GG: Sara, eu nunca quis te magoar. Nunca
tive essa intenção. E jamais, na minha vida, senti por alguma
mulher o que... sinto por você.
SS: Ãh, eu... preciso ir. A gente se vê
daqui a 30 dias.
Sara saiu da sala e deixou Grissom
completamente sem ação. Dois dias depois, ela embarcou para a
Holanda. E nos dias que se seguiram, a ausência de Sara estava fazendo algum
estrago. Pelo menos no que dizia respeito a Grissom.
Ele estava uma pessoa bem diferente, com alternâncias de humor, o que deixava
todo mundo sem entender direito o que se passava com ele. Era seu coração
saudoso da mulher amada afetando seu dia-a-dia. Uma semana depois, Grissom chegou na sala
de convivência para distribuir os casos do dia.
GG: Warrick e Nick, idoso espancado dentro
de casa, Catherine e eu, mulher esfaqueada, Greg e... – de repente se deu conta
de que Sara não estava – Greg, você terá de ir sozinho neste caso. Estudante encontrado morto no carro.
GS: Sem problemas, Grissom.
GG: Podem ir agora.
Ele e Catherine chegaram à cena do crime.
Era uma casa grande, espaçosa, com um grande jardim na parte de trás. Enquanto Catherine ficou na sala, Grissom
foi até o quarto, onde encontrou o corpo. A mulher, embora repleta de facas
pelo corpo, parecia estar mais dormindo do que morta. O que imediatamente
chamou a atenção do supervisor foi a assombrosa semelhança entre ela e Sara.
Desde os cabelos até o corpo magro. Com aquilo, Grissom ficou um tempo perdido
em seus pensamentos, e não percebeu Catherine entrar.
CW: Pensando em quê, Gil?
Ele continuou calado, olhando para o corpo.
Foi quando ela entendeu.
CW: A semelhança entre elas é incrível! É
por isso que você não pára de olhar para ela, não?
GG: A vida é curta e veloz feito um cometa,
Catherine. As pessoas vão embora de nossas vidas num piscar de olhos. E a gente
nem se dá conta.
CW: Mas Sara não foi embora de sua vida, ou
foi?
GG: Sara nunca foi embora de mim. Mas não
encontro um meio de dizer isso a ela. Me acomodo no fato de saber que Sara me
ama, parece que isso me basta, mas eu a amo e tenho medo de perdê-la.
CW: Olha, vou te dizer uma coisa, Gil. Se
continuar com esses medos que me parecem ser tão idiotas, vai acabar perdendo
Sara de verdade. No momento, te recomendaria ir a um psicólogo para tratar esse
seu medo de amar e ser feliz.
Grissom olhou-a estarrecido e voltou-se
para o corpo, procurando evidências. Naquela noite, foi difícil pra ele dormir.
Ainda trazia na pele o aroma da pela suave de Sara, e na boca, o gosto dos
lábios doces. E ao se lembrar do orgasmo alucinante que teve nos braços dela,
revirou-se na cama, sufocado pela imagem da mulher amada, que, mesmo estando
longe (pra quê foi inventar de viajar? Poderiam se acertar agora!) não o deixava
em paz, fazendo-o querê-la desesperadamente. De tanto pensar nela, acabou tendo
um orgasmo involuntário, molhando toda a
cueca. Levantou, suado, e foi direto para o chuveiro, tomou um banho gelado,
esfregando o órgão genital com bastante intensidade, para tentar apagar o fogo
que Sara, ainda que sem saber, lhe causava. Ao voltar para a cama e tentar
dormir, torceu para que as férias dela acabassem logo, para que ele pudesse
vê-la e enfim perder o medo de amá-la.
Os dias se passaram rapidamente, e quando
Sara viu, já estava no avião de volta aos Estados Unidos. Ela faria escala em
Nova York antes de ir para Vegas. E, de alguma forma, ela estava diferente. Mais
pálida (já não bastasse ser tão branquinha, agora parecia o Gasparzinho), com
dores nos seios e enjôos freqüentes. Será que estaria doente? Se nem pôde
saborear alguns pratos holandeses que botava tudo pra fora... Caramba! O que
seria isso? E a viagem longa era mais um contratempo, já que o que Sara mais
queria era dormir e dormir – deitada, é claro. Após nove horas de vôo, enfim
solo americano.
