Meu
nome é Sara Sidle, mas atualmente sou a senhora Gil Grissom.
Grissom... Meu amor...
Amo-o com todo o meu coração. Na verdade, acho que o amei desde sempre. Ele foi, sem dúvidas, foi o único homem a quem amei verdadeiramente, a quem ofereci todo o meu amor, toda a minha esperança, toda a minha fé.
Sabe quando você olha nos olhos de alguém e vê neles tudo o que sempre sonhou encontrar em um homem? Aconteceu quando olhei os olhos azuis dele. Meu coração deu um pulo e eu tive a certeza de que nunca mais seria a mesma. E não fui. Vivi numa família de quatro pessoas: papai, mamãe, meu irmão e eu. Éramos felizes dentro da normalidade de uma típica família americana.
Felizes em termos, pois, conforme fui crescendo, presenciava cenas nada agradáveis entre meus pais. Brigas e muitos xingamentos eram constantes. Aquilo me deixava maluca, e ia me desestruturando emocionalmente.
Eu chorava às escondidas, não queria que ninguém soubesse o quanto estava me fazendo mal. Não queria que pensassem que eu era uma fraca. As brigas continuaram cada vez mais constantes até que o pior acabou acontecendo: minha mãe matou meu pai a facadas! E como dizem que quem convive com loucos acaba ficando louco também, acho que alguns dos meus medos vieram daí. Esses fantasmas me perseguiram até a idade adulta. Meu irmão e eu éramos tão crianças naquela época, e fomos levados, cada um para um orfanato diferente. Nunca mais nos encontramos. Cresci, estudei e fui para a faculdade, em Harvard. Como era uma pessoa só e que ralava pra ganhar algum tostão no final do mês, não tive vida social. No baile de formatura, tanto do ensino médio quanto da universidade, fui a contragosto. Mas pelo menos meu diploma eu tirei. E isso me deixou muito orgulhosa, apesar de não ter ninguém a quem o mostrar, ninguém que sentisse orgulho de mim, que me dissesse que eu havia feito a escolha certa. Mas as escolhas que fazemos na vida podem determinar como será o nosso futuro. Eu sempre fui boa em cálculos, talvez por isso mesmo cada passo que dei na vida foi meticulosamente calculado. Não queria surpresas desagradáveis. Porém, a vida costuma pensar de maneira diferente de nós. E ela iria me dar uma rasteira daquelas, mas pra melhor. Formei-me em Teorias Físicas na Universidade de Harvard, Cambridge, Massachussets, e, aparentemente, estava realizada. Mas me faltava alguma coisa.
Nunca falei abertamente com ninguém sobre o que vou contar a você, caro leitor. Sempre me senti uma pessoa solitária, desde que nasci. Era um vazio que existia em mim, não sei explicar. Talvez fosse uma carência escondida, já que meu irmão sempre teve mais atenção dos meus pais. Sempre fui o patinho feio, creio eu. Desengonçada e calada, sem amigos nem bichinhos de estimação.
Mas desenvolvi um meio para canalizar todas essas neuras: enfiei a cara nos estudos e consegui meu diploma. Pronto! Pelo menos, um emprego eu teria e não dependeria de ninguém. Assim que terminei a faculdade, voltei para São Francisco, onde ganhei meu título de mestre em Berkeley. Depois, comecei a trabalhar com o legista local. Lidar com cadáveres era uma experiência um tanto excitante, por assim dizer. Muitas vezes me peguei pensando que muitas vezes nós só tocávamos nas pessoas com luvas de látex. Grissom mesmo me disse isso depois que ficamos juntos. Minha vida era basicamente trabalhar e voltar para casa, sem vida social, e os poucos encontros que tive, o assunto era basicamente sobre trabalho. Em São Francisco, houve uma Conferência Forense, e me interessei bastante, já que tinha interesse em trabalhar nessa área.
Fiz minha inscrição e fui à universidade. Fui pelo desejo de, quem sabe, um dia trabalhar em alguma coisa criminalista, e... Encontrei o amor da minha vida!
Estava sentada, inquieta, observando as pessoas entrando e se acomodando em seus lugares. Quando aquele homem de cabelos grisalhos, óculos que o deixavam irresistivelmente intelectual e uma expressão séria no rosto adentrou-se no auditório, senti uma palpitação estranha no coração, como se ele estivesse me dizendo: é ele! Seu nome: Gilbert Grissom, entomologista e cientista forense. Já naquela época trabalhava na criminalística de Las Vegas. Não pude deixar de reparar cada gesto dele, sua maneira de falar e conduzir a palestra. Como ele era inteligente! Mas, como uma pessoa contida que sempre fui, preferi observá-lo de todas as maneiras, antes de me arriscar a qualquer coisa. Cada palavra que ele dizia penetrava em mim como uma flecha que atinge em cheio o peito. Os alunos começaram a fazer perguntas, até que eu resolvi “tirar minhas dúvidas” também. Não sei o que ele pensou de mim, mas a cada pergunta que eu fazia, Grissom me encarava, forçando o jogo olho-no-olho.
