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Um deslize inconsequente - cap. 7


GS: Mas por sua culpa!
CW: Minha culpa?
NS: Se não tivesse deixado a promoção subir à sua cabeça e tratado Sara tão mal, nada disso teria acontecido.
GG: Eu falo com Catherine mais tarde. Vocês, todos pra  casa, o turno acabou.

Nick e Greg saíram na frente, e Warrick, antes de sair, deu um abraço carinhoso em Catherine.

WB: Não se preocupe, vai dar tudo certo.

Depois que ficaram a sós, Catherine desatou a chorar.

GG: E agora, porque esse choro?
CW: Não queria que nada disso tivesse acontecido, Gil...
GG: O que eu falei sobre ter humildade? Você foi prepotente, arrogante e se aproveitou de sua superioridade como supervisora para ferir os que estão abaixo.
CW: M...
GG: Não havia motivo algum pra você tratar Sara da forma com a qual tratou. Você sabe que ela é uma pessoa sozinha na vida, se faz de forte mas no fundo é tão frágil como uma flor. Agora Ecklie entrou na história e conseguiu seu maior desejo: demiti-la. Você não fica com nem um pouco de remorso por alguém ter perdido o emprego por culpa sua?

Catherine, atordoada com as palavras duras de Grissom, não conseguia dizer nada.

GG: Espero que você melhore seu comportamento com relação aos outros e se desculpe com Sara, mesmo que ela não volte para o lab.

Grissom ia saindo da sala quando Catherine disse:

CW: E porque você ainda não se desculpou com Sara pelas coisas que anda fazendo?

Grissom virou-se para Catherine e, muito sério, apontou o dedo para ela:

GG: Não se meta na minha vida particular.

A loira ficou abismada e, sozinha na sala de convivência, desatou a chorar. No dia seguinte, Sara foi até a farmácia comprar um teste de gravidez. Em casa fez o teste, e o resultado... positivo! Um misto de alegria e surpresa tomou conta da perita. Não sabia nem o que fazer dali em diante. Jamais se imaginara mãe, mas quando se acertou com Grissom, o instinto materno aflorou. Por algumas vezes sonhara com um bebê nos braços, tendo seu homem ao seu lado, os dois felizes com o nascimento de seu bebê. Agora não tinha mais seu amado, mas dentro de seu ventre uma criança gerada num momento de puro amor começava a dar sinais de sua presença latente.
Era um sinal de que, independente de tudo o que ocorrera, Grissom sempre estaria em sua vida, através do filho que ele gozara dentro de si. Com uma lágrima despontando nos olhos, Sara deixou o sorriso discreto de uma felicidade solitária estampar em sua boca. E assim, com o coração batendo mais forte, deitou-se no sofá e adormeceu num sono tranqüilo, mesmo com o mundo desabando lá fora. Por outro lado, Grissom, em sua cama, não conseguia dormir. O casamento com Sara ia acontecer em poucos meses, e, em poucos dias, tudo foi por água abaixo. Embora tentasse não pensar, não conseguia evitar os pensamentos na gravidez de Heather. Ela estava sozinha, com uma criança na barriga e talvez implorando por atenção, ainda que não dissesse. Iria ter uma conversa definitiva com ela. E pensar numa forma de trazer Sara de volta para sua vida.
No dia seguinte, Sara foi despertada com um telefonema de Richard.

RS: Te acordei, irmãzinha?
SS: Não, já estava de pé – mentiu.
RS: Victoria e as crianças chegam amanhã. Será que poderíamos nos ver hoje?
SS: Claro!
RS: E o seu trabalho, não vai ficar prejudicado com sua ausência?
SS: Fui demitida.
RS: Como?!
SS: É uma longa história. Mas depois a gente fala disso.
RS: Tudo bem. Eu queria saber se você gostaria de rever a mamãe.
SS: Você a encontrou?
RS: Ela se encontra em São Francisco mesmo. Gostaria de ir?
SS: Sim. Só não pensei que fosse acontecer tão... rápido.
RS: A visita será rápida pra não se tornar dolorosa. Posso te pegar em casa?
SS: Claro. Anote o endereço.

Depois de desligar o telefone, Sara foi se banhar para despertar-se do sono.  Iria rever a mãe, e não tinha a menor idéia do que iria acontecer, como elas reagiriam ao ver uma à outra. Mas precisava ser forte mais do que tudo nesse momento. Esperava um filho, e não poderia passar pra ele qualquer sentimento negativo. No caminho para o aeroporto, Sara contou a novidade para o irmão.

SS: Richard, preciso lhe dizer algo.
RS: Diga, irmãzinha.
SS: Você estava certo.
RS: Em que?
SS: Estou grávida.
RS: Eu sabia, Sara! Eu sabia! Você fez o teste?
SS: Sim. Deu positivo.
RS: Fico muito feliz por você. Eu só lamento vê-la grávida numa situação dessas. Gostaria que estivesse feliz ao lado de alguém que a amasse. Mesmo sendo esse tal de Grissom. Afinal, ele é o pai do seu bebê, vocês deveriam estar juntos nesse momento, não é?

Sara deu um suspiro. Lembrar-se de Grissom estava sendo doloroso.

SS: Sim. Mas o que aconteceu está feito.
RS: Eu sei.  Mas não quero vê-la triste, ok?
SS: Ok.

