SS: Meu amor, eu não posso deixar. Você é
uma criança e eu sou uma pessoa da lei, tenho que dar exemplo. Se me pegam com
você na frente, nem sei o que pode me acontecer. E você quer que sua mãe perca
o emprego?
SS: Não, não mamãe. Me desculpe!
Sam abraçou a mãe e em seguida foram todos
para o apartamento dela. O menino ficou observando o cantinho onde sua mãe
morava.
SS: Que tal o meu cantinho?
SS: É pequeno, mas parece legal.
DS: Então esse é o seu apartamento...
SS: Bom, pra uma pessoa sozinha como eu,
até que está de bom tamanho né?
DS: Sim, mas acho que você terá de fazer
algumas mudanças por causa do Sam.
SS: Eu já pensei nisso. Ele vai me ajudar.
SS: Mamãe, posso ver seu quarto?
SS: Claro! Não é só meu, agora é seu
também.
Depois que Sam saiu da sala, Danny
sussurrou:
DS: Você pretende contar para ele sobre o
menino?
SS: Não sei como nem quando farei isso...
DS: Você não pode esperar mais! Sabe que
tem o Sam em jogo, e o pai dele precisa e merece saber que tem um filho!
Sara mordeu os lábios pra evitar o choro.
Ainda se lembrava das palavras de Grissom antes de ele voltar para Vegas.
*Flashback*
GG: As palestras terminaram e preciso
voltar para Vegas.
SS: Tão rápido assim?
GG: Tenho muito trabalho por lá.
Os dois estavam visivelmente abatidos. Ele,
por ter de voltar, quando queria ficar mais um pouco – estava se apaixonando
pela única mulher que incendiara sua alma, fizera de seu corpo seu parque de
diversões e de seus beijos o néctar dos deuses. Ela já estava apaixonada, por
isso estava tão triste; queria tê-lo sempre ao seu lado, sabia que sem ele, sua
vida voltaria à solidão de sempre. Grissom percebeu que Sara iria chorar e
secou a gota que estava querendo rolar com o dedo.
GG: Ei, não fique assim. Eu preciso voltar,
tenho trabalho a fazer, e sei que você vai se sair muito bem em tudo o que
fizer. Obrigado por tudo o que vivemos juntos, foi maravilhoso! Cada beijo,
cada abraço caloroso, cada transa... Ter você em meus braços foi a melhor
experiência na minha vida, nenhuma mulher foi como você, nenhuma outra foi tão
especial quanto você. Quem sabe a vida nos ponha frente a frente de novo algum
dia?
Sara, já chorando, abraçou-o fortemente,
como se agarrasse a uma última esperança de não perdê-lo de vista. Depois de um
longo e molhado beijo, ela confessou, já ouvindo a buzina do táxi que levaria
Grissom ao aeroporto:
SS: Eu te amo! Ainda que não tornemos a nos
ver, nunca vou me esquecer do que vivemos aqui...
O entomologista olhou fixamente para a
jovem e deu um selinho nela, dirigindo-se em seguida para o táxi. Naquele
momento, Sara sentiu seu coração despedaçar-se como vidro que cai ao chão.
*Fim do flashback*
SS: Eu ainda não sabia que estava grávida
quando nos despedimos. Descobri cerca de duas semanas depois, mas não tivemos
mais contato desde então.
DS: Eu entendo, querida irmã, mas quanto
mais você demorar pra contar a verdade – para ambos -, mais doloroso será. E
talvez nenhum dos dois te perdoe. Mas quero que tudo dê certo!
SS: Obrigada!
Os dois irmãos se abraçaram carinhosamente.
Enquanto isso, no quarto, Sam mexia nas coisas da mãe, curioso como um menino
de sua idade. Percebeu o quão organizada e caprichosa a mãe era. Tudo em seu devido lugar. Ao abrir uma das
gavetas do criado-mudo, encontrou duas fotografias: uma de sua mãe ao lado de
um homem grisalho e barbudo, e outra só desse mesmo homem? Quem seria ele? Por
que a mamãe guardava fotos de homem em sua gaveta? Sam ficou olhando fixamente para a foto do
homem. E o menino era muito inteligente e perceptível. Notou que ele tinha os olhos
da mesma cor que os seus, mas jamais poderia imaginar que ele era o homem que
lhe colocara dentro de sua mãe. Mais ou menos, pois ele ficou com uma sensação
estranha no coração, como se uma voz quisesse lhe dizer alguma coisa. Apesar de manter o filho longe de Vegas por
motivos diversos, Sara era uma mãe presente o máximo que podia, sempre
telefonando, trocando e-mails, e passando alguns fins-de-semana com ele, já que
possuía muitas folgas acumuladas, então tirava quando bem entendesse. E o
menino fora muito bem educado, tanto pela mãe quanto pelo tio, que, solteiro
convicto, morava só e podia se dedicar bastante ao sobrinho. Sam guardou as
fotos no mesmo lugar e resolveu não falar nada com a mãe naquele momento.
Esperaria o momento certo. Depois que os irmãos se despediram, Sara e o filho
sentaram-se no sofá e ficaram abraçados, pela primeira vez, morando juntos
depois de muitos anos.
SS: Estou tão feliz que você está aqui
comigo! Acho que de agora em diante as coisas serão mais fáceis.
SS: Me responde uma coisa?
SS: Claro!
SS: Quem é o moço da foto?
SS: Do que você está falando?
SS: Eu vi numa gaveta uma foto sua com um
moço barbudo e depois uma foto só desse mesmo homem.
