Sara e Grissom estavam em um caso difícil,
por se tratar de uma criança como vítima. Uma menina de mais ou menos cinco
anos havia sido brutalmente assassinada, e muito sangue havia no local do
crime, o quarto dela.
SS: Uma inocência perdida – exclamou Sara,
enquanto olhava para todos os cantos, à procura de alguma evidência escondida.
GG: Não deixe que a emoção fale mais alto
que a razão, Sara.
SS: É, eu sei que você não se liga nessas
coisas, Griss.
Sara se afastou dele e foi para outro canto da casa. Lidar com Grissom era algo muito difícil, pois ele parecia ser feito de gelo. E, para uma mulher apaixonada feito ela, receber tantas patadas machucava ainda mais seu coração. Ainda assim, naquela noite no lab, resolveu fazer mais uma tentativa, na esperança de que o coração do homem que amava pudesse se amolecer com uma proposta. Grissom estava em sua sala, revisando uns relatórios sobre os casos da semana. Sara deu uma batidinha de leve na porta.
GG: Entre.
SS: Com licença, Griss.
Ele a olhou meio sem jeito. Sabia
que Sara era linda, e não sabia como agir quando ela estava perto. E quando
sentia o doce perfume que vinha da suave pele dela, se lembrava das noites que
teve com ela em São Francisco. Ele a queria, mas não tinha a menor idéia de
como dizer isso a ela, e sem magoá-la com palavras duras e frias que saíam de
sua boca, mesmo sem querer.
GG: O que deseja, Sara?
SS: Bem, é fim-de-semana e todo mundo vai
curtir a folga. Eu,
Catherine e os rapazes combinamos de ir a um restaurante no sábado, depois de
assistir a uma peça no teatro. Queria saber se gostaria de vir conosco.
GG: Não. Sinto muito, mas tenho mais o que
fazer em casa.
SS: Nem pra ficar só um pouco?
GG: Já disse, Sara. Não.
SS: Ok, já entendi.
Sara saiu da sala completamente atordoada.
Sabia que aquele “não” devia ser diretamente pra ela. Era porque ela iria, e
ele não gostava da presença dela. Era isso. Grissom não gostava de tê-la por
perto. Entrou no lock, e, aproveitando que não havia ninguém por perto, desatou
a chorar. Mais um não vindo dele...
Porque Grissom queria tanto afastá-la dele,
quando tudo o que ela mais queria era estar perto dele? Naquele momento,
Catherine entrou no lock.
CW: Ei, Sara, porque está chorando?
SS: Nada, Cath, eu é que sou uma boba
mesmo. Mas, tudo bem, já deveria estar acostumada... – Sara limpava o nariz com
seu lencinho fino.
CW: Foi o Gil de novo, né?
SS: Como?!
CW: Oras, Sara, você sabe que eu sei dessa
enrolação de vocês há muito tempo. Eu não me conformo em ver Gil agindo feito
um pato perdido, desorientado com relação a você.
SS: Do que você está falando, Cath? Ele não
gosta de mim, está mais do que provado. Cada vez que converso, ou tento
conversar com ele, Griss vem com seus nãos e se fecha mais ainda.
CW: É por que você não sabe o poder que
causa nele. Gil é um homem reservado, teve outros casos na vida, mas você é
como um furacão que devasta o corpo, a alma e o coração dele. Talvez devesse
reparar como ele fica quando você está perto!
SS: Um homem frio e distante.
CW: Pegue leve, Sara. Não é fácil para um
homem que vive só, sempre cercado por insetos, dedicado ao trabalho, resistir a
uma mulher linda e inteligente como você. Além de tudo isso, sua teimosia ainda
é um charme a mais.
SS: Não acredito, Cath. Um homem que gosta
de uma mulher não a magoa por qualquer coisa e a toda hora. Ao contrário, faz
de tudo pra ficar com ela, pra demonstrar o que sente...
CW: Minha querida, nem todos os homens têm
essa capacidade! Além do quê, você mesma tem dificuldade em demonstrar
sentimentos, digo, você não é uma pessoa muito fácil de se lidar. Então, dois
cabeçudos, só poderiam dar no quê?
SS: Bem, vou nessa. A gente se vê amanhã.
CW: Ok.
