GG:
Depois a gente conversa sobre isso. Vim atrás de você porque vejo que é a única
que pode me ajudar.
MB:
Em que posso lhe ser útil?
GG:
Eu não estaria aqui se a mulher que amo e que deixei pudesse me ver ou ouvir...
MB:
Ela não sabe de você?
GG:
Sara sempre foi uma pessoa incrédula, pra ela a morte é o fim de tudo. Mas
quero provar a ela que a morte não é o fim da vida nem do amor.
MB:
Puxa! Então você não deve se conformar com sua nova vida.
GG:
Foi repentino demais, só percebi que havia morrido ao me ver nos braços de
Sara. Não soube o que dizer nem reagir, ainda mais vendo-a sofrer, como eu vejo
todos os dias as lágrimas de solidão e saudade de mim.
MB:
Você ainda a ama?
GG:
A morte não me tirou a capacidade de amar, e Sara será meu verdadeiro amor por
toda a eternidade – suspirou.
MB:
O que quer que eu faça por você?
GG:
Embora ela seja uma perita criminal e esteja acostumada com situações de
perigo, preciso alertá-la que o homem que me matou está rondando o apartamento
dela.
MB:
O que está me dizendo?
GG:
O homem que me matou tem uma foto da minha mulher e esteve no apartamento dela.
Eu consegui alertar meu cão e ele acabou afugentando-o. Mas eu o segui e
descobri que ele está a mando de alguém para fazer mal a ela. O que me leva a
crer que minha morte foi planejada por alguém.
MB:
E o que o faz pensar que ela vai acreditar em mim?
GG:
Apenas avise-a. sei que o pessoal de minha equipe está empenhado em concluir
este caso, mas Sara precisa saber por outra pessoa que ela corre perigo. Assim,
ela se mantém em alerta.
MB:
Olha, não sei se posso fazer isso...
GG:
Só tenho você e não vou desistir até que me ajude! Por favor!
Madame
Brown fez uma cara não muito boa. Grissom, para fazê-la compreender sua
situação e ajudá-lo, passou a noite falando sobre insetos.
GG:
Os insetos são animais invertebrados e fazem parte da classe insecta. Sugiram
há milhões de anos. Cientistas afirmam que os primeiros surgiram há cerca de
500 milhões de anos. Atualmente, existem milhares de espécies e, entre elas,
podemos destacar: borboletas, moscas, traças, abelhas, vespas, besouros,
formigas e muitas outras. Independente de sua
classificação, o corpo de todos eles divide-se em três partes: cabeça, tórax e
abdome. Os insetos possuem também seis pernas anexas ao tórax e, nesta região,
pode haver também duas asas ou, em alguns casos, quatro delas. Grande parte dos insetos possui dois
olhos, formado por vários outros menores, ou olhos simples, ou seja, tem a
formação de vários olhos em um só. A respiração ocorre através de pequenos
orifícios (buraquinhos) em sua pele. A grande parte dos insetos apresenta
antenas que lhes proporcionam um olfato muito apurado, o que lhes permite
capturar de forma mais precisa às suas presas. No
tocante ao seu desenvolvimento, a maioria dos insetos passa por vários estágios
até chegar a fase do amadurecimento. As borboletas, por exemplo, passam por
quatro fases: ovos, larvas, crisálidas e, por último, tornam-se adultas da
forma como as conhecemos, com suas lindas asas coloridas e grandes. Existem
também os insetos que vivem em comunidade, as formigas e as abelhas fazem parte
desta categoria. Estas duas espécies são extremamente organizadas e dividas
hierarquicamente (por funções). Nas colméias de abelhas, por exemplo, há a
abelha rainha (responsável pela reprodução) e as operárias (que trabalham todo
o tempo). Outros tipos bem conhecidos são os insetos-folhas, que fazem
parte da família das baratas e são encontrados facilmente nas áreas tropicais
de nosso planeta. Este tipo de inseto costuma ficar imóvel durante o dia
(usando a capacidade de mimetismo), saindo somente no período da noite para
procurar alimentos. Entre eles, somente os machos é que possuem a capacidade de
voar. Da
mesma família, fazem parte os insetos-gravetos, que se parecem com pequenos
galhos de árvore e como camuflagem, possuem em seus corpos áreas esverdeadas
que lembram musgos. Este atributo os torna capaz de se misturarem com a
paisagem (árvores, plantas e folhas) da região em que habitam, e, desta
maneira, eles podem enganar suas presas e predadores. Muitos destes
insetos tem se tornado uma praga para a população dos grandes centros urbanos.
