SS: Não vai tomar um banho?
GG: Tomo em casa mesmo. Preciso ir. Nos
falamos no lab.
Sara percebeu o quão chateado Grissom
ficou, pela frieza em sua voz. Mas decidir quando ter um filho era um direito
que lhe cabia. Oras, por ele ser o reprodutor iria ser também o dono de sua
barriga? Embora triste pela atitude mesquinha e egoísta do homem que amava,
manteve sua personalidade geniosa de não aceitar que ninguém decidisse por ela.
Tomou um banho demorado, arrumou-se e seguiu para o lab. Antes, parou em uma
padaria e comprou uns donuts e um cappucino. Ao chegar no lab, ficou um pouco
receosa de encontrar Grissom. Imaginava que ele pudesse estar bastante
chateado. Chegou na sala de convivência e só encontrou a equipe. Ele não
estava.
NS: Pensamos que não vinha mais.
SS: Passei na padaria e comprei donuts para
todos.
GS: Oba! E com a fome que estou...
WB: Cara, você vive com fome!
GS: Não o tempo inteiro.
NS: Só quase...
SS: E Grissom, onde está?
CW: Na sala dele. Chegou com um humor nada
bom. Não quer ser incomodado no momento.
Catherine puxou Sara pelo braço e a levou
para o canto da sala, onde s rapazes não as ouviriam. E perguntou, em voz
baixa:
CW: Aconteceu algo entre vocês dois que o
deixou transtornado desse jeito?
SS: Porque quer saber, Cath?
CW: Gil está com o humor pra lá de azedo.
Sinto uma amargura no tom de voz dele. E como você é namorada dele, pensei que
soubesse o que se passa com ele.
SS: Vamos até o lock, lá eu te conto.
No lock...
CW: Então Sara, o que foi ?
SS: Grissom e eu discutimos esta manhã.
CW: E porque?
SS: Tínhamos acabado de... ãh, como vou
dizer?
CW: Fazer amor.
SS: Como?!
CW: Ora, Sara, não precisa ficar com
vergonha de dizer que você e Grissom fazem amor. Isso todo casal faz.
SS: É, mas não gosto de expor nossa
intimidade.
CW: Você é quem tocou no assunto.
SS: Pois bem. Foi depois de termos feito
sexo. Ele veio com um papo de gravidez, que estava imaginando se eu não havia
engravidado nessa transa de hoje, etc.
CW: Que ótimo! Gil enfim vai relaxar um
pouco e cuidar mais da vida? Vocês estão planejando um filho?
SS: Parece que você não me entendeu, Cath!
Filhos não estão em meus planos agora! Grissom sabe melhor do que eu que nossa
profissão exige muito de nós. Como poderíamos dar a essa criança toda a
dedicação exclusiva que ela merece?
CW: Oras, pra tudo dá-se um jeito. Pelo visto,
você não ama o Gil como achava.
SS: Só porque não quero me submeter aos
caprichos dele?
CW: Não se trata de um capricho. Gil é um
homem, que tem desejos e sonhos, e ele quer compartilhá-los com você. Não está
sendo muito egoísta não, Sara?
SS: Acho que você está tomando partido do
Grissom porque é amiga dele há muitos anos. Mas eu estou pensando em nós dois.
É claro que eu desejo formar uma família com ele, como toda mulher que ama e é
amada. Só que acho que não é o momento.
CW: E quando será esse momento, Sara?
Quando ele desistir?
SS: Cath, tudo vai dar certo. Mas por favor,
não venha com pressões pra cima de mim! Já estou bastante chateada com o que
houve hoje cedo.
Os dias se passaram e Grissom e Sara
estavam um pouco afastados sentimentalmente. A relação era mais profissional. Grissom continuava magoado, embora seu amor
por Sara só aumentasse. Ele ficava
observando-a de longe, e pensava ser um homem de sorte por amar uma mulher
incrível como ela. No fim do expediente, ele ia abrindo seu carro quando Sara
chegou perto.
SS: Griss, gostaria de saber se você ainda
está chateado.
GG: Passou, Sara. Foi um pensamento
impertinente, não devia ter falado aquilo com você. Sinto muito.
SS: Não, era de um sonho que você falava!
Você tinha todo o direito de falar pra mim. Sinto muito se eu achei que
poderíamos esperar mais um pouco antes de termos um bebê.
