Nick
retornar à cena do acidente com Brass, para as investigações. Catherine ficou
no lab para dar suporte ao amigo.
NS:
Como ele está, Cath?
CW:
O que era esperado. Está completamente arrasado.
WB:
Mas como a Sara foi morrer de uma forma tão estúpida?
CW:
Não sei, Warrick... Cadê o Greg?
WB:
Está na sala de convivência, ele não para de chorar.
CW:
O Gil vai precisar de todos nós.
WB:
Estaremos aqui pra isso.
O
celular de Catherine tocou.
CW:
Willows.
NS:
Catherine, estou aqui no local do acidente...
CW:
Conseguiu descobrir alguma coisa, Nick?
NS:
Estava analisando o carro e descobri que Sara pode ter sido vítima de uma
sabotagem.
CW:
Sabotagem?! Como é possível?
NS:
O carro de Sara é composto de freios abs, que não deixam o carro derrapar na
pista quando se precisa frear bruscamente. Mas as marcas de derrapagem vêm de
uma longa faixa, o que significa que ela tentou frear o carro e, por algum
motivo, não conseguiu. Estava analisando bem o veiculo e descobri que o
dispositivo foi alterado.
CW:
Como assim, alterado?
NS:
Alguém teve acesso ao carro e conseguiu mexer na estrutura principal do
veículo.
CW:
Céus! E quem teria interesse na morte de Sara?
NS:
Veja no computador os últimos casos dela, talvez possamos descobrir. Eu chego
aí daqui a pouco.
CW:
Certo.
Depois
que desligou o celular...
WB:
A morte de Sara foi premeditada?
CW:
Não sei se a pessoa tinha essa intenção, mas conseguiu tirá-la de sua vista.
Estou tão atordoada que nem sei por onde começo. E
ainda tem o Gil para consolar...
WB:
Você é uma só. Deixe que eu faça isso. O que devo procurar?
CW:
Verifique no computador os últimos casos de Sara e faça um cruzamento dos
dados. Toda e qualquer ajuda é importantíssima.
WB:
Está bem. E veja se descanse um pouco.
CW:
Estou péssima.
WB:
Nota-se.
Warrick
seguiu para a sala de pesquisas e Catherine voltou ao necrotério para tirar
Grissom de lá. Ele estava parado feito uma estátua, olhando para o rosto de sua
Sara.
CW:
Gil, coloque-a de novo na câmara frigorífica, senão o corpo dela vai aquecer e
começar a se decompor.
Aquela
palavra soou como uma facada no peito, tão dura e latente ao mesmo tempo.
“Decomposição”. Sabia que todos os seres nasciam, cresciam e morriam, e ao
morrer o corpo físico, a putrefação era um claro sinal de que ao pó todos retornavam.
Só que nunca lhe passara pela cabeça que Sara, assim como ele, fosse uma
simples mortal de carne e osso, e que algum dia também viraria apenas ossos em
um túmulo frio e solitário. Não conseguia aceitar a morte, não conseguia
admitir que perdera o grande amor de sua vida para ela. A
morte lhe tirara o que havia de mais precioso na vida: Sara!
CW:
É hora de deixá-la, Gil.
GG:
Não quero deixá-la sozinha.
CW:
Sejamos práticos, Sara não está mais aqui. É apenas o corpo físico dela.
GG:
O qual nunca mais verei.
CW:
É chegada a hora de dizer adeus.
GG:
Não aprendi a dizer adeus, e não vou me acostumar com a ausência dela.
Grissom
saiu repentinamente do necrotério, deixando Catherine abobada com o tamanho da
dor dele. Em sua sala, ele escreveu um bilhete e foi para casa. Não suportava
mais aquele clima mórbido que tomara conta do lab, não agüentava mais a dor que
dilacerava seu peito e o abria em cinco, dez partes. Era muita dor para um
homem só. E Grissom, um homem tão sério e compenetrado, jamais vivera fortes
emoções as quais estava vivendo, e jamais sentira tamanha dor em momento algum
de sua vida. E, como um homem que aprendera a amar tão profundamente nos braços
de uma grande mulher, dizer adeus era o mesmo que ficar de frente para uma arma
carregada. Sara o ensinara a amar, mas não o ensinara a dizer adeus. Como seria
de agora em diante sem ela, sem a alegria que a perita trazia, sem o olhar
desafiador e penetrante, sem a teimosia e os questionamentos que só ela sabia
fazer? No
lab, Warrick descobriu a ficha de Jack Simpson, num dos casos recentes de Sara.
Nick trouxera da cena digitais recolhidas do carro e Brown cruzou os dados:
match found!
WB:
É ele!
NS:
Foi esse cara que sabotou o carro de Sara?
WB:
Foi.
NS:
Vou avisar o Brass.
Nick
saiu e encontrou Catherine no corredor:
NS:
Descobrimos quem sabotou o carro de Sara.
CW:
Quem foi?
NS:
Jack Simpson.
CW:
Jura?!
NS:
Estou indo avisar ao Brass. Provavelmente ele seja capturado ainda hoje.
CW:
Justiça seja feita.
E
de fato, o criminoso foi capturado pelos homens do experiente capitão Brass.
Jack Simpson foi levado para a delegacia, onde foi interrogado por Brass. O
sujeito tinha uma expressão homicida, mas isso não impressionou o experiente
capitão de polícia.
