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Uma doce rotina - cap. 7


Sara caminhava pelo corredor quando deu de cara com Ecklie.

SS: Ver você logo pela manhã não é sinal de boa sorte, tenho certeza!
CE: Acho o mesmo de você, Sidle! Como vai sem Gil por perto?
SS: Sempre estive bem com ou sem ele por perto. Sou uma mulher independente.
CE: Sei... – e se afastou, deixando a perita intrigada, com a sobrancelha levantada.

Sara foi para a sala de reuniões fazer os relatórios que precisava fazer. O celular tocou. Era Grissom.

GG: Como está, querida?
SS: Com saudade...
GG: Estarei de volta assim que possível.
SS: Como estão as coisas por aí?
GG: Um pouco complicadas. Tem gente que não quer colaborar, ou está escondendo coisas.
SS: Tome cuidado.
GG: Não se preocupe, estou com minha arma. Como está o bebê?
SS: Está quieto, nem estou sentindo enjôos...
GG: Espero estar de volta amanhã mesmo. Já falei com Catherine e passei instruções. Cuide-se, honey!
SS: Eu te amo!
GG: Eu também. Tchau!

Sara deu um sorriso e voltou a fazer o que estava fazendo. Na hora de ir embora, começou uma chuva torrencial. Com cuidado, dirigiu até chegar em casa. Depois de um banho quente, foi até a cozinha fazer um café. Foi quando a campainha tocou. “Grissom já voltou? Puxa, foi rápido!”, pensou. Ao abrir a porta, Sara levantou a sobrancelha, intrigada:

SS: Você aqui?
LS: Posso entrar?
SS: Sim – respondeu Sara friamente depois de titubear por alguns instantes.

Laura Sidle adentrou-se ao apartamento da filha e as duas se olharam fixamente, num clima gélido e constrangedor.

SS: Como você me encontrou?
LS: Não foi difícil. Afinal, não tem muitas Sidles em Vegas.
SS: Porque você apareceu? Pensei que vivia em...
LS: Em uma clinica psiquiátrica? De fato, fiquei muitos anos lá.

Mãe e filha se olhavam e era como se fosse duas estranhas. Laura Sidle ajeitou os cabelos lisos e castanhos, que iam até os ombros, tal como os de sua filha. As duas, por sinal, eram idênticas, mais pareciam irmãs gêmeas. Mas eram mãe e filha, separadas por uma tragédia e pela vida. Havia muita tristeza no olhar de Sara, mas a matriarca Sidle parecia ignorar.

SS: Por que você está livre se é uma assassina?
LS: Acho que você ainda deve se lembrar de que era uma menina quando ele morreu, e isso já tem muito tempo. Agora você é uma mulher feita, então cumpri minha pena.
SS: Quer dizer que...        
LS: Agora sou uma mulher livre!
SS: E seu estado mental?

Laura Sidle deu uma risada.

LS: Eu tive de fingir ser mentalmente incapaz, senão seria condenada a prisão perpétua ou até mesmo o corredor da morte. De alguma forma, fiz isso para proteger você e seu irmão.
SS: Você tem alguma notícia de Bob?
LS: Não. De você foi mais fácil conseguir a localização por que alguém me passou seu endereço.
SS: E quem foi que lhe deu meu endereço sem a minha permissão?
LS: Sinto muito, querida, mas sou uma pessoa muito discreta e não posso revelar o nome da pessoa.
SS: Mas essa pessoa sem caráter lhe deu meu endereço sem fazer questão de esconder não é? – Sara já estava brava.
LS: Eu disse que precisava te ver e ainda fiquei sabendo que vou ser avó. Não é o máximo?

Laura tentava se aproximar da filha, mas a perita a repelia.

SS: Não! Esse filho não é seu neto. Você não tem mais nada a ver com a minha vida!
LS: Como não, Sarinha? Eu sou sua mãe!
SS: Deixou de ser quando tirou a vida do meu pai. Passei anos da minha vida com fantasmas e custei a levar uma vida normal. Você não vai voltar para fazer tudo reaparecer de novo não!
LS: Que fantasmas são esses, Sara? Não vai me dizer que acredita em fantasmas de filmes de terror!
SS: Metaforicamente falando!
LS: Então você nunca esqueceu de sua infância?
SS: Nem das coisas boas, tampouco das más. Como poderia?
LS: Acho que já não faço mais parte da sua vida então.
SS: Desde que me entendo por gente você sempre amou mais meu irmão do que a mim; como pode exigir de mim algo que você mesma nunca me deu?
LS: Você está sendo injusta, Sara.
SS: Não, Laura. Se tem uma coisa que sou é justa. A vida me ensinou a ser forte, e ser uma csi me ajuda a superar meus traumas.
LS: E Grissom também, não é?
SS: O que você sabe a respeito de Grissom?
LS: Como disse, a pessoa que me passou seu endereço falou sobre seu relacionamento com seu supervisor. É ele o pai de seu bebê, não é?

