Fez menção de ir falar com ele,
mas Catherine a impediu, mostrando a pessoa que se aproximara dele. A mulher
tinha cabelo comprido, franja, trajava um vestido preto e salto agulha. Ela se
aproximou dele e os dois se beijaram. Intensamente, parecendo que iria transar
ali mesmo. Sara sentiu uma dor profunda no coração, uma dor não física, mas de
uma decepção que fez sua alma chorar e seu coração sangrar. Antes que eles
pudessem vê-las, Catherine tirou a amiga dali, sabendo que ela iria sofrer
horrores com a cena presenciada. Kendra ainda teve tempo de
vê-los entrar no carro e sair para algum destino desconhecido.
CW: Tudo bem, Sara?
A perita enxugava as lágrimas
com as mãos, tentando se fazer de forte.
SS: Estou sim. Cath, prometa
que não vai dizer a ninguém o que aconteceu aqui.
CW: Não se preocupe, mas não
quero que você sofra. Sei que o ama, mas não devia sentir tanto assim. Acho que
o Grissom não está preparado para receber um amor tão verdadeiro quanto o seu. O melhor que você tem a fazer é
seguir em frente e deixar que o tempo resolva tudo.
SS: Tudo vai se resolver.
Catherine percebeu que Sara
tremia de nervoso. Ela queria explodir e chorar, mas não iria fazê-lo na frente
de ninguém.
SS: Quero ir pra casa.
Depois que Sara foi embora,
Catherine ficou com o coração apertado, sentindo muita pena da amiga. Precisava
fazer algo por ela, ainda que Sara não quisesse. No caminho para casa, a perita
olhava para o nada, deixando as lágrimas rolarem. Cada gota que escorria seu coração
doía, como se dissesse: “não agüento mais sofrer!” Ao chegar em casa, Sara levou
um susto: Hank a esperava na calçada, lindo como sempre. E mais essa?!
SS: Kendra, será que poderia me
esperar em casa?
KM: Claro! Com licença.
Depois que a enfermeira
entrou...
SS: Hank?
HP: Oi, Sara.
SS: O que faz aqui? Há quanto
tempo, não é?
HP: Sei que estou em falta com
você, nem no hospital eu fui para visitá-la...
SS: Poderia ter pelo menos
mandado um recado, ligado... Senti sua falta...
HP: Não pude. Quer dizer...
Olha, Sara, tem algo que você precisa saber.
SS: Pode dizer, eu vou
entender... – e sorriu de uma maneira franca.
HP: Eu tenho alguém na minha
vida. Uma namorada de longa data.
Sara olhou para o paramédico
quase sem querer acreditar.
HP: Eu... Eu sinto muito.
Jamais tive a intenção de usá-la, nem me divertir às suas custas.
SS: Porque então você se
envolveu comigo, Hank?
HP: Você é linda, Sara.
Cheirosa, inteligente, faz um sexo delicioso...
SS: Mas não sirvo para ser sua
namorada. Aliás, namorada de ninguém!
HP: Porque está dizendo isso?
SS: É claro, sou apenas um
estepe para os homens confusos emocionalmente e totalmente fracos de caráter.
HP: Sara...
SS: Você esperou me ver numa
cadeira de rodas, inválida, fragilizada emocionalmente para vir me dizer que
tem uma pessoa e que fui apenas seu passatempo?! – ela chorava de raiva.
HP: Eu não estava mais tão
ligado na Cindy, mas aconteceu uma coisa que me fez voltar pra ela...
SS: O que, por exemplo?
HP: Ela está grávida.
SS: Grávida?
HP: É, fiquei sabendo essa
semana. Sinto muito!
SS: Não sinta. Não estou
sentindo nada! Nada!
HP: Espero que me perdoe por
isso.
SS: Vá embora, Hank, por
favor...
O loiro entrou no carro e
partiu, deixando Sara desolada com mais uma decepção. Naquele momento, ela jurou
a si mesma que jamais tornaria a chorar por homem algum. Trataria de se cuidar,
de voltar a andar, e só depois pensaria no que fazer. Quem sabe uma vida fora
de Vegas, longe de Grissom e Hank, que tanto machucaram seu coração? Enquanto
isso, nos domínios de Lady Heather, Grissom descarregava suas frustrações com
relação à Sara fazendo sexo com a ruiva. Não havia nenhum sentimento por parte
dele (nem dela, já que o que ela sentia por ele era apenas atração física).
Sentimento dele, só para Sara, seu coração pertencia à ela. Mas naquele momento, enquanto
fazia movimentos intensos de vai e vem dentro de Heather, parecia haver se
esquecido que a mulher que ele amava estava sozinha, numa cadeira de rodas,
extremamente triste, sentindo-se sem forças até mesmo para continuar amando
Grissom, o único e grande amor que teve na vida. Naquela noite, Sara chorou
muito, e dormiu depois de muito tempo. No turno seguinte, no lab...