JB:
Nome completo e idade.
JS:
Jack Aaron Simpson, 43 anos.
JB:
O que você tem a ver com o acidente que vitimou a perita Sara Sidle?
JS:
Eu não tenho nada com isso...
JB:
Não banque o inocente! Suas impressões foram encontradas no carro dela, e os
freios foram danificados. O que me diz disso?
JS:
Ela me ferrou quando matei minha ex-mulher. Era uma mulher enxerida e estava no
meu caminho.
JB:
Sara apenas cumpriu seu dever como pessoa da lei; você é quem teve a culpa.
JS:
Ela tinha que morrer, não suportaria voltar para a cadeia por conta disso.
JB:
Mas sabe que agora você não sairá mais do lugar do qual estava fugindo; de
repente, pega uma pena de morte.
JS:
Pelo menos tirei mais uma mulher imbecil do meu caminho! – ele olhava com
frieza e maldade nos olhos para o capitão, que estava indignado.
JB:
Você destruiu a vida não apenas de uma grande profissional como a Sara. Você
destruiu os sonhos dela e do meu amigo, que era seu namorado. Você destruiu a
vida de todos que a amavam, que gostavam dela. A cadeia não lhe será como a
prisão no qual você impôs Sara: pelo menos, até o fim de sua vida, você
continuará vendo a luz do sol, ela estará para sempre presa debaixo da terra,
em uma sepultura fria e solitária. Podem levá-lo, não quero mais ver este
sujeito na minha frente! – disse aos policiais que faziam a proteção da sala de
interrogatório.
Depois
do interrogatório, Brass estava exausto e estressado. Ter de ficar frente a
frente com o assassino de sua companheira de lei era por demais penoso. E
imaginar como estava o amigo Grissom o deixava ainda mais revoltado com este
caso. E ligou para Catherine:
CW:
Willows.
JB:
Catherine, o depoimento terminou agora.
CW:
E como foi? Como o criminoso estava?
JB:
Foi uma conversa altamente estressante. O sujeito é muito cínico. Como está o
Gil?
CW:
Depois que ele foi pra casa ainda não falei com ele. Acho que ele prefere ficar
sozinho neste momento. Mas está arrasado, como todos estamos.
JB:
Não o deixe sozinho, ele vai precisar de sua amizade e apoio agora mais do que
nunca.
CW:
Eu não o deixarei sozinho, mas neste momento ele deseja sentir a perda sem
ninguém por perto. Vou passar na casa dele hoje.
JB:
Faça isso.
No
fim do turno, Catherine saiu do lab e foi direto à casa do amigo. Grissom
estava com aspecto envelhecido, olhos inchados de chorar, cabelo desgrenhado e
roupas desleixadas.
CW:
Meu Deus, Gil! O que você fez de si?
GG:
O que fizeram com minha vida, Catherine? – Grissom suspirou – Entre.
A
loira entrou e observou o apartamento do amigo. Parecia que um furacão havia
passado por ali, estava completamente desarrumado.
GG:
Não tive tempo de arrumar as coisas, nem tenho cabeça pra isso.
CW:
Eu entendo. O Brass me ligou, ele tomou o depoimento de Jack Simpson.
GG:
Foi ele quem causou a morte de Sara?
CW:
Eu sinto muito.
Grissom
sentou-se no sofá, fragilizado emocionalmente, destroçado em seu mais ser mais
íntimo, o coração espatifado, estraçalhado, sangrando, chorando a morte da
única a quem amou em toda sua vida. Catherine condoeu-se com o sofrimento do
amigo. Nunca vira Grissom chorar e sofrer tão intensamente. Sentou-se e o
abraçou, tentando confortá-lo, o que naquele momento seria impossível. No
funeral, a equipe principal do lab estava sentava na primeira fila. Grissom
permanecia cabisbaixo, apenas escutando as palavras do padre. O caixão de Sara
estava exposto no altar, coberto pela bandeira americana e com um quadro
contendo o retrato dela próximo.
P
(padre): Estamos aqui para lembrar a memória da perita Sara Sidle, do
laboratório de criminalística de Las Vegas, vítima de um terrível acidente o
qual foi premeditado por um criminoso cruel e sem coração. Aqui nesta igreja,
que é uma das casas do Senhor, estão presentes amigos, companheiros de trabalho
e admiradores desta grande mulher. Lembremo-nos de Sara como uma mulher de
fibra, que se doava nas coisas que fazia, que se entregava ao trabalho de corpo
e alma. Todos nós sabemos que o trabalho de investigação é por deveras
estressante e perigoso também. Mas Sara não se deixava abater em nenhuma
situação de perigo, mesmo quando ela mesma se encontrava em perigo.
A
morte não existe, meus filhos. É só a passagem para o mundo no qual Deus, em
Sua infinita bondade, nos prometeu. O corpo é apenas nossa vestimenta aqui na
Terra. A verdadeira roupagem é o espírito, e tanto maior for a paz, mais ele se
encontrará leve e livre dos tormentos. Nossa querida Sara merece o descanso
eterno que sua alma bondosa necessita. Transformemos as lágrimas em lembranças
e a saudade em orações por sua alma. Agora não há mais dor, não há mais
sofrimento. Ela está em paz. Vou ler para vocês uma poesia que é como uma
oração, para que possa acalentar o coração de vocês.
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