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Uma chance de recomeçar - cap. 1


Já era dezembro, e o clima de natal estava predominante em todo o país. Vegas, assim como todo o resto dos Estados Unidos, estava sofrendo com as nevascas, típicas dessa época do ano. A equipe de Grissom estava trabalhando com afinco, todos queriam ter a ceia com suas famílias, embora ainda faltasse mais de 20 dias para o natal. Todos, menos Sara e Grissom; ela, sempre solitária, sem família, passaria mais um natal sozinha, assistindo a algum filme romântico no DVD; ele passaria a noite natalina pesquisando novos insetos descobertos na internet e cuidando de seus insetos de estimação. 
Em mais uma noite silenciosa em seu apartamento espaçoso, o supervisor, arrumando suas coisas, encontrou uma foto da época em que conhecera Sara em São Francisco; ela, uma jovem sorridente, transmitindo felicidade através dos olhos, e ele, bem mais jovem, com uma expressão mais tranqüila no olhar. Sorriu ao se lembrar daqueles tempos, quando seu caminho se cruzou com o da jovem estudante de 26 anos. Aos 41 anos, há oito anos atrás, já era um homem vivido e experiente; tivera muitas mulheres em sua cama, mas nenhuma jamais fora e seria como Sara. Sentia saudades do corpo esguio dela, dos seios firmes e macios, das pernas abertas com muita vontade de se entregar a ele. Mas o tempo passou, e as coisas mudaram. Não era mais aquele homem que se permitia ir para a cama com alguém que lhe interessava. Na verdade, depois de Sara, a cama jamais foi a mesma; todas as poucas mulheres que estiveram ao seu lado na cama jamais conseguiram preencher o vazio que a jovem deixara. 
Ele percebia que no olhar da subordinada Sara Sidle havia um quê de paixão, um brilho que denunciava mais do que apenas alegria por trabalhar no lab. Não, não era apenas isso. Como homem não possuía a sensibilidade feminina, mas tinha experiência suficiente para diferenciar os diversos tipos de olhares. Quantas vezes flagrara a perita observando-o em silêncio de algum canto do lab... Olhando-o e querendo dizer algo que não conseguia decifrar. O que poderia ser? Com tantas recordações vindo à mente como uma forte onda, vieram sentimentos escondidos, abafados e sufocados, Grissom acabou deitando e adormecendo. Foi acordado logo cedo com o toque do celular.


GG: Grissom.
CW: Hey, não vem para o lab hoje?
GG: Ainda é cedo...
CW: Acha onze da manhã cedo?
GG: Dormi demais!

Grissom levantou-se rapidamente e seguiu para o banheiro.

CW: Onde você está indo?
GG: Posso tomar um banho, Catherine?
CW: Oh sim, desculpe. Então, até mais.

Grissom tomou um rápido banho frio, até pra se livrar dos pensamentos eróticos com Sara, que volta e meia revirava seus pensamentos, deixando-o atordoado. O dia no lab foi intenso, e Grissom estava muito estressado com as cobranças de Ecklie, que não fazia nada além de torrar a paciência dos funcionários do laboratório. Sara, no canto da sala de convivência, observava o amado platônico lendo uns relatórios.


GG: Bem, você está liberada, Sara. O turno acabou.
SS: Ãh, Griss... Estava pensando... Gostaria de jantar comigo?
GG: Obrigado, mas não, Sara.
SS: Não?
GG: Você sabe... Eu não... Sei lidar com isso...
SS: Tudo bem. Boa noite.

A perita saiu desapontadíssima da sala e foi embora. Logo em seguida Grissom foi para casa. No caminho parou em um marcadinho e comprou algumas coisas. Do lado de fora, indo para o carro, um senhor de cabelos brancos o abordou.

##: O senhor é muito seguro de si, não é mesmo?
GG: Eu o conheço?
##: Não, mas eu o conheço. E sei que se acha um homem auto-suficiente.
GG: Bem, sou um homem independente e ciente das minhas responsabilidades.
##: Não disse que não era responsável. Mas você tem certeza de que não lhe falta nada?
GG: Tenho. Mas onde o senhor quer chegar? Eu nem o conheço!
##: Ainda vamos nos reencontrar e você irá obter resposta para todas as suas dúvidas. Então vai saber que ainda tem muito o que aprender, especialmente nas coisas do coração.

