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Longe dos olhos, perto do coração - cap. 2


Mas agora todos aqueles momentos de felicidade que tiveram pareciam se evaporar como fumaça, restando apenas as lembranças... lembranças estas que os acompanhariam onde quer que fossem, deixando marcas profundas e impossíveis de serem arrancadas. Porque as marcas não estavam no corpo; estavam na alma e no coração – e ali nada nem ninguém consegue extinguir. Na manhã seguinte, os opostos: Sara ia para o aeroporto e Grissom, para o lab. Mas ambos traziam tristeza no olhar. Ambos traziam a dor de um doloroso fim. Enquanto ela voava rumo a São Francisco, ele chegava ao lab. Com expressão séria, para esconder a tristeza. Mas Catherine, amiga de tanto tempo e conhecedora do romance dos dois amigos, percebeu que ele estava triste, amuado, macambúzio.

CW: Quer falar sobre isto?
GG: Sobre o quê, Catherine?
CW: Sua tristeza.
GG: Não estou triste.
CW: Olha, Gil, você pode esconder seu romance com Sara de todo mundo, eu entendo. Mas de mim você não tem que esconder nada. Sou sua amiga e você sabe muito bem que pode contar comigo. Aconteceu alguma coisa que o deixou infeliz. O que foi?
GG: Sara e eu terminamos.
CW: Como é?
GG: É o que você acabou de ouvir.
CW: Mas vocês falavam desse amor com tanta alegria, diziam com toda a certeza de que iria durar para sempre...
GG: Pra você ver que nada é pra sempre, nem meu relacionamento com Sara...
CW: Você não a ama mais, é?

Grissom não respondeu. Permaneceu calado, sem encarar a loira.

CW: Ama ou não?
GG: Prefiro não falar desse assunto, Catherine. Está sendo muito doloroso pra mim. Vamos trabalhar, que é o melhor a fazer, sim?
CW: Está bem. Mas caso queira conversar, me procure.
GG: Pode deixar.

Depois que Catherine saiu, pegou o celular e ligou para alguém.

GG: Sou eu. Estou péssimo, será que poderíamos conversar esta noite? Ok, eu passo aí.

Depois que desligou o aparelho, o supervisor, cabisbaixo, abriu a gaveta e pegou uma foto de Sara que estava por lá. Olhou para ela e deu um suspiro. Ela estava presente em tudo que ele olhasse, querendo ou não. Ainda não se conformava com a decisão de Sara de terminar a relação, mesmo estando em crise. Mas, sabendo o quão decidida ela era, não teve outra escolha senão acatar. E estava se sentindo carente. Estava mais que acostumado a carinhos e uma mulher em sua cama, ou melhor, ter seu amor em sua cama. Dormir sozinho fora a coisa mais difícil que fizera depois do fim. E Grissom queria aliviar as tensões. E foi procurar consolo na casa de uma velha amiga.

LH: Gil? Você por aqui?
GG: Posso entrar?
LH: Claro. Fique à vontade.

Grissom adentrou-se à casa da dominatrix, que o olhava com curiosidade.

LH: Aconteceu alguma coisa pra você estar aqui à essa hora?

Depois que sentou-se no sofá, o supervisor confessou:

GG: Sara terminou o relacionamento comigo.
LH: Como é?
GG: Nós estávamos em crise, ela estava tendo ciúmes excessivos, e aquilo foi desgastando, acho.
LH: E você não contribuiu com nada?
GG: Eu?
LH: É. Você não fez nada para que Sara se sentisse mal a ponto de terminar seu relacionamento?
GG: Não que eu me lembre. Nós sempre conversamos sobre as coisas que nos incomodavam. Mas desta vez a coisa detonou de vez.
LH: Eu sinto muito. Quer um chá para relaxar?
GG: Sim, por favor.
LH: Vou buscar. Enquanto isso, relaxe no sofá e tente esquecer os problemas, principalmente o que o aflige.

