Trilogia: O segredo de Sara - Acerto de contas - Amor inconsequente
Parte 1/3
Sara
se remexia na cama, inquieta. Havia sonhado com Grissom, e sempre que isso
acontecia, ela acordava com palpitações e mãos geladas. Até em seus sonhos ele
fazia questão de entrar e deixá-la ainda mais apaixonada. Sim, ela ainda o
amava, como jamais deixara de estar. Desde São Francisco, a perita nunca mais
fora a mesma. Ainda
que Grissom fosse um homem totalmente fora do padrão de homem ideal, sem
romantismo, desajeitado, com hábitos peculiarmente esquisitos, fora por ele que
Sara se apaixonara. E
ele, ao toque das mãos dela, mostrou um lado o qual nenhuma mulher havia visto,
nem antes nem depois do encontro com a jovem mestra de física. Mas
isso já fora há muito tempo. O homem a quem continuava amando estava muito
diferente, quase irreconhecível. Não que não fosse mais o Grissom que
conhecera, mas ele não trazia no olhar o mesmo fogo, e talvez não tivesse mais
o mesmo pique de antes. Nove
anos se passara desde que eles haviam se conhecido. E muita coisa acontecera
desde então. Muita coisa havia mudado, menos as lembranças de momentos
inesquecíveis nos braços do homem que a conquistara para sempre... Menos o amor
que continuava vivo e forte dentro de seu peito. Sara
levantou-se, faltava menos de uma hora para o turno começar, e precisava se
vestir rapidamente. Pontual, chegou ao lab na hora certa.
NS:
Ei Sara, que cara é essa?
SS:
Estava dormindo até agora. Uáaa... – bocejou.
CW:
Está mesmo com uma expressão de cansaço.
SS:
Onde está o Griss?
GS:
Adivinha: na sala dele com Sofia.
WB:
O que será que os dois tanto conversam por lá?
CW:
Ninguém me tira da cabeça que ela está interessada nele. E se Gil se envolver
com ela, não vou estranhar.
Sara
olhou melancolicamente para Catherine, sentindo que Grissom iria cair logo nos
braços de Sofia. Enquanto ela sempre recebia respostas atravessadas e
insatisfatórias, deixando-a se sentir cada vez mais triste e solitária. Grissom
apareceu na sala de convivência com Sofia.
GG:
Bom, temos muito trabalho a fazer. Sara e Sofia, adolescente encontrada morta
em casa, Catherine e Warrick, duplo homicídio em motel de beira de estrada e
Nick e Greg, padre enforcado na igreja. Eu ficarei no lab, tenho coisas a
resolver.
A
equipe foi se retirando, e Grissom deu uma olhada discreta para Sara, que
estava linda e emanava um perfume delicioso de pele suave e bem tratada. Ela
não tinha onde pôr tanto constrangimento. Na suv, ao lado de Sofia, ia em
silêncio para a cena do crime. Não
tinha o que dizer.
SC:
Está tão quieta? Você é assim mesmo?
SS:
Gosto de ficar na minha, às vezes não tenho o que falar.
SC:
O Grissom acha que eu falo muito. Bem, eu sou policial, preciso falar mesmo.
SS:
Grissom? O que ele tem a ver?
SC:
A gente tem saído, jantamos fora, vou até o apartamento dele e... Bem, é isso.
Sara
sentiu o coração acelerar tão forte que quase o sentiu na garganta. Aquela
mulher, novata e já de intimidade com Grissom, intimidade essa que ela mesma
nunca teve. Sem querer, o ciúme começou a invadir o peito e a tristeza também. Aquela
tarde foi péssima, e ao chegar em casa, Sara deitou-se na cama e chorou tudo o
que podia. O homem de sua vida estava nos braços de outra mulher e ela não
sabia o que fazer, a não ser sofrer por continuar tão apaixonada quanto há nove
anos atrás, quando se encontraram e foram um só. Mas ela não podia ficar
sofrendo por quem não demonstrava querê-la novamente. Por mais que amasse
Grissom, por mais que desse sinais de que ainda o queria, como sempre o quis, precisava
e devia tocar a vida. Ainda não conseguia esquecer a última tentativa de se
aproximar dele. Estava arranhando seu coração como um espinho.
*Flashback*
SS:
Posso falar com você?
GG:
Entre.
SS:
Ãh, Griss, eu estava pensando...
Grissom
olhou por cima dos óculos, intrigado com o jeito doce de Sara falar.
GG:
Aconteceu alguma coisa, Sara?
SS:
Porque tem sempre que ter acontecido alguma coisa pra alguém vir falar com
você?
GG:
Não sei o que você quer, Sara.
SS:
Se me deixar terminar de falar...
GG:
Ok.
SS:
Bem, eu... Queria saber se você não gostaria de jantar em minha casa.
GG:
Como é?!
SS:
Porque o espanto? Não vou te morder. (bem que ela queria mordiscar o bico do
peito dele na cama...)
GG:
Sara... Sabe que... Olha, não é nada contra você, mas não posso aceitar seus
pedidos para sair. Esta não é a primeira vez, mas espero que seja a última. Não
tenho tempo para uma vida fora do lab, e você é jovem, merece se envolver com
alguém da sua idade.
SS:
Está me chamando de criança?
GG:
Não. Sei que é uma mulher adulta e madura. Mas o que você quer eu não posso te
dar. Não estou pronto para me entregar, Sara.
