RSS

Dolorosa separação - cap. 4


NS: Aonde você vai, Sara?
SS: Quero ficar um pouco sozinha.

Ela se afastou para chorar sem que ninguém a visse; nunca gostou de se expor, e achava que seu luto devia ser apenas com ela mesma. Mas havia alguém que sofria junto com Sara toda essa dor; alguém que estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe; alguém que voltara chamado pelo amor de Sara: Grissom! Ele a via tão abatida, chorando a dor da separação; uma separação que jamais teria acontecido se um criminoso não tivesse cruzado o caminho deles. O supervisor já sabia o que havia acontecido, já tinha noção de que havia saído deste mundo, no qual vivia seu amor com a única mulher que realmente amara na vida. E saber que a deixara sozinha, desprotegida, fazia-o sofrer ainda mais. Não sentia qualquer dor, parecia mais leve, flutuante, livre de todas as dores e sofrimentos físicos. Mas os sofrimentos emocionais era os piores, e estes não se extinguiriam tão facilmente.

GG: Oh honey... se soubesse que estou aqui ao seu lado... se soubesse como me sinto agora...

Grissom tentava se comunicar com Sara, mas sabia que ela não o ouviria. Estavam em planos diferentes agora. No entanto, sentia seu coração doer e chorar ao ver que ela, que sempre fora uma mulher de fibra, corajosa, guerreira, estava tão destroçada, tão arrasada, tão... abandonada. Isso era algo que ele jamais faria, mas agora não estava mais em suas mãos. Ele não mais poderia abraçá-la e dizer-lhe que estariam sempre juntos... Não mais a beijaria e morreria de prazer ao sentir o gosto dos beijos dela, sempre tão doces e cheios de paixão... Não mais faria planos de uma vida a dois, quem sabe filhos... Não mais acordaria ao lado de Sara. Não mais. Agora seria ela por ela mesma, continuando nas batalhas da vida, embora fosse estar sempre com ela, de alguma forma. Mas não a deixaria completamente só. Vartann chegara e estava com Brass, ambos chocados.

V: Como isso foi acontecer, Brass?
JB: Uma tragédia, Vartann! Uma tragédia...
V: Como Sara está?
JB: Arrasada. Nem tomei depoimento dela, não está em condições nenhuma.
V: Fez bem. Alguma câmera de segurança filmou tudo?
JB: Já mandei pegar as fitas das câmeras das casas que estavam bem perto. Quero ver em todos os ângulos essa desgraça. E como está Catherine?
V: Está de observação, mas está bem. Chora o tempo todo, mas o bebê está bem. Ela está melhor que Sara. Não se pode deixá-la sozinha. Ela vai precisar do apoio de todos nós agora, mais do que nunca.
JB: É claro. Vamos cuidar muito bem dela.

Nick, choroso, tentava confortar a amiga.

NS: Olha Sara, eu não estou dentro de você pra saber como você está se sentindo. Mas sei o quanto você está sofrendo. Seu amor por Grissom era algo que nos dava orgulho, porque você sempre o amou, mesmo quando ele ainda não havia percebido isso. E ele ficou mais legal com a gente depois que ficou com você – tentou rir – E a gente pode ver como o amor faz bem a uma pessoa. Olha, não estou querendo que você deixe de chorar a ausência dele; sei que ninguém vai conseguir fazer isso. Mas quero que veja o horizonte à sua frente. Pense em tudo de bom que o Grissom te deu, te ensinou, se lembre de todos os momentos juntos. Assim você sempre o terá perto de você.

Sara, até então calada, olhou para o amigo com olhos inchados e vermelhos e disse:

SS: Ele morreu, Nick. Não vai voltar, não vai me ver mais, como eu não o verei mais. Acabou. Não existe alma nem vida após a morte.

Grissom, que estava ali, tentou mudar o pensamento da amada:

GG: Eu estou aqui, honey. Estou bem ao seu lado. Ah, se você pudesse ao menos me ver ou me ouvir...
NS: Você o terá sempre ao seu lado, Sara. Eu sei que sim. E nós vamos pegar quem fez isso com ele!