Grissom ficou atônito com as palavras daquele senhor com os cabelos brancos. Quem seria ele? Porque lhe dirigira aquelas palavras? Fez menção de lhe dizer algo, mas o senhor já havia ido embora. Dirigiu-se então para o carro e seguiu para casa. Casa aquela que era grande para um homem solitário como ele. Mesmo que jamais admitisse, Grissom era um homem solitário sim. A vida que levava era um estepe para esconder um vazio que trazia no coração, o vazio pela falta de uma mulher em sua vida, que lhe desse ordens, que lhe fizesse não pensar somente em trabalho e enxergar a vida com mais leveza. 
Essa mulher existia sim. Mas seu coração duro o impedia de ver que sua grande chance de ser feliz estava bem diante de seu nariz. Depois de uma ducha e de beber um copo de leite, Grissom, completamente exausto, se jogou na cama e apagou de sono. Enquanto ele dormia, o universo mexia e remexia, como se alterasse as areias do tempo. Abriu os olhos a muito custo, com a luz do sol entrando pela janela. De repente sentiu uma sacudida, como se alguém estivesse pulando na cama. Olhou para o lado e viu um menino loiro, magro, pulando alegremente perto de si.


NG: Acorda papai! Acorda! Hoje é dia de ir no parque!

Grissom arregalou os olhos azuis, na entendendo nada. O moleque lhe chamando de papai?! E o que ele fazia em sua cama? Rapidamente sentou-se e, olhando ao redor, percebeu que não estava em sua casa, não na que jurava ser sua.

GG: Mas... mas... – gaguejou.

Em seguida, Sara entrou no quarto trazendo uma linda bebezinha no colo. A menina era a cara de Grissom, a começar pelos olhos azuis e o semblante sério. Ele olhou para perita como se tivesse visto um fantasma.

SS: Ei! – ela deu aquele sorriso, deixando seu diastema charmoso evidente – Já é hora de se levantar. Esqueceu que hoje nós iremos ao parque com as crianças?
GG: Eu? Nós? Sara... O que você faz aqui? O que essas crianças fazem aqui? Aliás, onde é que eu estou?!
SS: Você bebeu, Griss? Não fala coisa com coisa!

Agitado, desorientado, o supervisor levantou-se da cama e vestiu uma bermuda, já que estava de cueca. Pegou uma camisa e saiu. Sara foi atrás do marido com a filha nos braços, enquanto o pequeno ficou no quarto, sem entender nada.


SS: Não estou entendendo sua atitude, Griss! Porque está agindo de maneira tão estranha?!
GG: Eu é que te pergunto, Sara: o que eu estou fazendo aqui? Porque estamos juntos? E de onde saiu essas crianças?

A perita, indignada, pôs a filha no cercadinho e se voltou para Grissom:

SS: Seja lá o que você tenha sonhado, Griss, isso não é motivo para agir assim. Você sempre foi louco pelas crianças, e há dias estava planejando esse passeio com eles. Aliás, você e Nicholas não se desgrudam, parecem ter cola no corpo!
GG: Sinceramente, não sei o que aconteceu durante a noite, mas isso não me soa real. Vou sair pra ver se consigo entender toda essa loucura.
SS: Volta aqui, Griss!

O supervisor saiu, deixando a esposa atordoada. Com o velho carro de sempre, foi até o lab. Mas se surpreendeu com as mudanças. Não viu a recepcionista Juddy, Catherine, Bob e outros. Mas encontrou Nick, agora supervisor do turno da manhã.


NS: Grissom?! Você por aqui?
GG: O que você faz aqui a essa hora, Nick? Seu turno é o da noite.
NS: Isso foi há anos. Com a Cath indo para a supervisão geral, assumi a equipe.
GG: Como é? Catherine é supervisora geral? E onde está Ecklie?
NS: Não se lembra? Ele morreu há quatro anos, de câncer.
GG: Conrad Ecklie está morto?
GS: Por onde você andou, Grissom? Parece ter estado na lua! – disse Greg, chegando na sala.

Grissom ficou analisando o rapaz de cima a baixo, como se não o visse há anos.

GG: Definitivamente devo estar sonhando! E onde está Warrick?

Nick e Greg se olharam sérios.

NS: Ele... morreu também, baleado. Deveria se lembrar, ele morreu nos seus braços...
GG: Céus!

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