No final do primeiro dia, fui até ele cumprimentá-lo e parabenizar pela ótima palestra. Ele sorriu discretamente, como era seu jeito de ser. Nos despedimos e ele foi para a sala dos professores. Eu voltei para a república, e mais tarde saí para tomar um vento. O fim de tarde estava gostoso, o céu rosado, entre o fim da tarde e o início do anoitecer estava lindo. Àquela altura, eu estava mais despojada, cabelos soltos, um vestido florido e sandálias de tirinhas. E não posso deixar de mencionar que estava pensando no lindo palestrante.
Parecia enfeitiçada por aqueles olhos azuis, os cabelos que pediam uma massagem com as mãos e lábios que pareciam esperar por um beijo. Me virei e quem vi indo para o carro? Ele! Não pude resistir e fui até ele. Grissom acabou levando um susto com minha chegada de supetão, e acabamos os dois rindo da situação. E acabei ouvindo dele que eu ficava linda rindo, pois meus dentes separados eram um charme. Não sei se ele sentia a mesma atração que eu, mas eu o olhava querendo ganhar um beijo daqueles lábios. Mas, parecendo adivinhar meus pensamentos, ele disse que a palestra teria continuação, e que voltaria nos próximos dias. Nem preciso dizer que dormi nas nuvens naquela noite, não é? E no dia seguinte, eu via flores em tudo. A palestra foi muito mais interessante, e percebi que Grissom havia me posto em sua mira.
Ele praticamente fez a palestra como se eu fosse a única aluna presente. E não entendia quando eu ria baixinho, achando graça da cara de bobo dele.
Naquela noite, ele tardou a ir embora. Eu estava olhando o campus da janela do meu quarto, quando eu o vi parecendo procurar algo. Quando me viu, sorriu e fez um sinal para que eu descesse. O que eu fiz com a velocidade de um raio. Ele disse que queria conversar comigo, e fomos caminhando pelo gramado verde e macio na universidade.
Grissom... Meu amor...
Amo-o com todo o meu coração. Na verdade, acho que o amei desde sempre. Ele foi, sem dúvidas, foi o único homem a quem amei verdadeiramente, a quem ofereci todo o meu amor, toda a minha esperança, toda a minha fé.
Sabe quando você olha nos olhos de alguém e vê neles tudo o que sempre sonhou encontrar em um homem? Aconteceu quando olhei os olhos azuis dele. Meu coração deu um pulo e eu tive a certeza de que nunca mais seria a mesma. E não fui. Vivi numa família de quatro pessoas: papai, mamãe, meu irmão e eu. Éramos felizes dentro da normalidade de uma típica família americana.
Felizes em termos, pois, conforme fui crescendo, presenciava cenas nada agradáveis entre meus pais. Brigas e muitos xingamentos eram constantes. Aquilo me deixava maluca, e ia me desestruturando emocionalmente.
Eu chorava às escondidas, não queria que ninguém soubesse o quanto estava me fazendo mal. Não queria que pensassem que eu era uma fraca. As brigas continuaram cada vez mais constantes até que o pior acabou acontecendo: minha mãe matou meu pai a facadas! E como dizem que quem convive com loucos acaba ficando louco também, acho que alguns dos meus medos vieram daí. Esses fantasmas me perseguiram até a idade adulta. Meu irmão e eu éramos tão crianças naquela época, e fomos levados, cada um para um orfanato diferente. Nunca mais nos encontramos. Cresci, estudei e fui para a faculdade, em Harvard. Como era uma pessoa só e que ralava pra ganhar algum tostão no final do mês, não tive vida social. No baile de formatura, tanto do ensino médio quanto da universidade, fui a contragosto. Mas pelo menos meu diploma eu tirei. E isso me deixou muito orgulhosa, apesar de não ter ninguém a quem o mostrar, ninguém que sentisse orgulho de mim, que me dissesse que eu havia feito a escolha certa. Mas as escolhas que fazemos na vida podem determinar como será o nosso futuro. Eu sempre fui boa em cálculos, talvez por isso mesmo cada passo que dei na vida foi meticulosamente calculado. Não queria surpresas desagradáveis. Porém, a vida costuma pensar de maneira diferente de nós. E ela iria me dar uma rasteira daquelas, mas pra melhor. Formei-me em Teorias Físicas na Universidade de Harvard, Cambridge, Massachussets, e, aparentemente, estava realizada. Mas me faltava alguma coisa.