É o caso dos conhecidos cupins e das formigas que avançam dentro das casas
deixando um rastro de destruição. Com as construções de cimento e concreto cada
vez mais comuns, estes insetos tiveram suas fontes de alimentação esgotadas, e
a única maneira de sobreviverem foi a disputa de espaços com os seres
humanos.
MB:
Eu ajudo! Eu ajudo! Mas pare de falar sobre insetos, eu odeio esses bichos!
GG:
São insetos, não bichos...
No
dia seguinte bem cedo, os dois foram até o apartamento de Sara. Da rua, Grissom
sugeria o que Madame Brown deveria dizer:
MB:
Ei Sara! Sara Sidle! Eu sei que você está aí em cima. Grissom quer falar com
você, ele precisa te dar um aviso! Ei, você se lembra da viagem a Aspen, quando
foram com a equipe e ele caiu de bunda no esqui? Como eu poderia saber disso se
ele não estivesse aqui? E
da cueca creme de coraçõezinhos que você deu a ele num aniversário de namoro? –
essa foi ótima, cara! Não vou me esquecer disso! Ué, cadê ela?
Sara
chegou na portaria do edifício, com semblante de total tristeza. Estava mais
magra, com o maxilar bem evidente, cabelos revoltos. Grissom, ao rever a amada,
não conteve a emoção: ela continuava linda, mesmo tão triste! Como queria se
materializar para que ela enfim o visse e descobrisse que a morte não existia,
que nada morria com ela, nem mesmo o amor. O amor que seria dos dois para
sempre!
MB:
Você é Sara Sidle?
SS:
Sou.
MB:
Podemos conversar um pouco? Tenho coisas a te contar, e acho que seria bom que
você me ouvisse.
SS:
Vamos até a lanchonete, aqui perto.
Durante
o trajeto, que não era muito longo, Sara permaneceu em silêncio, com os braços
cruzados, como se estivesse se protegendo. Grissom, sempre ao lado dela,
sentia-se mais triste ainda. Àquela
hora da manhã ventava forte, pois o tempo estava nublado e ameaçava chover.
Parecia até que o céu chorava junto com Sara. Elas
entraram na lanchonete e sentaram-se em um local mais afastado.
MB:
Olha, eu não te conheço nem a esse tal de Grissom. Mas vou te falar, ele ficou
a noite inteira falando de insetos, que é isso, que é aquilo, que tem espécies
diferentes... aff!
Pela
primeira vez desde a morte de Grissom, Sara esboçou um sorriso.
SS:
Ele era, além de perito criminalista, era entomologista. Por isso sabia tanto
sobre insetos. Mas olha, eu não acredito em vida depois da morte, em alma, nada
disso. Por isso, acho que é uma perde da tempo você me falar sobre Grissom.
GG:
Diga a ela que está errada.
MB:
Ele disse que você está errada.
SS:
Ele te disse isso?
MB:
Acabou de me pedir pra te dizer que você está errada.
SS:
E onde ele está?
MB:
Não posso vê-lo, mas posso ouvi-lo.
Grissom
se aproximou de Sara e tocou em sua mão.
GG:
Diga que estou tocando a mão dela.
MB:
Ele disse que está tocando sua mão.
Sara
olhou para a própria mão e não sentiu nada. Em seguida, olhou para a gorducha e
questionou, em tom de súplica:
SS:
Porque você está fazendo isso? Porque?! – levantou o tom de voz.
MB:
Se você pensa que vim até aqui por que quis, está muito enganada!
SS:
Pra mim já chega! – e levantou-se.
Grissom,
desesperado, suplicou à Madame Brown:
GG:
Diga que ela é minha honey!
MB:
O que é isso?!
GG:
Diga!
MB:
Ele disse que você é a honey dele!
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