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Longe dos olhos, perto do coração - cap. 3



Foi duro dormir naquela noite, mas ao amanhecer, Sara parecia bem mais disposta. Arrumou-se e seguiu para procurar emprego. Apesar de ser uma excelente csi, em São Francisco as coisas eram mais complicadas no quesito ciência forense. Não haviam vagas disponíveis, e ela teria de procurar outras soluções. Parou em um bar e resolveu matar saudades da velha companheira, que havia deixado de lado por causa de Grissom, preocupado com seus excessos. Enquanto bebericava sua cerveja, um homem atraente e elegante adentrou ao estabelecimento. Sentou-se ao lado de Sara, que bebia distraída e não notara sua presença.

SP: Uma cerveja, por favor.

Sara, curiosa com a bela voz, virou-se e flagrou o homem olhando-a.

SP: Uma mulher bonita como você não deveria estar bebendo sozinha. Não dá sorte – disse sorrindo.
SS: Às vezes a solidão é uma agradável companhia.
SP: Não acredito que seja para uma mulher como você.
SS: Acho que você precisa rever seus conceitos. Não sou uma mulher assim.
SP: Bonita você é sim. E acredito que inteligente também.

Pela primeira vez desde o rompimento com Grissom, Sara abriu um sorriso. Ainda que fosse um sorriso tímido, alguém conseguira fazê-la tirar a máscara de tristeza do rosto.

SP: Então, como a mulher bonita se chama?
SS: Sara Sidle, e você?
SP: Sean Peters. O prazer é todo meu, Sara!

Ela sorriu e deixou à mostra sua diastema.

SP: Seu sorriso é lindo, sabia?
SS: Seria melhor se fosse um sorriso feliz, mas não está sendo.
SP: Só porque você não quer...

Sara sorriu sem jeito e continuou a beber sua cerveja. Papo vai, papo vem e uma hora e meia havia se passado.

SS: Nossa! Vim aqui só beber uma cerveja e estou aqui de papo com um cara que nunca vi na vida!
SP: Estou adorando nossa conversa, você não gostou?
SS: Sim... quer dizer... você é um cara bacana, legal...
SP: Mas não pode ficar de papo porque é comprometida...
SS: Não... eu... já fui comprometida com alguém. Mas agora tudo acabou.
SP: Que bom.
SS: Que bom?
SP: Se você fosse comprometida, não estaria nesse bar e nós não teríamos nos conhecido. E eu devo confessar que adorei conhecê-la. Além de linda, percebi que você é uma mulher muito inteligente, no pouco que conversamos.
SS: Obrigada!
SP: Você é daqui de São Francisco mesmo?
SS: Eu nasci aqui, mas trabalhei muitos anos em Vegas. Agora estou de volta.
SP: Isso é bom, significa que vamos nos esbarrar por aí...

Os dois riram.

SS: Você é daqui também?
SP: Nasci em Chicago, mas moro aqui há anos. Adoro essa cidade!
SS: Eu estava com saudade disso tudo, dessa atmosfera que só tem aqui mesmo.
SP: Seja bem-vinda de volta!

Sara sorriu e ia pagar a conta, mas o belo homem não deixou:

SP: Por favor, deixe que eu pague.
SS: Não se preocupe com isso...
SP: Faço questão!

Sean pagou as cervejas e os dois saíram do bar.

SS: Bom, eu tenho que ver um emprego. Preciso ir.
SP: Será que vou te ver de novo?
SS: Você quer me ver?
SP: Claro, porque não? Gostei muito de conversar com você, e fiquei atraído também.
SS: Bom... eu não sei se...
SP: Você está pensando no seu ex, é?
SS: Não...
SP: Então...?
SS: Bom, vou te passar o endereço do hotel onde estou. Aí, se quiser, você pode aparecer por lá.

Depois de entregar o papel a Sean, Sara se despediu dele e foi caminhando para seu destino. Enquanto caminhava, pensava no que Catherine havia lhe contado sobre o envolvimento de Grissom com Heather, e a presença de um homem elegante e charmoso em sua vida em São Francisco começava a lhe soar bem. Se o homem a quem ainda amava já estava em outros braços, porque ela também não poderia se dar esse direito? Alguns dias se passaram e a previsão de Sara estava certa. Grissom continuava dormindo na casa de Heather – leia-se com ela -, e, por mais que pensasse em Sara, agora via a perita como algo mais distante, como se fizesse parte de seu passado. Não amava a dominatrix, mas gostava de fazer sexo com ela. Assim ele ia levando a vida, dormindo com uma mulher, mas amando outra. E Sara, que recebia, via Catherine, notícias de Grissom – nada boas -, decidiu se dar uma chance. Ela e Sean ainda não haviam se beijado, tinha dito a ele que precisava de um tempo, o que ele aceitou numa boa. Mas com tudo que ficara sabendo, Sara, extremamente ressentida e com certa dose de raiva, decidiu dar outro rumo. Certa noite, Sean foi até o quarto onde Sara estava hospedada. Elegante como sempre, em um terno caro e luxuoso, ele surgiu sorridente à frente da perita, que trajava apenas um robe azul royal.

SP: Está belíssima!
SS: Pode entrar.

O charmoso homem adentrou-se ao quarto e não conseguia tirar os olhos do robe da perita.

SP: Está realmente linda!
SS: Acho que você está precisando de óculos.
SP: Sara... eu...

Sem mais a dizer, ele a segurou pela cintura e a beijou. Lembrando-se de Grissom, Sara se permitiu ser beijada por outro homem. Ainda magoada e muito ressentida, ela queria dar o troco nele. E deu mesmo. Dos beijos até a cama foi um pulo. Acostumada a fazer amor apenas com um homem, de início estranhou ter outro homem por cima de seu corpo, mas, vendo como Sean era delicado e intenso, soltou-se e relaxou. Mas se por um lado, Sara estava se dando uma nova oportunidade de envolvimento com alguém, Grissom não conseguia esquecê-la. Tanto que havia perdido até a vontade de transar com Heather, porque lembrava-se da amada e ao beijar a dominatrix, pensava estar beijando-a. E a ruiva percebera tudo e mandou Grissom se afastar dela. Na noite em que Sara se entregava a Sean Peters, o supervisor trabalhava em um caso de homicídio. Para seu espanto, a vítima se parecia em muito com Sara. E aquela situação o remetia ao caso de Debby Marlin, uma mulher idêntica à perita, assassinada no banheiro de sua própria casa. Catherine, que estava com ele na cena, percebeu e comentou:

CW: Reparou como ela se parece muito com Sara?

Grissom não respondeu; ele havia notado tal semelhança, e isso a trazia de volta, quando tentava esquecê-la. Mas Sara era uma lembrança viva, qual uma chama que teimava em arder em sua alma. Ele continuava amando-a e sentia muita falta dela.

CW: Não vai me responder?
GG: O que você me perguntou?
CW: A cabeça voou longe, não foi? Estava em Sara, aposto!
GG: Vamos continuar a perícia, por favor?
CW: Ei, calma! Não precisa vir com pedras nas mãos. Eu sei que você não consegue esquecê-la, e o fato de ela estar longe o incomoda e o entristece...
Sou sua amiga, Gil, você não tem porque me esconder o que sente.

Mais uma vez o supervisor ignorou os comentários da loira, que entendeu aquilo como uma tentativa de sufocar a dor e a saudade que estava sentindo de Sara. Grissom andou pela sala e reparou em porta-retratos que estavam em cima de um móvel. A vítima ao lado de um homem elegante e aparentando no máximo 40 anos.

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