Sara sorriu contente.
SS: Agora vamos ao lab dar a notícia aos amigos.
GG: Está em condições de ficar andando, honey? Sua
barriga já está ficando grande, e você pode se cansar com facilidade.
SS: Vou trabalhar até o oitavo mês, Griss. Tenho
dois braços e duas pernas, sou saudável, enfim, creio que posso ser muito útil
ao lab.
GG: Só quero preservá-la.
No lab, todos estavam muito felizes pela chegada
da filha do casal.
CW: Adorei saber que vocês terão uma princesa!
Agora você vai ver, Sara, que trabalho dá deixar uma filha toda produzida.
SS: Cath, eu não pretendo transformar a nossa
filha em rainha de escola de samba. Mas é claro que vou adorar comprar vestidos
e sapatos.
CW: E você, Gil? Já se acostumou com a idéia de
ter duas mulheres em casa?
GG: Estou adorando. Cresci cercado de mulheres, e
é muito bom.
SS: Como assim mulheres?
GG: Minha mãe, minha avó e minhas tias. E claro,
minhas primas.
SS: Ah tá.
NS: E aí, Grissom, vai deixar sua filha sair para
encontros com 15 anos?
GG: De jeito nenhum! Primeiro os estudos.
CW: Sim, e quando puder sair, já terá seus 30
anos. Oras, faça-me o favor, Gil! Não é porque você tem 50 anos que tem de agir
feito um neandertal. É muita caretice! Estamos no século vinte e um.
GG: Catherine, nós vamos educar nossa filha da
melhor maneira possível. Posso não entender de bebês, mas entendo da vida. Sei como o mundo está e não quero que ela passe
pelo que eu já passei na vida. Creio que Sara também não queira o que ela já
passou pra menina.
SS: Evidente que não – lembrou-se do episódio da
morte de seu pai.
NS: Estou muito feliz por vocês. Deixe-me ter dar
um abraço, Sara!
SS: Claro, Nick.
A gravidez de Sara por volta do sétimo mês não foi
tão fácil assim. Ela começou a ter hipertensão, típica das gestantes, e
sentia-se mal com facilidade. Pra piorar, começou a perder sangue, embora a
bolsa não rompesse. Era por isso que Sara e Grissom andavam discutindo. Ela não
achava necessidade de ficar presa em casa e ele não a queria no lab, temendo
pela saúde das duas. Numa das discussões, Sara começou a sentir-se mal, a
pressão subira repentinamente. Nervoso, Grissom ligou para o obstetra da
mulher, que ordenara levá-la para o hospital. A cesárea seria feita
imediatamente. Cerca de trinta minutos depois, a filha dos dois vinha ao mundo.
Pouco tempo depois, Sara estava no quarto. Grissom permanecia o tempo todo ao
lado dela.
GG: Como se sente?
SS: Não sinto minhas pernas.
GG: É normal, Sara. A anestesia ainda está fazendo
efeito. Mais umas duas horas e suas pernas voltarão a ter sensibilidade.
SS: Você avisou ao pessoal do lab?
GG: Estou aqui com você, esqueceu? Mas daqui a
pouco eu ligo pra Cath e passo os detalhes.
Naquele momento a enfermeira entrou no quarto.
##: Boa tarde, mamãe. Como se sente?
SS: Um pouco dolorida por causa da cirurgia.
##: É normal. Conforme os dias forem passando, ela
diminuirá.
GG: Alguma notícia da nossa filha?
## Bem, como vocês sabe, ela nasceu prematura, ou
seja, antes das 38 semanas mínimas. Está sendo monitorada na incubadora,
recebendo oxigênio e cuidados. Aparentemente ela está bem.
SS: Como aparentemente?
##: Pelo fato de ser um bebê prematuro, é possível
que algum problema venha a aparecer, mas isso só poderemos constatar com o
passar dos dias. A senhorita terá alta em dois dias, mas sua filha continuará
até que ganhe peso o suficiente. Daqui a pouco para trazer seu jantar. Com
licença.
Logo em seguida, Grissom saiu do quarto e ligou
para o lab, avisando do nascimento da filha. Catherine ficou em euforia.
NS: Ei, o que houve, Cath? Que alegria é essa?
CW: Nasceu a filha de Gil e Sara.
GS: Que notícia ótima! Será que poderemos ir ao
hospital?
