Grissom sentiu uma dor forte no
peito, não física, mas emocional. Não podia perder Sara, não seria justo com
ele, nem com ela. Tinha tantos planos para os
dois, viajar, mostrar novas espécies de borboletas a ela, quem sabe formar uma
família... De repente cessou-se o entra-e-sai, não viu mais ninguém por ali. Um
dos médicos foi até Grissom.
DR: O senhor é...
GG: Grissom.
DR: Senhor Grissom, o que o
senhor é da senhorita Sidle?
GG: Ela é minha namorada.
DR: Lamento informar, mas a
paciente teve uma parada cardíaca e não resistiu.
Grissom não quis acreditar no
que acabara de ouvir. Sara, sua Sara, morta?! Não, não era possível, seu amor
de toda uma vida... sem vida? O supervisor passou as mãos na cabeça, tentando
absorver o impacto de uma brusca e terrível notícia. Sem se importar com quem
estava perto, deixou o choro consumir todo o seu peito, parecia que nunca havia
chorado antes.
DR: Gostaria de vê-la?
GG: Vê-la? Eu... poderia?
DR: Certamente.
Os dois entraram no quarto.
Grissom soluçou ainda mais ao ver a amada deitada na cama, imóvel, gelada. Ela
parecia tão serena, como um anjo quando dorme, mas estava pálida. Num gesto de
homem apaixonado, Grissom segurou uma das mãos de Sara e acariciou-as com
carinho e paixão.
GG: Será que eu poderia ficar
um instante a sós com ela?
DR: Tudo bem. Vamos, pessoal.
Depois que os médicos saíram do
quarto...
GG: Sara... Não querida, não
posso acreditar nisso...
As lágrimas caíam feito gotas
de chuva, uma atrás da outra, molhando o peito coberto da amada. Então pegou um
papel que estava no bolso da calça e começou a ler um poema como se ela pudesse
ouvi-lo.
“De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente”.
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente”.
E num último gesto de amor, Grissom
encostou seus lábios quentes nos lábios frios de Sara, dizendo que a amaria
para sempre. E uma lágrima caiu de seu rosto e molhou a boca tão bem desenhada
da bela mulher, a qual amaria por toda a vida. Então ficou de pé e ia saindo.
Mas algo o fez olhar para trás. Como um milagre de amor, o aparelho começou a
marcar as batidas do coração novamente. Grissom olhou e não acreditou. Ele
chegou perto de Sara e a sentiu respirar. Ela estava viva! Apertou o botão
vermelho e logo o médico entrou no quarto.
DR: O que houve?
GG: A máquina está marcando as batidas do
coração, e posso jurar que a senti respirar.
DR: Deixe-me ver isso.
O médico averiguou os batimentos e levou um
enorme susto ao constar que Sara respirava e tinha o coração batendo
normalmente.
DR: Não sei explicar o que está
acontecendo. Senhor Grissom, por favor, aguarde do lado de fora, sim?
GG: Ok.
O supervisor foi para a sala de espera,
enquanto os médicos verificavam o que estava acontecendo com Sara. Constatada a
não-morte da paciente, eles a estabilizaram e continuaram com o medicamento.
DR: Senhor Grissom.
GG: Então, doutor, o que o senhor me diz
sobre o que aconteceu?
DR: De fato, é algo inexplicável. Parece
que tivemos um milagre aqui, já que a paciente era dada como morta.
GG: Foi milagre do amor. Sara não podia ir
embora assim. E como ela está?
DR: Parece outra! A pressão está normal, os
batimentos também, e ela está sedada, mas se o quadro evoluir bem, ela irá para
o quarto amanhã mesmo. Por isso aconselho o senhor a ir pra casa, descansar, e
retornar amanhã, a menos que aconteça alguma coisa. Mas, depois do milagre de
hoje, creio que não haverá mais nada de anormal.
Grissom saiu do hospital ainda com o
coração acelerado. Depois da notícia de que Sara havia morrido, o alívio com a
ressuscitação inesperada e incrível da amada. Sinal de que ela não queria
deixá-lo, pelo menos não tão cedo. Voltou ao lab e foi logo cercado por Nick e
Catherine, que queriam saber como Sara se encontrava.
GG: Vamos até a sala de convivência, lá eu
explico tudo.
Eles entraram na sala e em seguida, Warrick
e Greg chegaram.
