Na volta para casa, extremamente cansado, Grissom
olhava para o trânsito com cuidado, estava quase adormecendo e precisava
manter-se acordado. Ao olhar para o outro lado da rua, viu uma mulher andando,
a qual podia jurar que fosse... Sara! Parou o carro e gritou:
GG: Sara! Sara!
Saiu feito um louco para confirmar que não estava
louco. Ele conhecia
cada detalhe daquela mulher, só podia ser ela. Mas não adiantou todo o esforço:
a mulher desapareceu no meio dos arbustos das casas! Não, não estava ficando
louco! O celular tocou e era Catherine.
CW: Como está, melhorou o astral?
GG: Eu vi, Catherine, tenho certeza de que é
verdade!
CW: Viu o que ou quem?
GG: Sara!
CW: Você a encontrou?
GG: Passou por mim aqui na rua, mas quando fui
atrás dela, havia sumido. Era ela, Catherine, era ela!
CW: Ei, calma aí, então porque ela não iria falar
com você?
GG: Deve ter perdido a memória, alguma coisa
assim. Mas era Sara, e estava tão bonita...
Catherine não estava entendendo nada, achava que o
chefe e amigo estava ficando perturbado da cabeça, de tanta saudade que tinha
da namorada, então não o contestou. Em casa, Grissom não agüentou. Já que estava
sozinho, ninguém ouviria seu pranto desolado. Sentia tanta falta de Sara!
Precisava tanto dela... Como se sentia só sem ela por perto... Sentou-se na beirada da cama e, segurando uma fotografia
dela, chorou até não ter mais forças. Soluçava sem consolo nenhum. Estava só,
sem saber se a única mulher que amou na vida ainda estava viva, se a mulher que
vira na rua não fora apenas a visão do desespero de seu coração, ansiando por
ela. Adormeceu e acabou sonhando com sua mãe, já falecida e velhinha, que lhe
abraçou ternamente e disse:
“Meu filho, pra tudo há uma razão de ser. Está tudo chegando ao fim. Seja
forte, meu querido! Mamãe te ama e sempre estará com você nas batalhas da vida”. Foi apenas um sonho, mas foi o suficiente para que
Grissom sentisse seu coração mais leve. O amor de sua mãe e o que sentia por
Sara o manteria de pé para enfrentar o que estava por vir. No turno seguinte,
Grissom estava em sua sala enquanto a equipe estava na sala de convivência,
comentando sobre o novo caso em andamento.
NS: Eu sabia que o cara tinha alguma coisa a ver,
ele tinha um seguro feito em nome da esposa em caso de morte dela. Com isso ele
receberia uma bolada, nada menos do que 30 milhões de dólares!
GS: Uma bela grana. Eu faria um bom uso dela!
WB: Ei cara, se liga!
CW: O Gil está indo de mal a pior, vocês não
acham?
WB: Foi o que eu te falei, ele está curtindo a dor
dele. Melhor deixá-lo no canto dele.
CW: Não me conformo! Como a gente vê nosso chefe e
amigo assim e não fazemos nada?!
NS: Por que você insiste nisso, Cath?
CW: Acho que já era hora de ele virar a página.
Não acredito mais em encontrarmos Sara com vida.
WB: Mas também não temos um corpo, por isso eu
acho que o caso não está fechado. Não podemos desistir de encontrá-la.
NS: Concordo com você, Warrick! O que me deixa
louco nisso tudo é a falta de qualquer pista, por menor que seja. Caramba, será
que todo mundo nessa cidade é tão cego a ponto de não ver uma mulher que foi
seqüestrada?
GS: Acredita mesmo em seqüestro? Não tivemos
nenhum contato de quem possa estar com Sara...
NS: Eu acredito que sim, Sara foi seqüestrada e
está em algum canto por aí. Viva!
Só que os dias foram passando e nenhuma pista de
Sara. Se ela estava nas mãos de criminosos, eles continuavam em silêncio, o que
angustiava a todos. O natal chegou e Grissom estava se sentindo o homem mais
infeliz do mundo. Pra compensar a solidão da casa, mergulhou no trabalho,
permanecendo no lab por dois dias seguidos. Após o natal, a equipe se reuniu
novamente, e todos prometeram trabalhar na virada do ano. E no dia 31, faltando
poucos minutos para a meia-noite, Grissom recebeu uma ligação no mínimo
suspeita:
GG: Grissom.
##: Boa noite, senhor Grissom.
GG: Quem fala?
##: Alguém que tem o que você quer...
GG: Não estou entendendo, dá pra ser mais
específico?
##: Conhece alguma mulher chamada Sara Sidle?
