Sara
caiu no choro e Catherine a abraçou. Pouco tempo depois, a porta se abriu.
SS:
Sam?!
CW:
Lindsay?!
Os
dois adolescentes, cabisbaixos, não tinham nem coragem de encarar as mães, que
estavam num misto de decepção e raiva.
SS:
Onde vocês estavam? Sam...?
CW:
Lindsay...?
SG:
Me perdoa, mãe... – o garoto estava a ponto de chorar.
SS:
Por que, Sam? Por que?
SG:
Aconteceu, mãe.
SS:
Por que você não confiou em mim? Por que não me disse que estava apaixonado? Eu
poderia ter lhe dado conselhos, e essa gravidez não teria acontecido.
O
garoto não conseguia encarar a mãe e sentou-se no sofá.
CW:
Estou muito decepcionada com você, Lindsay.
LW:
Eu sei disso, mãe.
CW:
Já imaginou como vai ser daqui pra frente? Com uma criança em sua barriga, e
depois como vocês dois irão sustentá-la? – a loira estava se alterando – Vocês
dois nunca tiveram aulas de ciências para saber o que acontece quando se transa
sem camisinha?
Nenhum
dos dois encarava. Catherine estava brava.
CW:
Estou decepcionada com os dois!
Sara,
que havia se afastado para ligar para Grissom, olhou para o filho e não
escondia a mágoa por ele não ter confiado nela. Grissom
chegou pouco depois.
GG:
Sam! Lindsay! Onde vocês estavam?
SG:
Me desculpa, pai.
SS:
Espero que você não venha passar a mão na cabeça dele. Ele
precisa saber das conseqüências de seus atos.
CW:
Vamos embora, Lindsay, em casa nós conversamos. Sara e Gil, se precisarem de
mim, não hesitem em me chamar, ok?
GG:
Obrigado, Catherine.
Na
enorme sala, apenas pai, mãe e filho. Sara permanecia extremamente aborrecida,
enquanto Grissom tentava ser maleável. Sentimentos
confusos, corações divididos, mas todos em um só pensamento: como seria de
agora em diante?
SS:
E então, Sam, o que você tem a dizer?
SG:
Me perdoa, mãe?
SS:
Perdoar, Sam? Você me apunhalou pelas costas! Como pôde pensar em sexo sendo
que não tem maturidade nenhuma para arcar com as conseqüências de seus atos?
GG:
Querida, não precisa pegar tão pesado...
SS:
Não tente minimizar o problema, Griss! Você tem muita culpa nisso!
GG:
O que eu fiz?
SS:
Foi condescendente com Sam, quando devia ter sido mais duro. Não duvido que
você estivesse a par da situação.
GG:
Por Deus, Sara, eu não sabia de nada! Nós conversamos várias vezes sobre
sexualidade e eu pedi para que ele se prevenisse, enfim...
SS:
Eu nem sabia que ele tinha dúvidas a respeito! Você não confiou em mim, Sam...
SG:
O que você vai fazer comigo, mãe? Me expulsar de casa?
Por
mais que Sara estivesse aborrecida com o filho e o marido, sentindo-se traída,
seu coração de mãe não a deixava abandoná-lo, ainda mais nesse momento tão
delicado.
SS:
Eu estou triste com você, Sam. Seriamente aborrecida. Afinal, se você tivesse
confiado em mim e me contado sobre seus sentimentos com relação à Lindsay, essa
gravidez poderia ter sido evitada, eu lhe daria valiosos conselhos – Sara deu
um suspiro – No entanto, você é meu filho, e eu não vou lhe virar as costas,
ainda mais por que você não tem idéia do que é ter um filho, e eu vou estar ao
seu lado.
Sam
deu um sorriso, e a mãe sorriu de volta. Os dois se abraçaram e choraram
juntos. Grissom os abraçou e os três sentiram a paz e o amor que os envolviam.
No dia seguinte, Sara e Catherine conversavam no jardim da casa do casal
Grissom, bebericando café.
SS:
Eu disse ao Sam que o ajudaria, mas que estava decepcionada com ele. Não
confiou em mim.
