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Alguém entre nós - cap. 1



Las Vegas enfrentava uma nevasca daquelas, a ponto de esvaziar as ruas, tão forte que eram. Mas a equipe de Grissom trabalhava incansável, na ânsia de colocar mais criminosos atrás das grades. Era noite, e todos estavam reunidos na sala de convivência.

CW: Devia ser proibido cometer crimes durante a nevasca. Meus dedos congelam todinho...
WB: Cath, querida, bandido não tem estação ou condição meteorológica. Pra ele tanto faz como tanto fez. O que ele quer é cometer crimes.
SS: Mas eu concordo com a Cath. Debaixo de um frio desses meu cérebro congela.
NS: Querida amiga Sara, acho que você precisa é de um cobertor de orelhas.
SS: Sim, Nick, preciso mesmo.

Grissom observava aquele papo de cobertor de orelha meio contrariado. Ele amava Sara, mas não tomava coragem de dizer tudo o que sentia. Esse maldito medo que o acompanhava! E assim, via a mulher que desejava sempre só e sentindo solidão. Catherine havia sido mais esperta e se declarado ao homem que amava, Warrick. Não perdera tempo. E estava feliz nos braços dele. No final do expediente, por volta das dez, Grissom se preparava para ir embora. Estava em sua sala. Foi quando Sara apareceu na porta, com um sorriso meigo. Ele se fez de duro para não sentir o calor que a pele dela emanava, fazendo com ele pudesse querer beijá-la ali mesmo. Grissom desejava Sara, e muito. Só não sabia como expressar seus sentimentos, e lidar com eles.

SS: Muito cansado?
GG: Um pouco. O frio sempre me deixa mais vulnerável ao cansaço. E você, por que ainda não foi?
SS: Ãh, estou esperando Catherine. Nós estamos planejando algo para o fim-de-semana. Você tem algo para hoje?
GG (levantando a sobrancelha): Por que me pergunta isso?
SS: Queria convidá-lo para um café em minha casa. Como está frio, achei que poderíamos conversar um pouco.

Grissom engoliu a saliva. Um café na casa de Sara com aquele tempo, o resultado não poderia ser outro a não ser cama. E isso ele temia, cair nos braços dela e não saber como ficar longe depois.

GG: Não, Sara.
SS: Qual o problema? É apenas um café!
GG: Você sabe que não sei lidar com isso...
SS: Eu posso te ensinar. Só depende de você.
GG: Sara... Estou falando a verdade quando digo que não sei lidar com você. Se fosse qualquer outra mulher era mais fácil, mas estamos falando de você.
SS: E qual é o seu problema comigo, Griss? – os olhos dela marejavam – Porque tudo o que faço nunca é o suficiente pra você, nunca consigo te agradar. Eu sou o problema, cheguei a essa conclusão.
GG: Sara...
SS (já chorando): Cansei, Griss! Você mais uma vez partiu meu coração, em dois, três ou dez pedaços. É demais para uma pessoa só! Eu sempre te amei, e ainda amo. Mas meu amor não serve pra você, é pouco demais, não é mesmo? E você precisa de alguém que seja tão fechada quanto você, que se isole do mundo feito você. Talvez você seja homem para as suas borboletas.

Sara saiu da sala aos prantos. Passou feito um furacão por Catherine e Warrick, que iam até a sala de Grissom se despedir dele.

WB: Ué, o que deu nela?
CW: Só pode ter sido o de sempre: Gil Grissom! Vou falar com ele. Você me espera no carro?
WB: Claro!

Os dois se beijaram e cada um foi pro seu lado.

CW: Gil?
GG: Estou saindo, Catherine.
CW: Pode ser, mas antes vou falar com você sobre o que acabei de presenciar.
GG: Se for sobre Sara...
CW: Não finja que não aconteceu nada! A coitada saiu daqui aos prantos, nem quero imaginá-la ao volante nesse estado!
GG: Você virou advogada dela agora?
CW: Não, mas eu detesto injustiça. Se você não a ama, diga de uma vez, ao invés de alimentar as fantasias e sonhos românticos dela. Sara tem seus trinta e poucos anos, mas no fundo é uma menina romântica, fantasiando com um amor que, pelo visto, só existe na cabeça dela. Alguém precisa dizer que o príncipe encantado dela não existe. Por que você não diz pra ela? Quem sabe assim ela fique livre para viver.
GG: Eu amo Sara, Catherine. Desde que a conheci. Eu não sei que feitiço essa mulher tem que me deixa indefeso, sem poder de reação quando está por perto... E aí, pra me defender desse poder que ela tem, me faço de duro, de frio, para que ela se afaste.
CW: Você vai conseguir seu objetivo rapidamente. Ela está tão magoada que duvido que irá tentar se aproximar de você novamente. Se fosse comigo, você já tinha levado um belo tapa na lata, para aprender a me respeitar. Oras, Gil, se você não sabe amar, porque não deixar que alguém te mostre o que é amar? E se não quiser aprender, ao menos não destrua as fantasias de alguém, pode ser que sejam as únicas coisas que ela possua.

