BG:
Gilbert te ama realmente, Sara. Eu nunca o vi tão apaixonado assim por ninguém,
e olha que conheci algumas namoradas dele, apesar de sempre ter morado longe um
do outro.
Sara
apenas sorriu, e a matriarca Grissom continuou:
BG:
Ele poderia ter sido pai há mais tempo, mas as mulheres que apareceram no
caminho do meu filho não eram dignas de ser a mãe de um filho dele. Até você
aparecer, meu Gilbert não teve sorte com as mulheres e nem com o amor...
SS:
Não sou tudo isso, Betty. Tenho meus defeitos e Griss os conhece muito bem.
BG:
Mas os ama como ama a você. Só quem ama de verdade ama nossos defeitos, sejam
eles quais forem. Releva-se tudo, dá mais importância às qualidades. O que são
os defeitos diante das qualidades, não é mesmo?
SS:
É.
BG:
E isso você parece ter em grande quantidade, para meu filho ser tão feliz e
apaixonado. Obrigada por cuidar do meu menino!
SS:
Eu amo seu filho desde que o conheci, e agora que estamos juntos, tenho certeza
de que esse amor não se acabará.
BG:
Tenho plena certeza também.
Grissom
chegou ao lab e Catherine logo veio perguntando por Sara:
CW:
Sara não vem?
GG:
Acordou com muito enjôo, chegou até a vomitar.
CW:
Normal para o tempo de gestação dela. Quero passar lá para vê-la.
GG:
Agora ela está na companhia de minha mãe.
CW:
E como as duas estão se saindo?
GG:
Muito bem, minha mãe adorou Sara e vice-versa.
CW:
As duas são mesmo adoráveis!
Sara
chegou ao lab algumas horas depois. Ao passar pelo corredor, deu de cara com
Ecklie.
CE:
Era você mesma quem eu estava procurando.
SS:
Era você mesmo quem eu não queria ver agora!
CE:
Venha comigo, Sidle. Nada de insubordinações!
Sara
deu um longo suspiro e acompanhou o chefe.
SS:
Diga, Ecklie. Qual é o assunto?
CE:
Quero saber se é verdade que está grávida.
SS:
Que eu saiba, minha vida particular não lhe diz respeito.
CE:
Não me interessa o que você faz da sua vida fora do lab, mas o que acontece
aqui dentro me diz todo o respeito.
SS:
Cuide da sua vida, está bem?
CE:
Não venha com malcriação, Sidle!
SS:
Vai fazer o que?
CE:
Olha, mocinha, posso te dar uma suspensão pro resto do ano!
GG:
Você já foi menos canalha, Conrad! – disse Grissom, entrando na sala.
CE:
Quem lhe chamou para a festa?
GG:
O som da sua voz estava tão alto que não resisti. E outra: cuide da sua vida,
que já não é fácil, e deixe a de Sara em paz. Que mania a sua de se meter na
vida nos subordinados!
CE:
Não quero funcionária grávida por aqui, o prejuízo será enorme!
GG:
Pra quem, Ecklie? Pro governo ou pro seu bolso?
CE:
Olha aqui, Gil...
GG:
Olha aqui você! Quem te contou que Sara está grávida?
CE:
Isso não importa. É verdade, não é?
SS:
E se for? Onde você entra nisso?
GG:
Sara, volte para a sala de convivência. Daqui a pouco eu apareço por lá.
SS:
Mas...
GG:
Vá, por favor.
SS:
Tudo bem.
Assim
que a perita saiu, Grissom se aproximou de Ecklie e disse, em tom de voz mais
baixa:
GG:
Acho bom você parar de pegar no pé de Sara. Senão, eu vou entender essa sua
implicância como uma paixão não-correspondida. E vou logo avisando: de Sara
você nem pense em chegar perto porque eu não vou admitir!
O
careca deu uma risada debochada.
CE:
Tem certeza de que você não andou bebendo nada, Gil? De onde tirou essa idéia
esdrúxula?
GG:
Não é esdrúxula, é perfeitamente plausível. Não é possível alguém ser tão
implicante sem fundamento. A menos que seja ódio gratuito mesmo.
CE:
Você está louco mesmo!
GG:
Está avisado!
CE:
O que você fará com Sara? Sabe que ela estando desse jeito não poderá ir a
campo, o que reduz nossos homens.