WB: Calma cara, a menina acabou de nascer. Além do
que, acho que a Sara não está a fim de visitas agora.
CW: O Gil está lá com ela, vai dormir por lá.
Amanhã poderemos fazer uma visita.
NS: Vou passar numa loja e comprar algo bem legal
para a garota.
GS: Eu também.
No dia seguinte, a equipe foi em peso visitar a
menina.
SS: Ei! Vocês vieram mesmo!
CW: Claro! Estávamos todos ansiosos pra ver o
bebê. Por falar nisso, já escolheram o nome da garotinha?
GG: Meg Sidle Grissom.
NS: Belo nome! E onde ela está?
SS: Na incubadora, nasceu prematura.
CW: Ah sim, é importante pra ela ficar lá enquanto
pega peso.
GS: Mas poderemos vê-la, não?
GG: Claro, Greg. De dois em dois.
Todos ficaram encantados com a menina, que era
linda. Loirinha com os cabelos arrepiados.
CW: Que anjinho! Parece com a Lindsay quando era
bebê! – sussurrou Cath.
Na volta ao quarto...
SS: Cath, gostaria de ser a madrinha de Meg?
CW: Ainda pergunta? Claro!
GS: E o padrinho? Quem vocês escolhem?
Grissom e Sara se olharam.
GG: Você, Greg.
GS: Aêeeee! Posto merecidíssimo!
NS: Convencido...
WB: É isso aí...
GS: Vocês estão com inveja, admitam...
GG: Olha aqui, Greg. Está terminantemente proibido
de deixar a minha filha tão doida quanto você. Nada de brincadeiras idiotas,
ok?
GS: Pode deixar, chefe!
Quando Sara teve alta, seu coração estava apertado
por ter de deixar a filha no hospital. Grissom também estava um pouco chateado,
mas sabia que era para o bem dela. Procurava ser forte para acalmar o coração
da mulher. Ele tirou uns dias de licença para ajudar Sara, pois ela ainda
andava e fazia as coisas com dificuldade. Quatro semanas depois, a pequena Meg teria alta. Os
pais foram ansiosos receber a filha nos braços. Já com ela, a pediatra que
ajudou nos cuidados com a menina no parto solicitou uma conversa com eles.
DR: A filha de vocês é linda mesmo, estão de
parabéns.
SS: Obrigada.
DR: No entanto, eu quis ter essa conversa com
vocês para fazer um resumo de tudo o que houve.
Sara e Grissom ficaram apreensivos.
DR: A pequena Meg nasceu com Retinopatia da Prematuridade,
uma doença congênita visual provocada pela falta de circulação sanguínea na
retina. Ela afeta cerca de 30% dos prematuros e, desses, 8% tendem a ficar
cegos. Nós fizemos um pequeno tratamento com laser ou crioterapia na área onde
ocorre insuficiência de irrigação sangüínea, conseguimos colocar a retina no
lugar novamente, mas sem sucesso.
GG: Em outras palavras, doutora... – Grissom
parecia pressentir o pior.
DR: Sua filha tem um deficiência visual, senhor e
senhora Grissom. Ou seja, é cega.
Sara não suportou a notícia e desabou a chorar.
Grissom também chorou, mesmo tentando ser forte. O que seria da filha tão amada
e tão desejada que tiveram? Como fariam para ajudá-la a viver, mesmo sem poder
enxergar a beleza da natureza, das cores, dos animais...?
DR: Eu devo dizer-lhes que a cegueira não
constitui limitações para a criança. Ela poderá fazer ou ser o que quiser na
vida, basta que haja apoio, amor e compreensão dos pais. E, claro, estímulo.
Pegue este folheto de uma instituição para bebês e crianças cegas, vai lhes
ajudar nessa nova etapa de suas vidas, como lidar com a deficiência de sua
filha e, acima de tudo, a aceitar que ela não poderá enxergar. Vocês como pais,
não podem abandoná-la em hipótese alguma. A criança cega será dependente até o momento em
que puder caminhar com suas próprias pernas, mas para isso, ela necessitará de
muito amor, confiança e apoio da família. Esta instituição, a ACDV (Associação
das Crianças com Deficiência Visual), é uma casa onde as crianças e bebês
aprendem a conviver umas com as outras. Vejam os horários das palestras e vão.
Vocês conhecerão pais que passam por isso e tiram de letra a dor e o
sofrimento.
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