Catherine saiu da sala deixando um Grissom perplexo e pensativo. Em casa, Sara não conseguia dormir. Ardia em febre. Tomou um remédio e deitou-se na cama para tentar dormir. Imediatamente Grissom veio em sua mente. Mas ele estava nu, o que a fez dar uma risada encabulada. Como ficar imaginando seu supervisor nu justo quando ardia em febre? Foi quando a campainha tocou. Mesmo cambaleando, enrolada no lençol, Sara foi abrir a porta. Levou um susto ao ver que era Grissom. Porém, frágil do jeito que estava, acabou desmaiando nos braços dele. Grissom segurou Sara nos braços e a levou até o quarto, onde a deitou na cama. Alguns minutos depois, Sara despertou e viu Grissom lhe observando.

SS: O que você faz aqui, Griss? E porque estou na cama?
GG: Você desmaiou, eu a trouxe pra cá.
SS: Ok. Mas o que você faz aqui? Não basta ter me feito chorar hoje? Qual é, quer ver o circo pegar fogo? Não se deu por satisfeito, precisava vir até aqui?
GG: Não, Sara. Acho que não foi uma boa idéia ter vindo aqui.
Vou embora.

Sara ficou boquiaberta com mais uma atitude incompreensível de Grissom. Ele, definitivamente, não era um homem fácil de se entender. E àquela altura, magoada, já não fazia questão de tentar entendê-lo. Iria partir pra outra, mesmo que não aparecesse ninguém. Talvez seu destino fosse mesmo ser uma pessoa sozinha. Na manhã seguinte, ainda sentia-se mal. Resolveu que não iria ao lab. Ligou para Catherine, para avisar que não iria.

CW: Willows.
SS: Cath, sou eu, Sara.
CW: O que foi, Sara? Caiu da cama? Ainda é cedo!
SS: Estou te ligando para avisar que não vou ao lab hoje.
CW: É por causa de ontem?
SS: Tive febre ontem à noite, e acordei com o corpo meio mole. Devo dar uma passada no médico, mas estou sem a menor condição de trabalhar hoje.
CW: Se não está legal, tudo bem, eu digo ao Gil. Mas tem certeza de que não há nada além de uma febre?
SS: É só isso, Cath.
CW: Ok então.

Sara desligou o telefone e voltou a dormir. No lab, Grissom separava as tarefas do dia e iria distribuí-las.

GG: Falta alguém?
CW: Não percebeu não, é?
GG (olhando ao redor): Cadê Sara?
CW: Não virá hoje.
NS: Aconteceu alguma coisa?
CW: Ela me ligou hoje cedo e disse que não se sentia bem, parece que estava com um pouco de febre.
NS: Saindo daqui vou visitá-la.

Catherine, vendo que Grissom estava absorto em pensamentos, tratou de cutucá-lo.

CW: Ei! Não vai distribuir as tarefas de hoje não, é?
GG: Desculpe a minha distração. Nick, Warrick e Greg, adolescente morto em festa rave. Catherine e eu ficaremos com o crime da boate. Bom dia a todos.

Durante o trajeto, Grissom não parava de pensar em Sara e no que fazia pra deixá-la tão triste e pra baixo. Ela o amava tanto a ponto de ter uma febre emocional. E o que faria para reverter a situação? “Grissom, você é um idiota!”, uma voz em sua mente dizia. Catherine nunca perdia um só detalhe de tudo. Obviamente percebeu que ele estava distante e quebrou o gelo.

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1 comentários:

Luciana Dias disse...

Voltei! Grissom tem que assumir que ama Sara e parar de bobagem!

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