Nunca falei abertamente com ninguém sobre o que vou contar a você, caro leitor. Sempre me senti uma pessoa solitária, desde que nasci. Era um vazio que existia em mim, não sei explicar. Talvez fosse uma carência escondida, já que meu irmão sempre teve mais atenção dos meus pais. Sempre fui o patinho feio, creio eu. Desengonçada e calada, sem amigos nem bichinhos de estimação.
Mas desenvolvi um meio para canalizar todas essas neuras: enfiei a cara nos estudos e consegui meu diploma. Pronto! Pelo menos, um emprego eu teria e não dependeria de ninguém. Assim que terminei a faculdade, voltei para São Francisco, onde ganhei meu título de mestre em Berkeley. Depois, comecei a trabalhar com o legista local. Lidar com cadáveres era uma experiência um tanto excitante, por assim dizer. Muitas vezes me peguei pensando que muitas vezes nós só tocávamos nas pessoas com luvas de látex. Grissom mesmo me disse isso depois que ficamos juntos. Minha vida era basicamente trabalhar e voltar para casa, sem vida social, e os poucos encontros que tive, o assunto era basicamente sobre trabalho. Em São Francisco, houve uma Conferência Forense, e me interessei bastante, já que tinha interesse em trabalhar nessa área.
Fiz minha inscrição e fui à universidade. Fui pelo desejo de, quem sabe, um dia trabalhar em alguma coisa criminalista, e... Encontrei o amor da minha vida!
Estava sentada, inquieta, observando as pessoas entrando e se acomodando em seus lugares. Quando aquele homem de cabelos grisalhos, óculos que o deixavam irresistivelmente intelectual e uma expressão séria no rosto adentrou-se no auditório, senti uma palpitação estranha no coração, como se ele estivesse me dizendo: é ele! Seu nome: Gilbert Grissom, entomologista e cientista forense. Já naquela época trabalhava na criminalística de Las Vegas. Não pude deixar de reparar cada gesto dele, sua maneira de falar e conduzir a palestra. Como ele era inteligente! Mas, como uma pessoa contida que sempre fui, preferi observá-lo de todas as maneiras, antes de me arriscar a qualquer coisa. Cada palavra que ele dizia penetrava em mim como uma flecha que atinge em cheio o peito. Os alunos começaram a fazer perguntas, até que eu resolvi “tirar minhas dúvidas” também. Não sei o que ele pensou de mim, mas a cada pergunta que eu fazia, Grissom me encarava, forçando o jogo olho-no-olho.
No final do primeiro dia, fui até ele cumprimentá-lo e parabenizar pela ótima palestra. Ele sorriu discretamente, como era seu jeito de ser. Nos despedimos e ele foi para a sala dos professores. Eu voltei para a república, e mais tarde saí para tomar um vento. O fim de tarde estava gostoso, o céu rosado, entre o fim da tarde e o início do anoitecer estava lindo. Àquela altura, eu estava mais despojada, cabelos soltos, um vestido florido e sandálias de tirinhas. E não posso deixar de mencionar que estava pensando no lindo palestrante.
Parecia enfeitiçada por aqueles olhos azuis, os cabelos que pediam uma massagem com as mãos e lábios que pareciam esperar por um beijo. Me virei e quem vi indo para o carro? Ele! Não pude resistir e fui até ele. Grissom acabou levando um susto com minha chegada de supetão, e acabamos os dois rindo da situação. E acabei ouvindo dele que eu ficava linda rindo, pois meus dentes separados eram um charme. Não sei se ele sentia a mesma atração que eu, mas eu o olhava querendo ganhar um beijo daqueles lábios. Mas, parecendo adivinhar meus pensamentos, ele disse que a palestra teria continuação, e que voltaria nos próximos dias. Nem preciso dizer que dormi nas nuvens naquela noite, não é? E no dia seguinte, eu via flores em tudo. A palestra foi muito mais interessante, e percebi que Grissom havia me posto em sua mira.
Ele praticamente fez a palestra como se eu fosse a única aluna presente. E não entendia quando eu ria baixinho, achando graça da cara de bobo dele.
Naquela noite, ele tardou a ir embora. Eu estava olhando o campus da janela do meu quarto, quando eu o vi parecendo procurar algo. Quando me viu, sorriu e fez um sinal para que eu descesse. O que eu fiz com a velocidade de um raio. Ele disse que queria conversar comigo, e fomos caminhando pelo gramado verde e macio na universidade.
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