CW: Pára com isso, as crianças
podem escutar...
V: Estão todos dormindo,
benzinho... Vem pra cá, vem...
Catherine, fogosa como era, logo
envolveu o detetive em seus braços e os dois se beijaram com muita intensidade.
Em poucos minutos estavam nus e fazendo amor em sua enorme cama de casal –
pelas contas da loira, tinha espaço para três casais em seu ninho de amor. Diferente do que acontecia na
casa do casal Sara e Grissom, onde um clima de tristeza e receios pairava no
ar. A perita via uma certa tristeza no olhar do marido e tentava alegrá-lo de
alguma forma.
SS: Não quer me dizer porque está
tão triste?
GG: Não estou triste, apenas
cansado.
SS: Desde que você acordou hoje
cedo está agindo e falando de maneira estranha. Parece que sua vida não lhe
deixa feliz, parece que eu e as crianças não somos nada para você...
GG: É que ainda não caiu a ficha
de que agora sou um homem aposentado. E que não fiz nada do que eu havia
planejado pra mim. Como foi que sua gravidez aconteceu?
SS: Bom, não foi planejada.
Simplesmente aconteceu. E você ficou muito surpreso, mas depois passou a gostar
da idéia. Lembro que na época, antes de eu descobrir a gravidez, você estava
planejando me levar à Nova Zelândia para conhecer os insetos habitantes de lá. Me disse que seria uma
experiência fantástica.
Grissom, com seus botões: “E
seria mesmo, honey, mesmo que eu nunca tenha pensado em ir com você até lá”.
SS: Mas quando te contei que
estava esperando um bebê, você optou por não fazermos a viagem, disse que seria
muito desgastante e perigoso para uma mulher grávida. Mas eu teria ido assim
mesmo, pois estar com você valia toda a pena, e nenhum risco seria tão perigoso
assim.
Sara tinha lágrimas nos olhos e
Grissom sentiu o coração doer. Que mulher incrível ele tinha e
não conseguia perceber que sua felicidade estava bem à sua frente? Mas ele continuava com os
pensamentos longe, em sua vida de solteiro. E Sara, com uma intuição poderosa,
percebeu a amargura nos olhos do marido e quis dialogar com ele.
SS: Eu sei que, por alguma razão,
você não se sente bem aqui. Se o problema é esta casa, este lugar onde vivemos
há tanto tempo, a gente se muda daqui. Vou tirar as crianças do único lar que
elas tiveram e vou com você para onde você precisa ir. Mas não quero separar a
nossa família – ela estava com lágrimas escorrendo – Porque eu quero que você
seja feliz, querido. E se você se sentir feliz, eu também estarei feliz. Eu
escolho nós dois.
Sara levantou-se do sofá e seguiu
para o quarto, onde chorou discretamente. Grissom ficou atônito com as palavras
da mulher e permaneceu um pouco mais na sala, pensando se queria mesmo voltar
ou permanecer assim para sempre, ao lado de sua família. Naquela noite, imaginando acordar
de volta à sua realidade, em sua cama, pronto para mais um dia no lab, Grissom
adormeceu um pouco mais leve. Porém, na manhã seguinte, sábado, acordou mais
uma vez com Nicholas pulando em sua cama, acordando-o junto com Sara.
SS: Filho, já disse que não é pra
vir nos acordar assim!
NG: Mamãe, o natal tá chegando!
Papai, vamos montar a árvore!
GG: Nicholas, já viu que horas
são?
NG: Não. Mas vamos lá, pai!
A contragosto, o supervisor
levantou-se e foi, depois de se vestir e tomar um café, foi montar a árvore,
sendo ajudado por Nicholas. Sara ficou com Gabrielle em seu colo, observando e
se divertindo com a cena de pai e filho montando a árvore de natal. No final...
NG: Ficou lindo, papai!
GG: Acha? Bom, tive a ajuda de um
garoto muito esperto!
SS: Vocês dois sempre foram muito
grudados, isso me deixa muito feliz!
Grissom olhou para a amada e
sorriu. Algo estava acontecendo dentro de si, pois estava gostando daquele
clima familiar. A idéia de estar casado com Sara e ter dois filhos lindos com
ela lhe parecia muito boa, e naquele momento, a vontade de permanecer assim era
mais forte do que a de retornar ao seu mundo solitário, vivendo apenas para o
lab. Depois de montar a árvore, ele saiu para comprar os presentes de natal. Em cinqüenta anos, enfim ele
teria um natal diferente, feliz, com uma mulher e dois filhos que iluminariam a
sua noite. Uma ceia farta e muitos presentes para trocar, e cartões recebidos
dos amigos. O que mais Grissom precisaria? Quando as crianças já estavam
dormindo, Sara, linda em um vestido vermelho longo, com uma presilha brilhante
de flor vermelha, abraçou Grissom pela cintura e abriu seu coração apaixonado:
SS: Agora sei que você está de
volta, meu querido. E estou tão feliz de tê-lo comigo nessa noite de natal...
