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Feliz ano novo! - capítulo único


Mais um ano perto do fim e os trabalhos no lab prosseguiam intensos. Os csi’s que possuíam família já planejavam a ceia junto a seus familiares. Outros, solitários, procuravam inventar algum programa para as festas de réveillon. Julie Finlay, divorciada, iria passar a virada de ano com algumas amigas que já estavam em Vegas; D.B. Russell iria ficar com a mulher, a filha, o genro e a neta; Nick, com os pais e a namorada, e assim por diante. 
E quanto a Sara... bem, ela ainda se considerava uma mulher casada, apaixonada pelo esposo, mesmo que ele estivesse cada vez mais ausente, não só por causa da distância... mas também no lugar onde outrora ele se fizera tão presente mesmo quando ausente: no coração! A presença de Doug Wilson no lab foi um sinal de alerta para a situação de seu casamento. Apesar ser extremamente fiel ao casamento e ao sentimento que nutria por Grissom, Sara não pôde deixar de se sentir galanteada com a gentileza do “colega” de São Francisco, na verdade, um ex affair que se mostrava ainda atraído por ela e que só não avançou porque ela o brecou. Há quanto tempo ela não ria na presença de um homem, e ele a fizera rir de maneira espontânea e sem qualquer neura ou insegurança, de imaginar aquela risada alguma propensão à traição. E ela ficou tão mais leve com a vinda dele ao lab que, por um momento, esqueceu-se de pensar em Grissom. Ela sentiu alguma coisa mexer dentro de si quando, analisando uma peça de avião de um caso junto com Julie, seu telefone tocou – e era chamada do marido – e não atendeu! A verdade é que, de certa forma, Doug fez Sara repensar seriamente seu casamento. 
Ao chegar em casa, depois do reencontro, a perita ficou relembrando os momentos vividos ao lado de Grissom depois que se casaram. O reencontro na Costa Rica. As noites de amor em Paris. As aventuras no Sea Sheperd. O desencontro entre Peru e Vegas... as noites solitárias... as lágrimas de saudade... É, Sara andava chorando muito de saudade do homem que amava e com o qual havia se casado. Chorava pela distância física e emocionalmente que estava havendo entre eles, chorava pelos momentos de sofrimento que passara antes de conseguir capturar de vez o coração dele. Chorava por pensar que ele pudesse estar bem sem ela, por ele estar na companhia de uma outra mulher... por talvez o fim estar próximo sem querer admitir. Ou, pior ainda, que já tivesse acabado e ela ainda mantivesse no coração uma esperança inerte de que tudo estava bem..Mas, ainda que o casamento estivesse passando por uma tremenda crise, ainda que Grissom mostrasse a maior falta de vontade do mundo em retornar a Vegas, ainda que a solidão estivesse estraçalhando seu coração, Sara tinha dignidade. E não iria escutar seu coração, que, magoado, lhe sugeria para se atirar nos braços de Doug, enquanto sua mente lhe dizia exatamente o oposto, lembrando-a de tudo o que vivera com Grissom e também lhe recordando que sempre fora uma mulher racional, não se permitindo trocar a segurança por devaneios. Sara foi tomar um banho enquanto pensamentos vinham em sua cabeça. Mas que, depois que reencontrara Doug as coisas mudaram um pouco, isso ela tinha certeza. No dia 31, os csi’s trabalharam apenas na parte da manhã. Encerrado o turno, a equipe se despedia.

DB: Bom, pessoal, é hora de nos despedirmos. Prometi à minha mulher que chegaria logo em casa para ajudar na ceia.
GS: E eu vou curtir o réveillon com amigos, estou bastante animado.
JF: E paqueras também, Greg?
GS: Sempre aparecem, fazer o quê, né? Não posso recusar essas festas que sempre bombam... Bom, vejo vocês no ano que vem!

Enquanto Greg se afastava, Julie reparava no semblante triste de Sara.

JF: Está pensando no bonitão ou no marido longe?
SS: O que?
JF: Acho que é a primeira opção.
SS: Não, estava pensando na minha noite de réveillon.
JF: Vai passar sozinha? Porque não se junta a nós? Será divertido!
SS: Sinceramente, não estou com clima nem vontade nenhuma para isso.
De qualquer forma, obrigada pelo convite.
JF: Bom, caso mude de idéia, você tem meu número. Pode ligar à vontade, ok?
SS: Está bem.

Julie deu um caloroso abraço em Sara e seguiu para seu carro. Sara fez o mesmo e foi para casa. A silenciosa e agora espaçosa casa, onde já fora preenchida por momentos de muito amor, risadas de alegria, onde muitos segredos foram contados ao pé do ouvido e muitas juras de amor foram ditas. Casa esta que agora só se ouvia os passos da dona, em ritmo de marcha lenta. Sara jogou as chaves no sofá e foi se banhar. Depois, vestida e perfumada, foi para a cozinha e preparou um sanduiche natural com um suco. Sentou-se na cadeira e ficou observando seu lanche, quase estática. Ninguém para conversar, ninguém para lhe ouvir, nem mesmo para escutar suas fungadas para segurar o choro... No bairro os fogos eram lançados a todo instante, pois as pessoas estavam ansiosas com a chegada de mais um ano. Era o único barulho que Sara ouvia. Por volta das 23:50, a perita foi para a janela ver os fogos. 
À meia-noite, a queima de fogos foi intensa, e Sara pôde apenas suspirar. Por onde andava seu marido, com quem estaria comemorando a virada de ano? Depois de uns cinco minutos, ela saiu da janela e a fechou. Andando pela sala mergulhada em silêncio, Sara passou os olhos nos porta-retratos e uma em especial lhe chamou a atenção, do casamento dos dois, felizes e apaixonados no retrato. Com uma lágrima nos olhos, ela disse, olhando para a imagem do marido feliz:

SS: Feliz ano novo, Gil, onde quer que você esteja!

Fim


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