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Prova de amor - cap. 6


E assim, os dois deitaram-se abraçados e dormiram o sono dos justos, enquanto sua casa era limpa e as marcas da morte eram retiradas de lá. Grissom dormia tão profundamente que chegava a roncar. Sara não roncava, mas dormia seu sono tranqüilo. Às altas horas da madrugada...
 
“Sara... ele vai voltar... cuidado... tome muito cuidado... cuide do Jack por mim...”

Na manhã seguinte, Sara acordou com o choro do bebê, que estava faminto.

GG: O que ele tem?
SS: Provavelmente fome. Bebês choram quando estão com fome, Griss.
GG: E o que você pretende fazer?
SS: Bom, se amamento a Milly, posso amamentar o pequeno Jack também. Tenho bastante leite, não faltará para nossa menina.
GG: Não poderia esperar menos de você, querida.

A perita sorriu e, com o menino nos braços, o amamentou, sentindo, naquele momento, a presença da irmã falecida, trazendo uma sensação de alívio ao seu coração. Enquanto o menino sugava o leite, Sara comentou com o marido:

SS: Griss, sonhei com Rachel esta noite.
GG: É? E como foi?
SS: Eu não a vi, mas pude ouvir sua voz nitidamente, como se ela estivesse ao meu lado.
GG: Foi apenas um sonho, querida. Não se preocupe com isso.

Sara pediu que Catherine ficasse com os dois bebês para que ela pudesse enterrar a irmã, no que a loira aceitou de prontidão. Grissom e a mulher eram as poucas pessoas presentes no cemitério, mas ainda assim, a dor de Sara não foi pequena. Naquele momento de dor, não havia mais nenhuma lembrança ruim do encontro das duas irmãs depois de tanto tempo; nem mesmo a existência de uma criança que era de seu próprio marido tiraria dela o carinho que uma irmã tem pela outra. A dor e a saudade ficariam, e a imagem da irmã se faria presente através da própria Sara, a quem o pequeno Jack veria a mãe, sem entender que a mulher a quem olharia com ternura não era a mãe realmente. Os dias se passaram e Sara estava se saindo muito bem no cuidado com os dois bebês. Grissom a ajudava no que podia, fazia o máximo para que ela não tivesse tanto trabalho, agora que teriam duas crianças para tomar conta. Mas contrataram uma babá para auxiliá-los nos cuidados com os bebês.
Certa tarde Sara havia saído para comprar coisas para os bebês.  Grissom ficara em casa com os filhos e a babá. Ele estava na sala, lendo um relatório quando recebeu um telefonema de Brass:

GG: Grissom.
JB: Gil, conseguimos identificar a pessoa que aparece nas imagens que a câmera do poste mostrou.
GG: E quem é o sujeito?
JB: John Owens, ex-marido de Rachel Owens.
GG: Me surpreendeu pelo fato de ele tê-la apoiado quando ela foi desmascarada.
JB: E ele ter ido até sua casa também não é nada bom. Se ele matou a própria esposa, pode estar querendo acabar com a vida da gêmea dela. Acho que para não ficar vendo Rachel a todo instante, penso.
GG: Isto significa que Sara corre perigo. Preciso cuidar da segurança dela, mas não gostaria de alarmá-la, por causa das crianças.
JB: Oras, Gil, Sara sempre foi uma CSI de fibra e coragem. Ela não ficará morrendo de medo quando souber da verdade. Você precisa deixá-la em alerta, até porque não sabemos onde o sujeito se encontra.
GG: Sei disso, Brass. De qualquer forma, preciso proteger meus filhos. Eles são alvos fáceis.
JB: Manterei contato com você. Cuide-se!

Assim que desligou, Grissom ligou para o celular de Sara.

SS: O que foi, Griss?
GG: Onde você está, honey?
SS: Acabei de comprar as coisas e já estou indo pra casa. Daqui a pouco estou chegando. Aconteceu alguma coisa?
GG: Em casa a gente conversa. Estarei te esperando.