Sozinho na sala, Grissom inevitavelmente pensou em Sara. Tentava saber onde errara para fazer com que ela desse um ponto naquele amor que era tão grande. Mas por outro lado, também tinha suas mágoas e estava muito chateado com aquilo tudo. Por isso procurara Heather, ela era uma mulher compreensiva e saberia lhe ajudar a achar um caminho. E apreciava muito a companhia dela. Quando ela trouxe o chá, não hesitou em beber. Heather percebeu que ele estava para baixo, carente, e ofereceu seu ombro amigo.

LH: Se quiser desabafar, estou aqui.

Ao ouvir aquilo, Grissom, sabe-se lá se por carência ou raiva, vontade de dar o troco em Sara, aproximou-se da ruiva e a beijou. Ela ficou surpresa com o beijo, mas, como gostava de tê-lo por perto (afinal, já tinham tido experiências na cama em outras épocas), não se fez de rogada e correspondeu não só ao beijo como as carícias também. Naquele momento, Grissom jogou por água abaixo toda sua história de amor com a mulher que um dia jurara amor eterno, a quem disse ser a única em sua vida para sempre. Beijar Heather deixava Grissom extremamente excitado, e ela percebeu na hora. E sussurrou:

LH: Tenho preservativos no quarto, vai querer algum?

Grissom apenas sorriu e os dois foram para o quarto. O sexo aconteceu e ele a penetrava com força e sentindo-se “vingado”. Durante toda a noite, o que fora de Sara até poucos dias agora estava sendo entregue a outra mulher. Enquanto o supervisor beijava e acariciava outra mulher em outra cama, Sara, em São Francisco, olhava pela janela a chuva que caía na rua, e as lágrimas rolavam na face. Ela o amava, mas, no fundo de seu coração, ela sentia que o homem a quem sempre amou, poderia estar em outros braços para tentar esquecê-la.
Os dias se passaram e as coisas iam se ajeitando, pelo menos aparentemente. Catherine já sabia que Grissom andava se encontrando com Lady Heather, e achava que deveria avisar a Sara, por ser amiga dela e por torcer tanto para que os dois ficassem juntos. O dia amanheceu frio em São Francisco e Sara foi acordada com o toque do celular.

SS: Sidle.
CW: Olá bela adormecida!
SS: Cath?
CW: Esperava ligação de outra pessoa?
SS: Não. Aconteceu alguma coisa?
CW: Não, liguei para saber como você está.
SS: Ainda na cama...
CW: Você está bem?
SS: Estou, porque não deveria?
CW: É porque...
SS: Aconteceu algo que você não está querendo me contar?
CW: Bom, acho que de qualquer forma você vai acabar sabendo. Esse tipo de notícia voa longe e rápido...
SS: É sobre o Gil, não é?
CW: É. Ele está envolvido com Heather.

O coração de Sara deu um salto e bateu mais forte. Sua intuição estava certa quando houve a mudança no relacionamento; Grissom já devia estar de flerte com a dominatrix. Mas não deixaria Catherine saber que aquela notícia lhe atingira feito uma flecha ao alvo, mesmo sendo sua amiga. Não deixaria ninguém tomar conhecimento de sua dor; era somente sua, e, como sempre fora uma mulher solitária, sofreria sozinha também. Antes que Catherine percebesse que estava chorando, Sara desligou o celular. Naquele momento, percebera que o fim era a sua realidade, a pior realidade para um coração tão apaixonado como o dela. Chorou muito e lamentou o rumo que o amor que os dois tiveram havia tomado. Mas decidiu que era a hora de virar a página, embora o processo de esquecer Grissom fosse uma tarefa arduamente difícil, quase impossível. Se ele havia substituído-a tão logo ela disse adeus, ela também haveria de ter seus casos, embora tivesse a mais convicta certeza de que não voltaria a amar como amou, e ainda amava, Grissom. Na verdade, Sara decidiu nunca mais se apaixonar, e, disciplinada como era, conseguiria cumprir a tarefa. Até porque, antes de Grissom, nunca amara ninguém, e antes de reencontrá-lo em Vegas também não entregou o coração a ninguém. Seriam tudo beijos, sexo e distração. Sentimentos, envolvimentos profundos, jamais.

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