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A profecia - cap. 5


Nick retornar à cena do acidente com Brass, para as investigações. Catherine ficou no lab para dar suporte ao amigo.

NS: Como ele está, Cath?
CW: O que era esperado. Está completamente arrasado.
WB: Mas como a Sara foi morrer de uma forma tão estúpida?
CW: Não sei, Warrick... Cadê o Greg?
WB: Está na sala de convivência, ele não para de chorar.
CW: O Gil vai precisar de todos nós.
WB: Estaremos aqui pra isso.

O celular de Catherine tocou.

CW: Willows.
NS: Catherine, estou aqui no local do acidente...
CW: Conseguiu descobrir alguma coisa, Nick?
NS: Estava analisando o carro e descobri que Sara pode ter sido vítima de uma sabotagem.
CW: Sabotagem?! Como é possível?
NS: O carro de Sara é composto de freios abs, que não deixam o carro derrapar na pista quando se precisa frear bruscamente. Mas as marcas de derrapagem vêm de uma longa faixa, o que significa que ela tentou frear o carro e, por algum motivo, não conseguiu. Estava analisando bem o veiculo e descobri que o dispositivo foi alterado.
CW: Como assim, alterado?
NS: Alguém teve acesso ao carro e conseguiu mexer na estrutura principal do veículo.
CW: Céus! E quem teria interesse na morte de Sara?
NS: Veja no computador os últimos casos dela, talvez possamos descobrir. Eu chego aí daqui a pouco.
CW: Certo.

Depois que desligou o celular...

WB: A morte de Sara foi premeditada?
CW: Não sei se a pessoa tinha essa intenção, mas conseguiu tirá-la de sua vista. Estou tão atordoada que nem sei por onde começo. E ainda tem o Gil para consolar...
WB: Você é uma só. Deixe que eu faça isso. O que devo procurar?
CW: Verifique no computador os últimos casos de Sara e faça um cruzamento dos dados. Toda e qualquer ajuda é importantíssima.
WB: Está bem. E veja se descanse um pouco.
CW: Estou péssima.
WB: Nota-se.

Warrick seguiu para a sala de pesquisas e Catherine voltou ao necrotério para tirar Grissom de lá. Ele estava parado feito uma estátua, olhando para o rosto de sua Sara.

CW: Gil, coloque-a de novo na câmara frigorífica, senão o corpo dela vai aquecer e começar a se decompor.

Aquela palavra soou como uma facada no peito, tão dura e latente ao mesmo tempo. “Decomposição”. Sabia que todos os seres nasciam, cresciam e morriam, e ao morrer o corpo físico, a putrefação era um claro sinal de que ao pó todos retornavam. Só que nunca lhe passara pela cabeça que Sara, assim como ele, fosse uma simples mortal de carne e osso, e que algum dia também viraria apenas ossos em um túmulo frio e solitário. Não conseguia aceitar a morte, não conseguia admitir que perdera o grande amor de sua vida para ela. A morte lhe tirara o que havia de mais precioso na vida: Sara!

CW: É hora de deixá-la, Gil.
GG: Não quero deixá-la sozinha.
CW: Sejamos práticos, Sara não está mais aqui. É apenas o corpo físico dela.
GG: O qual nunca mais verei.
CW: É chegada a hora de dizer adeus.
GG: Não aprendi a dizer adeus, e não vou me acostumar com a ausência dela.

Grissom saiu repentinamente do necrotério, deixando Catherine abobada com o tamanho da dor dele. Em sua sala, ele escreveu um bilhete e foi para casa. Não suportava mais aquele clima mórbido que tomara conta do lab, não agüentava mais a dor que dilacerava seu peito e o abria em cinco, dez partes. Era muita dor para um homem só. E Grissom, um homem tão sério e compenetrado, jamais vivera fortes emoções as quais estava vivendo, e jamais sentira tamanha dor em momento algum de sua vida. E, como um homem que aprendera a amar tão profundamente nos braços de uma grande mulher, dizer adeus era o mesmo que ficar de frente para uma arma carregada. Sara o ensinara a amar, mas não o ensinara a dizer adeus. Como seria de agora em diante sem ela, sem a alegria que a perita trazia, sem o olhar desafiador e penetrante, sem a teimosia e os questionamentos que só ela sabia fazer? No lab, Warrick descobriu a ficha de Jack Simpson, num dos casos recentes de Sara. Nick trouxera da cena digitais recolhidas do carro e Brown cruzou os dados: match found!

WB: É ele!
NS: Foi esse cara que sabotou o carro de Sara?
WB: Foi.
NS: Vou avisar o Brass.

Nick saiu e encontrou Catherine no corredor:

NS: Descobrimos quem sabotou o carro de Sara.
CW: Quem foi?
NS: Jack Simpson.
CW: Jura?!
NS: Estou indo avisar ao Brass. Provavelmente ele seja capturado ainda hoje.
CW: Justiça seja feita.

E de fato, o criminoso foi capturado pelos homens do experiente capitão Brass. Jack Simpson foi levado para a delegacia, onde foi interrogado por Brass. O sujeito tinha uma expressão homicida, mas isso não impressionou o experiente capitão de polícia.

