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Eu não estou pronto para te perder - cap. 4


KM: Estou exausta!
SS: Eu também.
KM: A senhorita via precisar que adaptem a casa pra você, pelo menos instalando certos equipamentos necessários à sua locomoção e que facilitem um pouco mais a sua vida.
SS: Que vida? Isto não é vida! É estar numa prisão! 
KM: Fique calma, senhorita! Você não deve ficar estressada.
SS: Como eu vou ficar calma, Kendra?! Eu não tenho mais minhas pernas para andar, estou dependendo de outra pessoa pra tudo, até para me vestir! Eu sempre fui independente, agora estou presa a essa maldita cadeira de rodas!

Sara deu um murro no braço da cadeira. A enfermeira ficou assustada com a reação da patroa, mas não se atreveu a dizer nada. A campainha tocou naquele momento. Sem dizer nada, Kendra sentiu um alívio, porque, indo atender a porta, não ouviria a patroa resmungar tanto.

KM: Ãh, vou atender a porta. Você vai ficar bem?
SS: Pior não posso ficar. Mas não é culpa sua o meu mau humor.
KM: Eu sei disso. Com licença.

Kendra saiu do quarto, deixando uma Sara muito mal-humorada sentada na cama, com os travesseiros apoiando as costas. Ao abrir a porta, deu de cara com Grissom, com vários pacotes nas mãos.

KM: O senhor de volta?
GG: Eu não disse que não voltaria hoje. Além do mais, tenho livre acesso à casa. Com licença – e entrou na casa – Onde está Sara?
KM: No quarto, ela estava cansada.
GG: Deveria ter me chamado. Você, como mulher, não vai agüentar ficar carregando Sara a toda hora.
KM: Ela não quis que eu chamasse ninguém.

“Teimosa como sempre”, pensou Grissom. Ele subiu e encontrou uma Sara com uma cara meio emburrada na cama.

GG: Como você está?
SS: Como acha que eu estou?
GG: Não torne as coisas mais difíceis, Sara. Quero ajudá-la.
SS: E porque isso, Grissom? Consciência pesada? Está tentando me conquistar sendo solidário?
GG: Do que você está falando?

Sara deu um longo suspiro, encarando o homem que amava com seriedade. Uma lágrima marota escorreu e Grissom pôde ver quanto amor havia nos olhos de Sara, ainda que ela jamais tivesse dito uma só palavra a respeito.

SS: Não, nada. Esqueça...
GG: Eu quero saber...
SS: Eu sempre te amei, mas você nunca me olhou como eu olho pra você. Acho que nunca fui mulher pra você, como Teri Miller ou Lady Heather.

Grissom olhava para ela sem dizer nada. Deu um sorriso tímido, mas de satisfação por saber que era amado por uma mulher tão incrível feito Sara.

SS: Mas o que eu estou dizendo? – disse, secando rapidamente as lágrimas com as mãos.
GG: Eu adorei ouvir isso de você. E preciso te dizer que... Sinto a mesma coisa por você.

Sara levantou a sobrancelha, desconfiada.

SS: O que você sente por mim?
GG: Sara, é difícil para um homem como eu abrir o coração para uma mulher, ainda mais sendo essa mulher tão especial. Mas estando aqui, de frente pra você, quero que você saiba que finalmente escutei o que meu coração sempre soube, menos eu: que eu te amo!
SS: Então de repente você se apaixonou por mim, como num passe de mágica? – ironizou a perita.
GG: Você não acredita no meu amor?
SS: Não acredito em conveniências. Penso que você tem algum motivo pra vir me falar de amor. Nunca me demonstrou nada, nunca me deu algum sinal de que eu podia me aproximar de você... Agora que eu estou inválida, presa numa cadeira de rodas, você vem me dizer que me ama?
GG: Eu entendo que esteja amargurada por estar nessa situação, mas não feche seu coração. Pelo menos não para mim.
SS: O único homem que eu amei na vida foi você. Mas sei que somos muito diferentes, penso que jamais poderíamos dar certo.
GG: E quem é o homem certo pra você? O Hank?
SS: E porque não?
GG: Ele certamente não é.
SS: E porque não?
GG: Porque não.
SS: Oras, Gilbert Grissom, me dê um motivo...
GG: Você vai ver com seus próprios olhos, não vai adiantar eu dizer isso ou aquilo dele.
SS: E que pacotes são esses?
GG: Trouxe algumas coisas que você vai precisar. Aqui tem umas fitas para amarrar na cama, auxiliando-a no que precisar, como sentar-se e também nas fisioterapias, que sei que você terá de fazer para não atrofiar as pernas.
SS: Quanta coisa! – bufou – Tem certeza de que isso é necessário?
GG: Isso e muito mais!
SS: Como é?!
GG: Oras, honey, vamos ter de fazer uma reforma na sua casa. Ela precisa ser adaptada à sua situação atual.
SS: Então você acha que eu vou ficar assim para sempre, não é? Pode dizer!
GG: Eu não quero que você fique assim para sempre, mas a casa precisa ficar adequada para que você tenha os menores problemas possíveis.
SS: Eu já disse que não quero piedade de ninguém! Não preciso disso!
GG: Não é piedade, é amor!