GG: Não se preocupe, honey. Eu te amo e vou
te dar o tempo que você precisar, certo?
SS: Está indo pra casa?
GG: Sim.
SS: Tenho uma idéia melhor: vá para a
minha.
GG: Alguma surpresa?
SS: Só conto estando lá.
Grissom fez biquinho e topou. Sara foi na
frente e ele a seguiu. O que aconteceu depois? Uma noite de amor
intensa, com orgasmos que poderiam durar a vida inteira. O quarto foi
incendiado com explosões de paixão! Dias mais tarde, fazia um calor infernal em
Vegas, culpa do aquecimento global e do clima típico de Nevada, seco e abafado.
Todos estavam no lab, analisando evidências dos casos em andamento. Para Sara,
o calor estava mais insuportável do que para o resto da equipe. Além de suor
excessivo, estava sentindo-se mal, com queda de pressão e enjôos. Era noite,
mas nem por isso estava menos quente. Sara estava na sala de convivência
relendo o relatório do caso no qual ela estava investigando com Catherine.
CW: Ei, o que faz aqui sozinha, Sara?
SS: Estou lendo o relatório do caso. Houve
alguma mudança ou evolução?
CW: Nada. A digital encontrada no local do
crime simplesmente não consta no banco de dados da polícia de Las Vegas.
SS: Suponho que o criminoso seja de outra
parte do país.
CW: Era o que eu havia pensado. Mas
entramos em contato com o departamento de Defesa do Governo pra pedir os
programas com dados de pessoas de todo o país. Em pouco tempo creio que
conseguiremos chegar ao culpado.
Catherine foi até a pia fazer um novo café,
pois os rapazes haviam detonado com o que estava no bule. Ao sentir o cheiro,
Sara ameaçou vomitar. A loira virou-se para a companheira de trabalho com
espanto. Que diabos aquela mulher estava sentindo?
CW: Sara? Você está bem?
SS: Sim. Vou sair da sala, esse cheiro de
café está insuportável.
CW: Ué, não vai querer um pouco?
SS: Não.
Sara saiu em passos apertados da sala de
convivência, deixando uma Catherine muito desconfiada.
CW: Será possível?
Logo em seguida, os rapazes, mais Grissom,
entraram.
NS: Hum, que cheiro bom. Fazendo café?
CW: Parece, né, Nick?
GS: Oba!
GG: Catherine, onde está Sara? Ela estava
aqui há pouco.
CW: Você disse bem: estava. Acabou de sair,
sentiu-se mal com o cheiro do café.
GS: Com o cheiro do café? E por que isso?
NS: Cara, não sabe que mulher quando está
grávida fica enjoada com cheiro de café ou perfume?
Grissom olhou para Nick de tal maneira que
ele não se atreveu a dizer mais nada. E saiu atrás de Sara. Encontrou-a no
lock, sentada, como se estivesse se contorcendo.
GG: Aconteceu alguma coisa? Catherine disse
que você saiu da sala de convivência por causa do cheiro do café, é verdade?
SS: Por que a Cath tem essa mania de falar
pelos cotovelos?
GG: Não precisa se irritar, Sara. Ela só
respondeu à minha pergunta. Então, é verdade?
SS: Sim, mas vai passar.
GG: Foi só um mal-estar?
SS: Por que? Queria uma virose completa?
GG: Deixa de ironias, honey. É que por um
instante eu fantasiei que você pudesse estar esperando um filho meu...
Sara olhou para Grissom com a sobrancelha
levantada, típico de quando ficava desconfiada ou sem querer acreditar em algo. Ela não queria acreditar que pudesse estar
grávida, embora uma voz dentro de si afirmava o contrário. E nem precisava de
avisos, seu corpo já estava dando os sinais positivos de que uma vida estava
crescendo dentro dela. Ele tocou o rosto da mulher amada e deu um sorriso que
fez o coração dela bater descompassado.
GG: Eu te amo, Sara. Agora e sempre.
SS: Eu também te amo, Grissom.
Os dois se beijaram e logo em seguida
voltaram ao trabalho.Mas, por um pequeno problema, Grissom teve
de sair antes do lab. Sara iria mais tarde. Pouco tempo depois que ele saiu, ela
recebeu um telefonema um tanto misterioso.
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