aqui, honey. Estou bem ao seu lado. Ah, se você pudesse ao menos me
ver ou me ouvir...
NS:
Você o terá sempre ao seu lado, Sara. Eu sei que sim. E nós vamos pegar quem
fez isso com ele!
Sara
recomeçou a chorar intensamente.
NS:
Calma, Sara...
SS:
Ele levou o que eu tinha de melhor! O que vai ser de mim agora?
Ela
levou as duas mãos ao rosto e chorou ainda mais. Nick, ao lado dela, chorou
também. E Grissom, que permanecia ali, chorou ao ver a dor da amada. A dor do
adeus. Warrick
chegou e abraçou a companheira de trabalho. Não havia o que dizer, apenas um abraço
fraternal e cheio de compaixão.
WB:
Vamos, eu te levo pra casa. Você precisa descansar.
SS:
Obrigada, Warrick, mas não quero. Não vou conseguir dormir.
NS:
Você precisa, Sara. Está frágil e suja.
SS:
Quero o Grissom aqui comigo...
WB:
Ele estará; de alguma forma estará. E não gostaria de vê-la assim. Você sempre
foi forte, onde está sua força?
SS:
Se foi com ele...
WB:
Vamos embora.
SS:
Quero ir ao apartamento do Griss.
WB:
Você tem a chave?
SS:
Sim.
Warrick
deixou Sara por lá, já que ela insistira em ficar com o cão. Ele parecia
pressentir o pior e estava amuado, ganindo como se chorasse. Carinhosa, a
perita procurou confortar o animal.
SS:
Grissom não voltará, Hank. Agora seremos só nós dois – disse a perita, sem
conseguir deter o choro.
O
cão se entrelaçou nas pernas dela e chorou ao seu modo, com ganidos tristes.
Grissom assistiu a tudo com lágrimas nos olhos. Sara
custou a dormir aquela noite, que certamente fora a pior de sua vida; nem
quando sua mãe assassinara seu pai fora tão difícil quanto a perda de seu amor.
Agora seria apenas ela e Hank, o cão; não o desampararia. O
dia seguinte foi ainda mais tortuoso: seria o funeral, já que Grissom havia
dito uma vez que se morresse, não gostaria de deixar o corpo muito tempo no
necrotério. Sara chegou à igreja amparada por Nick; a equipe caminhou atrás
dela. Eles se sentaram na primeira fila, e a perita permaneceu o tempo todo de
óculos escuros Ray-ban. Não queria ser vista aos prantos, embora não fosse
evitar as lágrimas. A
igreja estava lotada, e Warrick pediu a palavra. Foi até o palco e começou seu
discurso de adeus ao chefe e amigo:
WB:
Eu quis tomar a palavra e dizer em nome de toda a equipe, mas também por mim. O
Grissom sempre foi mais que um amigo para mim, sempre tentou me ajudar da melhor
maneira possível, quando eu dava minhas cabeçadas. Se eu tivesse que escolher
um homem pra ser meu pai, eu escolheria ele. Nós
sempre fomos mais que uma equipe; éramos todos amigos. E
ele, em sua maneira correta e equilibrada de ser, nos mantinha de pés no chão
para que não deixássemos o sucesso nos subir à cabeça.
Warrick deu uma pausa, suspirou e, chorando, olhou para as pessoas que lotavam a igreja:
WB:
Todos nós admirávamos ele. O Grissom tinha uma facilidade de perceber as
coisas, os detalhes, as evidências. No fundo, todo mundo queria ser como ele.
Todos queriam a atenção dele. E a gente se esforçava para chamar a atenção
dele, para ganhar um elogio. Minha
tristeza é por todos nós, que ficamos órfãos de um profissional competente, que
se importava com todos... um homem que era muito mais que um chefe, era um
amigo. E estou terrivelmente triste, como todos estamos, pela nossa querida
Sara, que era o grande amor de Grissom.
Naquele
momento, todos se emocionaram ainda mais. Nick, ao lado de Sara, abraçou-a,
tentando confortá-la.
WB:
Ela está mais destroçada que todos nós juntos, e quero dizer uma coisa a ela:
Sara, nós estaremos sempre com você. Não quero que se sinta só em momento
algum, embora não sejamos quem você mais desejava que estivesse ao seu lado
agora.
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