Era início da manhã, e ainda fazia um pouco
de frio. Como o vôo para Las Vegas iria demorar a sair, foi a uma lanchonete
comer alguma coisa decente – era por isso que detestava viajar de avião, a
comida quase nunca era tão saborosa. Grissom
já se encontrava no lab, estava na sala de convivência com Catherine naquele
momento. O celular dele tocou. Ele sentiu seu
coração acelerar quando ouviu a voz de Sara na linha.
GG: Sara?
Catherine deu um sorrisinho, sabendo que o
humor de Grissom iria melhorar a partir daquele momento. Sara era o remédio.
SS: Olá, Gil.
GG: Já chegou?
SS: Estou em Nova York.
GG: A que horas é seu vôo?
SS: Só à noite. Estou pensando em dar uma
volta pra ver umas coisas. E como estão todos por aí?
GG: Todos estão bem. Catherine manda um
beijo pra você.
SS: E como você está?
GG: Estou indo. Bem, na verdade. Sara...
ãh... eu...
SS: Diga, Griss.
GG: Senti sua falta.
Sara, do outro lado da linha, ficou muda.
Pasma com o que ouvira. Catherine arregalou os olhos, impressionada com o que
ouvira do amigo. Estaria ela ficando caduca ou realmente ouvira aquilo dele? E pra ele dizer aquilo perto de alguém, é
porque as coisas estavam mudando. Grissom jamais diria algo assim sem estar
trancado em sua sala, preto de seus insetos adorados. Assim que desligou o telefone,
ele se deu conta de que Catherine estava presente e ficou extremamente
sem-graça.
CW: Ei, não precisa me olhar assim não!
Você fez muito bem em dizer que sente falta dela. Ou não é verdade?
GG: Catherine, tá bom, eu não vi que estava
aí. Mas acabei falando no impulso.
CW: Você não queria ter dito aquilo?
GG: Bem, eu... ãh... Precisamos sair para
campo, o dever nos espera.
CW: Ok, Gil.
Durante o trajeto, na suv, Catherine
reparava que a cada cinco minutos Grissom, inconscientemente, olhava o relógio.
Provavelmente devia estar ansioso, querendo saber se Sara já havia desembarcado
em Vegas. Ela desembarcou no fim da tarde na cidade, pegou um táxi e foi
diretamente para a casa. Tomou um banho, comeu alguma coisa e foi direto para a
cama, pois queria ir ao lab no dia seguinte. A equipe já se encontrava na sala
de convivência, e Grissom estava distribuindo os casos do dia.
SS: Ei, e eu, em qual caso fico? – Sara
abriu um lindo sorriso.
A equipe olhou maravilhada para a amiga.
Sara estava lindíssima, com os cabelos penteados de forma charmosa. Todos foram
abraçá-la, para matar as saudades. Grissom ficou observando-a.
GS: Pensei que nunca mais a veríamos.
SS: Que exagero, Greg. Eu tinha que voltar,
né?
NS: E aí, Sara, a Holanda é mesmo fria como
dizem?
SS: Sim. Mas foi muito legal. O único
inconveniente era o tempo de vôo, pensei que nunca pousaria no meu país
novamente. Mas estou aqui, e louca de vontade de trabalhar.
De repente ela se lembrou que Grissom
também estava na sala.
SS: Oi Griss.
GG: Oi Sara – ele estava um pouco sem
jeito, tendo em vista que a equipe toda estava ali também. Tinha vontade de
expulsar todos dali para beijar Sara sem fim.
E ela surpreendeu a todos ao dar um longo
abraço nele na frente de todos. É claro que todos sabiam desse lengalenga dos
dois, mas eles eram tão discretos que ninguém tinha certeza do que se passava
entre eles. Sara fechou os olhos e pôde sentir o cheiro da pele daquele homem
que amava por inteiro e de maneira intensa. Ao se afastar dele, os olhos se
encontraram e Grissom acabou por sorrir. A equipe sorriu satisfeita, após assistirem
um beijo através do olhar. Sara ficou
com ele e Catherine no caso de uma jovem estuprada e morta a facadas. O lugar
era uma imundice só.
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