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O segredo de Sara - cap. 5


SS: Meu amor, eu não posso deixar. Você é uma criança e eu sou uma pessoa da lei, tenho que dar exemplo. Se me pegam com você na frente, nem sei o que pode me acontecer. E você quer que sua mãe perca o emprego?
SS: Não, não mamãe. Me desculpe!

Sam abraçou a mãe e em seguida foram todos para o apartamento dela. O menino ficou observando o cantinho onde sua mãe morava. 

SS: Que tal o meu cantinho?
SS: É pequeno, mas parece legal.
DS: Então esse é o seu apartamento...
SS: Bom, pra uma pessoa sozinha como eu, até que está de bom tamanho né?
DS: Sim, mas acho que você terá de fazer algumas mudanças por causa do Sam.
SS: Eu já pensei nisso. Ele vai me ajudar.
SS: Mamãe, posso ver seu quarto?
SS: Claro! Não é só meu, agora é seu também.

Depois que Sam saiu da sala, Danny sussurrou:

DS: Você pretende contar para ele sobre o menino?
SS: Não sei como nem quando farei isso...
DS: Você não pode esperar mais! Sabe que tem o Sam em jogo, e o pai dele precisa e merece saber que tem um filho!

Sara mordeu os lábios pra evitar o choro. Ainda se lembrava das palavras de Grissom antes de ele voltar para Vegas.

*Flashback*

GG: As palestras terminaram e preciso voltar para Vegas.
SS: Tão rápido assim?
GG: Tenho muito trabalho por lá.

Os dois estavam visivelmente abatidos. Ele, por ter de voltar, quando queria ficar mais um pouco – estava se apaixonando pela única mulher que incendiara sua alma, fizera de seu corpo seu parque de diversões e de seus beijos o néctar dos deuses. Ela já estava apaixonada, por isso estava tão triste; queria tê-lo sempre ao seu lado, sabia que sem ele, sua vida voltaria à solidão de sempre. Grissom percebeu que Sara iria chorar e secou a gota que estava querendo rolar com o dedo.

GG: Ei, não fique assim. Eu preciso voltar, tenho trabalho a fazer, e sei que você vai se sair muito bem em tudo o que fizer. Obrigado por tudo o que vivemos juntos, foi maravilhoso! Cada beijo, cada abraço caloroso, cada transa... Ter você em meus braços foi a melhor experiência na minha vida, nenhuma mulher foi como você, nenhuma outra foi tão especial quanto você. Quem sabe a vida nos ponha frente a frente de novo algum dia?

Sara, já chorando, abraçou-o fortemente, como se agarrasse a uma última esperança de não perdê-lo de vista. Depois de um longo e molhado beijo, ela confessou, já ouvindo a buzina do táxi que levaria Grissom ao aeroporto:

SS: Eu te amo! Ainda que não tornemos a nos ver, nunca vou me esquecer do que vivemos aqui...

O entomologista olhou fixamente para a jovem e deu um selinho nela, dirigindo-se em seguida para o táxi. Naquele momento, Sara sentiu seu coração despedaçar-se como vidro que cai ao chão.

*Fim do flashback*

SS: Eu ainda não sabia que estava grávida quando nos despedimos. Descobri cerca de duas semanas depois, mas não tivemos mais contato desde então.
DS: Eu entendo, querida irmã, mas quanto mais você demorar pra contar a verdade – para ambos -, mais doloroso será. E talvez nenhum dos dois te perdoe. Mas quero que tudo dê certo!
SS: Obrigada!

Os dois irmãos se abraçaram carinhosamente. Enquanto isso, no quarto, Sam mexia nas coisas da mãe, curioso como um menino de sua idade. Percebeu o quão organizada e caprichosa a mãe era. Tudo em seu devido lugar. Ao abrir uma das gavetas do criado-mudo, encontrou duas fotografias: uma de sua mãe ao lado de um homem grisalho e barbudo, e outra só desse mesmo homem? Quem seria ele? Por que a mamãe guardava fotos de homem em sua gaveta? Sam ficou olhando fixamente para a foto do homem. E o menino era muito inteligente e perceptível. Notou que ele tinha os olhos da mesma cor que os seus, mas jamais poderia imaginar que ele era o homem que lhe colocara dentro de sua mãe. Mais ou menos, pois ele ficou com uma sensação estranha no coração, como se uma voz quisesse lhe dizer alguma coisa. Apesar de manter o filho longe de Vegas por motivos diversos, Sara era uma mãe presente o máximo que podia, sempre telefonando, trocando e-mails, e passando alguns fins-de-semana com ele, já que possuía muitas folgas acumuladas, então tirava quando bem entendesse. E o menino fora muito bem educado, tanto pela mãe quanto pelo tio, que, solteiro convicto, morava só e podia se dedicar bastante ao sobrinho. Sam guardou as fotos no mesmo lugar e resolveu não falar nada com a mãe naquele momento. Esperaria o momento certo. Depois que os irmãos se despediram, Sara e o filho sentaram-se no sofá e ficaram abraçados, pela primeira vez, morando juntos depois de muitos anos.

SS: Estou tão feliz que você está aqui comigo! Acho que de agora em diante as coisas serão mais fáceis.
SS: Me responde uma coisa?
SS: Claro!
SS: Quem é o moço da foto?
SS: Do que você está falando?
SS: Eu vi numa gaveta uma foto sua com um moço barbudo e depois uma foto só desse mesmo homem.