Sara desligou o celular e ligou o carro. Na estrada, dirigia tranquilamente, até que um carro fechou o dela. Ao olhar para o lado, viu que era o ex-marido de sua irmã, que a olhava com maldade nos olhos. Não iria deixar que ele fizesse com ela o que fizera com Rachel, e jogou o carro para cima do dele. Os dois travaram uma luta em plena rodovia. E foi assim até eles saírem da estrada e entrarem em uma estrada perto da floresta. John Owens empurrou o carro de Sara ribanceira abaixo, fazendo com que ela parasse entre as árvores.
A perita machucou a cabeça ao batê-la no vidro do carro, mas conseguiu sair do veículo. Zonza e sentindo fortes dores na cabeça que já estava escorrendo sangue, Sara ainda teve o desprazer de dar de cara com o maquiavélico assassino de sua irmã, apontando uma arma para ela.

JO: Matei uma e agora tenho a outra à minha frente, prontinha para ter o mesmo fim da irmã. Não é uma triste coincidência?
SS: Você não conseguirá acabar comigo, seu maldito! E vai pagar pelo que fez com minha irmã.
JO: Ah é? E como? Saindo correndo daqui? Oras, você não tem como escapar!

Enquanto ouvia o que o assassino dizia, a perita maquinava uma maneira de sair dali com vida, ou evitar que ele atirasse nela. Levantou a sobrancelha e fez com que ele se distraísse. No que John Owens se distraiu, Sara partiu pra cima dele e os dois lutaram de igual para igual, apesar da diferença na força física. Com o óbvio, Sara foi dominada e ele se preparava para enforcá-la. Mas algo o impediu de cometer mais um homicídio, de tirar a vida da Sidle remanescente. John Owens sentiu uma força o afastar de Sara e o jogar longe, batendo as costas em uma árvore. Sentindo um pouco de dor no pescoço por conta das mãos brutas do ex-cunhado, Sara tossiu e levantou-se lentamente. Não entendeu como ele foi parar na árvore desacordado, sendo que não havia ninguém por ali. Rodou olhando cada canto do local onde estava e não viu ninguém. Ainda sentindo a pancada na cabeça por conta da batida, a perita caminhou até o carro amassado na frente e procurou pelo celular. Assim que o encontrou, tentou ligar para Grissom. Para sua sorte, não estava fora de área, então conseguiu completar a ligação.

GG: Grissom.
SS: Sou eu, querido.
GG: Onde você está, Sara?
SS: Numa floresta perto da rodovia.
GG: Como?
SS: John Owens veio me perseguindo na highway até jogar meu carro numa ribanceira. Pra minha sorte, não era íngreme o morro, mas meu carro bateu em uma árvore e eu bati a cabeça.
GG: Ele está por perto?
SS: Não sei explicar, mas ele foi jogado longe e bateu a cabeça em uma árvore. Pode ser que ele acorde logo. Por favor, chame o Brass o mais rápido que puder.
GG: Estou indo praí. Tente se proteger usando alguma coisa, caso ele queira te atacar.
SS: Não se preocupe.

Grissom deixou as crianças na casa de uma vizinha que era muito amiga do casal e foi com Brass e os policiais até o local onde Sara descreveu. John Owens fora ferido novamente, desta vez por Sara, para se defender do ataque do assassino de sua irmã. Ao ver a mulher, Grissom foi direto a ela. Abraçou-a como se tivesse dias que não a via.

GG: Está tudo bem, querida?
SS: Estou.
GG: Ele te atacou?
SS: Tentou, mas eu dei uns cascudos nele...
GG: Você é muito valente. É uma das coisas que admiro em você. Vamos até o Brass.

Os dois foram até o capitão de polícia, que interrogava o criminoso.

JB: Pensou que sairia bem nessa história, mas não contava com a esperteza da gêmea da mulher que você matou. Uma você conseguiu liquidar, duas seria impossível. Agora vai ficar o resto da vida atrás das grades para não fazer mal à Sara e ao filho da mulher a qual você tirou a vida cruelmente. Podem levá-lo.

