JB:
Seja forte, Sara.
SS:
Onde ela está?
GG:
Na sala.
SS:
Eu quero vê-la.
JB:
Acho melhor não...
SS:
É minha irmã, Brass! Griss, segure a Milly!
Sara
entrou na casa com o coração acelerado. Encontrou Nick e Warrick periciando a
sala.
NS:
Sara?!
Ela
não respondeu, seus olhos foram direto ao corpo da irmã, que estava sendo
analisado por David. Em passos lentos e com as lágrimas rolando, Sara chegou
perto da irmã e se agachou.
SD:
Pelo calor do fígado dela, a morte aconteceu entre duas e três horas atrás.
Sara
não escutou nenhuma palavra dita pelo legista. Seus olhos estavam todos no
olhar suplicante da irmã; ela notou que havia marca que indicava que lágrimas
haviam rolado. Por mais que as duas tivessem suas diferenças, por mais que
Rachel tenha sido tão irresponsável na vida, por mais que tivesse chorado pelas
coisas que a irmã lhe fizera, em momento algum desejou que ela morresse, e
ainda de uma maneira tão cruel. Nick,
Warrick e David olhavam penalizados para a amiga chorando a morte da irmã. Nem
tentavam dizer qualquer coisa, pois Sara estava absorta em sua própria dor. Ela
tocou o rosto gélido e imóvel de Rachel com ternura, e as lágrimas pingavam no
peito ferido dela. Em
seguida, tocou nos cabelos macios da irmã e pôde sentir, olhando nos olhos
chorosos dela, a dor que Rachel sentiu ao ser esfaqueada com tanta impiedade
por parte do assassino. E como seria a vida do pequeno Jack a partir daquele
momento, sem o leite da mãe, sem os braços dela para lhe ninar... sem a mãe? Naquele
momento, Sara, olhando para a irmã, fez uma promessa: cuidaria do menino e o
trataria como se fosse seu próprio filho também. Tudo em nome do amor. A
perita continuou em silêncio, em seu ritual íntimo de despedida. Em
seguida, fechou os olhos da irmã suavemente, para que ela enfim pudesse
descansar em paz. Grissom, da porta, viu toda a cena.
NS:
Você precisa ir agora, Sara. O trabalho ainda não terminou. O
corpo de Rachel será levado para o doutor Robbins avaliá-lo.
Sara
olhou para o amigo e só conseguiu dizer:
SS:
Peça para ele cuidar bem dela, por favor.
NS:
Farei isso.
Então
ela saiu, tentando manter-se forte para a vida dali em diante. Grissom,
segurando os dois bebês, não tinha como apoiá-la. Mas
Catherine chegou em pouco tempo e foi falar com Sara, que estava sentada na
calçada.
CW:
Que coisa horrível o que aconteceu com sua irmã! Eu sinto muito.
Sem
olhar para a amiga, Sara consentiu com a cabeça. De longe, Grissom gritou à
loira, que foi até ele.
CW:
Com licença.
Catherine
chegou até Grissom, que pediu:
GG:
Dá pra segurar os bebês enquanto falo com Brass um segundo?
CW:
Claro!
GG:
Leve Milly para Sara.
Depois
que a loira se afastou, os dois confabularam.
GG:
Cada ponto da minha rua tem câmeras, inclusive no poste de frente. Acho que
conseguiremos pegar a imagem do assassino.
JB:
Gil, sabe que você está fora do caso...
GG:
Eu sei, Brass. Mas não posso deixar de analisar a situação e ver as evidências.
Cheque a câmera da rua.
JB:
Certo, farei isso.
Catherine
ofereceu apoio à ex-colega de trabalho:
CW:
Fique com as crianças na minha casa, se quiser. Sabe que não poderá ficar na
casa até a perícia ser concluída.
SS:
Obrigada, Catherine, mas não quero dar trabalho a você e a sua mãe. Se com um
bebê as coisas já seriam difíceis, imagine com dois!
CW:
O que você pretende fazer com o menino?
SS:
Vou criá-lo como se fosse meu. Afinal, ele é filho da minha irmã.
