Grissom ficou chateado com a novidade. Sabia que ela
estava saindo com alguém, mas precisava ser justo um homem alto, forte e bonitão?
Bom, Sara era livre para fazer o que bem entendesse de sua própria vida.
GG: Sara é livre, Catherine. Ela tem todo o direito
de sair com quem quiser.
CW: Mas a questão não é só essa.
GG: Tem algo a mais nessa história?
CW: Ela está grávida, Gil.
O supervisor sentiu uma dor forte no estômago ao
ouvir aquilo. Sua Sara
esperando filho de um cara metido a galã de Hollywood... e ele, sem a menor
coragem de fazê-la vir para seu mundo. Catherine percebeu a tensão e o clima angustiante no
ar.
CW: Ainda está aí, Gil?
GG: Estou – respondeu secamente.
CW: Então, o que me diz?
GG: Que ela seja muito feliz com o Hank.
CW: Não era isso o que eu queria ouvir de você.
GG: Não tenho o que dizer a respeito, Catherine.
CW: Mas eu tenho: exijo que você vá atrás dela e
diga que a ama e que não a quer com homem nenhum que não seja você! Abra seu
coração, baixe a guarda, faça-a saber que é amada, ainda que de uma forma tão
diferente...
GG: Acho que você não me entendeu, Catherine! Sara
está esperando um filho de outro homem, está feliz, eu não tenho porque
impedi-la de ser feliz!
CW: Como você pode me dizer que ela está feliz com
um homem quem não ama? Se prestasse só um pouco de atenção, o mínimo que fosse,
teria percebido que nos olhos de Sara o seu rosto está presente o tempo todo. E
tenho absoluta certeza de que no coração dela, quem habita é apenas uma pessoa:
Gil Grissom!
GG: Ok, Catherine, vou ver o que faço.
CW: Mas espero que não leve mais alguns anos para
tomar uma decisão. Pode ser tarde demais.
Grissom desligou o telefone e o silêncio da enorme
casa o fez escutar a voz do próprio coração, gritando desesperadamente pela
mulher que deveria estar ali com ele naquele momento: SARA! No dia seguinte, Sara não apareceu no lab. Estava
péssima em toda sua alma. Grissom, preocupado, foi até sua casa visitá-la. O olhar triste da mulher amada o condoeu por dentro.
SS: O que deseja, Griss? Veio saber porque não fui
trabalhar?
GG: Posso entrar, Sara?
SS: Claro. Fique à vontade.
Grissom estava se sentindo deslocado naquela
situação: diante da mulher pela qual se descobriu imensamente apaixonado, e
sabendo que ela estava grávida de outro homem... e por sua causa! Não sabia nem
por onde começar.
SS: Então, Griss, o que o trouxe até aqui?
O supervisor parecia estar escolhendo as palavras
para dizer.
GG: Sara, estou sabendo que você e o Hank... estão
juntos. É verdade?
SS: Que diferença faz, Grissom? Você e eu não somos
nada, nunca fomos e penso que jamais seremos alguma coisa. Portanto, tenho o
direito de me relacionar com quem eu quiser, não é?
GG: É claro. Mas você o ama?
SS: Mais uma vez pergunto: faz diferença saber
disso?
GG: Pra mim faz toda a diferença. Principalmente
porque eu amo você.
Sara olhou para Grissom sem compreender o porquê
daquilo tudo. Porque diabos ele viera falar de amor se jamais se permitiu amar
e ser amado?
GG: Sei que está esperando um filho do Hank.
O silêncio entre os dois foi extremamente
barulhento. Era como se cada um pudesse ouvir o coração do outro gritando,
esperneando, chamando um pelo outro. Sara engoliu com dificuldade a saliva, e
as lágrimas começaram a cair. Era evidente que o amava, e desejava que a
criança que esperava fosse dele, e não de outro. Era algo que não queria que
ele soubesse, pelo menos não até sair de Vegas, que era sua idéia.
SS: É... aconteceu.
GG: Você sempre foi uma mulher tão esperta, Sara.
Como se deixa engravidar assim?
“Engravidei esperando por você, seu idiota!”, pensou
Sara, já sem conseguiu segurar o choro. Os olhos de Grissom estavam mais
escuros, como se fossem um céu nublado, pronto para chover.
GG: Queria que esse filho fosse meu...
Ao ouvir aquilo, Sara não aguentou e caiu em
prantos. Que se dane que estava de frente para o homem que amava, era a dor e
todo o sentimento vindo à tona, e ouvir aquilo dele foi como se ele tivesse
lido seus pensamentos. Carinhoso, Grissom foi até ela e a abraçou. Sentindo as gotas quentinhas caírem em seu ombro,
teve vontade de chorar também, mas manteve-se forte para segurar toda a dor de Sara
em suas mãos e jogá-las fora.
GG: Não precisa ficar assim, eu te amo de qualquer
maneira, Sara.
SS: Agora é muito tarde para nós sermos um, Griss...
GG: Quem disse?
SS: Tentei te esquecer nos braços de outro e...
acabei grávida. Acho que é
melhor cada um seguir o seu caminho.
GG: Nada que você me diga me fará amá-la menos.
Entendo suas razões por ter se entregado a Hank, e me arrependo amargamente por
ter deixado a mulher da minha vida se jogado em outros braços para tentar curar
uma frustração amorosa. Sei que sou o homem que você ama, e quero que me deixe
amá-la e protegê-la. E por amor a você, Sara, eu farei dessa criança uma parte
de mim também.
Sara olhou espantada para Grissom, que continuou:
GG: Pai não é quem faz, mas quem cria. E se eu amo a
mãe dessa criança, ela terá todo o meu amor também – ele tocou de leve nos
cabelos da perita, que insistiam em cair no rosto, encobrindo-o.
