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O segredo de Sara - cap. 6


EC: Sei...
SC: Bom, peço que preste mais atenção em Sara. Ela esconde algo que pode prejudicar o lab.
EC: Você sabe exatamente o que?
SC: Hum... Tenho uma suspeita. O resto é com você.

Sofia saiu da sala sorridente, deixando Ecklie com a pulga atrás da orelha. Se já não gostava nadinha de Sara, saber que a perita tinha algo a esconder fazia sua cabeça encher de idéias para que encontrasse motivos para enfim conseguir demiti-la. A partir daquele dia ele passou a observá-la mais, de longe, sem que ela percebesse. Sara e Grissom haviam se acertado, mas ele ainda não estava indo à casa dela, pois a perita queria preparar o terreno. Até que ele fez surpresa e foi até lá sem avisá-la. Sara estava no banho quando a campainha tocou. Certa de que não seria ninguém do lab, pois era bem cedo, deixou o menino atender a porta. 

SS: Sam, abra a porta pra mim! – disse, do banheiro.
SS: Sim, mamãe!

Sam abriu a porta e deu de cara com Grissom. O supervisor e o menino ficaram um bom tempo se olhando, se observando, como se um estivesse estudando o outro.

GG: A Sara está?
SS: Ela está no banheiro. Quem é o senhor?
GG: Meu nome é Gil Grissom e sou o supervisor dela. Posso entrar?
SS: Claro! – disse com um sorriso nos lábios.

O supervisor ficou observando minuciosamente a figura daquele menino. “Que belo garoto”, pensou.

GG: Você não me disse seu nome, menino.
SS: Meu nome é Sam.
GG: Sam? Bonito nome.

Grissom sentou-se no sofá e começou um papo agradável com o garoto.

GG: Então, Sam, do que você gosta?
SS: Adoro insetos!
GG: É mesmo? Ah, isso me interessa muito! - Grissom se animou – Me fale sobre algum inseto.
SS: Bom, eu gosto muito de insetos. O inseto mais forte é o besouro-rinoceronte, nome dado a várias espécies de besouros da família dos Scarabaeidae. Ele tem apenas 13 centímetros, mas é capaz de suportar nas costas um volume equivalente a 850 vezes o peso de seu corpo.  
GG: Estou espantado! Quantos anos você tem, Sam?
SS: Oito.
GG: Com apenas oito anos e sabe falar de insetos. O que você quer ser quando crescer?
SS: Policial ou homem que mexe com insetos.
GG: Ah, você quer dizer entomologista!
SS: O que é isso? – franziu a testa, não entendendo que raio de palavra era aquela.
GG: É a pessoa que estuda e lida com os insetos. A ciência se chama Entomologia. Eu sou um entomologista, mas na área forense.
SS: O que é forense?
GG: É a parte judicial, da justiça. Sou perito criminal, investigo as cenas de crime.
SS: Uau! – o menino ouvia com atenção e parecia muito interessado.

Sara foi até a sala enrolada na toalha.

SS: Sam, quem era...

Ao ver Grissom sentado muito à vontade no sofá, com Sam ao lado, Sara quase teve um treco. Pai e filho lado a lado sem saber, olhando para a mesma mulher, que ambos amavam: a mãe e a mulher.

SS: Sam, vá para o seu quarto, por favor!
SS: Mas mãe...

As pernas da perita tremeram ao ouvir o filho chamando-a de mãe perto de Grissom, que olhou intrigado para ela.

SS: Não tem “mas mãe”. Vá!
SS: Tchau, moço!
GG: Tchau, Sam.

Assim que o menino saiu, Sara tentou se desfazer de Grissom, afim de que ele não percebesse o que tinha acabado de acontecer. Mas ele percebera muito bem.

SS: Griss, não sei o que você veio fazer aqui, mas não é uma boa hora pra gente conversar. Vá embora, por favor!
GG: Não vou sem saber o que está acontecendo.
SS: Não está acontecendo nada!
GG: O menino te chamou de mãe. Eu nunca o vi antes, nunca vi você com nenhuma criança, você nunca mencionou a existência de um filho. O que você está escondendo?
SS: Nada, Griss, nada!

Sara, nervosa, queria chorar, e Grissom queria a verdade. Ele, assim que pôs os olhos no menino, percebeu algumas semelhanças entre eles, especialmente a inteligência e o gosto por insetos, não muito comuns em crianças da idade de Sam. Ela estava de costas para Grissom quando o ouviu perguntar:

GG: Sara, me responda uma coisa: Sam é meu filho?

Sara virou-se rapidamente para Grissom, atingida em cheio pela pergunta que tanto quis evitar escutar esses anos todos que manteve a existência de Sam oculta.

SS: Como é?!
GG: Quero que me responda. Mas penso que talvez você nem precise dizer nada, as evidências são muito claras. Ele tem os meus olhos, gosta das mesmas coisas que eu, é perspicaz e sabe se comunicar com muita facilidade. Além do quê, ele tem oito anos, e pelos meus cálculos, você ter ficado grávida de mim é perfeitamente plausível, afinal, em nenhuma transa nossa eu usei preservativo. Ou Sam é fruto de algum caso seu da época em que nos conhecemos?

A perita estava aflita. A hora da verdade havia chegado, e não havia desculpa que colasse; Grissom não aceitaria e não se convenceria.

SS: Está bem, chegou a hora de pôr as cartas na mesa. Sam é seu filho, Griss. Nosso filho!