Sara pegou sua bolsa e foi para o
estacionamento. Nem sequer se despediu de Grissom. Seu coração havia se partido
mais uma vez. Alguns minutos depois, na sala de convivência, a equipe se
preparava para ir embora. Grissom rapidamente notou a ausência de Sara.
GG: Onde está Sara?
CW: Já foi embora.
GG: Como já foi embora?
CW: Oras, indo! Mas não me pergunte o
porquê, eu não sei de nada! Sara simplesmente pegou a bolsa e se foi.
Grissom bufou. Nick comentou baixo com
Cath:
NS: Eu passei por ela e vi que chorava.
GG: O que foi, Nick? – Grissom estava de
ouvidos ligados.
NS: Ãh, eu disse que passei pela Sara no
corredor e vi que chorava. Agora, o que a fez chorar, isso eu não sei.
GG: Tudo bem pessoal, o turno acabou. Vamos
embora.
Grissom pegou seu carro e ia pela estrada,
mas não conseguia deixar de pensar em Sara. E ouvir Nick dizer que a viu
chorando causava uma sensação muito ruim em seu íntimo, como se algo dentro dele
estivesse se partindo. Ela o amava; sim, dava tantas demonstrações de amor e
carinho, fazia tantos agrados na esperança de quebrar o gelo que cercava seu
coração, e em troca, só dizia “não”. Porque agia assim justo com a única mulher
que mexera com seu coração em toda sua vida? Sara era especial, linda, teimosa,
digna, correta, charmosa... E ele simplesmente agia feito um idiota, sem saber
lidar com a avalanche de emoções que se misturavam em seu coração. E como a
desejava, Deus do céu... Perdido em pensamentos, não percebeu que havia
parado o carro em frente à casa de Sara. Lançou os olhos na janela, talvez
esperando que ela pudesse aparecer. As luzes da casa estavam acesas, e ele pôde
notar a sombra dela andando pela sala. A silhueta do corpo perfeito dela
atiçava ainda mais o desejo de estar dentro dela e de tê-la em seus braços após
uma noite de amor. Ficou ali por uns cinco minutos e depois foi pra casa.
Sábado chegou e a equipe toda fora ao
restaurante – todos, menos Sara e Grissom. Ele preferiu ficar em casa estudando
o aparecimento de novos insetos pela internet, e Sara resolveu ir a outros
lugares para espairecer. Não queria estar com a equipe porque não conseguiria
esconder a frustração pela negativa (mais uma) de Grissom. Pegou seu carro e foi
até uma cidade próxima de Las Vegas, distante mais ou menos 20 minutos. Pelo
menos nesse lugar veria pessoas diferentes e não corria o risco de cruzar com
Grissom. Guiando pelas ruas iluminadas, avistou um
grande bar, iluminado por neons e bastante movimentado. Decidiu parar o carro e
conhecer o lugar. Havia muitas pessoas, animadas com a night, já que era
fim-de-semana, e conseqüentemente o movimento sempre aumentava. Sentou-se na
cadeira alta do balcão e pediu uma cerveja. Embora tivesse parado de beber descontroladamente,
decidiu satisfazer seu organismo, dando umas bebericadas de leve, só pra
relaxar. E ali ficou, curtindo a música que tocava e dando uns goles na
cerveja. Algum tempo depois, um homem jovem sentou-se ao seu lado e ficou
admirando-a. Sara olhou e o viu observando-a com um sorriso nos lábios. E ele
tinha um sorriso muito bonito, além de ter uma aparência física bela.
##: Nunca a vi por aqui. É a primeira vez?
SS: Sim.
DR: Prazer, meu nome é Dennis Rijk.
SS: Sara Sidle.
DR: Muito prazer, Sara. Você é daqui mesmo?
SS: Ah não, nasci em São Francisco, mas
moro em Las Vegas.
DR: Aqui perto. Que bom!
SS: E você, de onde é?
DR: Bem, estou de férias aqui nos Estados
Unidos, mas estou procurando casa na Califórnia. Sou da Holanda.
SS: Um holandês entre nós!
Os dois riram e engataram um longo papo.
Quando Sara se apercebeu da hora, imediatamente se levantou da cadeira.
DR: O que foi?
0 comentários:
Postar um comentário