Com muita raiva no olhar, a menina deu um chute na barriga da perita,
que gritou de dor. Em seguida, ela foi para o quarto, e pegou as bonecas para
produzir melhor sua encenação. Sara ficou choramingando caída no chão, com
dores pelo corpo e um sangramento que começou de repente. Não tinha forças para
virar e se arrastar, e assim ficou até a chegada de Grissom. O supervisor chegou em casa e deu de cara com a mulher caída, ferida.
GG: Sara! Querida, o que aconteceu? Fale comigo!
SS: Foi... ela... ela...
A perita levantou o braço com dificuldade, apontando para o quarto onde
Emilen estava.
GG: Vou chamar socorro médico, agüente firme!
Enquanto aguardavam os paramédicos, Grissom tentava manter Sara
consciente.
GG: Como você se feriu, querida?
SS: Emilen... foi ela...
GG: O que ela fez a você?
Com a mão, Sara fez o gesto de empurrão. Grissom entendeu, e depois que
Sara fora levada para o hospital, foi falar com a menina. Ela estava deitada na
cama, abraçada ao ursinho que trouxera.
GG: Emilen, quero falar com você.
EB: Sim?
GG: O que aconteceu aqui hoje é muito grave. Você sabe as conseqüências
para os seus atos?
EB: Mas eu não fiz nada!
GG: Sara me disse que você a empurrou da escada. Porque você fez isto?
EB: Já te falei, papai, eu não fiz nada! Essa mulher não gosta de mim! –
a menina chorava.
GG: Sara não mentiria para mim, Emilen. Eu a conheço mais do que a você.
EB: Por favor, acredita em mim!
GG: Venha comigo.
EB: Você vai me levar embora?
GG: Não. Eu vou ver como Sara está no hospital, vou deixá-la na casa de
uma pessoa.
Grissom levou a menina até a casa de Catherine, que concordou em ficar
com ela enquanto ele ia ver a mulher. A loira deu algo para Emilen ler
enquanto, na porta, falava em voz baixa com o amigo:
CW: Mas essa queda da Sara é muito esquisita, Gil!
GG: Emilen estava lá, ela disse que Sara escorregou e caiu.
CW: Vai dar ouvidos a uma pirralha de sete anos?
GG: O que quer dizer?
CW: Estive em seu apartamento pouco antes e Sara reclamou muito da
garota. Disse que ela apronta horrores.
GG: Ela é só uma menina, Catherine!
CW: Uma menina que pode ter tentado matar sua mulher, Gil! Abra os olhos
com ela! Seja enérgico com essa garota, mostre quem manda aqui. Mas te dou um
outro toque: não deixe essa menina perto de Sara, principalmente com ela
fragilizada por causa do bebê, as coisas podem piorar.
GG: Preciso ligar para a mãe dela.
CW: O quanto antes. Por alguma razão ela nutre um sentimento antagônico
por Sara, e se você não prestar atenção nos detalhes, a coisa pode ficar feia. Acho que você deveria devolvê-la à mãe dela antes que aconteça alguma
coisa pior. O que aconteceu hoje foi mais do que um sinal.
GG: Eu te ligo do hospital.
Grissom seguiu para o hospital. Lá, o médico que cuidara de Sara assim
que ela dera entrada veio falar com ele.
DR: O senhor é o quê da paciente?
GG: Sou namorado. Preciso de informações. Como Sara está?
DR: Levando-se em conta que a queda foi feia, ela teve sorte porque não
houve nenhuma fratura. Mas infelizmente perdeu o bebê.
GG: Bebê? – ele arregalou os olhos.
DR: O senhor não sabia que ela estava esperando um filho?
GG: Não, e acredito que ela também não sabia disso.
DR: Mas tenho uma boa notícia: ela poderá ter outra gravidez normal
dentro de seis meses, então o organismo não foi afetado. Já foi feita a
curetagem e ela está dormindo agora. Aconselho a voltar amanhã cedo, já que
visitas aos cônjuges são permitidos desde cedo.
GG: Obrigado, doutor. Hoje não poderia vê-la?
DR: Ela precisa repousar. Ficou abalada ao saber da perda do bebê. Com
licença.
Grissom parecia atordoado, desorientado quando deixou o hospital. Estava abalado internamente, pela perda de um filho que nem sonhara
estar existindo dentro de Sara. Filho que os dois conceberam em um momento de
ternura, de amor, de desejo... como todos os momentos ao lado da mulher amada.
E de repente, a chegada de uma menina que jamais soubera da existência, pôs
tudo a perder. Mas ele não poderia deixar que tudo se perdesse; tudo que levara
anos para ser construído e enfim consolidado. Só não sabia o que iria fazer,
porque a menina era sua filha e era apenas uma criança... No dia seguinte, novamente a menina ficou com Catherine para Grissom ir
ao hospital buscar Sara.
GG: Como você está, querida?
SS: Estou bem. O corpo ainda dói um pouco, mas acho que sobrevivi bem.
GG: Soube do bebê. Eu sinto muito, querida!
SS: É, eu também. Na verdade, não fazia a menor idéia de que estivesse
grávida. Andava com uns enjôos, mas tinha certeza de que se tratava de uma
gastrite.
GG: Em breve teremos um novo bebê.
SS: Não com essa menina na casa.
GG: Sara!
SS: Eu sinto muito, Griss, ela pode ser sua filha, mas nós duas não nos
bicamos. Eu ainda vou te provar que estou certa com relação a ela.
Durante o trajeto, Sara pediu:
SS: Me deixe em minha casa, Griss.
GG: Não quer ficar comigo?
SS: Quero me recuperar na tranqüilidade do meu apartamento. Por favor,
respeite a minha decisão.
GG: Tudo bem.
Grissom deixou a amada em seu apartamento, mesmo a contragosto. Em
seguida, foi buscar Emilen na casa de Catherine.
GG: Como ela se comportou?
CW: Não deu trabalho, mas percebi algumas coisas nela que deve se
prestar mais atenção.
GG: O que, por exemplo?
CW: Acho que é melhor que você perceba por si só.
Durante o trajeto, a menina olhava para o supervisor, que permanecia em
silêncio, pensando em Sara sozinha no apartamento dela, longe dele, sensível
após perder o bebê que teriam...
EB: Tá tudo bem?
GG: O que?
EB: Eu perguntei se ta tudo bem.
GG: Não, Emilen. Não está nada bem.
EB: É por causa dela, né?
GG: Não quero falar disso. Eu espero que, quando Sara voltar para meu
apartamento, você se comporte melhor com ela. Não pode ficar tratando mal quem
eu amo.
EB: Você não vai ficar com a minha mãe?
GG: Já te disse que não. E não insista nisso, está bem?
EB: Sim... – respondeu secamente a menina.
Depois que a menina fora dormir, Grissom ligou para Sara:
SS: Sidle.
GG: Como você está?
SS: Gil?
GG: Ele mesmo.
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