John Owens foi algemado, e antes de partir, olhou fixamente para Sara, e viu não apenas uma mulher, mas duas. Rachel estava ao lado da irmã, e apenas o criminoso a viu, o que o fez gritar dizendo que estava ficando maluco. Ninguém entendeu nada. Dois meses se passaram e não houve mais nenhuma anormalidade na rotina do casal. John Owens foi julgado e, como era previsto, pegou pena perpétua. Sara, ao saber o resultado, suspirou aliviada. O homem que tirara a vida de sua irmã gêmea não teria mais liberdade para viver enquanto a mãe do pequeno Jack estava presa em uma sepultura fria e solitária. O menino e Milly cresciam saudáveis e espertos. Grissom amava os dois filhos, e Sara não fazia distinção entre eles. Agora Jack era seu filho também. Numa noite chuvosa, Sara dormia tranquilamente. Grissom também dormia o sono dos justos, e a casa mergulhava em um profundo silêncio, tendo apenas a chuva como barulho.

RS: Você fez um bom trabalho, Sara!
SS: Acha mesmo?
RS: Graças à sua inteligência e esperteza, John está preso e condenado. Agora posso ir em paz, sabendo que meu filho e você estão seguros. Obrigada por tudo.
SS: Não se vá ainda. Tenho tantas coisas a lhe dizer...
RS: Meu tempo aqui na Terra acabou, Sara. É hora de dizer adeus.

A perita não conseguiu segurar as lágrimas.

SS: Isto significa que nunca mais nos veremos, não é?
RS: Um dia nos reencontraremos. Mas sua missão ainda não acabou, você tem uma família linda para cuidar, cara irmã. E Jack agora é seu filho, cuide muito bem dele.
SS: Eu cuidarei.
RS: Me perdoe por ele existir.
SS: Já disse, está tudo bem.
RS: Que bom agora sinto-me em paz de verdade. Bem, agora preciso ir, Sara. Até um dia.
SS: Até...

Rachel sorriu e acenou para a irmã, que tentava a todo custo segurar as lágrimas, mas elas eram mais fortes. E assim, em um momento de emoção, as duas irmãs, que passaram a vida separadas, estavam se separando em definitivo. Agora estariam em mundos diferentes; longe dos olhos, mas perto do coração. Sara acordou no meio da noite aos prantos, e Grissom se assustou, indo de socorro à mulher:

GG: O que foi, honey?
SS: Acabei de sonhar com Rachel.
GG: Mas o que aconteceu que a fez chorar?
SS: Ela estava se despedindo de mim. Era tudo tão real que parecia senti-la aqui comigo.
GG: Fique calma – ele a abraçou para tranqüilizá-la.
SS: Ela me disse adeus.
GG: A morte não existe, querida. Vocês estarão sempre ligadas pelo Jack e pelo sangue.
SS: Eu sei.
GG: Venha, deite em meus braços.

Sara se ajeitou nos braços do amado, que delicadamente, enxugou as lágrimas que rolavam na face dela. A perita sentiu o quanto Grissom a amava, e assim adormeceu sentindo uma paz no coração. O tempo passou e Milly e Jack já davam seus primeiros passos sozinhos pela casa. Grissom registrava tudo, em fotos e vídeos. Sara passou de “mãe emprestada” a mãe de verdade do menino. Ela o amava tanto quanto sua filha biológica. E quando ele disse a primeira palavrinha, “mamãe”, ela soube que o amaria para sempre e que sua irmã estaria muito feliz sabendo que seu filho não perdeu a imagem da mãe para sempre. Ainda que Sara não fosse a mãe real, era a imagem da mãe do pequeno. Contudo, mesmo que não fosse gêmea da mãe de Jack, o menino veria nela uma mãe, porque ela o amava. Assim é o amor de mãe: não difere filho biológico do não-biológico. E no coração de Sara, assim como no coração de uma mãe de verdade, sempre haveria espaço para mais um. Jack teria esse lugar para sempre, como mais um filho para a mãe amar.

Fim






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