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Uma razão para amar - cap. 7


Na verdade, fizeram muito mas não conseguiam chegar a nada. Nenhuma pista do (s) criminoso (s). E assim, dois dias depois, todos se reuniram na igreja, onde prestariam as últimas homenagens a Danny Grissom. Estava lotada. Grissom, Sara e a equipe principal estavam na primeira fileira. O padre ia lendo palavras da bíblia enquanto Grissom, cabisbaixo, segurava firme as mãos de Sara, também cabisbaixa e chorando discretamente. Catherine pediu a palavra e foi até o altar. Com a voz um pouco embargada, começou a dizer palavras que vinham de seu coração.

CW: Bem... Eu não queria estar num altar num momento de tamanha tristeza. Conheço Gil, o pai do Danny, há tantos anos, e é a primeira vez que o vejo sofrendo terrivelmente a perda de algo. Eu sei que nesta hora palavra nenhuma, por mais bonita que seja, é consoladora. O Danny era um menino lindo, meigo, encantador. Não merecia ter um fim desses.

A equipe chorava e Grissom soluçava. Sara olhava séria para Cath, com muita tristeza no olhar.

CW: Eu quero deixar aqui meus pêsames aos meus dois grandes amigos e que estão sofrendo a maior dor de suas vidas. Saibam que eu e toda a equipe estaremos sempre com vocês.

Todos na igreja aplaudiram Catherine, que voltou emocionada para o lugar. Sara levantou-se e, para espanto de todos, foi até o altar. Grissom continuava lutando contra as lágrimas, mas não conseguia. A dor era muito profunda.  Antes de falar qualquer coisa, deu um longo suspiro e olhou para a igreja inteira. Segurando as beiradas da mesinha onde o padre apóia a bíblia, deu uma olhada para baixo e depois, de cabeça erguida, começou a falar, num tom suave e triste:

SS: Eu queria dizer... Perdi o maior tesouro da minha vida. Danny foi o fruto do meu amor pelo pai dele. Grissom e eu não planejamos a gravidez, mas quando ela aconteceu, foi algo mágico. Nosso filho veio para nos completar. Ele era um menino ótimo, doce, meigo. Tão carinhoso... – ela sorriu chorando, emocionando a todos – Agora... tiraram nosso menino brutalmente. Queria que ele soubesse que estou sentindo muita falta dele. Meu coração está partido, não sei como vai ser daqui pra frente sem ele em casa. Eu te amo, Danny, e sempre te amarei...

Sara saiu do altar sendo ovacionada. Enxugou as lágrimas com as mãos e voltou para o lugar. O padre ainda disse mais algumas coisas, para as famílias das outras vítimas presentes, e a missa teve fim. Do lado de fora da igreja, Grissom e Sara recebiam os pêsames de todos. Foi quando o celular dela tocou. Afastou-se para atender, deixando todos curiosos. Depois retornou.

SS: Grissom, me empreste a chave do carro.
GG: Pra quê, Sara?
SS: Só me empreste. Volto logo.

Grissom deu as chaves à Sara, que saiu em seguida. Aonde ela iria? Sara dirigiu até um bar no centro de Vegas. Em uma mesa havia uma jovem mulher loira, que fez um sinal assim que ela entrou.

SS: Samantha Hendris? Você por aqui?
SH: Minha irmã me deu o seu número. Desculpe te ligar.
SS: O que aconteceu?
SH: Lilian perdeu a filha nessa explosão no planetário. Foi horrível! Estamos todos abalados.
SS: Eu posso entender... – suspirou – perdi meu filho nessa tragédia.
SH: Você tinha um filho?
SS: Um menino de três anos.
SH: Meu Deus! Posso imaginar como você e seu marido devam estar se sentindo...
SS: Mas Samantha, porque foi que você me chamou?
SH: Eu tenho quase certeza de quem fez isso.
SS: Sabe? – Sara levantou a sobrancelha.
SH: Sim. Isso é coisa do Hans!
SS: Hans Müller? Marido de Lilian?
SH: Sim. Lilian separou-se dele após descobrir que ele a traía com uma executiva de empresa. Sabe como é, ele é bonitão, cheio da grana... E fora que ele batia muito na minha irmã. Lilian sofreu muito nas mãos dele. 
SS: E porque ela demorou tanto tempo para se separar?
SH: Lilian era dependente financeiramente de Hans. Mas aí ela descobriu que, além de ter uma amante, ele fazia lavagem de dinheiro na empresa. Descobrimos uma conta dele em um paraíso fiscal. Hans ficou absolutamente furioso quando descobrimos tudo. E jurou que se vingaria. Disse que Lilian pagaria pelo que ele perdeu.
SS: O que exatamente ele perdeu?
SH: Hans está sendo processado e pode ser preso a qualquer momento. A polícia não descartou a participação dele no atentado no planetário, mas nós da família temos a absoluta certeza de que ele é o culpado.
SS: Ele não matou só a sua sobrinha. Matou meu filho e tantas outras crianças.
SH: Tenho vontade de matá-lo.
SS: Não resolveria. Você acabaria presa, teria sua vida perdida.
Nós vamos dar um jeito nisso. Vou atrás desse sujeito.
SH: Cuidado, Sara. Hans é um homem muito violento.
SS: Sei me cuidar. Dê-me o endereço de onde posso encontrá-lo.
SH: Aqui está o cartão de visitas dele.
SS: Ótimo!