(Idiota!
Porque não disse que esse tremor todo era por culpa dela, que mexia com seu
corpo, alma e coração? Por que não dizer que o amor que sentia por ela era um
fogo que ardia no peito e paralisava todas as suas ações? Idiota, Grissom, você
era um idiota!)
Sara
sentia as veias tremerem de tristeza. As lágrimas já queriam rolar, mas ela não
ia deixar que Grissom as visse. Estava se sentindo derrotada, mais uma vez.
Mais um não, mais uma porta fechada pelo homem a quem sempre amou e o coração
não deixava de amar.
GG:
Não me entenda mal, Sara. Sei que você me quer, mas nossa profissão não nos dá
tempo para uma vida fora daqui.
SS:
O tempo a gente é que faz. E você não sabe nada de mim, nada! Se prestasse só um
pouquinho de atenção, só um pouquinho, você me conheceria mais.
GG:
Sara...
SS:
Você praticamente me mandou cuidar da minha vida. E é exatamente isso o que eu
vou fazer.
Sara
saiu da sala de Grissom aos prantos, deixando-o perdido com as palavras dela.
*Fim
do flashback*
No
turno seguinte, a equipe estava reunida na sala de convivência, com exceção de
Grissom, que estava ao telefone em sua sala.
CW:
Essa noite eu nem dormi direito. A Lindsay teve febre e fiquei até tarde
acordada.
WB:
Você é uma excelente mãe, a Lindsay vai ficar bem.
CW:
É, ela estava bem melhor hoje cedo.
JB:
Bom dia, pessoal. Ué, reunião de equipe?
NS:
Estamos esperando o Grissom.
JB:
E onde ele está? Tenho assunto a tratar com ele.
CW:
Está na sala dele.
Brass
passou os olhos e encontrou Sofia. Ela estava concentrada, lendo um relatório.
JB:
Nova csi por aqui?
CW:
Essa é Sofia Curtis, investigadora.
Sofia
virou-se e olhou para o capitão.
SC:
Sou investigadora policial.
JB:
Então teremos mais uma boa profissional entre nós.
SC:
Espero fazer bem meu trabalho.
Sara
e Catherine se olharam, achando divertido o flerte entre o amigo Brass e a
novata Sofia.
JB:
Bom, vou falar com ele.
Alguns
minutos depois, Grissom apareceu na sala com Brass.
GG:
Tenho uma boa notícia para dar a vocês.
A
equipe olhou para o chefe atenta.
GG:
Primeiramente, gostaria de avisar que amanhã todos estarão de folga.
Todos:
Aeeeee!!!
NS:
Era tudo o que eu precisava!
GS:
Nem me fale, cara!
GG:
E não acaba por aí.
WB:
Por acaso teremos aumento no salário?
GG:
Por enquanto não. Mas vamos fazer uma viagem.
CW:
Viagem?
GG:
É – Grissom parecia ansioso, as mãos estavam suadas.
SS:
Posso saber pra onde vamos?
GG:
Aspen.
NS:
Que legal!
CW:
Bom, eu preciso então avisar minha mãe pra que ela fique com Lindsay pra mim.
GS:
Quando iremos?
Antes
que Grissom pudesse responder, o celular de Sara tocou.
Todos
olharam para ela, inclusive Grissom, curioso. Ela se afastou um pouco, mas
todos puderam pegar o final da conversa.
SS:
Não se preocupe, estou bem. Eu também te amo! Beijos.
Ao
fechar o aparelho e voltar para o lugar, Sara deu de cara com olhares curiosos
pra cima dela.
SS:
Perdi mais algum recado?
CW:
Está apaixonada, Sara?
SS:
Não, porque?
CW:
Me pareceu ter ouvido você dizer “eu também te amo” para alguém.
Sara
olhou para Grissom e os olhos se cruzaram. Os dois ficaram visivelmente
constrangidos. Ela, por ter sido flagrada dizendo “eu te amo” para alguém; ele,
por ver que a amada devia estar envolvida com algum homem que não conhecia. Depois,
ela se voltou para a loira curiosa.
SS:
Não, eu não estou apaixonada por ninguém. O que te faz pensar que o que eu
disse foi para algum homem?
Antes
que Catherine pudesse dizer algo, Vartann chegou na porta:
DV:
Ei Sara, posso falar com você?
A
perita ficou vermelha. Não estava de rolo com o detetive, mas ele tê-la chamado
bem naquele momento fez as suspeitas aumentarem. Assim que Sara saiu, sendo
seguida pelos olhares dos amigos e de Grissom (morrendo de ciúmes), Catherine
pensou consigo mesma: “Não está hein? Acredito!”
NS:
Mais alguma coisa pra nos dizer, Grissom?
Por
um instante o supervisor parecia aéreo. E estava mesmo. Ver
Sara com outro homem fazia seu estômago doer e ter azia. Ele
a amava, isso era algo que ele não conseguia mais esconder de si mesmo e de seu
coração, mas Grissom era completamente desajeitado quando se tratava de sua
subordinada preferida. Fosse
qualquer outra mulher, ele se sairia melhor, mas Sara não. Ela
era especial, como se fosse um anjo em forma de mulher. Sara
saiu da sala, deixando todos com uma pulguinha atrás da orelha. Estaria ela de
rolo com o detetive bonitão?
1 comentários:
Estou curiosa pra saber que segredo é esse de Sara.
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