Mas janeiro estava sendo, com o passar dos dias,
um inferno astral para os peritos da criminalística. A imprensa estava em cima,
querendo repostas para o desaparecimento de Sara.
##¹: Vocês não têm nenhuma pista do paradeiro da
perita Sara Sidle?
##²: Vão deixar o caso cair no esquecimento?
Brass chegou ao lab cercado por jornalistas, mas
não deu nenhuma declaração.
GG: O que foi, Brass?
JB: Jornalistas carnívoros! Estão querendo
respostas para o desaparecimento de Sara.
GG: É o que eu quero também. Não sei mais o que
pensar...
NS: O pior é não deu em nada o rastreamento do
telefone, e os bandidos não fizeram mais contato.
WB: Pelo tempo de cativeiro, é bem possível que
Sara fique com algum dano psicológico.
CW: Ela vai precisar, e muito, de você, Gil. Muito
mais do que você imagina.
GG: Vou encontrá-la. De algum jeito sei que vou.
Os meses foram passando e a vida no lab ia
voltando ao normal. Grissom estava mais resignado, o que não significava estar
sofrendo menos. O olhar sempre triste dera lugar a um olhar sisudo, sério e
compenetrado. Estava cada vez mais mergulhado no trabalho, e cada caso de
seqüestro mexia muito com ele. Por fora ele estava recomposto, mas por dentro
estava completamente sem chão. A mulher que amava estava sabe-se
lá onde e ele não tinha qualquer pista dela. Estava em casa no dia de folga,
cuidando dos insetos de estimação. A campainha tocou. “Ué, não estou esperando
ninguém...”, pensou. Grissom abriu a porta e ficou surpreso:
TM: Grissom?
GG: Teri Miller! O que você ... faz aqui?
TM: Sei que anda triste por causa de Sara, vim te
fazer uma visita. Não
me convida pra entrar?
GG: Oh sim, queira entrar.
TM: Depois que fui embora do lab, soube que você e
Heather se envolveram.
GG: Não, não me envolvi com ela...
TM: Não sentimentalmente. Pelo que sei, a única
mulher pela qual você mostrou algum sentimento foi Sara Sidle.
GG: Porque tocar nesse assunto?
TM: Queria saber se realmente você a amava.
GG: Sabe que sim. Sara é a única na minha vida.
TM: Bom, mas ela não está aqui...
Teri foi se aproximando, e Grissom percebeu as
intenções da loira, se esquivando.
TM: Qual é, não vou mordê-lo!
GG: Não estou pensando que você seja capaz disso.
Mas não quero que faça isso.
TM: Isso o que?
“Grissom!” O supervisor ficou gelado. Teri Miller
se assustou ao vê-lo daquela maneira.
TM: O que foi, Grissom?
GG: Você não ouviu nada? Alguém me chamou!
TM: Não, não ouvi nada. Veja se tem alguém lá
fora.
Grissom olhou pela janela e não viu nada.
GG: Não tem ninguém lá fora.
TM: Estranho...
GG: Por favor, Teri, preciso ficar sozinho.
TM: Tem certeza?
GG: Sim.
Assim que ela saiu, Grissom sentiu o coração bater
tão rápido que pensou que fosse senti-lo na garganta. “Tome cuidado, Grissom”. Mais uma vez, a voz, por alguma razão conhecida
por ele, o deixou sobressaltado. O que estava acontecendo? O que aquela voz
queria lhe dizer? Sem entender nada, Grissom foi para o quarto e acabou
adormecendo. “Estou aqui, Griss...” No turno seguinte, no lab, ele teve uma surpresa:
Teri estava por lá (a contragosto de Catherine, que não ia muito com a cara
dela).
GG: Você por aqui?
TM: Vim ajudar nas investigações.
Grissom levantou a sobrancelha: por que aquilo
agora?
GG: Já tem bastante gente ajudando, Teri. Mas
obrigado pela intenção.
Ele seguiu para sua sala, e logo em seguida
Catherine foi até lá.
CW: Me diga uma coisa: o que está havendo entre
você e Teri? Por acaso
retomaram o caso?
GG: Porque está me perguntando isso, Catherine?
Qual o seu interesse na minha vida particular?
CW: Nenhum. Só estou vendo que pelo visto, a fila
está andando.