Enquanto isso, na porta da igreja, Grissom estava extremamente inquieto.

CW: Esse nervosismo é por causa de Sara?
GG: Ela saiu sem me dar qualquer explicação. Temo que ela queira fazer alguma bobagem.
CW: E por que ela faria?
GG: Desde a tragédia Sara não tem demonstrado muita dor. Sei que ela é uma mulher forte, mas gostaria que ela expusesse o que se passa em seu coração. Não acredito que guardar a dor por dentro seja bom ou resolva a situação.
CW: Cada pessoa é de uma forma. Ela talvez tenha preferido agir com a razão, que é de direito dela. O que não signifique que esteja sofrendo menos que você. A dor dos dois é a mesma, o que difere é a forma de externar. Algumas pessoas dão vazão à dor, berram, xingam, se revoltam. Outras preferem se calar, guardar a dor só pra si. Faz parte do ser humano se portar de formas diferentes. Afinal, ninguém é igual a ninguém.
GG: Ok, Catherine, sei disso. Mas acabamos de perder nosso filho.
CW: Mas você não iria querer ver a Sara chorando o tempo todo, praguejando Deus e o mundo, pensar em suicídio... Não faz parte da natureza dela, você deveria saber disso. Ela engolir o choro talvez tenha sido a forma dela de sofrer, talvez ela queira curtir a dor internamente, só com ela mesma. Você precisa dar esse tempo a ela, esse é o momento em que, se Sara não deseja abrir a boca, você deve permanecer ao lado dela em silêncio.  
GG: Ok, Catherine. Eu farei isso. Mas neste momento preciso falar com Sara, mas não consigo.
CW: Como não consegue?
GG: O celular dela não atende, está dando fora de área ou desligado.
CW: Calma que a gente a encontra.

Enquanto isso, Sara estacionou o carro perto de um grande edifício. Dentro do carro, olhou fixamente para a porta, esperando ver Hans, o que não aconteceu, já que ele estava em sua sala. Saiu do carro e foi até a recepção.

RE(recepcionista da empresa): Boa tarde! Deseja falar com alguém?
SS: Ãh, sim. Eu gostaria de ver o senhor Hans Müller.
RE: Tem hora marcada?
SS: Ele me conhece. Diz que é Sara Sidle.
RE: Só um momento, por favor.

Enquanto esperava a autorização para entrar, Sara olhava para os cantos, observando cada detalhe do lugar onde aquele sujeito mandava e desmandava. Seus pensamentos foram interrompidos pela recepcionista.

RE: Moça, o senhor Hans está lhe aguardando. Siga em frente.
SS: Obrigada.

Sara seguiu até a sala e abriu a porta. Um homem grisalho, na casa dos cinqüenta, muito bem vestido a olhava admirado, sentado em sua poltrona macia de couro.

HM: Sara Sidle! Quanto tempo, não?
SS: Hans Müller... Não esperava revê-lo depois de tanto tempo.
HM: É, a vida dá voltas... Você está mais bonita que o de costume. O que fez pra ficar assim?
SS: Trabalho. É só o que faço.

Hans levantou-se e ficou olhando para Sara com olhar guloso. Ela percebeu e foi se afastando lentamente.

HM: Ei, porque você está se afastando assim? Não vou fazer nada com você!
SS: Pelo visto você continua o mesmo mulherengo de sempre. Mas eu vim aqui pra saber porque você explodiu o planetário onde estavam muitas crianças.
HM: Do que você está falando, Sara?
SS: Eu sei que foi você quem explodiu aquele planetário! Tenho provas!

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