Sara recomeçou a chorar intensamente.

NS: Calma, Sara...
SS: Ele levou o que eu tinha de melhor! O que vai ser de mim agora?

Ela levou as duas mãos ao rosto e chorou ainda mais. Nick, ao lado dela, chorou também. E Grissom, que permanecia ali, chorou ao ver a dor da amada. A dor do adeus. Warrick chegou e abraçou a companheira de trabalho. Não havia o que dizer, apenas um abraço fraternal e cheio de compaixão.

WB: Vamos, eu te levo pra casa. Você precisa descansar.
SS: Obrigada, Warrick, mas não quero. Não vou conseguir dormir.
NS: Você precisa, Sara. Está frágil e suja.
SS: Quero o Grissom aqui comigo...
WB: Ele estará; de alguma forma estará. E não gostaria de vê-la assim. Você sempre foi forte, onde está sua força?
SS: Se foi com ele...
WB: Vamos embora.
SS: Quero ir ao apartamento do Griss.
WB: Você tem a chave?
SS: Sim.

Warrick deixou Sara por lá, já que ela insistira em ficar com o cão. Ele parecia pressentir o pior e estava amuado, ganindo como se chorasse. Carinhosa, a perita procurou confortar o animal.

SS: Grissom não voltará, Hank. Agora seremos só nós dois – disse a perita, sem conseguir deter o choro.

O cão se entrelaçou nas pernas dela e chorou ao seu modo, com ganidos tristes. Grissom assistiu a tudo com lágrimas nos olhos. Sara custou a dormir aquela noite, que certamente fora a pior de sua vida; nem quando sua mãe assassinara seu pai fora tão difícil quanto a perda de seu amor. Agora seria apenas ela e Hank, o cão; não o desampararia. O dia seguinte foi ainda mais tortuoso: seria o funeral, já que Grissom havia dito uma vez que se morresse, não gostaria de deixar o corpo muito tempo no necrotério. Sara chegou à igreja amparada por Nick; a equipe caminhou atrás dela. Eles se sentaram na primeira fila, e a perita permaneceu o tempo todo de óculos escuros Ray-ban. Não queria ser vista aos prantos, embora não fosse evitar as lágrimas. A igreja estava lotada, e Warrick pediu a palavra. Foi até o palco e começou seu discurso de adeus ao chefe e amigo:

WB: Eu quis tomar a palavra e dizer em nome de toda a equipe, mas também por mim. O Grissom sempre foi mais que um amigo para mim, sempre tentou me ajudar da melhor maneira possível, quando eu dava minhas cabeçadas. Se eu tivesse que escolher um homem pra ser meu pai, eu escolheria ele. Nós sempre fomos mais que uma equipe; éramos todos amigos. E ele, em sua maneira correta e equilibrada de ser, nos mantinha de pés no chão para que não deixássemos o sucesso nos subir à cabeça. 

Warrick deu uma pausa, suspirou e, chorando, olhou para as pessoas que lotavam a igreja:

WB: Todos nós admirávamos ele. O Grissom tinha uma facilidade de perceber as coisas, os detalhes, as evidências. No fundo, todo mundo queria ser como ele. Todos queriam a atenção dele. E a gente se esforçava para chamar a atenção dele, para ganhar um elogio. Minha tristeza é por todos nós, que ficamos órfãos de um profissional competente, que se importava com todos... um homem que era muito mais que um chefe, era um amigo. E estou terrivelmente triste, como todos estamos, pela nossa querida Sara, que era o grande amor de Grissom.

Naquele momento, todos se emocionaram ainda mais. Nick, ao lado de Sara, abraçou-a, tentando confortá-la.

WB: Ela está mais destroçada que todos nós juntos, e quero dizer uma coisa a ela: Sara, nós estaremos sempre com você. Não quero que se sinta só em momento algum, embora não sejamos quem você mais desejava que estivesse ao seu lado agora.

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários:

Postar um comentário