Sara
suspirou e Catherine teve a certeza de que a amiga estava sofrendo por dentro,
embora não quisesse admitir isso. Saiu de lá na esperança de que pudesse juntar
os dois novamente. Iria falar com Grissom, que era seu amigo há anos e que
certamente também estaria sofrendo. As crianças e a babá estavam no jardim.
Sara havia tomado um banho e ia para a cozinha quando a campainha tocou.
HP: Oi Sara.
SS: Hank?!
HP: Oi Sara.
SS: Hank?!
HP:
Cheguei em hora errada?
SS:
Estou surpresa em vê-lo aqui. Hoje nem é dia de pegar a Ellen...
HP:
Sei disso. Mas estava pensando tanto em você que não pude resistir.
SS:
Hank...
HP:
Ok, eu sei que você é casada agora, mas não me esqueço de quando geramos a
nossa filha.
SS:
Por favor, Hank... isso já passou. Estamos em situações diferentes hoje.
HP:
Me diga: você é feliz?
SS:
Que pergunta... claro que sou!
HP:
Então porque esse rostinho choroso?
SS:
Não. Eu não... Quer dizer, pra quê você quer saber? O que lhe diz respeito?
HP:
Acho que, quando eu disser o que vi, você vai chorar ainda mais, caso suas
lágrimas sejam por causa do Grissom.
SS:
O que você quer dizer?
HP:
Bom... Eu vi seu marido com uma mulher, e eles pareciam bem à vontade...
SS:
Como é?! – Sara levantou a sobrancelha – Do que você está falando, Hank?
HP:
Seu marido com outra mulher não lhe diz nada?
Sara
sentiu seu coração tremer por dentro, sentiu que o chão lhe abria diante dos
pés. Então Grissom estava de caso com outra mulher – e justamente Lady Heather,
a sensual dominatrix. Queria chorar, mas segurou o máximo as lágrimas para não
perder a pose.
HP:
Não precisa disfarçar que a notícia a abalou. Sei que sim.
SS:
Eu dou um jeito nisso.
HP:
Bom, se precisar de um ombro amigo, sabe onde eu moro. Tchau, Sara!
Hank
virou-se e saiu, entrando no carro e partindo em seguida. Sara
entrou na casa trêmula, tentando imaginar onde Grissom – seu Grissom! – poderia
estar naquele momento... com outra mulher! Deixou
as meninas com Jessica, que era uma excelente babá, cuidando bem de suas
filhas, e saiu com o carro em busca de Grissom. Chegou ao lab um pouco
esbaforida, e deu de cara justamente com Ecklie.
CE:
Já com saudades do lab, Sidle?
SS:
Adoro suas ironias, Ecklie...
CE:
É bem seu estilo responder com outra ironia...
SS:
Você viu o Grissom?
CE:
Deve estar na sala dele. Não fico tomando conta dos meus subordinados, apesar
de precisar fazer isso com você!
Sara
saiu a passos largos, indo até a sala do marido. Ele não estava. Foi até a sala
de evidências. Apenas Nick estava por lá.
NS:
Quem é vivo sempre aparece!
SS:
Como vai, Nick?
NS:
Ralando como sempre. E você, o que faz aqui? Não está de licença-maternidade?
SS:
Estou, mas precisava falar com o Grissom e o celular dele não atende.
NS:
Bom, ele está em campo com a Cath.
Catherine
entrou justamente naquele momento.
CW:
Ei, a conversa dos coleguinhas está boa, hein?!
NS:
A chegada da Sara sempre deixa o ambiente melhor!
SS:
Você veio com o Griss?
CW:
Eu voltei com o Brass. Ele me disse que tinha algo importante a fazer... Ele
não chegou ainda?
NS:
Não.
Sara
levantou a sobrancelha e saiu.
SS:
Tchau, gente, vejo vocês depois.
Depois
que a perita saiu...
NS:
Aconteceu alguma coisa?
CW:
Ainda não... e espero que não venha a acontecer...
Nick
deu de ombros, sem entender nada e voltou a se concentrar no trabalho. Catherine
viajou com a cabeça tentando descobrir o que estava de fato acontecendo. Sentiu
a companheira de trabalho extremamente tensa e pressentiu algo nada bom vindo
por aí. Enquanto
dirigia, Sara tentava falar com Grissom, mas o celular só caía na caixa postal.
Por curiosidade, resolveu passar pela rua dos domínios de Lady Heather e
descobriu o carro de Grissom parado em frente ao local. Completamente desorientada e aborrecida,
seguiu para a casa de Hank, que a recebeu com um sorriso nos lábios.
HP:
Que bom que veio. Entre!
Depois
que o loiro trancou a porta, olhou para a perita e a viu com uma expressão de
desespero no rosto.
HP:
Aconteceu alguma coisa? Você está trêmula?
SS:
Não diga nada, Hank, apenas me abrace.
Ele
a abraçou e Sara caiu em prantos. Seu peito doía tanto que achava que teria um
infarto ali mesmo. Hank, segurando no queixo dela, olhou nos olhos dela e
disse:
HP:
Esqueça o que está te causando essa dor. Fica comigo...
