SS:
Você não precisava fazer nada disso. Além disso, você me deixou bem claro que
te amar é perda de tempo.
GG:
Reconheço que não a tratei bem, mas... Querida, não me interprete mal...
SS:
Grissom, quando eu sair daqui a gente conversa. Por
enquanto quero descansar, quase morri.
GG:
Tudo bem, vou deixá-la descansar.
O
supervisor saiu meio frustrado do quarto onde Sara estava, achou que fosse mais
fácil o diálogo com ela. Mas era evidente que a perita estava magoada. No
corredor, deu de cara com Catherine.
CW:
Como ela está?
GG:
Está bem, apenas um inchaço na testa e um curativo.
CW:
Pelo menos está viva. Ela estava tão desnorteada que pensei que o acidente
seria bem pior.
Os
dois foram se dirigindo para a saída do hospital.
GG:
Mas o que aconteceu que Sara ficou transtornada?
CW:
Ela viu você saindo do estacionamento com Sofia a tiracolo. Aconteceu alguma
coisa entre vocês?
GG:
Ãh... Prefiro não comentar. Mas é passado.
CW:
Só espero que isso não atrapalhe seu futuro com Sara.
GG:
Desde quando você sabe de nós?
CW:
Oras... Pensa que todo mundo é cego? Não só eu, mas a equipe toda sabe que
vocês têm alguma coisa. Só não sabemos se é rolo, namoro, caso...
GG:
Da minha vida cuido eu, ok?
CW:
Ei, calma! Não está mais aqui quem falou! É só pra você saber que não precisa
ficar nos escondendo nada, por que sabemos o que se passa. E quer saber? Você e
Sara fazem um belo casal, espero que tudo dê certo.
Grissom
acenou afirmativamente com a cabeça e seguiu para casa. Só que Sara ainda não
havia digerido direito o fora que ele lhe dera, após terem tido uma noite
maravilhosa de amor, e o pedido de desculpas que ele fez através de uma poesia
ainda não lhe convenciam. Três semanas se passaram e a relação entre eles era
estritamente profissional. Não mais beijos, não mais noites de amor. Mas ela
ainda tinha sonhos com ele... Dizer
que Sara não amava mais a Grissom era uma utopia, quase uma loucura. Ela o amava,
sempre o amara. Desde São Francisco, desde a primeira vez em que seus olhos se
cruzaram. Desde que seus lábios se tocaram como se a lua se juntasse ao sol...
Desde que foram um só na cama da república, e não foi só uma vez. Mas
o fato de amá-lo com profundidade não significava que iria aceitar ser jogada
pra escanteio como se fosse uma bola. Não mais. A
equipe estava reunida na sala de convivência quando Ecklie apareceu na porta.
CE:
Sofia, venha à minha sala, agora!
Todos
a olharam sair da sala. Afinal, o que o chefe queria com a novata? Ela teria
feito algo de errado e seria punida? Na sala...
CE:
Pelo que vejo você não se saiu muito bem com o Gil.
SC:
Houve imprevistos.
CE:
Três semanas se passaram desde o acidente com Sidle. Achei
que tivesse alguma carta na manga.
SC:
Eles se aproximaram de novo, preciso de tempo. Além do quê, não posso levantar
suspeitas. Se descobrem a verdade sobre mim, serei posta daqui a tiros!
CE:
Trate de ter idéias novas, senão...
SC:
Não me venha com ameaças! Sei muito bem pra que estou sendo muito bem paga!
Sofia
saiu da sala de Ecklie e retornou à sala de convivência, como se nada tivesse
acontecido. Ninguém sabia com quem estavam lidando até aquele momento. Afinal,
quem era realmente Sofia? O que ela estava pretendendo? Porque viera trabalhar
no lab? Grissom
estava revendo um relatório de um caso junto com a equipe na sala de reuniões.
GG:
Então esse Carl tinha uma conta nas ilhas Canárias?
NS:
É, eu andei pesquisando e acabei descobrindo que ele tinha essa conta, ou
segundo caixa, como se diz. O dinheiro era desviado da empresa e lançado
diretamente pra essa conta.
SS:
Então com certeza ele tinha muitos inimigos, todos querendo uma parte ou o
dinheiro todo.
GG:
A ambição faz o homem perder totalmente a razão.
CW:
Mas ele não deixou herdeiros?
NS:
Parece que a ex-mulher dele está brigando por uma fatia do bolo...
Um
toque de celular se ouviu. Cada um da equipe olhou seus aparelhos, até que Sara
disse:
SS:
É o meu, vou atender lá fora.
A
equipe olhou intrigada para a perita saindo para atender. Quem
seria o interlocutor? No corredor...
SS:
Sidle.
##:
Olá minha querida. Aqui é Danny.
SS:
Oi Danny. Senti saudades.
##: Não só eu, mas todos aqui estão com
saudades de você.
SS: Nem me fale... Quando iremos nos ver?
##: Amanhã eu e Sam chegaremos em Vegas.
Espero que você nos recepcione.
SS: Irei buscá-los no aeroporto, claro! A
que horas vocês chegam?
##: Por volta das dez da manhã.
SS: Ok. Até amanhã então.
Sara voltou para sala de reuniões, mas só
encontrou Sofia por lá, que estava sentada, lendo um relatório.
SS: Cadê todo mundo?
SC: Cada um foi pro seu caso. Não puderam
te esperar – continuou olhando para as folhas.
SS: E você, não foi com eles?
SC: Depois que eles saíram Grissom pediu
que eu esperasse aqui. Vamos sair depois do turno.