CW: Então, Gil, como Sara está?
GG: Acho que testemunhei um milagre hoje.
NS: Como assim?
GG: Cheguei lá, Sara estava tendo parada
respiratória e em seguida o médico veio me dizer que ela não havia resistido.
CW: Oh céus, Sara morreu?
GS: Sara morreu? Como isso foi acontecer,
Grissom?!
NS: Vocês querem deixar o Grissom terminar
de contar?
GG: Eu fui vê-la no quarto, ela estava
pálida, gelada e imóvel. Quando estava saindo do quarto, a máquina que
monitorava os batimentos cardíacos começou a monitorar novamente, mostrando que
havia batimento no coração dela. Cheguei mais perto e senti a respiração dela.
WB: Então ela está viva?
GG: Chamei o médico e ele ficou assustado,
mas afirmou que sim, que por algum motivo Sara ressuscitou.
CW: Não seria amor?
Todos olharam para o supervisor, que tratou
de mudar de assunto.
GG: O importante é que ela está melhorando,
e deve ir para o quarto se o quadro clínico dela evoluir positivamente.
NS: Pelo menos nossa amiga está viva. Se
foi um milagre, eu não sei, mas que é muito bom saber que a teremos em nosso
convívio por muito tempo.
CW: E quando poderemos vê-la no hospital?
GG: Eu irei amanhã. Vou ver com o médico e
passo a vocês. Mas quero saber se têm alguma novidade do caso.
JB: Sim, temos – Brass entrou naquele
momento.
GG: Pois então nos diga.
JB: Localizamos o cúmplice de Melinda
Wickinson na casa de Sara.
CW: Como, Brass?
JB: A sujeitinha nos disse enquanto era
posta no carro da polícia. E parece que teremos surpresa nesse
interrogatório.
GG: Porque?
JB: Não só pegamos o cúmplice, mas também o
mentor desse plano macabro. O tal de Bill Grisb, que pelo
visto era apaixonado por Sara na época do mestrado dela. Foi mais ou menos
quando vocês se conheceram, não é Grissom?
GG: É... – não queria estender
esse assunto, que era só dele e de Sara.
JB: Eu vou interrogá-los, alguém mais vem
comigo?
GG: Eu vou.
CW: Gil... Sabe que não pode.
GG: Eu vou, Catherine. Sara quase morreu,
quero ficar frente a frente com os dois.
JB: Bem, você é quem sabe. Vamos então.
Grissom e Brass entraram na sala de
interrogatório. Primeiro só estava o cúmplice de Melinda.
JB: Seu nome completo, meu caro.
##: Madson Cruise.
JB: Idade?
MC: 32.
JB: O que você pretendia com Melinda
Wickinson na casa de Sara Sidle?
MC: Eu fui a mando do Bill. Ele queria que
a gente desse um fim nela.
JB: E você levou alguma grana nisso?
MC: É claro, eu não ia fazer nada de graça!
GG: Mas não passou nenhum momento pela sua
cabeça que não existe crime perfeito, e que vocês poderiam muito bem ser pegos?
– Grissom estava com um olhar fuzilante.
MC: Pensei na grana que eu ia receber
depois. Isso tudo foi idéia do Bill, ele é o cabeça de tudo.
JB: Mas você vai ter muito tempo pra pensar
na grana que você ganhou desonestamente. Atrás das grades.
MC: Eu exijo um advogado!
JB: Sua situação é mais preta que graxa.
Nenhum advogado vai livrar sua barra, rapaz! Pode levá-lo! – disse Brass ao
guarda que tomava conta da sala.
Quando Bill Grisby entrou na sala, Grissom
sentiu sua veia jugular saltar, tamanha a raiva que estava sentindo ao ficar
cara a cara com o homem que quis matar sua mulher. Olhando bem, acabou se
lembrando do sujeito, que vivia importunando Sara na época.
BG: Então acabamos nos reencontrando. Que
mundo pequeno esse!
GG: Qual foi a sua intenção, depois de
tantos anos, em tentar matar Sara, seu canalha?
JB: Pega leve, Grissom, estamos num
interrogatório.
GG: Eu sei que estamos em um
interrogatório, Brass. Mas quero ouvir o que esse sujeito tem a dizer.
JB: Muito bem, cara, seu nome completo.
BG:
William Grisby.
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