Sara abaixou a cabeça, fazendo os cabelos caírem, escondendo as lágrimas que começaram a cair. Grissom ficou observando-a de pé, até que escutou os soluços dela e abaixou para olhar nos olhos dela.

GG: Ei... – ele tocou o rosto dela.
SS: Vá embora, Griss, por favor...
GG: Mas por que?
SS: Porque se ficar, vou amar você mais do que eu devo. E meu coração está ferido demais, estou machucada!
GG: Mas eu te amo, Sara...
SS: Vá embora, Griss...

Grissom sabia o quanto Sara estava sofrendo, com tudo o que estava acontecendo na vida dela e respeitou a decisão dela. Mas não desistiria de fazê-la entender que ele a amava de verdade. Assim que ele saiu do quarto, permitiu-se chorar intensamente, e acabou se lembrando das noites de amor que tivera com ele antes de Vegas, e que pertencia só aos dois, mas, segundo seus pensamentos, mais a ela do que a Grissm. Esticou o braço e pegou um radinho que estava no criado-mudo. Numa estação de rádio, uma música começou a tocar e trouxe de volta toda a história dos dois em São Francisco.

“Eu sei muito bem como sussurrar
E sei exatamente como chorar
Sei bem onde encontrar as respostas
E sei muito bem como mentir
Eu sei bem como fingir
E sei como fazer meus esquemas
Eu sei a hora de encarar a verdade
E sei muito bem quando sonhar
E sei exatamente onde te tocar
E sei o que provar
Sei quando devo puxar você para perto de mim
E sei quando deixar você sozinha
E eu sei que a noite está acabando
E eu sei que o tempo vai voar
E eu jamais te direi
Tudo que tenho para te dizer
Mas eu sei que tenho que tentar
E eu conheço a estrada da riqueza
E conheço os caminhos da dor
Eu conheço todas as regras
E também sei como quebrá-las
E eu sempre sei o nome do jogo
Mas eu não sei como te deixar
E jamais te deixarei cair
E não sei como você consegue
Fazer amor em troca de nada
Toda vez que te vejo, todos os raios do sol
Estão passando pelas ondas de seus cabelos
E toda estrela no céu está
Mirando teus olhos como um holofote
As batidas do meu coração é como um tambor
Que está perdido, mas procura um ritmo como você
Você pode tirar a escuridão
Das profundezas da noite
E transformá-la numa luz que brilha infinitamente
Eu tenho que seguir, pois tudo que sei
Bem, não é nada até eu ter dado a você
Eu posso fazer você correr e tropeçar
Posso decidir o tempo final
Eu posso resolver qualquer coisa
Apenas com o som de um assobio
Eu consigo fazer todos os estádios vibrarem
Posso fazer uma noite durar para sempre
Ou posso fazê-la desaparecer ao amanhecer
Eu posso fazer todas as promessas
Que já foram feitas
E posso fazer desaparecer todos seus temores
Mas nunca vou conseguir sem você
Você realmente quer me ver rastejar?
E jamais vou conseguir como você consegue
Fazer amor em troca de nada...”

Com lágrimas de amor que escorriam pelo rosto, Sara adormeceu, sentindo o coração bater mais forte, chamando por Grissom. Ao chegar no lab, Grissom deu de cara com uma Catherine muito curiosa.

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