Imediatamente Sara lembrou-se de Grissom, e percebeu que havia se esquecido de guardar direito as fotos. Mas, como poderia imaginar que seu filho iria mexer em suas gavetas?

SS: Ele é o supervisor da mamãe. Trabalhamos no laboratório de criminalística de Vegas.  
SS: Uau! Eu gostaria de conhecer, você me leva até lá?
SS: Ãh, eu... Claro, assim que puder.

A campainha tocou naquele momento.

SS: Sam, vá para o quarto e me espere lá.
SS: Tá.

Assim que o menino saiu, Sara foi abrir a porta. Qual foi a sua surpresa: era Sofia!

SC: Olá, Sara.
SS: O que você quer, Sofia?
SC: Podemos conversar?
SS: Claro, entre.

A perita não estava entendendo a visita da loira em sua casa. Estava bem desconfiada das intenções dela.

SS: Então, Sofia, o que a traz aqui?
SC: Me responda uma coisa, Sara, você e o Grissom são amantes?
SS: Como é?! – levantou a sobrancelha, intrigada.
SC: Eu percebo o quão próximos vocês são um do outro, vejo que ele a trata diferente dos outros da equipe, enfim...
SS: Mas porque você quer saber disso? Que diferença faz?
SC: Sabe que não pode haver relacionamentos entre funcionários do lab, Ecklie exige disciplina e moralidade dentro do lab.
SS: E você é o cão de guarda dele agora?
SC: Só cumpro ordens.
SS: Ainda não estou entendendo sua vinda à minha casa.

Sofia ia dizer algo quando Sam adentrou à sala, deixando Sara tensa.

SC: Ei, quem é esse menino lindo?
SS: Meu nome é Sam.
SC: Olá, Sam. Que olhos lindos você tem!
SS: Obrigado.
SC: Quantos anos você tem?
SS: Oito. E você?
SC: Bem, eu tenho mais do que isso. Tenho 32.
SS: Uau!

Sofia virou-se para Sara:

SC: Quem é o menino? Seu sobrinho?
SS: Não, sou filho dela. Ela é minha mãe – respondeu em sua inocência.

A loira ficou boquiaberta e olhou para Sara, que não tinha um buraco para enfiar a cabeça nem onde se esconder. Não que não fosse contar a ninguém sobre o filho, mas aquele não era o momento. Sem nem Grissom sabia ainda, como justo a novata ficou sabendo antes?

SS: Por favor, Sofia, isso não saia daqui. Eu contarei a todos, mas no momento certo.
SC: Não se preocupe com isso. Seu segredo está seguro comigo. Bem, vou nessa. Até!

Depois que ela foi embora, Sara sentou-se no sofá e sentiu seu estômago embrulhar. Estava muito tensa, e sabia que a qualquer hora a existência de Sam iria vir à tona. O menino sentou-se ao lado da mãe e a abraçou.

SS: Não se preocupe, mamãe. Quando eu crescer, vou virar policial só pra tomar conta de você. Ninguém nunca vai fazer você chorar...

Sara olhou para o menino e chorou emocionada com o amor que ele tinha por ela. E Sam só podia mesmo ter um bom coração, cheio de amor: ele fora gerado numa aura de amor, carinho, afeto, desejo. Seus pais o conceberam em meio a uma energia amorosa, entre beijos e abraços, sussurros e palavras de amor. No momento exato da concepção, Grissom dizia no ouvido de Sara palavras carinhosas, mostrando o quanto a queria, o quanto ela era desejada... Enquanto faziam Sam, os anjos cantavam e abençoavam um amor que nascera para ser eterno, mesmo que precisassem enfrentar muitos obstáculos até a felicidade. No dia seguinte, Sara deixou Sam com a vizinha da porta ao lado.

SS: Anne, não terá problemas em deixar Sam com você?
A: De maneira alguma, Sara! Sabe que gosto muito de você, sempre me ajudou, é o mínimo que posso fazer. Pode ir trabalhar sossegada, Sam ficará muito bem comigo. Aliás, seu filho é lindo!
SS: Obrigada!
SS: Pode ir sossegada, mamãe, vou ficar muito bem.
SS: Comporte-se, viu? E obedeça à Anne.

Sara chegou ao lab para mais um dia de trabalho. Cumprimentou a todos, mas percebeu que Sofia e Catherine a olhavam como se a estudassem. Suava frio só de pensar que a novata pudesse revelar seu segredo tão bem guardado por anos. Era evidente que Sam não poderia mais ficar escondido. Além do menino já estar em Vegas – cedo ou tarde ele seria visto por alguém (como Catherine, por exemplo) e teria de se explicar, querendo ou não. Sara era uma pessoa perfeccionista, e como tal gostava de fazer as coisas à sua maneira e esperava que as coisas saíssem do jeito que planejou. Revelar sobre a existência de Sam era uma tarefa que precisava ser executada com muito cuidado. Até por que, nessa história toda, havia mais uma pessoa: Grissom, pai do menino. Ecklie estava em sua sala quando Sofia adentrou-se.

EC: Já te falei pra evitar vir à minha sala, a menos que eu a convoque. Ou quer levantar suspeitas?
SC: Trago informações sobre Sidle. Estaria interessado?
EC: Hum... No que me seria útil?
SC: Envolve mais gente nessa história, e creio que tem mentiras também.

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