No
locker, início do turno, Sara e Sofia conversavam.
SC:
Estou até agora sem palavras! Nunca me imaginei grávida, ainda mais de um
colega de trabalho.
SS:
Você está apaixonada pelo Brass?
SC:
Sim, estou. Engraçado que as pessoas criam um estereótipo de beleza e idade,
como se apenas os homens mais jovens pudesse ter o direito ao amor. É uma
inverdade.
SS:
Concordo com você. Não vê o Grissom? Mas no caso dele, foi por falta de atitude
dele mesmo. Em todo caso, ele se deixou amar, e tem feito muito bem a ele.
SC:
Jim e eu sofremos com discriminação por parte da Ellie e até da ex-mulher dele,
mas nós nos gostamos e isso é o que importa.
As
duas seguiram para a sala de convivência, onde Grissom iria distribuir os casos
do dia, porém, o celular dele tocou e ele teve de ir até sua sala. Ao voltar, deu
um aviso:
GG:
Preciso dar um aviso a vocês. Amanhã não estarei aqui no lab, preciso fazer uma
viagem e ficarei alguns dias fora.
Sara
levantou a sobrancelha, estranhando a decisão repentina. Não
sabia de nada.
CW:
Algum caso a ser resolvido, Gil?
GG:
Mais ou menos isso. Catherine, você será a supervisora até a minha volta, ok?
CW:
Ok.
GG:
Respondam a ela nesse período.
TODOS:
Ok.
Depois
que distribuiu os casos, cada um foi saindo. Apenas Sara e Grissom permaneceram
na sala.
SS:
O que é que há?
GG:
Sara... a gente conversa depois.
SS:
Em casa então?
GG:
Er... vamos para o caso, Sara – despistou ele.
A
perita, curiosa por natureza, ficou com aquilo na cabeça. O que deixara Grissom
tão estranho? Que telefonema fora aquele que o deixara misterioso a ponto de
não compartilhar de seus problemas? Isso
só descobriria tendo uma conversa séria com ele. No
final do turno, ela foi até a sala do supervisor.
SS:
Tem um minuto?
GG:
Sim. Estou guardando minhas coisas. O que você quer me dizer?
SS:
Vai para minha casa hoje? Gostaria de te contar uma coisa.
GG:
Tenho que levantar cedo, Sara, hoje não será possível.
SS:
Mas nem para dar uma namoradinha? – ela abriu o sorriso.
Grissom
deu um sorriso discreto. Sara sabia como pegá-lo no ponto fraco. Mas, acima de
tudo, como um homem de princípios, conseguiu segurar o desejo e manteve-se
concentrado na viagem.
GG:
Lamento, Sara, mas hoje não.
SS:
Ok. Boa viagem então.
A
perita, sem mais argumentos, virou-se e saiu da sala. Aquela noite,
definitivamente, foi péssima. Sentia falta de ter seu homem ao seu lado na
cama, havia gostado por demais de ter uma rotina, por mais imprevisível e
diferente que fosse a cada dia. Porém, um jantar a dois e uma noite de amor era
tudo o que precisava para sentir-se feliz. Os dias sem Grissom no lab foram entediantes para Sara, mas ela precisava
continuar a trabalhar. Certa noite, ao se aproximar de casa, observou pelo
retrovisor que um carro a seguia. Assim que parou o veículo, o outro automóvel,
um corvette preto, passou por ela e seguiu em frente, em alta velocidade. Por
precaução, desceu do carro com a arma na mão, mas não houve nenhum incidente. No turno seguinte, Sara analisava alguns elementos na sala de análise. Grissom
chegou de surpresa e foi direto para sua sala.
CW:
Ei! Até que enfim, hein? Pensei que talvez só voltasse no mês seguinte!
GG:
Sempre exagerada, Catherine... Como foram as coisas por aqui?
CW:
Bem, à medida do possível. E como foi de viagem?
GG:
Foi tudo bem. Onde está Sara?
CW:
Analisando umas fibras na sala de análise. Vai querer vê-la agora?
GG:
Não vou incomodá-la. Falarei com ela mais tarde.
CW:
Bem, faça como quiser. Seja bem-vindo novamente!
GG:
Obrigado.
Alguns
minutos depois, Grissom foi até a sala onde Sara estava.
SS:
Ei! De volta...
GG:
Pois é, cheguei agora há pouco.
SS:
Como foi de viagem?
GG:
Bem, na medida do possível. E como você está?
SS:
Sobrevivendo.
O
supervisor percebeu que a namorada estava sofrendo, mas ela jamais admitiria
tal coisa.
GG:
Podemos conversar logo mais?
SS:
Sobre...?
GG:
Nós dois.
SS:
Nós dois? Aconteceu alguma coisa?
GG:
Passarei na sua casa no final do turno. Até mais.
Grissom
saiu e deixou Sara confusa. O que ele queria? O que poderia estar acontecendo
para que ele resolvesse ter uma conversa, ainda mais depois de uma viagem?
Seria outra mulher? Não,
por mais que fosse curiosa, Sara não se deixaria levar por devaneios. O que
quer que Grissom fosse falar, estaria preparada, para bem ou para mal. A
perita chegou antes dele em casa. Tomou um banho morno, pôs uma roupa
confortável, penteou os cabelos molhados e perfumou-se. Desejava falar sobre o
bebê com Grissom, e terminar a noite com beijos, abraços e caricias na cama. A
campainha tocou; ansiosa, Sara foi atender.
SS:
Que bom que veio! Entre!
GG:
Com licença.
Grissom
parecia diferente, mais distante, como era antes de ficar com Sara.
SS:
Aconteceu alguma coisa? Te sinto tão... distante.
GG:
Sara, vou direto ao assunto, sem rodeios.
SS:
Está me assustando.
GG:
Só peço que não me faça nenhuma pergunta. Apenas me escute.
SS:
Diga.
GG:
Nosso relacionamento termina aqui, Sara. Sinto muito.
A
perita sentiu seus pés afundarem em um buraco invisível ao ouvir aquilo.
SS:
Como é?!
GG:
Não quero que se sinta humilhada ou jogada fora, porque nunca a tratei como um
lixo. Mas pensei bem e vi que não daríamos certo. Por favor, não insista, está
sendo difícil pra mim essas palavras!
SS:
Griss... – ela não conseguiu esconder as lágrimas.
Os
dois se olharam e nenhuma palavra foi dita. Apenas seus corações batiam desesperados,
querendo um ao outro. Mas a história estava sendo outra. Era o fim de um grande
amor.
GG:
Ficamos por aqui. Espero que seja muito feliz, Sara.
Grissom
ia se dirigindo à porta quando virou-se para a perita.
GG:
Fique com isto.
Ele
colocou na mão dela um pingentinho que pertencera à mãe. Havia a imagem de
Cristo na cruz, pois a senhora era muito religiosa.
SS:
O que... pra quê isso?
GG:
Desejo que sirva de proteção. Foi de minha mãe e gostaria que ficasse com você.
SS:
Não estou entendendo nada.
GG:
Tem coisas que é melhor que não tentemos entender. Adeus,
Sara!
O
supervisor foi embora e Sara apertou o pingente contra o peito. Sentou-se no
sofá e derramou todas as lágrimas que tinha. Grissom
fora embora e deixara consigo solidão e uma criança na barriga. Ele destruíra
todos os seus sonhos de amor. E agora, teria que se desdobrar para amar e
cuidar de seu filho sozinha... ou não. Minutos
depois, Catherine ligou para Sara.
0 comentários:
Postar um comentário