JB: Eu disse que encontraram o carro, não ela.
NS: Céus!
CW: Terá sido seqüestro?
GG: Vamos até lá.
Grissom e a equipe foram até o local onde estava o
carro de Sara, um local mais afastado do centro de Vegas. Todos se aproximaram
do veículo, mas perceberam que estava vazio.
CW: Nenhum sinal de Sara.
GG: Recolham digitais.
NS: O carro está trancado. Provavelmente ela deve
ter saído pra dar uma volta por aí.
WB: Nesse fim de mundo, cara?
CW: Ei Gil, veja isso!
Grissom se aproximou de Catherine e olhou para o
chão.
CW: Veja, pegadas! Os pares menores parecem ser de
Sara, mas esses maiores indicam que algum homem esteve por aqui.
Grissom sentiu o sangue na veia congelar. O que
teria acontecido com sua mulher?
NS: Terá sido um seqüestro?
GG: Pelo que as pegadas nos mostram Nick, houve
luta corporal... Sara enfrentou alguém.
O coração de Grissom saltou pela boca ao imaginar
a amada enfrentando algum perigo.
NS: Acha que as digitais podem ser de mais alguém?
GG: Só a análise poderá dizer. Brass, alguma
testemunha, alguém que tenha visto Sara deixar o carro aqui?
JB: Nada, e como você pode ver, o lugar é
afastado, com pouco movimento. Quem seria maluco de vir até aqui à noite?
Grissom olhou para o amigo como se dissesse: “Sara
esteve, ela é maluca?”
JB: Me desculpe, Grissom, mas é o que parece.
GG: A cada hora que passa sem notícia de Sara temo
pelo pior. Não podemos
parar as buscas.
WB: E se fossemos até o apartamento dela?
CW: Já estive por lá, Warrick, está trancado.
GG: Eu tenho cópia da chave.
NS: Como você tem?
Grissom, Catherine e Warrick olharam embasbacados
para o texano, que em seguida entendeu o porquê.
NS: Foi mal, gente.
JB: Se não querem perder tempo, devemos ir ao
apartamento de Sara agora mesmo.
GG: Certo! Nick, volte para o lab e mande analisar
as digitais, ok?
NS: Pode deixar, Grissom!
Grissom e os demais seguiram para o apartamento da
perita. Era pequeno, mas
muito aconchegante, e ele sabia muito bem disso, cada canto do lugar tinha o
cheiro dos corpos dos dois e lembranças de transas inesquecíveis.
CW: Vamos procurar evidências em cada canto.
Catherine foi para o quarto, Warrick para o
banheiro e Grissom ficou na sala, perto da cozinha. Olhou para o carpete macio
e se lembrou da última transa dos dois ali. As pernas de Sara abertas, o
carrinho entrando na garagem apertadinha, o jato de leite quente dentro dela...
Pigarreou para não ficar pensando em besteiras durante a investigação. Warrick
retornou do banheiro desolado.
GG: Alguma coisa, Warrick?
WB: Nada. Nem sangue, nem sêmen, nada fora do
lugar, nada quebrado. Sara não esteve aqui, como Cath disse.
CW: Ei, o que é isso?- a voz de Catherine ecoou no
corredor.
Grissom e Warrick se voltaram para ela, que surgiu
na sala segurando uma peça íntima masculina.
CW: Eu vou procurar evidências no quarto de Sara e
encontro essa cueca samba- canção... Você poderia me dizer de quem é isto, Gil?
O supervisor sentiu seu rosto pegar fogo, ainda
mais com os olhares e expressões de riso de Warrick e Catherine. Era sua cueca,
esquecida num momento de paixão intensa.
CW: Belo gosto o seu hein, Gil? Cueca creme com
coraçõezinhos...
Warrick não resistiu e caiu na gargalhada,
chegando a chorar de tanto rir, só parando ao ver o olhar feio de Grissom para
ele.
GG: Isso não é da sua conta, Catherine! Eu pedi
que você procurasse evidências, não que mexesse nas roupas que estão no quarto
de Sara.
CW: Mas é algo no mínimo bizarro ver uma cueca
nesse estilo brega.
GG: Sara gosta. E vamos continuar a procurar
evidências, mas agora eu irei para o quarto.
Depois que ele saiu da sala, Warrick e Cath riram
e silêncio. Era uma cena que seria difícil ser esquecida. No quarto, Grissom sentiu Sara em cada pedaço;
tudo tinha o rosto dela, o gosto, o jeito dela... As fotos mostrando momentos
da vida dela, os livros de física e criminalística, até mesmo Moby Dick, o qual
dera a ela no último natal. A cama, impecavelmente arrumada, fora palco de
tantas noites (e dias e tardes também, não havia hora certa para fazer amor,
eles se amavam quando o desejo batia mais forte). Em um dos criados-mudos, uma
foto dele em um porta-retratos e dois envelopes. “Ainda por cima a Catherine não olha direito nas
coisas. Dois
envelopes e ela não viu!”. Grissom sentou-se na cama e leu algo que tinha a
letra de Sara. Parecia um poema. Era um
poema de Pablo Neruda, e gostava muito dele. Sara também admirava os poemas
dele, era mais um gosto que ambos compartilhavam.
“Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
te odeio sem fim, e odiando-te te rogo,
e a medida de meu amor viageiro
é não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo”.
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.
Te quero só porque a ti te quero,
te odeio sem fim, e odiando-te te rogo,
e a medida de meu amor viageiro
é não ver-te e amar-te como um cego.
Talvez consumirá a luz de janeiro,
seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.
Nesta história só eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo”.
Com um sorriso discreto no rosto, Grissom abriu o
outro envelope.
“Paciente: Sara Sidle.
Idade: 34 anos
Altura: 1,75
Peso: 56 kg
Resultado: Positivo
Idade gestacional: 5 semanas”
Idade gestacional? Isso significava que... Sara
estava grávida! Grissom pôs a mão na boca. Estava sem palavras.
Sara, grávida! Surpreso e ao mesmo tempo feliz, sentiu seu coração doer. Onde estaria sua amada? Precisava
tanto dela, agora mais do que nunca. Ela carregava um filho seu na barriga,
queria dizer a ela que estava sabendo. Naquele momento, Catherine entrou no
quarto.
CW: Você está chorando, Gil?
GG: Não, eu... Só senti falta dela, Catherine.
Onde ela está?
CW: Calma, nós vamos encontrá-la. Sara é uma
mulher muito inteligente, não vai deixar que nada de ruim aconteça a ela
mesma.
Discretamente Grissom guardou os envelopes no
bolso da calça. Catherine percebeu mas não comentou. Era coisa dele, não iria
meter a colher. E ele queria esperar Sara reaparecer para, juntos, revelarem
aos amigos do bebê. Warrick chegou na porta naquele momento.
CW: O que foi, Warrick?
WB: Recebi uma ligação do Nick, lá do lab.
GG: Quer ser mais específico? O que aconteceu?
WB: Encontraram os documentos de Sara.
CW: Onde, War?
WB: Parece que numa estrada de chão, longe daqui.
Mas nem sinal de Sara.
GG: Vamos para o lab agora.
No lab, a equipe se reuniu em busca de novas
informações sobre o paradeiro de Sara.
GG: Onde estão os documentos de Sara?
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