Tarde
de um intenso frio em Vegas. A época de nevasca se aproximava, fazendo com que
as pessoas preferissem se recolher mais cedo às suas casas. Sara detestava a
solidão, mas era a sua realidade. É claro que preferia estar na companhia
permanente de Grissom, seu grande amor, mas ele definitivamente não estava
disposto a se entregar a qualquer mulher e formar uma família. Seu trabalho era
mais importante, e seus insetos eram como seus filhos. A
semana para a turma do lab até que estava sendo suave, com casos pouco
relevantes no sentido de crueldade e intensidade. No fim do expediente,
geralmente no fim da tarde, a equipe se reunia na sala de convivência e trocava
idéias.
NS:
Cara, que frio é esse?
WB:
Nem me fale. Acordo sem a menor vontade de vir trabalhar. A cama quentinha, e
eu tendo que abandoná-la.
SS:
É o preço do trabalho.
GS:
E você, Sara, vai me dizer que gosta de sair de uma cama quentinha para sair no
frio das ruas?
SS:
Bom, cada um tem um gosto. No meu caso, o trabalho é a minha razão de viver.
Sou solteira, sem filhos nem bichos de estimação, então, não tenho problemas em
deixar a casa para trabalhar.
CW:
Olha, eu devo confessar que sinto vontade de trazer a cama junto. A minha é bem macia, e uma
companhia também faz muita falta.
Grissom,
bebericando seu café perto da cafeteira, apenas prestava atenção nos papos de
seus subordinados, sem se manifestar. Falar de vida pessoal era algo
inadmissível, coisa que nunca fazia. O telefone dele tocou justamente na hora
em que Nick fazia menção de perguntar algo a ele. “Livrei-me de uma enrascada”,
pensou. Saiu da sala de convivência e foi atender o interlocutor em sua própria
sala. Minutos depois, voltou.
GG:
Pessoal, temos um caso. Um duplo homicídio em um bairro considerado muito
tranqüilo. Um homem e uma mulher.
CW:
Casal?
GG:
Sim.
A
equipe se dirigiu até o local. Por lá já se encontravam Brass e seus homens.
GG:
O que temos, Brass?
JB:
Casal baleado na sala de estar. A casa está aparentemente em ordem, parece que
nada foi levado.
CW:
Eles tinham filhos?
JB:
Uma filha, de 16 anos.
GG:
Onde ela se encontra?
JB:
Está ali, conversando com Sara.
Grissom
e Catherine olharam para onde a perita estava.
SS:
Como você se chama, menina?
SM:
Shelley Monroe.
SS:
Bem, Shelley, quer me contar sobre o que aconteceu aqui?
SM:
Meus pais foram mortos. É horrível isso!
SS:
Eu entendo... Mas eu queria saber como foi que você conseguiu se esconder e
escapar de morrer também.
A
garota, que estava com os olhos marejados de lágrima, abaixou a cabeça e chorou
um pouquinho.
SS:
Ei, calma. Tudo bem se não quiser contar agora. Você tem lugar pra ir, algum
familiar?
SM:
Não. Éramos só nós três.
SS:
Bem, aqui você não vai poder ficar. Além de ser cena de crime, há o risco de o
assassino voltar. É costume o criminoso retornar à cena do crime.
Naquele
momento, Grissom se aproximou.
GG:
Você é a filha do casal Monroe?
SM:
Sim.
GG:
E qual é o seu nome?
SM:
Shelley.
GG:
Shelley, você tem algum lugar pra ficar? Sabe que aqui não poderá ficar, né?
SM:
Não, eu não tenho lugar nenhum pra ir.
SS:
Você irá para a minha casa, Shelley.
GG:
Sua casa, Sara? – Grissom levantou a sobrancelha.
SS:
Claro! Moro sozinha e não tenho namorado. Ela ficará segura por lá. Você
aceita, Shelley?
SM:
Sim. Sinto que você é uma pessoa muito boa.
GG:
Mas ela não poderá ficar por lá para sempre, Sara. Só até a prisão e o
julgamento do criminoso.
SS:
Sei de tudo isso, Grissom. Mas não vou deixá-la na rua. Ela corre perigo, ainda
que o criminoso não saiba de sua existência ou de sua sobrevivência.
Sara
levou a adolescente para o lab, depois que ela pegou algumas roupas. A casa
estava interditada para a perícia. No lab, a jovem ficou um pouco assustada com
os olhares para si. Sara tratou de deixá-la à vontade.
SS: Calma, não precisa ficar com medo. Eles não mordem. Só às vezes.
Shelley
deu um sorrisinho discreto, mas sincero. Catherine chamou Sara e as duas
conversaram a sós, em tom de voz mais baixo.
CW:
Então você vai levá-la para a sua casa?
SS:
Sim. A garota está assustada, e não tem família. Vai ficar comigo por um tempo.
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