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Marcas de amor - cap. 5



GG: Sara, eu nunca quis te magoar. Nunca tive essa intenção. E jamais, na minha vida, senti por alguma mulher o que... sinto por você.
SS: Ãh, eu... preciso ir. A gente se vê daqui a 30 dias.

Sara saiu da sala e deixou Grissom completamente sem ação. Dois dias depois, ela embarcou para a Holanda. E nos dias que se seguiram, a ausência de Sara estava fazendo algum estrago. Pelo menos no que dizia respeito a Grissom. Ele estava uma pessoa bem diferente, com alternâncias de humor, o que deixava todo mundo sem entender direito o que se passava com ele. Era seu coração saudoso da mulher amada afetando seu dia-a-dia. Uma semana depois, Grissom chegou na sala de convivência para distribuir os casos do dia.

GG: Warrick e Nick, idoso espancado dentro de casa, Catherine e eu, mulher esfaqueada, Greg e... – de repente se deu conta de que Sara não estava – Greg, você terá de ir sozinho neste caso. Estudante encontrado morto no carro.
GS: Sem problemas, Grissom.
GG: Podem ir agora.

Ele e Catherine chegaram à cena do crime. Era uma casa grande, espaçosa, com um grande jardim na parte de trás. Enquanto Catherine ficou na sala, Grissom foi até o quarto, onde encontrou o corpo. A mulher, embora repleta de facas pelo corpo, parecia estar mais dormindo do que morta. O que imediatamente chamou a atenção do supervisor foi a assombrosa semelhança entre ela e Sara. Desde os cabelos até o corpo magro. Com aquilo, Grissom ficou um tempo perdido em seus pensamentos, e não percebeu Catherine entrar.

CW: Pensando em quê, Gil?

Ele continuou calado, olhando para o corpo. Foi quando ela entendeu.

CW: A semelhança entre elas é incrível! É por isso que você não pára de olhar para ela, não?
GG: A vida é curta e veloz feito um cometa, Catherine. As pessoas vão embora de nossas vidas num piscar de olhos. E a gente nem se dá conta.
CW: Mas Sara não foi embora de sua vida, ou foi?
GG: Sara nunca foi embora de mim. Mas não encontro um meio de dizer isso a ela. Me acomodo no fato de saber que Sara me ama, parece que isso me basta, mas eu a amo e tenho medo de perdê-la.
CW: Olha, vou te dizer uma coisa, Gil. Se continuar com esses medos que me parecem ser tão idiotas, vai acabar perdendo Sara de verdade. No momento, te recomendaria ir a um psicólogo para tratar esse seu medo de amar e ser feliz.

Grissom olhou-a estarrecido e voltou-se para o corpo, procurando evidências. Naquela noite, foi difícil pra ele dormir. Ainda trazia na pele o aroma da pela suave de Sara, e na boca, o gosto dos lábios doces. E ao se lembrar do orgasmo alucinante que teve nos braços dela, revirou-se na cama, sufocado pela imagem da mulher amada, que, mesmo estando longe (pra quê foi inventar de viajar? Poderiam se acertar agora!) não o deixava em paz, fazendo-o querê-la desesperadamente. De tanto pensar nela, acabou tendo um orgasmo involuntário, molhando toda a cueca. Levantou, suado, e foi direto para o chuveiro, tomou um banho gelado, esfregando o órgão genital com bastante intensidade, para tentar apagar o fogo que Sara, ainda que sem saber, lhe causava. Ao voltar para a cama e tentar dormir, torceu para que as férias dela acabassem logo, para que ele pudesse vê-la e enfim perder o medo de amá-la. 
Os dias se passaram rapidamente, e quando Sara viu, já estava no avião de volta aos Estados Unidos. Ela faria escala em Nova York antes de ir para Vegas. E, de alguma forma, ela estava diferente. Mais pálida (já não bastasse ser tão branquinha, agora parecia o Gasparzinho), com dores nos seios e enjôos freqüentes. Será que estaria doente? Se nem pôde saborear alguns pratos holandeses que botava tudo pra fora... Caramba! O que seria isso? E a viagem longa era mais um contratempo, já que o que Sara mais queria era dormir e dormir – deitada, é claro. Após nove horas de vôo, enfim solo americano. 
Era início da manhã, e ainda fazia um pouco de frio. Como o vôo para Las Vegas iria demorar a sair, foi a uma lanchonete comer alguma coisa decente – era por isso que detestava viajar de avião, a comida quase nunca era tão saborosa. Grissom já se encontrava no lab, estava na sala de convivência com Catherine naquele momento. O celular dele tocou. Ele sentiu seu coração acelerar quando ouviu a voz de Sara na linha.