CW:
Mas ele é filho do seu marido também. Você vai ter força o suficiente para
agüentar toda essa situação sem sofrer?
SS:
O menino não tem culpa de nada. E não vou deixá-lo em um abrigo. Eu fiquei em
um quando meu pai morreu e minha mãe foi presa, e não desejo isso a ninguém.
Vou tirar forças não sei de onde e vou tocar a vida.
CW:
Queria ter a sua coragem. No seu lugar eu teria chutado o balde há muito tempo.
Eu não teria aceitado uma situação dessas.
SS:
Por mais que Rachel tenha me machucado, era minha irmã, era a metade da minha
alma. Éramos idênticas. Embora tivéssemos personalidades opostas, tinha algo
que nos ligava, e essa ligação nem a morte pode separar.
CW:
Entendo. Mas Grissom errou também.
SS:
Errou. Mas não foi de propósito. Qualquer homem teria confundido. Quero passar
uma borracha por cima disso, agora que ela se foi, pelo menino e por mim.
CW:
Você tem um grande coração, Sara.
Grissom
chegou com os bebês perto da mulher.
GG:
Pegue algumas coisas e vamos para um hotel até nossa casa ser liberada, honey.
SS:
Ok.
Sara,
dentro da casa, não viu o corpo de Rachel sendo colocado no carro funerário e
levado para a necropsia. Os dois foram para um hotel, onde ficariam por alguns
dias. Deitaram os bebês na cama e ficaram pensando onde iriam acomodá-los.
SS:
Vou ter que dar um jeito, a cama é grande, mas só comporta um bebê.
GG:
Tem a outra cama, é só cercá-la.
Sara
olhou para Jack, que a olhava como se a reconhecesse como sendo a mamãe. Ficou
sem saber o que dizer.
SS:
Acho que ele acha que sou a mãe dele.
GG:
Porque você acha isso?
SS:
Está na cara, literalmente...
SS:
Vem cá, Jack.
Sara
pegou o menino e ele sorriu para ela, satisfeito. Estava se sentindo seguro,
imaginando estar no colo da mãe. Sara deixou as lágrimas rolarem. Naquele
momento, já não sentia mais raiva. Sentia
tristeza pela perda que o menino teve. Não sabia como no futuro iria dizer para
ele que não era sua mãe, e sim a cópia exata dela.
GG:
Vamos juntar as camas e deixar os dois na cama de solteiro.
SS:
Tudo bem.
Sara
deu banho nos dois, amamentou-os e os colocou para dormir. Em
seguida, exausta, foi para o banho, onde ficou debaixo da ducha por um tempo,
deixando a água fria cair em seu corpo sem cessar. Grissom se juntou a ela.
GG:
Sara...
SS:
Sim?
GG:
Você está chateada com essa história do Jack ser meu filho?
SS:
Já passou, Griss. Esquece.
GG:
Não é uma resposta firme. Olhe nos meus olhos.
SS:
Está difícil com a água caindo nos olhos.
Grissom
fechou a ducha e ficou esperando uma resposta da amada.
SS:
Já te perdoei. Você e Rachel não me devem mais nada. De
coração. E agora que ela se foi, não quero ficar alimentando sentimentos ruins
como rancor e mágoa. O filho dela, que é seu também, ficou órfão, e vai
precisar de uma figura materna. E eu quero ser a mãe que ele não vai ter mais.
GG:
Tenho certeza de que você será tão boa para ele quanto é para a nossa Milly!
Deixe-me abraçá-la, honey!
Os
dois se abraçaram apertado e Grissom sentiu que o coração de Sara o havia
perdoado. Não havia, de fato, mais nenhum sentimento ruim dentro dela,
mostrando a grande mulher que ela sempre fora, forte e que não se deixava
derrubar facilmente. Sara iria sempre se lembrar disso, era óbvio, o menino
estaria sempre por perto. Mas seu amor por Grissom era maior do que qualquer
deslize que ele pudesse ter cometido ou que sua irmã gêmea pudesse ter lhe apunhalado.
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