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Marcas de amor - cap. 2


SS: São duas da manhã, e às sete preciso trabalhar. Foi muita irresponsabilidade a minha ter vindo pra cá.
DR: Não acho. Senão, não teríamos nos conhecido.

Sara deu um sorriso meio tímido.

SS: Eu realmente preciso ir embora.
DR: Será que vou te ver de novo?
SS: Como?!
DR: Gostei do seu jeito, você é uma pessoa bem legal. Fora que é linda. Que homem não se encantaria por você e sua beleza?
SS: Não sei, eu trabalho muito.
DR: Vou ficar pouco tempo aqui. Gostaria de pelo menos poder te ligar qualquer hora.
SS: Tá bom então.

Os dois trocaram telefone e Sara foi embora. Fazia um certo frio àquela hora da madrugada e a estrada estava bem deserta. Com isso, Sara chegou rápido à Vegas e à sua casa. Foi o tempo de tomar um banho e cair na cama, sem comer nada. Ainda assim, perdeu a hora e chegou ao lab com pelo menos uma hora e meia de atraso. Ao chegar na sala de convivência, só encontrou Nick. Para seu alivio, era melhor do que dar de cara com Grissom.

NS: Ei, o que aconteceu, mulher? Dormiu mais do que a cama?
SS: Acho que sim, Nick. Onde está Griss e o resto do povo?
NS: Catherine, Warrick e Greg estão em campo, numa investigação. Grissom está na sala dele.
GG: Estou aqui, Nick. Sara, venha à minha sala agora!

Ela e Nick se entreolharam, vendo que a bomba iria explodir.

NS: Boa sorte, Sarinha.
SS: Valeu, Nick!

Os dois caminharam em silêncio até a sala dele. Na sala...

GG: Você tem alguma desculpa plausível para esse atraso?
SS: Qual é, Griss, foi apenas uma hora de atraso. Acontece que acabei dormindo mais que a cama.
GG: Precisava de você aqui, tinha que estar aqui cedo. Cadê seu senso de responsabilidade?
SS: Estou aqui, não estou?
GG: Acha que resolve a questão?
SS: O que você resolve então? Me suspender, demitir?
GG: Sua teimosia não leva a nada, Sara. Com isso consegue o que não merece, muitas vezes.
SS: Estou argumentando com você. Mas eu já devia saber que isso não funciona no seu caso, já que você não presta atenção em nada de bom que venha de mim. Mas quando eu cometo um deslize, por menor que seja, você é o primeiro a ver e me chamar a atenção.
GG: Você me confunde, Sara.
SS: Em quê?! Sou tão obtusa assim?
GG: Esquece. Não vou suspendê-la, mas fique atenta com seu horário. Sua cara de sono está evidente. Quase não dormiu, não é?
SS: Porque quer saber disso?

Antes que Grissom pudesse dizer algo, o celular de Sara tocou.  Olhou no identificador e viu que era Dennis. Imediatamente um sorriso surgiu em seu rosto, deixando Grissom completamente curioso e intrigado. Ela se afastou pra falar melhor. Ele percebeu que o interlocutor era do sexo masculino. Assim que desligou a chamada, viu um supervisor olhando-a seriamente.

SS: Mais alguma coisa pra dizer, Griss?
GG: Ãh... não, você pode ir, Sara.
SS: Ok – disse com um sorrisinho maroto nos lábios e saiu.

Grissom estava inquieto. Quem telefonou para Sara àquela hora? E porque ela estava tão sorridente ao falar com o interlocutor? Era uma sensação muito estranha vê-la sorrindo em outras direções. No entanto, não era namorado, nem marido, nem mesmo amante, não poderia exigir nenhuma explicação dela sob esse aspecto. Pensando com seus botões, não percebeu que Catherine entrara em sua sala.

CW: Gil?
GG: Ãh?! Catherine? Você não bate mais na porta não, é?   
CW: Ei, calma! Você estava tão absorto em seus pensamentos que se uma bomba caísse no lab nem iria perceber.
GG: Como sempre, exagerada. Mas, o que quer?
CW: Bem, as evidências foram recolhidas e as levamos para processar.
GG: Mais alguma coisa?
CW: Cruzes, o que você tem, Gil? Eu humor é esse?
GG: Esquece, Catherine.