SS: Sei... – a voz saiu meio embargada,
estava visivelmente desconcertada.
SC: Bem, não vou esperar, vou até a sala
dele. Até logo!
Depois que Sofia saiu, Sara sentiu as
lágrimas escorrerem no rosto. Não sabia de quem sentia mais raiva, se dele, por
ter mentido mais uma vez ou se dela, se engraçando para Grissom. Saiu da sala e
foi ao banheiro, pois estava sentindo-se mal, com enjôos fortes e chatos. Lavou o rosto e ficou olhando-se no
espelho, querendo absorver cada palavra que ouvira de Sofia. Bem, não tinha
ouvido o lado de Grissom pra saber se era verdade, mas ultimamente tudo estava
sendo tão confuso que era muito fácil de confundir e ficar chateada muito
rapidamente. Os enjôos ficaram mais fortes e ela não resistiu, correu para o
sanitário e vomitou bastante. Por acaso Catherine entrou no banheiro naquele
momento e escutou o barulho.
CW: Sara? É você quem está aí?
A perita saiu com uma cara terrível, como
se tivesse sido embolada feito papel.
SS: Me desculpe, não consegui segurar...
CW: Você estava vomitando?
SS: Agora estou melhor.
CW: O que aconteceu?
SS: Nada, apenas fiquei com o estômago
embrulhando e acabei vomitando.
CW: Tem certeza de que é só isso?
SS: Sim, não tem outra razão.
Sara lavou a boca, o rosto esse despediu da
companheira de equipe. Ia pra casa, como era final de turno, estava exausta.
Queria era tomar um banho e dormir. No corredor, cruzou com Grissom.
GG: Já vai?
SS: Sim, estou exausta.
GG: Quer que eu te siga?
SS: Não é necessário. Além do quê, você não
ia sair com Sofia?
GG: Quando?
SS: Ela me disse agora há pouco na sala de
reuniões.
GG: Deve estar ficando maluca. Por que eu
faria isso?
SS: Olha, não quero discutir com você, só
quero ir pra casa descansar.
GG: Mas se ela anda inventando coisas, vai
ouvir poucas e boas.
SS: Esquece! Boa noite!
A perita foi logo pra casa. Estava muito
cansada e ansiosa para chegar o dia seguinte. Só ela sabia o porquê. O dia
amanheceu frio em Vegas e Sara estava com mais preguiça do que de costume.
Queria permanecer na cama, mas sabia que tinha alguém a lhe esperar.
Arrumou-se, tomou um gole de café e partiu para o aeroporto. Como sempre,
muitas pessoas chegando e saindo, afinal, Vegas era uma cidade turística,
sempre recebendo pessoas de todos os cantos do mundo. Estava olhando para os
lados até que viu duas pessoas se aproximando. O sorriso logo abriu.
DS: Sarinha!
SS: Olá Danny!
Os dois se abraçaram longamente, como se
não vissem há décadas. Em seguida, ela olhou para o belo menino cujos olhos
azuis estavam em sua direção. O garoto sorriu e Sara deixou à mostra os
dentinhos charmosos.
SS: Não me dá um abraço?
SS: Claro, mamãe!
Os dois se abraçaram fortemente. Fazia
tanto tempo que estavam longe um do outro, apensar de nunca deixarem de se
falar. Mas as coisas seriam diferentes a partir
daquele instante.
SS: Quero te dizer uma coisa. A partir de
agora, você virá morar comigo, o que me diz?
SS: Eu adorei! Nunca mais vamos nos
separar?
SS: Não, isso eu te prometo.
Mais uma vez, mãe e filho se abraçaram. Ele
era o resultado das muitas noites (e tardes também) de amor com Grissom. Sam
era o fruto desse amor, era seu segredo. E agora, Sara se via diante da
realidade: como iria falar do pai para o menino? Sim, porque ela trabalhava com
ele, que nem imaginava da existência do garoto. E o menino merecia saber toda a verdade. No final, quem sairia mais machucado?
Afinal, Sam era um segredo que não iria ficar muito tempo escondido. E não
ficou nem mesmo um dia: antes de irem pra casa, o trio resolveu dar uma volta
pela cidade. Catherine, passeando com Lindsay (era folga coletiva), acabou
vendo Sara, o irmão Danny e o filho Sam em uma sorveteria.“Será possível? Sara
com namorado e o filho dele a tiracolo?”, pensou. Mas naquele momento, Sara só
pensava em estar perto do filho, que era a cópia fiel do pai. Sam era um belo
garoto de 8 anos, cabelos castanhos e muito lisos, olhos azuis como os de
Grissom, lábios da mãe, alto e personalidade misturada. Mesmo pensando que o pai havia morrido
antes de nascer, Sam achava que tinha algo dele. Danny, que ficara com o sobrinho enquanto a
irmã trabalhava duro em Vegas, estava feliz ao ver que mãe e filho enfim
estavam juntos e via o quanto se amavam. No abraço ao filho, a perita chorou,
lembrando-se de tudo que viveu com Grissom em São Francisco, de como o filho
fora concebido, de como eles se amaram. E agora que estavam tão perto de novo,
como arrumar um jeito para que pai e filho se conhecessem? E será que ele a
perdoaria por ter escondido o filho dele? Àquela altura dos acontecimentos, o
jogo estava empatado no quesito mentiras e desculpas.
SS: Vamos embora?
SS: Sim, quero conhecer a nossa casa.
Eles foram em direção ao carro da perita,
estacionado no meio-fio.
SS: Posso ir na frente com você, mamãe?
DS: Não, Sam, não pode.
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