Imediatamente Sara lembrou-se de Grissom, e
percebeu que havia se esquecido de guardar direito as fotos. Mas, como poderia
imaginar que seu filho iria mexer em suas gavetas?
SS: Ele é o supervisor da mamãe.
Trabalhamos no laboratório de criminalística de Vegas.
SS: Uau! Eu gostaria de conhecer, você me
leva até lá?
SS: Ãh, eu... Claro, assim que puder.
A campainha tocou naquele momento.
SS: Sam, vá para o quarto e me espere lá.
SS: Tá.
Assim que o menino saiu, Sara foi abrir a
porta. Qual foi a sua surpresa: era Sofia!
SC: Olá, Sara.
SS: O que você quer, Sofia?
SC: Podemos conversar?
SS: Claro, entre.
A perita não estava entendendo a visita da
loira em sua casa. Estava bem desconfiada das intenções dela.
SS: Então, Sofia, o que a traz aqui?
SC: Me responda uma coisa, Sara, você e o
Grissom são amantes?
SS: Como é?! – levantou a sobrancelha,
intrigada.
SC: Eu percebo o quão próximos vocês são um
do outro, vejo que ele a trata diferente dos outros da equipe, enfim...
SS: Mas porque você quer saber disso? Que
diferença faz?
SC: Sabe que não pode haver relacionamentos
entre funcionários do lab, Ecklie exige disciplina e moralidade dentro do lab.
SS: E você é o cão de guarda dele agora?
SC: Só cumpro ordens.
SS: Ainda não estou entendendo sua vinda à
minha casa.
Sofia ia dizer algo quando Sam adentrou à
sala, deixando Sara tensa.
SC: Ei, quem é esse menino lindo?
SS: Meu nome é Sam.
SC: Olá, Sam. Que olhos lindos você tem!
SS: Obrigado.
SC: Quantos anos você tem?
SS: Oito. E você?
SC: Bem, eu tenho mais do que isso. Tenho
32.
SS: Uau!
Sofia virou-se para Sara:
SC: Quem é o menino? Seu sobrinho?
SS: Não, sou filho dela. Ela é minha mãe –
respondeu em sua inocência.
A loira ficou boquiaberta e olhou para
Sara, que não tinha um buraco para enfiar a cabeça nem onde se esconder. Não
que não fosse contar a ninguém sobre o filho, mas aquele não era o momento. Sem nem Grissom sabia ainda, como justo a
novata ficou sabendo antes?
SS: Por favor, Sofia, isso não saia daqui.
Eu contarei a todos, mas no momento certo.
SC: Não se preocupe com isso. Seu segredo
está seguro comigo. Bem, vou nessa. Até!
Depois que ela foi embora, Sara sentou-se
no sofá e sentiu seu estômago embrulhar. Estava muito tensa, e sabia que a
qualquer hora a existência de Sam iria vir à tona. O menino sentou-se ao lado
da mãe e a abraçou.
SS: Não se preocupe, mamãe. Quando eu
crescer, vou virar policial só pra tomar conta de você. Ninguém nunca vai fazer
você chorar...
Sara olhou para o menino e chorou
emocionada com o amor que ele tinha por ela. E Sam só podia mesmo ter um bom
coração, cheio de amor: ele fora gerado numa aura de amor, carinho, afeto,
desejo. Seus pais o conceberam em meio a uma energia amorosa, entre beijos e
abraços, sussurros e palavras de amor. No momento exato da concepção, Grissom
dizia no ouvido de Sara palavras carinhosas, mostrando o quanto a queria, o
quanto ela era desejada... Enquanto faziam Sam, os anjos cantavam e abençoavam
um amor que nascera para ser eterno, mesmo que precisassem enfrentar muitos
obstáculos até a felicidade. No dia seguinte, Sara deixou Sam com a vizinha da
porta ao lado.
SS: Anne, não terá problemas em deixar Sam
com você?
A: De maneira alguma, Sara! Sabe que gosto
muito de você, sempre me ajudou, é o mínimo que posso fazer. Pode ir trabalhar
sossegada, Sam ficará muito bem comigo. Aliás, seu filho é lindo!
SS: Obrigada!
SS: Pode ir sossegada, mamãe, vou ficar
muito bem.
SS: Comporte-se, viu? E obedeça à Anne.
Sara chegou ao lab para mais um dia de
trabalho. Cumprimentou a todos, mas percebeu que Sofia e Catherine a olhavam
como se a estudassem. Suava frio só de pensar que a novata pudesse revelar seu
segredo tão bem guardado por anos. Era evidente que Sam não poderia mais ficar
escondido. Além do menino já estar em Vegas – cedo ou tarde ele seria visto por
alguém (como Catherine, por exemplo) e teria de se explicar, querendo ou não. Sara era uma pessoa perfeccionista, e como
tal gostava de fazer as coisas à sua maneira e esperava que as coisas saíssem
do jeito que planejou. Revelar sobre a existência de Sam era uma tarefa que
precisava ser executada com muito cuidado. Até por que, nessa história toda,
havia mais uma pessoa: Grissom, pai do menino. Ecklie estava em sua sala quando Sofia
adentrou-se.
EC: Já te falei pra evitar vir à minha
sala, a menos que eu a convoque. Ou quer levantar suspeitas?
SC: Trago informações sobre Sidle. Estaria
interessado?
EC: Hum... No que me seria útil?
SC: Envolve mais gente nessa história, e
creio que tem mentiras também.
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