CW:
É, eu me sinto traída pela Lindsay. Mas ao mesmo tempo, estou vendo que ela vai
se atrapalhar toda nos cuidados com o bebê, por isso resolvi não ter aquela
briga com ela. Quero tê-la sob minhas vistas, então preciso ser maleável.
SS:
Onde fomos parar, hein?
CW:
Seremos avós do mesmo neto. É a coisa mais inacreditável que já me aconteceu,
penso.
SS:
Até poucos anos atrás Sam era meu segredo, era só meu, agora ele dará a mim e
ao Grissom um neto. Acho que estou ficando velha!
CW:
Bobagem, ninguém fica velho aos 42 anos. E você nem parece que deu à luz três
filhos!
SS:
Sinto que envelheci 10 anos depois dessa surpresa agradável do Sam. Por outro lado, essa criança trará a nossa
juventude de novo.
CW:
Acha mesmo?
SS:
Você não se verá nela? Quer dizer, a continuação dos Willows e dos Grissom
estará nessa criança. Nossa juventude estará nela.
Catherine
sorriu. A dor que arranhava o coração das mães foi se dissipando, juntamente
com o verão que estava dando lugar ao outono. Os meses se passaram, e quando
Lindsay fez mais uma ultrassonografia de rotina, descobriu que esperava um
menino. Seria
o primeiro menino na vida de Catherine e o segundo na vida de Sara e Grissom.
As famílias estavam cada vez mais unidas, em nome da amizade antiga e pelo amor
ao bebê que seria muito bem-vindo. O
menino se chamaria Bryan Willows Grissom, e já estava sendo muito festejado,
após tanta confusão pela sua vinda não-planejada e tão prematuramente. E
no final do inverno, numa manhã fria, o neto de Sara, Grissom e Catherine
resolveu chegar. E ele não estava querendo esperar muito! Lindsay
acordou sentindo fortes dores na barriga. Olhou para a cama e viu um pouco de
sangue. Deu um grito chamando pela mãe. Catherine entrou no quarto às pressas:
CW:
O que foi, Lindsay?
LW:
Tá doendo, mãe!
A
loira viu o sangue na cama e deduziu:
CW:
A sua bolsa deve ter rompido. Vou avisar ao médico e já iremos para o hospital.
Permaneça deitada para a dor não ser tão intensa.
Catherine
ligou para o hospital e depois para Sara:
CW:
Nosso neto vai nascer, Sara!
SS:
Agora?
CW:
Agora!
SS:
Para qual hospital vocês estão indo?
CW:
Desert Palm.
SS:
Estou indo pra lá.
Assim
que desligou o telefone...
SS:
Grissom!
O
supervisor chegou na escada (já que ele se encontrava no segundo andar da
casa):
GG:
O que foi, querida?
SS:
Catherine ligou para avisar que o bebê vai nascer.
GG:
Agora?
SS:
Agora! Eu vou para o hospital com Sam, você fica com as meninas.
GG:
Não deixe de me avisar assim que nascer.
SS:
Não se preocupe.
Sam,
que estava no quintal batendo uma bola, fora avisado pela mãe e os dois
entraram no carro, seguindo para o hospital. Ao chegar lá, foram à recepção:
SS:
Por favor, deu entrada uma jovem chamada Lindsay Willows, em trabalho de parto?
RH(recepcionista
do hospital): Sim, ela chegou há cerca de 20 minutos e já foi para o centro
cirúrgico.
Ela
e Sam sentaram-se no sofá, na sala de espera. Catherine, que havia ido ao
toalete, foi de encontro à amiga.
SS:
Como ela está, Catherine?
CW:
Agora que foi anestesiada está bem. Mas Lindsay estava sentindo muitas dores e
perdendo sangue também.
SG:
Será que não machucou o bebê?
CW:
Ele está protegido na bolsa da mãe, não corre perigo nenhum.
SS:
Não sabe nem como o bebê se desenvolve e foi arranjar um!
CW:
Calma, Sara, não é hora nem lugar para discussões!
Cerca
de 10 minutos depois, um dos médicos veio falar com eles.
