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Uma razão para amar - cap. 1


Nove semanas se passaram desde que Sara e Grissom estiveram juntos na mesma cama, depois de tantos anos. Fora perfeita a noite, embora estivessem no local a trabalho, mas a tempestade ocorrida na ocasião os impediram de retornar a Vegas (estavam num município próximo à cidade). Lembrar-se dos beijos trocados, das carícias e do sexo gostoso e intenso fazia a perita arrepiar-se por completo. Mas o depois a fazia querer chorar, desaparecer do planeta. A frieza no tom de voz de Grissom, a distância imposta por ele, a indiferença em relação às suas mágoas... Quantas vezes chorou escondida, no lock, na sala de convivência, enquanto só... Via-o tratar Catherine com intimidade, claro, eles eram amigos de velha data. Sara chegava a sentir uma pontinha de inveja dessa intimidade, das conversas entre os dois, das gargalhadas. Na verdade, via Grissom solto com todos, mas com ela era diferente. Ele ficava na dele, fechado, de palavras curtas, sem o menor jeito de lidar com ela. Ficou algumas semanas sem a menor força para qualquer coisa, acabou até doente por isso. E nesses dias decidiu se afastar de Grissom de uma vez por todas. E ela tinha um motivo sério que a fazia tomar essa atitude. Fazia um calor terrível em Vegas, e ainda era de manhã. A equipe estava na sala de convivência, enquanto Grissom se encontrava em sua sala. Sara foi falar com ele.

GG: Quer alguma coisa, Sara? – ele olhou por cima dos óculos.
SS: Sim.
GG: Diga então.
SS: Vim dizer que estou indo embora.

Grissom retirou os óculos do rosto, incrédulo com as palavras de Sara.

GG: Você disse o que eu acho que disse?
SS: A menos que tenha ficado surdo, sim.
GG: Por que isso, Sara?
SS: Problemas pessoais.
GG: Tem a ver com aquela noite em Rockland?
SS: Não. Aquela noite foi algo muito especial pra mim. Mas acabou, ficou no passado, como todas as outras de São Francisco.
GG: Foi pra mim também, Sara. Você não sabe o quanto.
SS: O que você sentiu, agora não faz mais diferença pra mim. O que me doeu foi o depois, como você me tratou.
GG: Sara... Se fosse qualquer outra mulher, seria diferente, algo que eu pudesse ou soubesse como agir. Mas é você, e aí... eu me sinto perdido!
SS: Acho que não tem nada a ver. Você não gosta de mim, faz pouco caso da minha pessoa. Se fosse a Cath, era uma outra história. Mas enfim. Você assina meu aviso prévio?
GG: Tem certeza de que quer isto?

Sara sentiu seu coração tremer. Segurou-se para não chorar na frente dele. A voz começou a embargar.

SS: Sim, por favor.
GG: Daqui a pouco você volta aqui que lhe entrego o aviso prévio.
SS: Ok.

Sara saiu da sala um tanto abatida. Grissom ficou claramente desconcertado com aquela situação. Ver a mulher que amava indo pra longe dele era algo que desmontava toda as suas defesas. Ele a amava, era tão lógico como o dia que nasce todos os dias. Mas seu medo de se perder nos braços dela era enorme, e assim a estava deixando ir, como um pássaro em busca de seu destino. Sara cruzou com Catherine no lock, e esta percebeu que a amiga estava com uma expressão triste.

CW: Aconteceu alguma coisa, Sara?
SS: Porque a pergunta?
CW: Você tem uma expressão triste no olhar...
SS: Tomei uma decisão, Cath.
CW: Posso saber qual?
SS: Estou indo embora do lab.
CW: Como assim, indo embora? Você ama este lugar, ama Vegas! Anda, me conte o real motivo pra essa atitude tão intempestiva.
SS: Cansei daqui, cansei de tudo! Além do mais, já tenho um emprego em vista em São Francisco.
CW: Então você está voltando para a sua cidade?
SS: É.
CW: Tem Grissom no meio disso tudo?
SS: Como?
CW: Vamos, já sei desse chove-não-molha entre você e Gil. Parecem dois adolescentes, cruzes!
SS: Do que você está falando, Cath?
CW: Oras, vocês dois se gostam, mas ficam nessa. Já vi tantas vezes você beijando-o com os olhos, a mesma coisa digo dele. Porque não tomam uma atitude logo?
SS: Grissom não quer se envolver comigo. Pode ser com qualquer uma, menos comigo.
CW: Já experimentou dar o primeiro passo?
SS: Já e foi um desastre em todas as vezes. A última delas resultou na cama.
CW: Ãh? – Catherine arregalou os olhos azuis – Quer dizer que vocês dois... transaram?
SS: Desde que viera de São Francisco, essa foi a primeira vez, depois de tantos anos.
CW: Então, lá vocês se envolveram sexualmente?
SS: Cath, já passou. Agora a história é outra, e estou indo embora.
CW: Então você está mesmo decidida a ir embora?
SS: Já estou de aviso prévio.
CW: Puxa, a coisa é séria mesmo!
SS: Não comente com os rapazes por enquanto. Na hora certa eles vão saber.
CW: Ok então.