JB: Nome completo e idade.
JS: Jack Aaron Simpson, 43 anos.
JB: O que você tem a ver com o acidente que vitimou a perita Sara Sidle?
JS: Eu não tenho nada com isso...
JB: Não banque o inocente! Suas impressões foram encontradas no carro dela, e os freios foram danificados. O que me diz disso?
JS: Ela me ferrou quando matei minha ex-mulher. Era uma mulher enxerida e estava no meu caminho.
JB: Sara apenas cumpriu seu dever como pessoa da lei; você é quem teve a culpa.
JS: Ela tinha que morrer, não suportaria voltar para a cadeia por conta disso.
JB: Mas sabe que agora você não sairá mais do lugar do qual estava fugindo; de repente, pega uma pena de morte.
JS: Pelo menos tirei mais uma mulher imbecil do meu caminho! – ele olhava com frieza e maldade nos olhos para o capitão, que estava indignado.
JB: Você destruiu a vida não apenas de uma grande profissional como a Sara. Você destruiu os sonhos dela e do meu amigo, que era seu namorado. Você destruiu a vida de todos que a amavam, que gostavam dela. A cadeia não lhe será como a prisão no qual você impôs Sara: pelo menos, até o fim de sua vida, você continuará vendo a luz do sol, ela estará para sempre presa debaixo da terra, em uma sepultura fria e solitária. Podem levá-lo, não quero mais ver este sujeito na minha frente! – disse aos policiais que faziam a proteção da sala de interrogatório.

Depois do interrogatório, Brass estava exausto e estressado. Ter de ficar frente a frente com o assassino de sua companheira de lei era por demais penoso. E imaginar como estava o amigo Grissom o deixava ainda mais revoltado com este caso. E ligou para Catherine:

CW: Willows.
JB: Catherine, o depoimento terminou agora.
CW: E como foi? Como o criminoso estava?
JB: Foi uma conversa altamente estressante. O sujeito é muito cínico. Como está o Gil?
CW: Depois que ele foi pra casa ainda não falei com ele. Acho que ele prefere ficar sozinho neste momento. Mas está arrasado, como todos estamos.
JB: Não o deixe sozinho, ele vai precisar de sua amizade e apoio agora mais do que nunca.
CW: Eu não o deixarei sozinho, mas neste momento ele deseja sentir a perda sem ninguém por perto. Vou passar na casa dele hoje.
JB: Faça isso.

No fim do turno, Catherine saiu do lab e foi direto à casa do amigo. Grissom estava com aspecto envelhecido, olhos inchados de chorar, cabelo desgrenhado e roupas desleixadas.

CW: Meu Deus, Gil! O que você fez de si?
GG: O que fizeram com minha vida, Catherine? – Grissom suspirou – Entre.

A loira entrou e observou o apartamento do amigo. Parecia que um furacão havia passado por ali, estava completamente desarrumado.

GG: Não tive tempo de arrumar as coisas, nem tenho cabeça pra isso.
CW: Eu entendo. O Brass me ligou, ele tomou o depoimento de Jack Simpson.
GG: Foi ele quem causou a morte de Sara?
CW: Eu sinto muito.

Grissom sentou-se no sofá, fragilizado emocionalmente, destroçado em seu mais ser mais íntimo, o coração espatifado, estraçalhado, sangrando, chorando a morte da única a quem amou em toda sua vida. Catherine condoeu-se com o sofrimento do amigo. Nunca vira Grissom chorar e sofrer tão intensamente. Sentou-se e o abraçou, tentando confortá-lo, o que naquele momento seria impossível. No funeral, a equipe principal do lab estava sentava na primeira fila. Grissom permanecia cabisbaixo, apenas escutando as palavras do padre. O caixão de Sara estava exposto no altar, coberto pela bandeira americana e com um quadro contendo o retrato dela próximo.

P (padre): Estamos aqui para lembrar a memória da perita Sara Sidle, do laboratório de criminalística de Las Vegas, vítima de um terrível acidente o qual foi premeditado por um criminoso cruel e sem coração. Aqui nesta igreja, que é uma das casas do Senhor, estão presentes amigos, companheiros de trabalho e admiradores desta grande mulher. Lembremo-nos de Sara como uma mulher de fibra, que se doava nas coisas que fazia, que se entregava ao trabalho de corpo e alma. Todos nós sabemos que o trabalho de investigação é por deveras estressante e perigoso também. Mas Sara não se deixava abater em nenhuma situação de perigo, mesmo quando ela mesma se encontrava em perigo.
A morte não existe, meus filhos. É só a passagem para o mundo no qual Deus, em Sua infinita bondade, nos prometeu. O corpo é apenas nossa vestimenta aqui na Terra. A verdadeira roupagem é o espírito, e tanto maior for a paz, mais ele se encontrará leve e livre dos tormentos. Nossa querida Sara merece o descanso eterno que sua alma bondosa necessita. Transformemos as lágrimas em lembranças e a saudade em orações por sua alma. Agora não há mais dor, não há mais sofrimento. Ela está em paz. Vou ler para vocês uma poesia que é como uma oração, para que possa acalentar o coração de vocês.

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