DR:
Vocês são parentes de Lindsay Willows?
CW:
Sou a mãe.
SS:
Nasceu, doutor?
DR:
Sim, o bebê nasceu. É um menino forte e muito saudável!
As
duas amigas se abraçaram e choraram. Sara deu um abraço no filho.
CW:
E podemos vê-lo?
DR:
Ele irá para o berçário em instantes. A jovem foi operada e está bem.
CW:
Graças a Deus!
A
enfermeira fez um sinal para o médico de que o bebê já estava no berçário.
DR:
Querem vê-lo?
CW:
Claro!
O
médico foi na frente e Sara, Catherine e Sam foram atrás. Do vidro puderam ver
a enfermeira ajeitando a mantinha azul do menino, que era carequinha, indicando
que seria bem loirinho futuramente. Catherine chorou ao ver o neto, Sara foi
mais contida, pois ainda não se conformava com a travessura do primogênito. Ela
se afastou para ligar para Grissom.
SG:
Ele é lindo, né tia Cath?
CW:
É o bebê mais lindo do mundo, Sam. Devo admitir que você e Lindsay fizeram um
bom trabalho – ela virou-se para o garoto – Mas quero que você me prometa uma
coisa.
SG:
Diga.
CW:
Não arranjem outro agora. Estudem e se casem, tenham uma estrutura para poder
criar o...
SG:
Bryan!
CW:
Esse é o nome?
SG:
É, a gente escolheu esse nome.
CW:
Pois bem. Tenham condições de dar um futuro e um lar ao Bryan. Por enquanto eu
e seus pais ajudaremos, mas logo vocês dois terão que trabalhar para darem o
básico ao menino. Ele come, suja roupa, toma remédios, você deve saber disso.
SG:
Eu sei, tia Cath. Vou acabar o colégio e entrar na faculdade. Mas
quero estar trabalhando também, não posso esperar me formar para arranjar um
emprego.
CW:
Assim é que se fala!
Depois
que Lindsay foi para o quarto, o trio foi visitá-la.
LW:
Oi mãe.
CW:
Oi meu amor. Como se sente?
LW:
Não sinto minhas pernas.
CW:
É normal, a anestesia na coluna atinge os membros inferiores. Mas em uma ou
duas horas o efeito passa.
LW:
Você viu nosso filho, Sam?
SG:
Vi. É um lindo garoto!
SS:
Falei com Grissom, ele virá te visitar mais tarde, Lindsay.
LW:
Que bom, tia Sara.
Catherine
ficou com a filha e Sara foi embora com Sam. Em casa...
GG¹:
Mamãe, o papai falou que nasceu o neném do Sam, é verdade?
SS:
Sim. É um lindo menino! Seu sobrinho, Gina...
GG:
Você sabe a responsabilidade que terá de agora em diante, não é Sam?
SG:
Sei, pai.
GG:
Ser pai não é só colocar filho no mundo. Ser pai é ser presente em todos os
momentos, é educar, orientar e amar. Ser pai é saber dizer sim quando preciso e
não quando necessário. É auxiliar a mãe nos cuidados com a criança, é
proporcionar um mundo melhor para o ser que acabou de chegar. Você ainda é um
garoto, Sam, mas sei que com o tempo você obterá maturidade e será um bom pai
para o Bryan.
SG:
Eu sei, pai, me espelho em você.
GG:
Nem eu nem sua mãe esperávamos ser avós agora, mas já que a criança veio, será
muito bem-vinda.
E
Bryan foi muito bem-recebido por ambas as famílias. Catherine e Sara (já
conformada), tornaram-se completamente avós corujas. Grissom não ficava atrás.
O menino parecia um anjinho, loiro de olhos azuis. Parecia um pouco com o vovô
Grissom, mas tinha as características dos pais. Sam
amadureceu ainda mais e tornou-se um jovem pai responsável e amável. Ainda que
a vinda de Bryan não tivesse sido planejada, a presença dele tornara a vida dos
que o rodeavam muito mais feliz e bonita. É assim que a vida deveria ser:
bonita e inocente como o sorriso de uma criança!
Fim
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