CW: Preciso falar com você,
Grissom.
GG: Catherine, não sei se você
percebeu, mas temos muito trabalho a fazer.
CW: Só queria te dizer que você
perdeu Sara de vez ao fazer o que fez ontem.
GG: E o que eu fiz ontem?
CW: Heather não lhe diz nada?
GG: Ah, isso... É assunto meu,
Catherine.
CW: Só estou dizendo isso
porque Sara e eu vimos, e a coitada ficou arrasada. Como se não tivesse tantos
problemas, como se não estivesse se sentindo infeliz entrevada numa cadeira de
rodas, ainda precisa ver o homem que ama nos braços de outra mulher.
GG: Não quero falar disso, já
disse! Vá fazer o seu trabalho!
CW: Só espero que depois não vá
procurar Sara dizendo que a ama...
Catherine saiu, aborrecida.
Estava indignada com o que o amigo de longa data fizera, ainda mais sabendo que
havia uma mulher que o amava e pela qual ele também era apaixonado. Mas com esse
jeito fechado e distante que Grissom tinha, ficava complicada uma aproximação. Depois que a loira
saiu da sala, ele ficou pensando no que fizera na noite anterior, no que fizera
com o amor que sentia por Sara, a única mulher a quem amara na vida. Como ele,
sendo um homem vivido e experiente, podia dar por certo o amor de uma mulher?
Ela poderia muito bem se cansar de suas indecisões, seus medos, suas
inseguranças e partir pra outra... Grissom deveria saber que nada é para
sempre, nem a vida, nem mesmo o amor, pois até mesmo o amor se cansa de
perdoar. No entanto, um chamado o despertara de seus pensamentos. Era Nick, que
estava na porta da sala.
NS: Grissom?
GG: Ãh? O que foi, Nick?
NS: A gente descobriu uma coisa
e gostaria que você viesse.
GG: Já estou indo.
A equipe estava reunida na sala
de evidências quando Grissom entrou.
CW: Dê uma olhada no que
Warrick e Nick encontraram.
Grissom olhou para a mesa e viu
que era uma foto de... Sara.
GG: Onde essa foto estava?
WB: Encontramos na casa do
Carl. E também tinha esse papel, com um endereço escrito.
Com um lenço, o supervisor
segurou o papel.
GG: Esse endereço é da casa de
Sara!
CW: Também estou achando isso
tudo muito estranho. Primeiro, Sara é baleada por um sujeito que estava na
casa, depois esse cara aparece morto, agora foto e endereço dela aparecem na
casa dele...
NS: Será que ela seria um alvo
em potencial?
CW: Alvo de quê?
WB: Sei lá, alguém que quisesse
tirar Sara de alguma investigação, tudo é possível, não podemos descartar nada.
CW: E você, Gil, não diz nada?
GG: Por enquanto são apenas raciocínios
sem algum nexo...
NS: Mas não faz nenhum sentido
a foto e o endereço de Sara estarem nessa casa.
GG: A
realidade é mais estranha do que a ficção, porque a ficção precisa fazer
sentido. O sentido nem sempre é o “porquê”, e sim o “como”.
NS: Pronto, me confundi ainda mais.
GG: O sentido não está no captar, e sim no
absorver. Lentamente as peças vão se encaixando, mas ainda preciso de mais
algumas evidências, que como todos sabem, não mentem.
CW: Acha que Sara corre perigo?
GG: Precisamos encontrar uma conexão entre essas
evidências.
NS: Mas precisamos ser rápidos. Se Sara
realmente estiver correndo perigo, pode acontecer algo.
CW: Não vamos deixar que nada aconteça a
ela.
Em casa, Sara estava na cadeira
de rodas, assistindo tv na sala. Kendra estava sentada na sala quando seu
celular tocou. Olhou o identificador e pediu licença para atender. Sara
continuou assistindo a TV, e alguns minutos depois, a enfermeira voltou.
SS: Puxa, você demorou!
KM: Ãh, era um amigo.
Dois minutos depois, a
campainha tocou.
KM: Posso ver que é?
SS: Sim, por favor.
A enfermeira abriu a porta e um
homem bem vestido olhou para ela.
##: Gostaria de falar com a
senhorita Sidle.
SS: Sou eu! – disse Sara, no
fundo da sala.
O homem foi entrando, olhando
bem para a perita.
SS: Eu não te conheço, como
você vai entrando assim na minha casa?!
Ele sorriu, com um brilho
maldoso nos olhos.
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