Sara se exaltou com o atrevimento da mãe.

SS: Você não tem o direito de vir até minha casa sem ser convidada, depois de ter matado meu pai e passado anos em um manicômio e querer se meter na minha vida!
LS: Eu não estou me metendo em sua vida! Eu não me importo com o que você faça dela!

Depois de perceber o que havia dito, Laura Sidle abaixou o tom de voz:

LS: Quer dizer... eu me importo sim, você é minha única filha. Como eu poderia deixar de querer seu bem?
SS: Por favor, vá embora da minha casa...
LS: Como?
SS: Vá embora! Me deixe sozinha! – Sara tinha lágrimas nos olhos, mas permanecia nervosa.
LS: Eu vou, se é assim que você quer.

As duas se olharam mais uma vez e Laura saiu do apartamento. Sara, por mais que achasse que deveria nutrir algum tipo de sentimento pela mãe, não conseguia esquecer tudo o que vivera ao lado dela desde seu nascimento indesejado - Laura vivia dizendo isso a ela quando pequena, pois ela e o marido queriam apenas menino, e com isso Bob Sidle, o primogênito, sempre fora o mais querido, o mais amado, tendo tudo o que queria com facilidade. 
No entanto, o pai de Sara, Carl Sidle, tinha um grande carinho pela filha, e a amava igualmente. Esse afeto através dos anos ajudou Sara quando ele fora assassinado pela própria esposa e a garotinha foi parar em orfanatos, ficando órfã não apenas de pai morto e mãe viva, mas também dos sentimentos essenciais para a formação do caráter e personalidade da criança, além da segurança emocional. Apesar dos 35 anos e da fortaleza em que se transformara, Sara ainda tinha suas fraquezas, que vinham mais à tona com o turbilhão de emoções surgidos na gravidez. Ela sabia, precisava de Grissom mais do que nunca agora. Para esquecer aquela conversa tão desagradável, foi para o chuveiro e tomou uma ducha gelada. Adormeceu feito um anjo naquela noite, mesmo estando sem seu homem. Em Jackpot, Grissom também sentia saudades da mulher, só que não podia ficar de devaneios, pois estava em um lugar onde algumas autoridades pareciam querer abafar o crime ocorrido ali, tentando dificultar que o supervisor descobrisse qualquer coisa mais a respeito. Era alta madrugada e Grissom estava com o xerife da cidade e alguns policiais na casa de um parente do suspeito do crime.

GG: Quer dizer que seu primo não estava naquela área onde ocorreu o homicídio?
PS (primo do suspeito): De jeito nenhum, camarada! Conheço bem o John, sei que ele não faria mal a ninguém. Além do mais, ele tinha ido a uma cidade aqui perto fazer um trabalho de carpintaria para um conhecido meu.
GG: Tem como me provar isso?
OS: Olha só, ele é que tem que falar com você, não eu.
P(policial): Vai abrir o jogo ou será preciso força policial?
OS: Eu...

Antes que o sujeito concluísse seu raciocínio, alguém, no corredor no segundo andar da casa falou:

##: Mas que surpresa é essa, policiais? À essa hora em minha casa?

Grissom olhou para o sujeito com desconfiança e percebeu que ele tinha um revólver escondido no paletó. No que ele ia pegar sua arma, o suspeito foi mais rápido e atirou nos presentes, que, protegidos atrás de móveis, revidaram e atiraram nele, matando-o. O susto foi grande, e enquanto Grissom se envolvia em tiroteio com suspeito que se tornara criminoso de fato, Sara, dormindo, estava agitada na cama. Embora o bebê não passasse de um feto ainda, ela sentiu sinais vindos dele através de enjôos fortes. Era como se o filho estivesse se agitando dentro dela, e a ligação amorosa entre Sara e o pai da criança era muito forte, por isso ela sentiu a angústia que ele passando, mesmo sem saber. Acabou acordando e sentou-se na cama, enjoada. “Por quanto tempo mais eu vou agüentar esses enjôos?

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