Os rapazes acabaram notando que Sara estava um pouco triste, mas ninguém se atreveu a perguntar. Ela devia ter seus motivos e ficava mais fechada ainda quando ficava daquele jeito. No fim do expediente, Sara foi direto para casa, terminar de arrumar as malas. Durante a ducha, passava a mão na barriga ainda reta, onde trazia o fruto de uma noite de amor com o homem que amava e cujos beijos estavam impregnados em seu corpo desde a época de São Francisco. Os pensamentos iam até Grissom. Amava-o profundamente, sabia que era o homem de sua vida, mas ele não tinha nem um pouco do afeto que ela nutria por ele. Grissom parecia ser feito de gelo, nada o abalava. Por isso, a decisão de ir embora era definitiva. Na véspera de ir embora, Sara reuniu os amigos em sua casa para um jantar. Grissom não fora. Eles estavam sentados no sofá, na sala da casa de Sara.                    
                  
NS: Então, Sara, qual é a novidade que você quer nos contar?
SS: Estou saindo do lab.

Nick, Greg e Warrick ficaram surpresos. Catherine, que já sabia da novidade, nem se mexeu.

NS: Porque isso, Sara? Desde quando você tomou essa decisão?
SS: Já tem algum tempo. Preciso de outros ares.
GS: Mas vamos sentir sua falta. O lab vai perder toda a graça.
SS: Vai nada. Vocês já trabalhavam antes de eu ir pra lá, sei que vão continuar numa boa.
CW: Mas nós não somos apenas uma grande equipe, Sara. Somos uma família.
SS: Eu os tenho no meu coração, sabem disso.
NS: Penso que você vai fazer muita falta. Mas se acha que seu caminho é outro, só nos resta torcer para a sua felicidade.
SS: Valeu, Nick!

O jantar foi bem agradável. A turma conversou durante o jantar e depois se divertiu com jogos durante a sobremesa, na sala. Mais tarde, sozinha, Sara estava exausta. Preparava para ir se deitar quando a campainha tocou. Olhou pelo olho mágico e levou um susto ao ver que era Grissom. O que ele queria em sua casa, e àquela hora da noite? Abria ou não a porta? Decidiu abrir só pra saber o que ele pretendia. Obviamente que não se deixaria seduzir, caso ele tivesse outras intenções, mas às vezes ele poderia dizer algo que mexesse com seus brios ou seu coração. Quem sabe ele não a pedisse para ficar? Sara abriu a porta e deu de cara com Grissom. Ele a olhava com um jeito de menino carente, parecia pedir alguma coisa.

SS: Boa noite, Gilbert.
GG: Olá, Sara.
SS: Não está muito tarde para uma visita repentina?
GG: Ãh, eu... Queria falar com você. Pode ser?
SS: Claro. Entre.

Grissom entrou e ficou observando a sala, com poucas mobílias.

GG: Então é verdade mesmo, você vai embora.
SS: Nunca menti a respeito.
GG: Porque isso, Sara?
SS: O que?
GG: Você ir embora. Não faz sentido, você sempre amou seu trabalho.
SS: E é verdade, amo o meu trabalho. Mas vários aspectos me fizeram mudar minha forma de pensar.

Grissom sentou-se no sofá, causando um ligeiro incômodo em Sara, que não pretendia prolongar a conversa com ele. E para piorar a situação, começou a ficar enjoada justo naquele momento. Ou seja, teria de fazer malabarismos para que ele não percebesse o que se passava.

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