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O retrato mortal - cap. 5


Assim que os dois saíram, Robbins, que de bobo não tinha nada, disse, divertindo-se com a situação:

AR: Ah esses dois... Então o Gil vai ser papai...

Grissom levou Sara até o lock, e fechou a porta.

GG: Sara... é verdade o que o Robbins disse?
SS: Eu não sei, Griss. Eu não sei.
GG: Seria maravilhoso, minha querida. Ser pai de um filho seu seria incrível. E se tiver mesmo uma criança em sua barriga, será a borboleta que se abrirá depois de sair do casulo.
SS: Mas que comparação é essa, Grissom?
GG: Talvez seja por que eu sempre me lembro de você quando vejo uma borboleta, principalmente a Morpho Aega, ou seda-azul. Acho que é a borboleta mais linda que existe, e é a que me remete você.
SS: Bom, eu ainda não sei. Nunca fiquei grávida, não sei como essas coisas acontecem... Só estou sentindo enjôos, mas deve ser estômago.
GG: De qualquer forma, não deixe de ir a um médico.
SS: Não deixarei.

Sara teve de sair mais cedo do lab, pois vomitara mais algumas vezes. Antes que Ecklie percebesse algo, Grissom a liberara para ir embora. Catherine, na sala do chefe, ainda comentou:

CW: Você tem alguma coisa a ver com esses vômitos?
GG: Alguma pergunta a respeito de trabalho, Catherine?
CW: Ok, não vou mais perguntar. Sei que em breve terei a resposta.

A loira saiu e Grissom ficou observando-a intrigado, mas ao mesmo tempo, sentiu uma ansiedade jamais sentida invadir seu corpo. De repente, estava com a mulher que demorou tanto para perceber que precisava dela, e ela estaria esperando um filho seu. Eram as coisas simples do mundo, mas ao mesmo tempo, as melhores – e era o que fazia a diferença. Era disso que Grissom precisava para ser feliz, um amor e uma família. O resto não importava mais.
Em casa, depois de um delicioso banho no qual se sentiu bem melhor, Sara fez o teste de farmácia que comprara antes de chegar em casa. Cinco minutos depois, a descoberta: em sua barriga havia um pedaço de Grissom crescendo e vivendo. Deu o típico sorrisinho de lado e tocou a barriga com carinho. Grissom havia dito que naquela noite ele dormiria com ela em seu apartamento, e os dois jantariam juntos e namorariam bastante. Sara estava feliz. Talvez pela primeira vez na vida, estava sentindo a segurança emocional de que precisava. Agora tinha o apoio físico e psicológico do homem por quem esperou a vida toda, mesmo sem saber. Grissom podia não ser o mais romântico dos homens, mas dava toda a segurança que uma mulher poderia ter. E ele era um grande amante, tanto na cama como fora. Juntos, os dois acabaram concebendo uma vida. Que não estava nos planos deles – Sara jamais se imaginou com uma criança nos braços e amamentando-a, apesar de ter sonhos românticos com Grissom -, mas agora era uma idéia muito boa e essa criança seria muito bem vinda. Por ela, que estava sabendo, e posteriormente por Grissom, a quem contaria à noite, nos braços dele. O telefone tocou, despertando-a dos sonhos de mãe.

SS: Sidle.
OR: Olá, minha querida, como está?
SS: Oliver?
OR: Sim, ele mesmo. Você está muito ocupada neste momento?
SS: Bom, acabei de tomar um banho e vou comer algo.
OR: Venha comer em minha casa, minha cozinheira prepara cada comida mais gostosa que a outra.
SS: Eu não sei...
OR: Estou te esperando. Você sabe meu endereço.

Oliver desligou sem dar a Sara chance de inventar alguma desculpa. Bom, se ele queria vê-la, devia ser urgência, então começou a se preparar para ir. Seria uma rápida visita, então logo estaria de volta. Involuntariamente, desta vez pegou a arma e colocou-a no colete, por dentro. Pegou o carro e seguiu até a casa de Oliver.

M: O patrão virá logo, pode esperá-lo aqui.
SS: Obrigada.