GG:
Já cuidei de todos os detalhes. Sara ficará apenas no lab, cuidando de partes
que não coloquem a vida dela e do bebê em risco. Como sempre, cheguei à sua
frente, Conrad.
CE:
Nem sempre haverá essas oportunidades, Gil.
GG:
O que você quer dizer com isso?
CE:
Nada.
Assim
que o supervisor saiu, Ecklie ficou andando de um lado para o outro em sua
sala. Grissom encontrou Sara na sala de digitais com Mandy.
GG:
Pensei que estivesse em outra sala.
SS:
Não, Mandy me chamou para ver as digitais. Veja, elas batem com a de Harrison
Gregoulos, um traficante grego que mora no sul de Vegas. Não era este o sujeito
que apareceu na fita do incêndio naquele bar?
GG:
Parece que sim, a imagem não está muito nítida. De qualquer forma, este homem
continua à solta e precisa ser detido. Ele tem crimes demais nas costas.
SS:
Exato.
Os
dois saíram juntos da sala e seguiram para a sala de reuniões, que àquele
momento estava vazio.
SS:
Então, amanhã teremos nosso jantar a três?
GG:
Infelizmente teremos de adiar nosso jantar, querida.
SS:
O que foi?
GG:
Minha mãe vai embora amanhã e terei de ir a Jackpot investigar um crime que
está mal-resolvido.
SS:
Como?
GG:
Acabei de receber um chamado de uma cabeça que apareceu perto do deserto.
SS:
E o que Jackpot tem a ver com isso?
GG:
O carro perto da cabeça tem placa de lá. Liguei para o chefe de polícia de lá e
as características do corpo sem cabeça que apareceu por lá batem com a cabeça
daqui.
Sara
deu um suspiro, resignada.
SS:
Tudo bem...
GG:
É só um ou dois dias. Voltarei o mais rápido possível.
SS:
Está tudo bem, Griss.
Naquela
noite, Grissom foi para seu apartamento. Iria dormir por lá, depois de fazer
sua mala com poucas coisas. Sara teve de conformar-se a ficar sozinha. A cama
de casal, que já era grande, tornou-se imensa. As mãos finas e delicadas da
apaixonada mulher tocavam a parte vazia buscando o corpo de seu homem. Parecia
que o bebê dos dois sentia que o pai estava ausente, porque naquela noite Sara
nem enjôo sentira. Tudo estava bem fisicamente.
SS:
Esta noite seremos só você e eu, bebê – disse a futura mãe, tocando a barriga
ainda sem volume, tentando transmitir ao filho todo seu carinho.
A
gravidez parecia estar fazendo muito bem à Sara; sua pele estava mais macia, os
cabelos mais sedosos, um brilho diferente havia no olhar... a felicidade estava
maior! Mas passar a noite sem Grissom a seu lado na cama era como se voltasse a
um passo de solidão. A
manhã estava fria e chuvosa. Sara levantou-se com um pouco de preguiça;
sozinha, preferia continuar dormindo para o dia passar logo. Mas o trabalho a
chamava e tinha mais o que fazer.
Depois
de um banho delicioso, o qual teve a impressão de que o bebê agradecera, ficou
frente ao espelho no quarto e tocou a barriga onde trazia o fruto do grande
amor que ela e Grissom compartilhavam; um amor que era só deles, os sonhos que
habitavam apenas na mente dos dois. Grissom ligara para dizer que chegara bem à
cidade de Jackpot; disse que tentaria voltar o mais rápido possível. Sara foi
para o lab saudosa do amado mas com energia para mais um dia de trabalho;
chegou com um lindo sorriso nos lábios, chamando a atenção de todos.
NS:
Bom dia, Sara! Está feliz porque?
GS:
Acho que ela viu passarinho verde...
SS:
Bom dia a todos. Não, não vi passarinho verde, apenas estou me sentindo feliz.
CW:
Gil ligou?
SS:
Ele disse que chegou bem.
CW:
Espero que nos dê notícias do caso logo, senão fica difícil encaixar as peças.
SS:
Preciso ver uns relatórios, vou para a sala de reuniões.
CW:
Nós estamos indo a campo. Você ficará bem?
SS:
Claro, porque não?
CW:
Qualquer coisa estou no celular. Tchau.
SS:
Tchau.
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