O supervisor deu um largo sorriso. Gostou do menino assim que o viu, e saber que ele era seu filho o deixara mais feliz. Ainda que estivesse um pouco raivoso por Sara ter lhe escondido sobre o filho, aproximou-se dela com carinho.

GG: Por que você me escondeu sobre nosso filho? Tudo teria sido tão mais fácil, e não teríamos ficado tanto tempo separados.
SS: Quando você foi embora de São Francisco, senti que não nos veríamos mais, você nunca mais me deu notícias até o dia em que me chamou para compor sua equipe. Quando te falei que te amava, vi em seus olhos que aquilo era algo que você não esperava ouvir de mim.
GG: Fiquei surpreso, não imaginei que poderia fazê-la ficar apaixonada por mim.
SS: Mas fiquei. E fiquei com um filho na minha barriga, e sem saber o que fazer. Quando você foi embora, deixou Sam dentro de mim. Só fui descobrir que estava grávida algumas semanas mais tarde, depois de tantos enjôos e mal-estar. Ainda bem que tinha o meu irmão, que me ajudou nas despesas. Enxoval, exames, parto, tudo teve a ajuda dele. E quando Sam nasceu, disse pra mim mesma que seriamos apenas nós dois, já que ele teria apenas a mim.
GG: Você foi egoísta, Sara. Podia ter me procurado em Vegas, era um filho meu que estava em sua barriga! Ou pensava que eu jamais iria ajudá-la e viraria as costas para a minha mulher e meu filho?
SS: Eu não era sua mulher, Griss.
GG: A partir do momento em que dormiu comigo e ficou grávida de mim, passou a ser. Além do que, com o passar do tempo, fui percebendo o quanto você me fazia falta, fui descobrindo que você era a melhor mulher que um homem poderia ter, e posteriormente me vi apaixonado por você.

Sara chorava e estava vermelha. Da porta do quarto, Sam ouvia toda a conversa e chorava em silêncio.

GG: Vem cá, honey!

Sara chegou tão perto de Grissom a ponto de sentir a respiração quente dele em seu rosto. Ele a tocou e a beijou com paixão.

SS: Griss...
GG: O mais importante é que o Sam existe e é um garoto bonito e inteligente. E felizmente teve a quem puxar: nós dois!
SS: Você quer mesmo ser pai? Pensei que não tivesse vocação pra ser...
GG: Se você soube ser mãe, porque eu não posso ser pai desse menino lindo?

A perita sorriu e o casal se abraçou. Sam apareceu na sala com lágrimas nos olhos, tentando entender a cena romântica dos dois.

SS: Então... você é meu pai?
GG: Vem cá, Sam.

Grissom sentou-se com o menino no sofá e começou a explicar as coisas:

GG: Você não deve estar entendendo o que está acontecendo.
SS: Não mesmo. Eu escutei vocês brigando, não estou entendendo...
GG: A raiva já passou. Sabe, Sam, eu amo muito sua mãe. Além de Sara ser a mulher mais bonita, mais sensata e mais inteligente que eu conheço, ela me deu você. Ou melhor, nós nos demos você. Por que você foi feito com muito carinho, muito desejo e muita paixão.
SS: Você amava a mamãe?
GG: Eu me apaixonei por ela depois que nos conhecemos, e quando ela veio trabalhar comigo, percebi que não poderia mais ficar sem ela. Sabe Sam, tenho cinqüenta anos e aprendi muita coisa nessa vida. Minha mãe costumava me dizer que nenhum homem é feliz enquanto não tem um amor e um filho. Até descobrir que Sara era a mulher ideal para passar o resto da vida ao meu lado, dei muita cabeçada, como se diz. Me envolvi com pessoas erradas e acreditava em coisas que hoje vejo que não têm a menor importância. O mais importante é o amor e a família. Eles são a base do homem – ser humano em geral. Como seu pai, tenho o dever de lhe mostrar a vida em sua essência, e prepará-lo para o mundo. Quero que você aprenda e seja um homem de bem, meu filho.

Sam abriu um sorriso franco e puro de criança, e uma lágrima escorreu em seu rosto. Os olhos muito azuis se tornaram uma piscina natural de águas cristalinas, pois estavam marejados. Sara não dizia nada, estava muito emocionada com o carinho com que pai e filho se tratavam. Uma paixão imediata.

GG: Eu amo não somente sua mãe como a você também, Sam. E gostaria muito que você me aceitasse como seu pai. É claro que você vai precisar de algum tempo para absorver tudo isso, mas sei que seu bom coração vai lhe auxiliar em suas decisões.
SS: Me perdoa por não ter lhe falado de seu pai, Sam?
SS: É claro, mamãe! Eu te amo muito e amo o meu pai também. A gente se deu muito bem, ele é um cara muito legal!

Os três riram e se abraçaram, felizes com o início de um novo começo. Uma família estava se formando naquele momento, e logo descobririam que haveria mais alguém para completar a felicidade deles. Sam percebeu o clima que estava entre Sara e Grissom e resolveu deixá-los a sós.

SS: Vou para o quarto.
GG: Mas por que, filho?
SS: Não quero atrapalhar o namoro de vocês...

Os dois se olharam e caíram na risada. O menino tinha um grande senso de humor. Quando ficaram a sós, trocaram beijos e caricias.

SS: Devagar, Griss, Sam pode nos ver...
GG: Ele está no quarto... – sussurrou.

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