Obrigada por nos fazer tão felizes! Eu te amo!
GG: Oh Sara... – ele tocou os
cabelos dela com um sentimento de tristeza.
Grissom sabia que, cedo ou tarde,
toda aquela imagem de felicidade e clima familiar não existiria mais, não
passaria de um sonho. E sentir isso era algo que ele não queria. Estava gostando
demais de ser marido e pai, mas sabia que a realidade não era essa. Como ele gostaria de poder dizer
a ela a verdade, mas não podia. Num gesto de puro amor, a beijou
e depois a abraçou, para sentir o corpo quente e macio da mulher amada no seu. E naquela noite, ele amou Sara na
macia cama de casal. Fazia amor com desespero e loucura de um homem que via o
momento da despedida se aproximar. E a cada movimento dentro de Sara, Grissom
sentia que a amava cada vez mais e que jamais poderia deixá-la ir-se. Eles
nasceram para ser um do outro. O orgasmo veio sob uma fina
nevasca, que cobrira ainda mais as ruas brancas de neve. No dia seguinte, Grissom saiu
para brincar com Nicholas no quintal repleto de neve. Os dois fizeram guerrinha
de bolas de neve e Sara, da janela, sorriu feliz. Depois que deixou o menino em
casa, foi ao mercado comprar mais algumas coisas para o ano novo.
Saindo de lá, deparou-se
novamente com o senhor:
##: Vejo que você encontrou as
respostas do enigma...
GG: O que você quer desta vez?!
##: Eu lhe disse que antes de sua
volta, nos veríamos novamente.
GG: Você não pode se meter assim
na vida das pessoas! Está pensando que sou um boneco de marionetes que você
pode manipular?
##: Sei que você é um homem justo
e correto. Mas havia outras coisas que estavam bem à sua frente e que você não
quis enxergar, ou não teve a sensibilidade para isso.
GG: Sara seria um exemplo?
##: E porque não? Veja o que lhe
aconteceu!
GG: Mas eu não tenho nada com
ela! Como posso, de repente, me ver casado e com dois filhos, levando uma vida
totalmente fora propósito?! Não tem o menor cabimento!
##: Tem certeza? Você nunca
pensou em nada mais sério com a mulher que ama?
Grissom ficou calado. O que
dizer?
##: Algumas pessoas têm uma
segunda chance para consertar aquilo que está errado. Outras querem e não
conseguem.
GG: Isso aqui não é realidade. É
um sonho, ou o que for.
##: Na verdade, é uma amostra do
que poderia ter sido se você não tivesse se escondido atrás da sua capa de
covardia.
GG: Posso ter me acovardado, mas
jamais deixei de amar Sara. Só não sei como dizer isso a ela.
##: Se tivesse sido mais ousado,
teria evitado tantas lágrimas, tantos sofrimentos...
O supervisor deu um suspiro.
GG: E agora, como ficará?
##: Só depende de você
transformar essa realidade na sua realidade. Agora que você entendeu o recado,
já está pronto para voltar.
GG: Eu me recuso a voltar! Você
não pode fazer o que bem entender da minha vida e depois jogar fora como se não
tivesse acontecido nada! Vou pra casa, tenho uma família me esperando!
O supervisor entrou no carro e
foi para a casa. O senhor sorriu satisfeito. Ao chegar em casa, encontrou o
filho dormindo em um dos sofás, Sara em outro e a filha no carrinho. Pegou o
garoto e o colocou na cama. Em seguida, levou a filha e a pôs no bercinho. Em
seguida, ajoelhou-se e falou em voz baixa para o menino:
GG: O papai vai voltar à
nave-mãe. Seja um bom garoto para a sua mãe e nunca se esqueça de seu pai. Eu
te amo, garoto!
Deu um beijo na testa dele e foi
para o quarto. Foi até a janela e ficou olhando a neve caindo, fazendo o frio
da rua chegar até seu corpo. Sara entrou logo em seguida e sentou-se na cama.
Grissom foi até ela, sentando na cama e segurando as mãos dela.
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