O coração do supervisor quase pulou na boca. Depois
de muitas semanas de falta de notícias, enfim alguma pista de Sara.
GG: O que você quer?
##: Só pra dizer que estamos com sua mulher. Em
breve você receberá uma prova de que ela está viva.
GG: Seu canalha, se eu te pegar...
##: Você não vai fazer nada! Estamos com ela aqui,
e qualquer passo em falso pode significar a morte dela. Acho que seria bom se
você escutasse o que temos a dizer.
Grissom respirou fundo e depois falou:
GG: Ok, o que você quer?
##: Eu entrarei em contato novamente. Tenha um
feliz ano novo!
GG: Espere! Deixe-me ouvir a voz de Sara pelo
menos!
Tu tu tu...- o sujeito desligara o telefone. Deu meia-noite e os fogos eram ouvidos por todo o lab,
onde havia poucas pessoas, já que a maioria absoluta estava em ceia familiar. A equipe foi até a sala do
supervisor cumprimentá-lo.
CW: Feliz ano novo, Gil!
GG: Sinto dizer, Catherine, mas não tenho o que
comemorar. Se
quiserem ir embora, fiquem à vontade.
NS: De qualquer forma, espero que no ano novo você
tenha uma sorte melhor.
GG: Recebi uma ligação de alguém que diz estar com
Sara.
Todos: Como é?!
CW: Como foi isso, Gil?
GG: Me ligou agora há pouco me dizendo que estava
com Sara. E ainda me disse
que tornaria a me ligar dando provas de que ela está viva. Mas quando fui pedir pra ouvir a voz dela, ele
desligou.
NS: Então temos uma chance!
CW: Como?
NS: Vamos pedir para o Archie rastrear o
telefonema e avisar o Brass.
CW: Como, se ele está de folga?
WB: Eu posso fazer isso. Sei mexer com áudio e
nesses aparelhos de rastreamento.
GG: Ótimo!
Foram todos para a sala de Archie. Warrick fez a
ligação do celular com o aparelho e começou a fazer o rastreamento.
WB: Só temos um problema aqui.
GG: Que problema?
WB: A ligação veio de um telefone público. Vai ser
difícil localizar a pessoa.
NS: Mas podemos rastrear pessoalmente o local em
um raio de alguns quilômetros. Pode ser que até encontremos impressões digitais
no aparelho.
CW: Tudo bem que é uma ótima chance, mas penso que
deveríamos descansar senão não conseguiremos raciocinar durante as
investigações.
NS: É, eu tô a fim de ir pra casa.
GG: Podem ir se quiser.
CW: Gil, você é o que mais precisa descansar. Está
muito abatido e visivelmente magro. Por que não vai dormir?
GG: Eu durmo na minha sala mesmo. Quero estar bem
cedo quando o Brass aparecer por aqui cedo. Vão!
WB: Eu vou nessa também, estou parecendo zumbi!
Boa noite a todos!
Depois que a equipe foi embora, Grissom foi para
sua sala e deitou-se no sofá. Tirou os sapatos com os pés mesmo e adormeceu. Imediatamente
Sara aparecera, como um anjo que vinha consolar um coração despedaçado. E ela
estava tão bonita! Os cabelos soltos, o olhar apaixonado, a camisolinha de
renda branca que costumava usar nas muitas noites de amor... e o mesmo
sorrisinho de lado que dava quando ficava tímida...O que aquilo queria dizer? Por que,
inconscientemente, seus pensamentos foram de encontro a ela, se ela nem mesmo
sabia o que ele estava sofrendo? Grissom olhava para ela como se não a visse há
anos, e Sara o olhava com ternura e amor nos olhos. E quando ia tocá-la, uma
parede de vidro surgiu entre eles, deixando as mãos presas a ela, ansiosas de
querer tocar um no outro. Nenhuma palavra foi dita, mas lágrimas caíram dos
olhos de ambos. Sara fez a mesma expressão de dor e tristeza quando se
confrontara com Hannah mais uma vez, depois que disse a ela que seu irmão havia
cometido suicídio na prisão. Em seguida, ela foi se afastando e foi sumindo ao
longe. Grissom acordou assustado, suando frio e com o
coração acelerado. Mais uma tortura para aumentar seu sofrimento. Sara viera
até ele através do sonho, e estava tão bonita como sempre. Mas ele a queria
ali, ao lado dele, para abraçá-lo e dizer que estava tudo bem. Mas não estava nada bem. Onde sua
amada estaria? Se seu amor por ela foi capaz de trazê-la através dos sonhos,
não seria suficientemente grande para encontrá-la, mesmo que fosse sozinho? Era
o que decidira fazer, iria atrás de Sara nem que fosse a última coisa que faria
na vida.
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