Ele
falou com tanta sedução que a perita não resistiu e os dois se beijaram. Entre
beijos molhados e roupas que caíam no chão, eles seguiram para o quarto, onde o
sexo inevitavelmente aconteceu – com preservativo. Enquanto Sara e Hank
transavam em um lado da cidade, Grissom e Lady Heather também se possuíam na
cama na parte oposta. E assim, um amor que todos sabiam ser eterno estava
sendo, naquele momento, tratado como se fosse algo descartável, e o fruto do
amor dos dois estava no meio de toda essa teia de intrigas, brigas e traições. Depois
do orgasmo, Sara virou-se para o canto, tentando entender o que estava fazendo
naquela cama, com outro homem, e sabendo que seu homem também se encontrava em
outra cama, com outra mulher. Mas afinal, que relacionamento era esse no qual
os cônjuges traíam o amor a valer? Se se permitiam jogar o amor que um sentia
pelo outro no ralo, estavam, na verdade, machucando unicamente a eles. Mas
nesse história de crise conjugal havia duas pessoas que iriam sofrer com aquilo
tudo: Ellen e Anne. A mais velha, mesmo não sendo filha de Grissom, era filha
de Sara e de Hank, e as idas e vindas do trio iriam bagunçar a cabecinha e a
vida da pequena loirinha esperta, que captava tudo. Sara lembrou-se das filhas
imediatamente e levantou-se da cama.
HP:
Vai embora? Não gostou da transa?
SS:
Eu não deveria ter vindo, Hank. Nós não somos um casal, eu sou casada e acabo
de trair o Grissom.
HP:
Mas ele anda te traindo há bem tempo e você ainda o quer?
SS:
Já ouviu falar de amor? Eu o amo desde que o conheci, e sei que o que está
acontecendo não é normal. Tanto do meu lado quanto do dele – Sara tremia
enquanto se vestia.
E
ela conhecia tanto o amor dela e Grissom que ele, na cama de Lady Heather,
sentiu a mesma coisa que a perita.
LH:
O que foi?
GG:
Não posso estar aqui, não devo! É Sara a mulher da minha vida, mesmo que
estejamos nessa confusão toda. Você sabe, Heather, que você e eu jamais seremos
nós.
LH:
Compreendo. Você sempre a amou, sei disso. Então, vá atrás dela e peça perdão.
GG:
É o que vou fazer.
Sara
se dirigia para casa quando recebeu um telefonema vindo de casa. Era a babá
Jessica, que estava desesperada:
SS:
Sidle.
JK:
Senhorita Sidle, corra pra casa!
SS:
O que aconteceu, Jessica?
JK:
Uma tragédia!
SS:
Fala mais devagar, estou dirigindo.
JK:
Levaram a Ellen!
SS:
O quê?!
A
perita deu uma freada tão brusca que acabou batendo a cabeça no vidro do carro,
ferindo-se. Mas não se importou com a dor e o sangue que escorria, seu
desespero era pela filha.
SS:
Como isso aconteceu, Jessica?!
JK:
Bateram na porta, fui atender e dois homens vestidos de preto e encapuzados me
empurraram, e pegaram a Ellen.
SS:
E a Anne?
JK:
Ela está bem, não fizeram nada com a bebê. O alvo deles era a menina mesmo.
SS:
Não saia daí, estou indo pra casa.
JK:
Ok.
Sara
ainda ligou para Brass, que imediatamente seguiu para a casa dos Grissom com
seus homens. O supervisor chegou antes de Sara à casa.
GG:
Onde está minha filha?
Jessica
entregou a menina ao pai, que a segurou em forma de proteção.
GG:
Papai está aqui, querida. Nada de mal vai lhe acontecer. Vamos
encontrar sua irmãzinha e ficar bem com a mamãe.
Enquanto
isso, Brass interrogava a babá.
JB:
Conte o que aconteceu aqui, Jessica.
A
jovem babá, ainda trêmula, relatou os fatos e Grissom fez suas observações com
Brass, enquanto a jovem era levada para fora da casa.
JB:
Alguma observação?
GG:
O alvo era Ellen. Parece que nada foi levado.
Catherine
e Warrick chegaram naquele momento.
CW:
Vim assim que soube. O que aconteceu aqui, Gil?
GG:
Levaram Ellen?
CW:
Céus!
WB:
A filha de Sara?
CW:
Ela mesma, War. Onde está Sara?
GG:
Não sei. Já liguei pra ela, mas não atende.
CW:
Ah, deixe-e ver como Anne está...
GG: Segure-a, Catherine.
CW: Certo! Ei garotinha, a tia Cath está aqui, vamos
encontrar sua irmãzinha. Você sente falta dela? Nós também. E sua mãe logo
estará aqui também, viu?
Enquanto
Catherine andava com a menina de um lado para o outro, os homens confabulavam:
WB:
Soube que a ex-mulher do Hank foi solta da cadeia?
GG:
Quando foi isso?
WB:
Dois dias atrás, graças à ação de seus advogados. Ela conseguiu um habeas corpus
e está respondendo em liberdade.
0 comentários:
Postar um comentário