O vôo até São Francisco foi tranqüilo. Do aeroporto pegaram um táxi até a clínica psiquiátrica para presidiários.

RS: Por favor, gostaríamos de ver a paciente Laura Sidle, seria possível?
##: Vou chamar o diretor, um momento.
SS: Será que vão nos deixar vê-la?
RS: Espero que sim. Olhe, lá vem o diretor.

Enquanto isso, no lab, Catherine reconheceu o erro e pediu desculpas a todos.

CW: Estou devendo um comportamento melhor com relação a vocês. Não agi legal com a Sara e nem com todos. Mas eu queria muito essa promoção, e agi de acordo com os meus princípios e posição aqui no lab.
NS: É, Cath, mas isso não justifica você ter nos tratado de maneira arrogante. Sara sentiu-se humilhada, e ainda por cima foi demitida. Não é o suficiente pra você ficar com algum remorso?
CW: Olha Nick, eu já admiti meu erro. Espero que vocês possam me desculpar por tudo.
GS: Suas desculpas não vão trazer a Sara de volta.
CW: Vou falar com ela também.
NS: Ótimo!

Em São Francisco...

RS: Doutor, será que poderíamos ver a paciente Laura Sidle?
DR: O que vocês são dela?
RS: Somos os filhos.

O médico olhou para Sara e Richard numa espécie de analise visual. Pensou em não assentir, mas vendo que se tratava dos filhos, permitiu.

DR: Tudo bem, vocês podem vê-la. Por aqui.

Enquanto caminhava pelo corredor, Sara sentia seu coração descer pelas pernas. Suava frio e as mãos tremiam. Ao chegarem à porta do quarto, o médico fez algumas recomendações.

DR: Por favor, não deixem a paciente estressada nem alterada. Ela toma muitas medicações, então alterna momentos de lucidez com psicose lúpica, que é um quadro de alternâncias entre a identidade e a certeza de si, ou seja, ela pode saber seu próprio nome mas não ter certeza de quem realmente seja. Sejam delicados no tratamento da paciente.
RS: É nossa mãe, doutor, teremos todo o cuidado.

Assim que o médico abriu a porta, Sara e Richard viram o mundo em que sua mãe vivia. Era um grande quarto, todo em branco, com cortinas e lençóis em tons suaves. Havia quadros nas paredes e bonequinhas de porcelana, da mesma forma que havia em sua casa, lembrou Sara. Laura se encontrava na cama, estava dormindo. O médico se retirou para deixar Sara e Richard à vontade com a mãe. A perita se aproximou da cama e não segurou as lágrimas ao rever a mãe. Ela, tão parecida fisicamente com Sara, magra e com os cabelos castanhos até os ombros, parecia um anjo adormecido. Nem de longe lembrava a mulher que matara seu pai, há muitos anos atrás.

RS: Ela está tão bonita, não? – sussurrou Richard.

Sara não conseguiu responder. Sua voz parecia ter sido calada pelo reencontro. Sua mãe era uma assassina, disso não tinha dúvidas; mas era a mulher que lhe dera a vida, que lhe amou, cuidou de si. Agora que esperava um filho, tentava resgatar algum sentimento perdido. Quem sabe não o reencontraria em sua mãe? Richard abraçou a irmã e ficou, junto dela, observando o sono da mãe. Que pouco tempo depois despertara. Laura abriu os olhos e viu duas pessoas lhe observando. Levantou a sobrancelha, tal como Sara fazia, e sentou-se.Pensou em gritar, mas aquelas pessoas à sua frente não lhe eram estranhas. Eram seus filhos! Os olhos encheram-se de lágrimas ao revê-los, e um sorriso suave abriu em seu rosto.

LS: O que vocês... fazem aqui?
RS: Viemos vê-la, mamãe – Richard tentava segurar as lágrimas.

Laura levantou-se da cama e se aproximou dos filhos. Tocou suavemente do rosto de Richard e depois o de Sara.

LS: Sara... É você, filha? Está tão... bonita.
SS: Eu cresci... mamãe.
LS: Eu... Sinto tanto a falta de vocês. Porque nunca vieram me ver?
RS: Não sabíamos onde você se encontrava, mamãe. Cada um foi para um canto. Reencontrei Sara somente agora.
LS: Verdade?
RS: Sim.
LS: Oh céus! Meus filhos tão longe um do outro e tudo por culpa minha! – ela pôs as mãos na cabeça.

Completamente refeita das lágrimas, Sara olhou para a mãe.

SS: Lamento que você esteja desse jeito, mamãe. Não gostaria nunca de vê-la num lugar com este. Sinto muito.

Laura chorou emocionada ao ouvir as palavras um tanto ressentidas da filha, que continuou:

SS: Mas nunca me esqueci de você, de Richard e de meu pai. A família sempre foi tudo para mim. E a falta de uma é o vazio que está sempre presente no meu coração.

Richard e a irmã perceberam que a mãe mudou de fisionomia rapidamente. Ela olhou para eles como se não os conhecessem.

LS: Quem são vocês? O que fazem aqui? Quem sou eu? O que estou fazendo aqui?

Os dois irmãos ficaram assustados. Será que a mãe estava tendo uma das crises de psicose lúpica?

RS: Parece que ela está tendo uma crise de identidade. Não sabe quem somos.
SS: Somos seus filhos, mamãe! Sara e Richard.
LS: Não, eu não tenho... Não, me solta!

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