Mas Grissom é que não iria esquecer coisa nenhuma o que havia presenciado. E aquele dia, trabalhar perto de Sara estava sendo uma tortura. Vê-la tão sorridente e graciosa o deixava ainda mais encantado, mas sua terrível insegurança e seu medo o tornavam um covarde, capaz de entregar a mulher amada a outro homem porque não conseguia se aproximar dela e dizer tudo o que realmente sentia por ela. No fim do expediente, Grissom teve uma surpresa: ao sair do prédio do lab com o carro, viu Sara abraçar um homem alto, de cabelos claros e aparentando ser mais jovem. Estacionou o carro na calçada e esperou que eles passassem para ver onde iriam. Que coisa ridícula, seguir pessoas como se seguisse algum criminoso! Os dois pararam em uma praça, num parque perto da rua de Sara. Não demorou muito e Grissom viu sua amada cair nos braços de um cara intrometido. Sara e Dennis se beijaram e se acomodaram no banquinho do lugar. Do esconderijo, Grissom foi para o carro e seguiu para casa imaginando mil coisas. Naquela noite tentou falar com ela mil vezes, mas nenhum dos telefones atendiam. E isso não ira acontecer mesmo: Sara e Dennis transaram a noite toda, continuando logo no início da manhã. Grissom, como um homem maduro que era, procurou pensar em outras coisas, mas ao ver Sara no lab, sorridente, sentiu-se um imbecil de proporções imensuráveis. Ainda mais quando a ouviu dizer à Catherine que ele era bem mais jovem. Mais tarde, Catherine entrou na sala dele e ficou penosa ao ver o amigo tão cabisbaixo.

CW: Não quer me dizer a causa de sua tristeza?
GG: O que tenho a dizer, Catherine?
CW: Você sabe que eu sei de sua paixão por Sara, e a dela por você. Até quando vocês vão ficar brincando de gato e rato? Poxa, dêem uma chance ao amor! Se vocês se amam, parem de ficar disfarçando, guardando os sentimentos pra si, se envolvendo com pessoas erradas e sofrendo por estarem separadas!  
GG (após um longo suspiro): Não é tão simples assim, Catherine. Ontem vi Sara nos braços de um cara e me senti mal com tudo isso.
CW: Posso imaginar. Mas há de convir que ela deve ter se cansado de tantos nãos vindos de você. Pelo que Sara me contou, ela te ama desde a época de São Francisco, nunca te esqueceu, e quando você a chamou para trabalhar aqui, veio cheio de esperanças. Se você não a quer, deve dizer isso na lata, sem rodeios, e deixá-la livre para ser feliz.
GG: Não sei lidar com sentimentos, Catherine, deveria sabe disso, já que me conhece há tantos anos.
CW: Sei disso sim, Gil. Mas todo ser humano pode mudar pra melhor, não? O amor costuma fazer isso com as pessoas? Porque você não experimenta se entregar a ele? Tenho certeza de que será muito feliz, Sara é uma grande mulher.
GG: Eu sei disso, Catherine.
CW: E vai deixá-la nos braços de um rapaz de 23 anos, sendo que você é um homem maduro, experiente, tudo o que ela sempre sonhou?
GG: Ela escolheu um rapazinho, Catherine. E não sou mais nenhum adolescente pra ficar fazendo loucuras e besteiras por aí. Na verdade, nunca fiz isso na vida.
CW: Porque as outras mulheres não se chamavam Sara Sidle.
GG: Mas estou velho, Catherine, e até hoje não tive um filho que pudesse encher minha vida de alegria. E acho que esse tempo já passou.
CW: Você diz isso pela idade? Oras Gil, deixa de ser careta! Picasso foi pai aos 70 anos. Por que você, aos 50, não poderia?
GG: Eu penso nisso mais tarde.
CW: Você com essa mania de deixar tudo pra depois pode acabar perdendo a mulher que ama. Vai por mim...

Catherine deu uma piscadinha e saiu. Naquela noite uma forte chuva caía sobre Las Vegas. Sara estava sentada no sofá, comendo uma pipoca e lendo um livro. Dennis já havia voltado para a Holanda, e ela voltara à rotina de pensar e sofrer por amar Grissom. 

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