GG: Sara?

Catherine deu um sorrisinho, sabendo que o humor de Grissom iria melhorar a partir daquele momento. Sara era o remédio.

SS: Olá, Gil.
GG: Já chegou?
SS: Estou em Nova York.
GG: A que horas é seu vôo?
SS: Só à noite. Estou pensando em dar uma volta pra ver umas coisas. E como estão todos por aí?
GG: Todos estão bem. Catherine manda um beijo pra você.
SS: E como você está?
GG: Estou indo. Bem, na verdade. Sara... ãh... eu...
SS: Diga, Griss.
GG: Senti sua falta.

Sara, do outro lado da linha, ficou muda. Pasma com o que ouvira. Catherine arregalou os olhos, impressionada com o que ouvira do amigo. Estaria ela ficando caduca ou realmente ouvira aquilo dele? E pra ele dizer aquilo perto de alguém, é porque as coisas estavam mudando. Grissom jamais diria algo assim sem estar trancado em sua sala, preto de seus insetos adorados. Assim que desligou o telefone, ele se deu conta de que Catherine estava presente e ficou extremamente sem-graça.

CW: Ei, não precisa me olhar assim não! Você fez muito bem em dizer que sente falta dela. Ou não é verdade?
GG: Catherine, tá bom, eu não vi que estava aí. Mas acabei falando no impulso.
CW: Você não queria ter dito aquilo?
GG: Bem, eu... ãh... Precisamos sair para campo, o dever nos espera.
CW: Ok, Gil.

Durante o trajeto, na suv, Catherine reparava que a cada cinco minutos Grissom, inconscientemente, olhava o relógio. Provavelmente devia estar ansioso, querendo saber se Sara já havia desembarcado em Vegas. Ela desembarcou no fim da tarde na cidade, pegou um táxi e foi diretamente para a casa. Tomou um banho, comeu alguma coisa e foi direto para a cama, pois queria ir ao lab no dia seguinte. A equipe já se encontrava na sala de convivência, e Grissom estava distribuindo os casos do dia.

SS: Ei, e eu, em qual caso fico? – Sara abriu um lindo sorriso.

A equipe olhou maravilhada para a amiga. Sara estava lindíssima, com os cabelos penteados de forma charmosa. Todos foram abraçá-la, para matar as saudades. Grissom ficou observando-a.

GS: Pensei que nunca mais a veríamos.
SS: Que exagero, Greg. Eu tinha que voltar, né?
NS: E aí, Sara, a Holanda é mesmo fria como dizem?
SS: Sim. Mas foi muito legal. O único inconveniente era o tempo de vôo, pensei que nunca pousaria no meu país novamente. Mas estou aqui, e louca de vontade de trabalhar.

De repente ela se lembrou que Grissom também estava na sala.

SS: Oi Griss.
GG: Oi Sara – ele estava um pouco sem jeito, tendo em vista que a equipe toda estava ali também. Tinha vontade de expulsar todos dali para beijar Sara sem fim.

E ela surpreendeu a todos ao dar um longo abraço nele na frente de todos. É claro que todos sabiam desse lengalenga dos dois, mas eles eram tão discretos que ninguém tinha certeza do que se passava entre eles. Sara fechou os olhos e pôde sentir o cheiro da pele daquele homem que amava por inteiro e de maneira intensa. Ao se afastar dele, os olhos se encontraram e Grissom acabou por sorrir. A equipe sorriu satisfeita, após assistirem um beijo através do olhar.  Sara ficou com ele e Catherine no caso de uma jovem estuprada e morta a facadas. O lugar era uma imundice só.

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