Na verdade, fizeram muito mas não
conseguiam chegar a nada. Nenhuma pista do (s) criminoso (s). E assim, dois
dias depois, todos se reuniram na igreja, onde prestariam as últimas homenagens
a Danny Grissom. Estava lotada. Grissom, Sara e a equipe principal estavam na
primeira fileira. O padre ia lendo palavras da bíblia enquanto Grissom,
cabisbaixo, segurava firme as mãos de Sara, também cabisbaixa e chorando
discretamente. Catherine pediu a palavra e foi até o altar. Com a voz um pouco
embargada, começou a dizer palavras que vinham de seu coração.
CW: Bem... Eu não queria estar num altar
num momento de tamanha tristeza. Conheço Gil, o pai do Danny, há tantos anos, e
é a primeira vez que o vejo sofrendo terrivelmente a perda de algo. Eu sei que
nesta hora palavra nenhuma, por mais bonita que seja, é consoladora. O Danny
era um menino lindo, meigo, encantador. Não merecia ter um fim desses.
A equipe chorava e Grissom soluçava. Sara
olhava séria para Cath, com muita tristeza no olhar.
CW: Eu quero deixar aqui meus pêsames aos
meus dois grandes amigos e que estão sofrendo a maior dor de suas vidas. Saibam
que eu e toda a equipe estaremos sempre com vocês.
Todos na igreja aplaudiram Catherine, que
voltou emocionada para o lugar. Sara levantou-se e, para espanto de todos, foi
até o altar. Grissom continuava lutando contra as lágrimas, mas não conseguia.
A dor era muito profunda. Antes de falar
qualquer coisa, deu um longo suspiro e olhou para a igreja inteira. Segurando
as beiradas da mesinha onde o padre apóia a bíblia, deu uma olhada para baixo e
depois, de cabeça erguida, começou a falar, num tom suave e triste:
SS: Eu queria dizer... Perdi o maior
tesouro da minha vida. Danny foi o fruto do meu amor pelo pai dele. Grissom e
eu não planejamos a gravidez, mas quando ela aconteceu, foi algo mágico. Nosso
filho veio para nos completar. Ele era um menino ótimo, doce, meigo. Tão carinhoso... – ela sorriu chorando,
emocionando a todos – Agora... tiraram nosso menino brutalmente. Queria que ele
soubesse que estou sentindo muita falta dele. Meu coração está partido, não sei
como vai ser daqui pra frente sem ele em casa. Eu te amo, Danny, e sempre te
amarei...
Sara saiu do altar sendo ovacionada.
Enxugou as lágrimas com as mãos e voltou para o lugar. O padre ainda disse mais
algumas coisas, para as famílias das outras vítimas presentes, e a missa teve
fim. Do lado de fora da igreja, Grissom e Sara
recebiam os pêsames de todos. Foi quando o celular dela tocou. Afastou-se para
atender, deixando todos curiosos. Depois retornou.
SS: Grissom, me empreste a chave do carro.
GG: Pra quê, Sara?
SS: Só me empreste. Volto logo.
Grissom deu as chaves à Sara, que saiu em
seguida. Aonde ela iria? Sara dirigiu até um bar no centro de Vegas.
Em uma mesa havia uma jovem mulher loira, que fez um sinal assim que ela
entrou.
SS: Samantha Hendris? Você por aqui?
SH: Minha irmã me deu o seu número.
Desculpe te ligar.
SS: O que aconteceu?
SH: Lilian perdeu a filha nessa explosão no
planetário. Foi horrível! Estamos todos abalados.
SS: Eu posso entender... – suspirou – perdi
meu filho nessa tragédia.
SH: Você tinha um filho?
SS: Um menino de três anos.
SH: Meu Deus! Posso imaginar como você e
seu marido devam estar se sentindo...
SS: Mas Samantha, porque foi que você me
chamou?
SH: Eu tenho quase certeza de quem fez
isso.
SS: Sabe? – Sara levantou a sobrancelha.
SH: Sim. Isso é coisa do Hans!
SS: Hans Müller? Marido de Lilian?
SH: Sim. Lilian separou-se dele após
descobrir que ele a traía com uma executiva de empresa. Sabe como é, ele é
bonitão, cheio da grana... E fora que ele batia muito na minha irmã. Lilian
sofreu muito nas mãos dele.
SS: E porque ela demorou tanto tempo para
se separar?
SH: Lilian era dependente financeiramente
de Hans. Mas aí ela descobriu que, além de ter uma amante, ele fazia lavagem de
dinheiro na empresa. Descobrimos uma conta dele em um paraíso fiscal. Hans
ficou absolutamente furioso quando descobrimos tudo. E jurou que se vingaria. Disse que Lilian pagaria
pelo que ele perdeu.
