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Eu não estou pronto para te perder - cap. 6


Fez menção de ir falar com ele, mas Catherine a impediu, mostrando a pessoa que se aproximara dele. A mulher tinha cabelo comprido, franja, trajava um vestido preto e salto agulha. Ela se aproximou dele e os dois se beijaram. Intensamente, parecendo que iria transar ali mesmo. Sara sentiu uma dor profunda no coração, uma dor não física, mas de uma decepção que fez sua alma chorar e seu coração sangrar. Antes que eles pudessem vê-las, Catherine tirou a amiga dali, sabendo que ela iria sofrer horrores com a cena presenciada. Kendra ainda teve tempo de vê-los entrar no carro e sair para algum destino desconhecido.

CW: Tudo bem, Sara?

A perita enxugava as lágrimas com as mãos, tentando se fazer de forte.

SS: Estou sim. Cath, prometa que não vai dizer a ninguém o que aconteceu aqui.
CW: Não se preocupe, mas não quero que você sofra. Sei que o ama, mas não devia sentir tanto assim. Acho que o Grissom não está preparado para receber um amor tão verdadeiro quanto o seu. O melhor que você tem a fazer é seguir em frente e deixar que o tempo resolva tudo.
SS: Tudo vai se resolver.

Catherine percebeu que Sara tremia de nervoso. Ela queria explodir e chorar, mas não iria fazê-lo na frente de ninguém.

SS: Quero ir pra casa.

Depois que Sara foi embora, Catherine ficou com o coração apertado, sentindo muita pena da amiga. Precisava fazer algo por ela, ainda que Sara não quisesse. No caminho para casa, a perita olhava para o nada, deixando as lágrimas rolarem. Cada gota que escorria seu coração doía, como se dissesse: “não agüento mais sofrer!” Ao chegar em casa, Sara levou um susto: Hank a esperava na calçada, lindo como sempre. E mais essa?!

SS: Kendra, será que poderia me esperar em casa?
KM: Claro! Com licença.

Depois que a enfermeira entrou...

SS: Hank?
HP: Oi, Sara.
SS: O que faz aqui? Há quanto tempo, não é?
HP: Sei que estou em falta com você, nem no hospital eu fui para visitá-la...
SS: Poderia ter pelo menos mandado um recado, ligado... Senti sua falta...
HP: Não pude. Quer dizer... Olha, Sara, tem algo que você precisa saber.
SS: Pode dizer, eu vou entender... – e sorriu de uma maneira franca.
HP: Eu tenho alguém na minha vida. Uma namorada de longa data.

Sara olhou para o paramédico quase sem querer acreditar.

HP: Eu... Eu sinto muito. Jamais tive a intenção de usá-la, nem me divertir às suas custas.
SS: Porque então você se envolveu comigo, Hank?
HP: Você é linda, Sara. Cheirosa, inteligente, faz um sexo delicioso...
SS: Mas não sirvo para ser sua namorada. Aliás, namorada de ninguém!
HP: Porque está dizendo isso?
SS: É claro, sou apenas um estepe para os homens confusos emocionalmente e totalmente fracos de caráter.
HP: Sara...
SS: Você esperou me ver numa cadeira de rodas, inválida, fragilizada emocionalmente para vir me dizer que tem uma pessoa e que fui apenas seu passatempo?! – ela chorava de raiva.
HP: Eu não estava mais tão ligado na Cindy, mas aconteceu uma coisa que me fez voltar pra ela...
SS: O que, por exemplo?
HP: Ela está grávida.
SS: Grávida?
HP: É, fiquei sabendo essa semana. Sinto muito!
SS: Não sinta. Não estou sentindo nada! Nada!
HP: Espero que me perdoe por isso.
SS: Vá embora, Hank, por favor...

O loiro entrou no carro e partiu, deixando Sara desolada com mais uma decepção. Naquele momento, ela jurou a si mesma que jamais tornaria a chorar por homem algum. Trataria de se cuidar, de voltar a andar, e só depois pensaria no que fazer. Quem sabe uma vida fora de Vegas, longe de Grissom e Hank, que tanto machucaram seu coração? Enquanto isso, nos domínios de Lady Heather, Grissom descarregava suas frustrações com relação à Sara fazendo sexo com a ruiva. Não havia nenhum sentimento por parte dele (nem dela, já que o que ela sentia por ele era apenas atração física). Sentimento dele, só para Sara, seu coração pertencia à ela. Mas naquele momento, enquanto fazia movimentos intensos de vai e vem dentro de Heather, parecia haver se esquecido que a mulher que ele amava estava sozinha, numa cadeira de rodas, extremamente triste, sentindo-se sem forças até mesmo para continuar amando Grissom, o único e grande amor que teve na vida. Naquela noite, Sara chorou muito, e dormiu depois de muito tempo. No turno seguinte, no lab...

