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Por amor - cap. 3


Grissom ficou chateado com a novidade. Sabia que ela estava saindo com alguém, mas precisava ser justo um homem alto, forte e bonitão? Bom, Sara era livre para fazer o que bem entendesse de sua própria vida.

GG: Sara é livre, Catherine. Ela tem todo o direito de sair com quem quiser.
CW: Mas a questão não é só essa.
GG: Tem algo a mais nessa história?
CW: Ela está grávida, Gil.

O supervisor sentiu uma dor forte no estômago ao ouvir aquilo. Sua Sara esperando filho de um cara metido a galã de Hollywood... e ele, sem a menor coragem de fazê-la vir para seu mundo. Catherine percebeu a tensão e o clima angustiante no ar.

CW: Ainda está aí, Gil?
GG: Estou – respondeu secamente.
CW: Então, o que me diz?
GG: Que ela seja muito feliz com o Hank.
CW: Não era isso o que eu queria ouvir de você.
GG: Não tenho o que dizer a respeito, Catherine.
CW: Mas eu tenho: exijo que você vá atrás dela e diga que a ama e que não a quer com homem nenhum que não seja você! Abra seu coração, baixe a guarda, faça-a saber que é amada, ainda que de uma forma tão diferente...
GG: Acho que você não me entendeu, Catherine! Sara está esperando um filho de outro homem, está feliz, eu não tenho porque impedi-la de ser feliz!
CW: Como você pode me dizer que ela está feliz com um homem quem não ama? Se prestasse só um pouco de atenção, o mínimo que fosse, teria percebido que nos olhos de Sara o seu rosto está presente o tempo todo. E tenho absoluta certeza de que no coração dela, quem habita é apenas uma pessoa: Gil Grissom!
GG: Ok, Catherine, vou ver o que faço.
CW: Mas espero que não leve mais alguns anos para tomar uma decisão. Pode ser tarde demais.

Grissom desligou o telefone e o silêncio da enorme casa o fez escutar a voz do próprio coração, gritando desesperadamente pela mulher que deveria estar ali com ele naquele momento: SARA! No dia seguinte, Sara não apareceu no lab. Estava péssima em toda sua alma. Grissom, preocupado, foi até sua casa visitá-la. O olhar triste da mulher amada o condoeu por dentro.

SS: O que deseja, Griss? Veio saber porque não fui trabalhar?
GG: Posso entrar, Sara?
SS: Claro. Fique à vontade.

Grissom estava se sentindo deslocado naquela situação: diante da mulher pela qual se descobriu imensamente apaixonado, e sabendo que ela estava grávida de outro homem... e por sua causa! Não sabia nem por onde começar.

SS: Então, Griss, o que o trouxe até aqui?

O supervisor parecia estar escolhendo as palavras para dizer.

GG: Sara, estou sabendo que você e o Hank... estão juntos. É verdade?
SS: Que diferença faz, Grissom? Você e eu não somos nada, nunca fomos e penso que jamais seremos alguma coisa. Portanto, tenho o direito de me relacionar com quem eu quiser, não é?
GG: É claro. Mas você o ama?
SS: Mais uma vez pergunto: faz diferença saber disso?
GG: Pra mim faz toda a diferença. Principalmente porque eu amo você.
Sara olhou para Grissom sem compreender o porquê daquilo tudo. Porque diabos ele viera falar de amor se jamais se permitiu amar e ser amado?

GG: Sei que está esperando um filho do Hank.

O silêncio entre os dois foi extremamente barulhento. Era como se cada um pudesse ouvir o coração do outro gritando, esperneando, chamando um pelo outro. Sara engoliu com dificuldade a saliva, e as lágrimas começaram a cair. Era evidente que o amava, e desejava que a criança que esperava fosse dele, e não de outro. Era algo que não queria que ele soubesse, pelo menos não até sair de Vegas, que era sua idéia.

SS: É... aconteceu.
GG: Você sempre foi uma mulher tão esperta, Sara. Como se deixa engravidar assim?

“Engravidei esperando por você, seu idiota!”, pensou Sara, já sem conseguiu segurar o choro. Os olhos de Grissom estavam mais escuros, como se fossem um céu nublado, pronto para chover.

GG: Queria que esse filho fosse meu...

Ao ouvir aquilo, Sara não aguentou e caiu em prantos. Que se dane que estava de frente para o homem que amava, era a dor e todo o sentimento vindo à tona, e ouvir aquilo dele foi como se ele tivesse lido seus pensamentos. Carinhoso, Grissom foi até ela e a abraçou. Sentindo as gotas quentinhas caírem em seu ombro, teve vontade de chorar também, mas manteve-se forte para segurar toda a dor de Sara em suas mãos e jogá-las fora.

GG: Não precisa ficar assim, eu te amo de qualquer maneira, Sara.
SS: Agora é muito tarde para nós sermos um, Griss...
GG: Quem disse?
SS: Tentei te esquecer nos braços de outro e... acabei grávida. Acho que é melhor cada um seguir o seu caminho.
GG: Nada que você me diga me fará amá-la menos. Entendo suas razões por ter se entregado a Hank, e me arrependo amargamente por ter deixado a mulher da minha vida se jogado em outros braços para tentar curar uma frustração amorosa. Sei que sou o homem que você ama, e quero que me deixe amá-la e protegê-la. E por amor a você, Sara, eu farei dessa criança uma parte de mim também.