SS: Griss... Você não tem nenhuma obrigação comigo
nem com essa criança. Eu errei e preciso consertá-lo sozinha. Se o Hank não
quiser assumir, vou cuidar dela sozinha.
GG: Não me quer por perto?
SS: Não distorça minhas palavras! Só não acho que
você cuidar do filho de outro homem vai apagar tudo o que aconteceu. Sempre que
olhar para a criança, sei que você vai se lembrar de que ela não fruto do nosso
amor, e sim de uma aventura desmedida da minha parte.
GG: Como pode pensar assim de mim, Sara?! Você não
está aqui dentro pra saber como realmente estou me sentindo com tudo isso!
SS: Exatamente por isso: você é imprevisível!
GG: Não sou imprevisível: sou um homem de carne e
osso, com defeitos e alguma qualidade... e que te ama como nunca amei ninguém e
como nenhum homem haverá te amado.
Olhando para Sara desejando pegá-la em seu colo, o
supervisor pôs a mão sobre a barriga ainda reta da mulher amada e sentiu uma
emoção inexplicável. De repente sorriu:
GG: Senti o bebê chutar.
SS: Pára, Griss, ainda nem feto é! - Sara deu uma
risada em meio à lágrimas.
GG: Ele está dizendo: “mamãe, fica com o Grissom,
ele é legal!”
A perita deu outra gostosa risada e por um momento
esqueceu-se dos problemas. Grissom sorriu e enfim deu um beijo apaixonado nela. Depois, os dois se sentaram no sofá e acabaram
adormecendo juntos, sentindo o calor do corpo um do outro e com os braços e
pernas entrelaçados. Os dias se passaram e Sara não teve mais notícias de
Hank. Embora tivesse ficado
irritada com a atitude infantil dele, de fugir ao descobrir que seria pai,
estava aliviada por estar às boas com Grissom, seu único e grande amor. Nada
mais importava. E claro, saber que seu bebê estava muito bem, conforme os
exames haviam mostrado. Ela e Grissom pegaram um caso extremamente chocante,
por se tratar da morte de um menino, na queda de um brinquedo em um parque de
diversões. Os dois foram até a casa dos pais, que estavam em choque, já que era
seu único filho.
GG: Boa tarde, somos Gil Grissom e Sara Sidle da
criminalística. A senhora
é...?
LP: Lisa Peddigrew. Por favor, queiram entrar.
Sara levou um susto ao ouvir o sobrenome da jovem
mulher loura, mas sabia que era um sobrenome muito comum nos Estados Unidos.
Grissom também ficou intrigado.
SS: Como foi que aconteceu o acidente?
LP: É terrível ter de contar novamente, mas nosso
pequeno James caiu da roda gigante. Parece que o ferro que segurava a grade
estava corrompido, foi o que me disseram.
SS: Estava, nós vimos o brinquedo.
HP: Foi terrível mesmo – disse uma voz vindo do
corredor.
Se não estivesse sentada, Sara iria cair para trás
ao ver quem era o marido da jovem loura: Hank! Ele, ao chegar na sala e ver
Sara na sua frente, quase teve um treco! Com tantas peritas no laboratório de
criminalística, justo ELA fora até sua casa?! Grissom olhou-o seriamente, com
desejo íntimo de dar um soco na cara dele, depois de enganar Sara.
LP: Querido, esses são o pessoal da
criminalística...
HP: Já os conheço, Lisa!
A esposa de Hank nem podia imaginar que a mulher à
sua frente estivesse esperando um filho de seu próprio marido.
SS: E vocês têm outros filhos? - perguntou Sara, por
curiosidade, olhando fixamente para a jovem mulher.
LP: não, James era nosso único filho. E não poderei
ter mais filhos, tendo em vista que retirei o útero por conta de um mioma.
Enfim, é a vida. Perdi meu único filho! - disse, quase em prantos.
Sara ficou com muita pena da mulher, e ao mesmo
tempo, envergonhada por ter se envolvido com um homem casado, embora não
soubesse de nada. Hank era o constrangimento em pessoa. Mas o loiro percebeu também que o
supervisor tinha no mínimo uma queda por Sara, pela forma como se dirigia a
ela, pela forma de olhar... E Grissom percebeu o clima constrangedor entre os
Sara e Hank e tratou de acabar logo com a “visita”. Dentro do carro, antes de
dar a partida, ele ainda perguntou:
GG: Ficou abalada ao rever Hank?
SS: Pensa que estou apaixonada por ele, Griss?
GG: Eu percebi o clima no ar.
SS: Você sabe o porquê, né?
GG: Sim.
SS: Eu lamento por essa mulher, perdeu o único filho
e não poderá ter outros.
GG: E não sabe que o marido dela vai ter um filho...
SS: Pra que lembrar disso, Griss?
GG: Porque esquecer? O filho é seu também não é?
SS: O que eu te falei? Você ia ficar me jogando isso
na cara o tempo todo!
GG: Não foi o que eu quis dizer, não foi essa minha
intenção...
SS: Então, por favor, não toque nesse assunto até
chegarmos ao lab. Minha cabeça está explodindo!
GG: Tudo bem, Sara. Não precisa ficar nervosa.
Enquanto a suv dava a partida, Hank observava a cena
da janela. Deu um longo suspiro e ficou
pensando que não poderia perder aquela mulher, linda, meiga e que fazia amor
deliciosamente... ainda mais
porque ela lhe daria o filho que a vida acabara de lhe tirar. Mas havia alguém
entre eles: Grissom.
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