SS: O que exatamente ele perdeu?
SH: Hans está sendo processado e pode ser
preso a qualquer momento. A polícia não descartou a participação dele no
atentado no planetário, mas nós da família temos a absoluta certeza de que ele
é o culpado.
SS: Ele não matou só a sua sobrinha. Matou
meu filho e tantas outras crianças.
SH: Tenho vontade de matá-lo.
SS: Não resolveria. Você acabaria presa,
teria sua vida perdida.
Nós vamos dar um jeito nisso. Vou atrás
desse sujeito.
SH: Cuidado, Sara. Hans é um homem muito
violento.
SS: Sei me cuidar. Dê-me o endereço de onde
posso encontrá-lo.
SH: Aqui está o cartão de visitas dele.
SS: Ótimo!
Enquanto isso, na porta da igreja, Grissom
estava extremamente inquieto.
CW: Esse nervosismo é por causa de Sara?
GG: Ela saiu sem me dar qualquer
explicação. Temo que ela queira fazer alguma bobagem.
CW: E por que ela faria?
GG: Desde a tragédia Sara não tem
demonstrado muita dor. Sei que ela é uma mulher forte, mas gostaria que ela
expusesse o que se passa em seu coração. Não acredito que guardar a dor por
dentro seja bom ou resolva a situação.
CW: Cada pessoa é de uma forma. Ela talvez
tenha preferido agir com a razão, que é de direito dela. O que não signifique
que esteja sofrendo menos que você. A dor dos dois é a mesma, o que difere é a
forma de externar. Algumas pessoas dão vazão à dor, berram, xingam, se
revoltam. Outras preferem se calar, guardar a dor só pra si. Faz parte do ser
humano se portar de formas diferentes. Afinal, ninguém é igual a ninguém.
GG: Ok, Catherine, sei disso. Mas acabamos
de perder nosso filho.
CW: Mas você não iria querer ver a Sara
chorando o tempo todo, praguejando Deus e o mundo, pensar em suicídio... Não
faz parte da natureza dela, você deveria saber disso. Ela engolir o choro
talvez tenha sido a forma dela de sofrer, talvez ela queira curtir a dor
internamente, só com ela mesma. Você precisa dar esse tempo a ela, esse é o momento
em que, se Sara não deseja abrir a boca, você deve permanecer ao lado dela em
silêncio.
GG: Ok, Catherine. Eu farei isso. Mas neste
momento preciso falar com Sara, mas não consigo.
CW: Como não consegue?
GG: O celular dela não atende, está dando fora
de área ou desligado.
CW: Calma que a gente a encontra.
Enquanto isso, Sara estacionou o carro
perto de um grande edifício. Dentro do carro, olhou fixamente para a porta,
esperando ver Hans, o que não aconteceu, já que ele estava em sua sala. Saiu do
carro e foi até a recepção.
RE(recepcionista da empresa): Boa tarde!
Deseja falar com alguém?
SS: Ãh, sim. Eu gostaria de ver o senhor
Hans Müller.
RE: Tem hora marcada?
SS: Ele me conhece. Diz que é Sara Sidle.
RE: Só um momento, por favor.
Enquanto esperava a autorização para
entrar, Sara olhava para os cantos, observando cada detalhe do lugar onde
aquele sujeito mandava e desmandava. Seus pensamentos foram interrompidos pela
recepcionista.
RE: Moça, o senhor Hans está lhe
aguardando. Siga em frente.
SS: Obrigada.
Sara seguiu até a sala e abriu a porta. Um
homem grisalho, na casa dos cinqüenta, muito bem vestido a olhava admirado,
sentado em sua poltrona macia de couro.
HM: Sara Sidle! Quanto tempo, não?
SS: Hans Müller... Não esperava revê-lo
depois de tanto tempo.
HM: É, a vida dá voltas... Você está mais
bonita que o de costume. O que fez pra ficar assim?
SS: Trabalho. É só o que faço.
Hans levantou-se e ficou olhando para Sara
com olhar guloso. Ela percebeu e foi se afastando lentamente.
HM: Ei, porque você está se afastando
assim? Não vou fazer nada com você!
SS: Pelo visto você continua o mesmo
mulherengo de sempre. Mas eu vim aqui pra saber porque você
explodiu o planetário onde estavam muitas crianças.
HM: Do que você está falando, Sara?
SS: Eu sei que foi você quem explodiu
aquele planetário! Tenho provas!
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