Sara olhou espantada para Grissom, que continuou:

GG: Pai não é quem faz, mas quem cria. E se eu amo a mãe dessa criança, ela terá todo o meu amor também – ele tocou de leve nos cabelos da perita, que insistiam em cair no rosto, encobrindo-o.
SS: Griss... Você não tem nenhuma obrigação comigo nem com essa criança. Eu errei e preciso consertá-lo sozinha. Se o Hank não quiser assumir, vou cuidar dela sozinha.
GG: Não me quer por perto?
SS: Não distorça minhas palavras! Só não acho que você cuidar do filho de outro homem vai apagar tudo o que aconteceu. Sempre que olhar para a criança, sei que você vai se lembrar de que ela não fruto do nosso amor, e sim de uma aventura desmedida da minha parte.
GG: Como pode pensar assim de mim, Sara?! Você não está aqui dentro pra saber como realmente estou me sentindo com tudo isso!
SS: Exatamente por isso: você é imprevisível!
GG: Não sou imprevisível: sou um homem de carne e osso, com defeitos e alguma qualidade... e que te ama como nunca amei ninguém e como nenhum homem haverá te amado.

Olhando para Sara desejando pegá-la em seu colo, o supervisor pôs a mão sobre a barriga ainda reta da mulher amada e sentiu uma emoção inexplicável. De repente sorriu:

GG: Senti o bebê chutar.
SS: Pára, Griss, ainda nem feto é! - Sara deu uma risada em meio à lágrimas.
GG: Ele está dizendo: “mamãe, fica com o Grissom, ele é legal!”

A perita deu outra gostosa risada e por um momento esqueceu-se dos problemas. Grissom sorriu e enfim deu um beijo apaixonado nela. Depois, os dois se sentaram no sofá e acabaram adormecendo juntos, sentindo o calor do corpo um do outro e com os braços e pernas entrelaçados. Os dias se passaram e Sara não teve mais notícias de Hank. Embora tivesse ficado irritada com a atitude infantil dele, de fugir ao descobrir que seria pai, estava aliviada por estar às boas com Grissom, seu único e grande amor. Nada mais importava. E claro, saber que seu bebê estava muito bem, conforme os exames haviam mostrado. Ela e Grissom pegaram um caso extremamente chocante, por se tratar da morte de um menino, na queda de um brinquedo em um parque de diversões. Os dois foram até a casa dos pais, que estavam em choque, já que era seu único filho.

GG: Boa tarde, somos Gil Grissom e Sara Sidle da criminalística.  A senhora é...?
LP: Lisa Peddigrew. Por favor, queiram entrar.

Sara levou um susto ao ouvir o sobrenome da jovem mulher loura, mas sabia que era um sobrenome muito comum nos Estados Unidos. Grissom também ficou intrigado.

SS: Como foi que aconteceu o acidente?
LP: É terrível ter de contar novamente, mas nosso pequeno James caiu da roda gigante. Parece que o ferro que segurava a grade estava corrompido, foi o que me disseram.
SS: Estava, nós vimos o brinquedo.
HP: Foi terrível mesmo – disse uma voz vindo do corredor.

Se não estivesse sentada, Sara iria cair para trás ao ver quem era o marido da jovem loura: Hank! Ele, ao chegar na sala e ver Sara na sua frente, quase teve um treco! Com tantas peritas no laboratório de criminalística, justo ELA fora até sua casa?! Grissom olhou-o seriamente, com desejo íntimo de dar um soco na cara dele, depois de enganar Sara.

LP: Querido, esses são o pessoal da criminalística...
HP: Já os conheço, Lisa!

A esposa de Hank nem podia imaginar que a mulher à sua frente estivesse esperando um filho de seu próprio marido.

SS: E vocês têm outros filhos? - perguntou Sara, por curiosidade, olhando fixamente para a jovem mulher.
LP: não, James era nosso único filho. E não poderei ter mais filhos, tendo em vista que retirei o útero por conta de um mioma. Enfim, é a vida. Perdi meu único filho! - disse, quase em prantos.

Sara ficou com muita pena da mulher, e ao mesmo tempo, envergonhada por ter se envolvido com um homem casado, embora não soubesse de nada. Hank era o constrangimento em pessoa. Mas o loiro percebeu também que o supervisor tinha no mínimo uma queda por Sara, pela forma como se dirigia a ela, pela forma de olhar... E Grissom percebeu o clima constrangedor entre os Sara e Hank e tratou de acabar logo com a “visita”. Dentro do carro, antes de dar a partida, ele ainda perguntou:

GG: Ficou abalada ao rever Hank?
SS: Pensa que estou apaixonada por ele, Griss?
GG: Eu percebi o clima no ar.
SS: Você sabe o porquê, né?
GG: Sim.
SS: Eu lamento por essa mulher, perdeu o único filho e não poderá ter outros.
GG: E não sabe que o marido dela vai ter um filho...
SS: Pra que lembrar disso, Griss?
GG: Porque esquecer? O filho é seu também não é?
SS: O que eu te falei? Você ia ficar me jogando isso na cara o tempo todo!
GG: Não foi o que eu quis dizer, não foi essa minha intenção...
SS: Então, por favor, não toque nesse assunto até chegarmos ao lab. Minha cabeça está explodindo!
GG: Tudo bem, Sara. Não precisa ficar nervosa.

Enquanto a suv dava a partida, Hank observava a cena da janela. Deu um longo suspiro e ficou pensando que não poderia perder aquela mulher, linda, meiga e que fazia amor deliciosamente... ainda mais porque ela lhe daria o filho que a vida acabara de lhe tirar. Mas havia alguém entre eles: Grissom.

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