Sara ficou observando a sala de visitas, cuja decoração era em estilo moderno. Mobília muito bem preservada e retratos do homem por todos os cantos.

OR: Olá, minha querida, que bom vê-la novamente!
SS: Vim a seu pedido. O que você queria me dizer?

“Como vou dizer que a quero esta noite? Encontre uma solução, Oliver”, pensou o homem.

OR: Bom, vamos dar uma volta até o jardim, lá a gente conversa melhor. Por aqui, Sara.

Para chegar ao jardim deveria atravessar por um extenso corredor, cheio de portas. O telefone de Oliver tocou e ele se afastou para atender. Sara, intrigada com alguma coisa que a seu ver não estava batendo, notou que uma das portas estava entreaberta e havia luz acesa. Chegou mais perto e encontrou uma luxuosa sala. Entrou, observando cada detalhe. Mas algo chamou sua atenção. Na parede, acima da lareira, havia um grande e belo quadro, de uma mulher. Só que havia um detalhe: a mulher se parecia assombrosamente com ela! Assustada, foi em direção da porta, mas deu de cara com Oliver.

OR: O que você fazia nesta sala?
SS: Vi uma luz acesa e...
OR: E resolveu xeretar, não é mesmo?
SS: Não. A luz me chamou a atenção.
OR: Vocês investigadores pensam que me enganam! Você estava atrás de alguma coisa! Aliás, não deveria ter visto este quadro!
SS: Eu não estava! E se você está escondendo alguma coisa, me diga ou eu vou embora!

Oliver, estranhamente alterado, foi pra cima de Sara, mas ela sacou a arma.

OR: Ah, veio armada! Muito esperta você, hein?!
SS: Eu já estava desconfiada. O que você tem a ver com o quadro dessa mulher na parede? – Sara apontava a arma pra ele.
OR: Não ouse falar de Madeleine!
SS: Quem?!
OR: Minha amada esposa, falecida acidentalmente.
SS: Acidentalmente? Não teria você dado uma ajudinha pra isso acontecer?
OR: Está insinuando que eu a matei?!!! – Oliver deu um berro que a mansão inteira poderia ouvir.

Num impulso e ávida por sair dali, Sara deu um empurrão em Oliver, que caiu por sobre a mesinha de centro, e saiu correndo, tentando sair da casa. De repente o corredor se transformou em labirinto, com tantas portas. Precisava entrar em alguma que a levasse até uma saída, já que o hall da mansão estava interditado propositalmente. Entrou em um quarto escuro e, pra sua sorte, o celular estava em seu bolso. Ligou para Grissom, pedindo ajuda. Estava desligado. “Droga, Griss!”. Mas deixou uma mensagem de voz, ele teria de ouvi-la. Assim poderia ter uma chance de ser encontrada, já que mandariam Archie rastrear o aparelho. Em silêncio, pôde ouvir a voz de Oliver fazendo ameaças no corredor:

OR: Eu vou te matar. Se eu te encontrar, você vai morrer, Sara Sidle!

O coração da perita foi à boca quando ouviu-o girar a maçaneta com força. Logo ele entraria; ele sabia que ela estava ali.

Sara ficou em posição de atirar, caso ele entrasse. Mas o que ela não contava é que havia uma passagem secreta que dava acesso ao quarto onde ela estava. De costas, a perita não viu que ele estava perto, e Oliver tentou dar uma gravata nela. Mas experiente que era, Sara conseguiu se livrar dele e dar um chute no órgãos dele.

SS: Desgraçado! - e saiu correndo, em busca de uma saída.

Enquanto isso, no lab, Grissom parecia aflito com a falta de notícias de Sara.

CW: Não consegue falar com ela?
GG: Sara não atende. Já liguei pra casa dela e nada.
CW: Vai ver ela tentou falar com você no celular. Já olhou seu celular?
GG: Ele está carregando, mas vou dar uma olhada.

Grissom ligou o aparelho e encontrou uma mensagem de voz. Escutou e ficou aflito.

CW: O que foi?
GG: Era Sara. Ela está em perigo!
CW: Você sabe onde exatamente ela está?

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