CW: Preciso falar com você, Grissom.
GG: Catherine, não sei se você percebeu, mas temos muito trabalho a fazer.
CW: Só queria te dizer que você perdeu Sara de vez ao fazer o que fez ontem.
GG: E o que eu fiz ontem?
CW: Heather não lhe diz nada?
GG: Ah, isso... É assunto meu, Catherine.
CW: Só estou dizendo isso porque Sara e eu vimos, e a coitada ficou arrasada. Como se não tivesse tantos problemas, como se não estivesse se sentindo infeliz entrevada numa cadeira de rodas, ainda precisa ver o homem que ama nos braços de outra mulher.
GG: Não quero falar disso, já disse! Vá fazer o seu trabalho!
CW: Só espero que depois não vá procurar Sara dizendo que a ama...

Catherine saiu, aborrecida. Estava indignada com o que o amigo de longa data fizera, ainda mais sabendo que havia uma mulher que o amava e pela qual ele também era apaixonado. Mas com esse jeito fechado e distante que Grissom tinha, ficava complicada uma aproximação. Depois que a loira saiu da sala, ele ficou pensando no que fizera na noite anterior, no que fizera com o amor que sentia por Sara, a única mulher a quem amara na vida. Como ele, sendo um homem vivido e experiente, podia dar por certo o amor de uma mulher? Ela poderia muito bem se cansar de suas indecisões, seus medos, suas inseguranças e partir pra outra... Grissom deveria saber que nada é para sempre, nem a vida, nem mesmo o amor, pois até mesmo o amor se cansa de perdoar. No entanto, um chamado o despertara de seus pensamentos. Era Nick, que estava na porta da sala.

NS: Grissom?
GG: Ãh? O que foi, Nick?
NS: A gente descobriu uma coisa e gostaria que você viesse.
GG: Já estou indo.

A equipe estava reunida na sala de evidências quando Grissom entrou.

CW: Dê uma olhada no que Warrick e Nick encontraram.

Grissom olhou para a mesa e viu que era uma foto de... Sara.
GG: Onde essa foto estava?
WB: Encontramos na casa do Carl. E também tinha esse papel, com um endereço escrito.

Com um lenço, o supervisor segurou o papel.

GG: Esse endereço é da casa de Sara!
CW: Também estou achando isso tudo muito estranho. Primeiro, Sara é baleada por um sujeito que estava na casa, depois esse cara aparece morto, agora foto e endereço dela aparecem na casa dele...
NS: Será que ela seria um alvo em potencial?
CW: Alvo de quê?
WB: Sei lá, alguém que quisesse tirar Sara de alguma investigação, tudo é possível, não podemos descartar nada.
CW: E você, Gil, não diz nada?
GG: Por enquanto são apenas raciocínios sem algum nexo...
NS: Mas não faz nenhum sentido a foto e o endereço de Sara estarem nessa casa.
GG: A realidade é mais estranha do que a ficção, porque a ficção precisa fazer sentido. O sentido nem sempre é o “porquê”, e sim o “como”.
NS: Pronto, me confundi ainda mais.
GG: O sentido não está no captar, e sim no absorver. Lentamente as peças vão se encaixando, mas ainda preciso de mais algumas evidências, que como todos sabem, não mentem.
CW: Acha que Sara corre perigo?
GG: Precisamos encontrar uma conexão entre essas evidências.
NS: Mas precisamos ser rápidos. Se Sara realmente estiver correndo perigo, pode acontecer algo.
CW: Não vamos deixar que nada aconteça a ela.

Em casa, Sara estava na cadeira de rodas, assistindo tv na sala. Kendra estava sentada na sala quando seu celular tocou. Olhou o identificador e pediu licença para atender. Sara continuou assistindo a TV, e alguns minutos depois, a enfermeira voltou.

SS: Puxa, você demorou!
KM: Ãh, era um amigo. 

Dois minutos depois, a campainha tocou.

KM: Posso ver que é?
SS: Sim, por favor.

A enfermeira abriu a porta e um homem bem vestido olhou para ela.

##: Gostaria de falar com a senhorita Sidle.
SS: Sou eu! – disse Sara, no fundo da sala.

O homem foi entrando, olhando bem para a perita.

SS: Eu não te conheço, como você vai entrando assim na minha casa?!

Ele sorriu, com um brilho maldoso nos olhos.

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