GG: Não entendi.
CW: A Teri me parece disposta a reconquistá-lo.
GG: Mesmo se estivesse, não quero me envolver com
ninguém. Meu único
objetivo é encontrar Sara, viva ou morta. Devo isso ao nosso amor.
CW: Ok, você é quem sabe. Mas saiba que, se quiser
reconstruir sua vida, tem todo o meu apoio.
GG: Vem cá, porque você insiste em pensar que eu
perdi Sara?
CW: Não estou entendendo...
GG: Noto que você dá um jeito de fazer com que eu
pense que ela morreu ou simplesmente foi embora. Até eu encontrar um corpo, não
vou desistir de encontrá-la viva, Catherine.
CW: Mas não disse nada contra. Só acho que você
deveria pensar na possibilidade de Sara não estar mais viva.
GG: Muitos casos que foram considerados
inconclusivos tiveram solução muito tempo depois, e pessoas que estavam
desaparecidas há muito foram localizadas muito bem.
CW: Você está se utilizando do seu amor por Sara
para acreditar nisso, Grissom.
GG: Eu quero acreditar nisso, Catherine. Não sei o
que seria de mim se eu perdesse Sara.
CW: Eu espero que você esteja certo.
Início do dia e Grissom estava em casa,
descansando. Depois de uma noite estafante e um sono longo, tomou um banho
quente pra relaxar e sentou-se no sofá, tendo a companhia de seu velho
companheiro Hank. Era com ele que desabafava, abria seu coração, chorava as
saudades de Sara... Tudo estava silencioso até que o celular tocou, quebrando o
clima meio fúnebre.
GG: Grissom.
##: Senhor Grissom?
GG: Quem fala.
##: Quero fazer uma denúncia anônima. Sei onde está
a perita Sara Sidle.
GG: Como é?!
##: Vi quando a trouxeram para perto de onde
estou. Se quiser, venha aqui conferir.
GG: Por favor, quero saber se não se passa de um
trote.
##: Eu escutei quando ela gritou chamando pelo seu
nome, senhor Grissom.
O supervisor sobressaltou-se ao ouvir aquilo.
Então a amada estava sofrendo nas mãos dos bandidos, e não o esquecera no
momento tão crucial.
GG: Queira me passar o endereço, por favor. Certo,
sei onde fica.
De posse com o endereço nas mãos, não pensou duas
vezes, pegou o carro e seguiu rumo ao lugar indicado pelo anônimo. Não se
esqueceu de levar a arma consigo. A estrada era de chão, e ficava bem afastado
do centro de Vegas, praticamente na divisa da cidade. Parou o carro perto da casa onde o anônimo
dissera ter visto Sara. O
lugar parecia uma cidade fantasma, absolutamente deserto. De arma na mão, chegou até a casa, que estava
fechada. Deu a volta por trás e encontrou um quintal, repleto de terra e
madeira, como se o local em estivesse em obras. Até que algo lhe chamou a
atenção e que fez as pernas bambearem: uma foto de Sara em uma cruz de madeira.
Olhou para baixo e sentiu um volume a mais no exato local. Trêmulo e sem querer
acreditar no que estava vendo, Grissom começou a cavar a terra com as mãos na
esperança de não encontrar nada. Viu uma pá encostada na parede e a pegou. Foi cavando até bater em algo. Ao revirar a terra,
encontrou ossos. O coração estava na
boca, e o desespero veio quando viu, mesmo no meio de tanta terra, o nome
“Sidle” na jaqueta preta. Naquele exato momento, seus sonhos de uma vida de
amor e felicidade ao lado de Sara e do filho que ela esperava foram por terra
abaixo. Literalmente. E agora, como seria sua vida sem ela? Sem vergonha nenhuma de mostrar sua dor, Grissom
caiu em prantos, ajoelhado perante aos restos mortais da mulher, da única
mulher que amara em toda a sua vida. O celular tocou. Era Catherine.
CW: Onde você está, Gil? O Brass está te
procurando, seu celular só dava caixa postal...
Ainda tentando digerir o que acabara de ver,
Grissom, com a voz embargada, atendeu ao chamado:
GG: Chame Brass e venham pra cá, por favor.
CW: E onde você está? Eu não sou adivinha!
Grissom passou o endereço.
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